
4 minute read
Coluna Celebrar o Bem
coluna Celebrar o bem “Contando a minha história”
MULHERES FAZEM ÁLBUNS CONTANDO AS HISTÓRIAS DAS CRIANÇAS ACOLHIDAS
Advertisement
Imagine a seguinte situação: uma criança que vivia em alguma situação de risco é recolhida dessa casa e é levada para um abrigo. Essa criança tem poucas ou quase nenhuma lembrança boa. Essa criança não tem fotos, tampouco sabe ao certo da própria história. Imaginou? Não é fácil! Afinal, nossas recordações, as lembranças dos bons momentos nos ajudam a seguir em frente, não é mesmo? Por tudo isso é que foi criado em várias comarcas do Brasil o projeto “Contando minha história”, coordenado pela Vara da Infância de cada cidade. Aqui em Dourados, o projeto já passou por
vários abrigos e é um sucesso. O “Contando a Minha História” busca a construção de um álbum fotográfico e ilustrativo com situações vivenciadas pela criança, seu cotidiano, rotina, preferências, brincadeiras, momentos especiais e pessoas significativas. A Revista Celebrar foi conhecer um “braço” “Eu tive uma afilhada que desse trabalho que é desenvolvido no Lar chegou tímida, quieta, não olhava nos olhos, aí ela foi se transformando. Santa Rita. Nesse abrigo, atualmente estão 31 crianças. 25 mulheres se voluntariam para criar um álbum para cada criança; Chega me agarrando, quer apenas os bebês não mostrar pra todo mundo participam. que eu sou a madrinha dela” No dia em que fizemos essa reportagem, conhecemos três dessas madrinhas. Ficamos todos sentados na salinha onde elas ficam com seus afilhados, montando o álbum. “Cada voluntária se torna madrinha de uma criança. Ela se cadastra no Fórum e
se compromete a permanecer durante todo o ano acompanhando, uma vez por semana, aquela criança. Ela tira foto, escreve sobre os gostos preferenciais, registra os bons momentos da criança durante aquele ano”, explica Isabel Oliva de Freitas.
Isabel é artista plástica e já fez três álbuns. “As crianças se apegam a nós e nós a elas. Elas adquirem uma confiança na gente e ficam alucinadas com a madrinha. Porque aqui no Lar recebem atenção, carinho, mas sempre é tudo dividido entre todas as crianças. Já com a madrinha é diferente, a madrinha é só dela”, diz Isabel.
Só no Lar Santa Rita foram feitos cerca de 100 álbuns durante três anos. Raquel Fonseca é professora e conta como é gratificante ver a criança florescer. “Eu tive uma afilhada que chegou tímida, quieta, não olhava nos olhos, aí ela foi se transformando. Chega me agarrando, quer mostrar pra todo mundo que eu sou a madrinha dela. É muito gratificante. É uma troca muito grande”, conta a professora.

Diva Maria Valente é advogada e divide o tempo com o voluntariado. “Tive uma criança que não sabia escrever, fiz caligrafia com ela, entrou nas escola e no fim do
ano, aquela menina arredia não existia mais, era outra criança, se transformou. No fim das contas, a gente mais recebe do que dá”, avalia Diva.
A diretora do lar, Mônica Roberta de Medeiros, considera o projeto de fundamental importância para o dia a dia do abrigo. “Antigamente, quando a criança ia embora, para ser adotada, a gente não tinha praticamente o que entregar. Era só um papel com nome, documento... Agora não. A criança leva junto o álbum. Ela passou a ter uma história. O tempo que ela ficou aqui não foi perdido, não foi em vão. Até a mãe adotiva fica feliz de ver a foto da criança mais nova, da criança brincando, pintando”, afirma.
























EscolaEscola








