Revista Comunidades - Dezembro 2021

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ENTREVISTA

BERTA NUNES, SECRETÁRIA DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, EM ENTREVISTA À REVISTA COMUNIDADES

“ENCONTROS DE INVESTIDORES DA DIÁSPORA TÊM-SE REVELADO COMO IMPULSIONADORES DE NEGÓCIOS E PARCERIAS” Num período de governação especialmente complicado em consequência dos efeitos da pandemia da Covid-19, que teve como consequência um empobrecimento e uma vulnerabilização das comunidades, quer enquanto pessoas individuais, quer enquanto pessoas coletivas, Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, não baixou os braços e continua na luta para apoiar os emigrantes, a promoção da língua portuguesa, a implementação do novo modelo de gestão consular e em recuperar a economia das empresas da Diáspora na sua relação com Portugal. ENTREVISTA CONDUZIDA POR ABÍLIO BEBIANO | FOTOS: REVISTA COMUNIDADES

Revista Comunidades (RC): Das recentes visitas efetuadas a comunidades portuguesas em vários continentes, que conclusões tirou, em termos gerais, sobre a situação dos portugueses nos diferentes países de acolhimento? Berta Nunes (BN): Embora a situação das comunidades portuguesas não seja igual em todos os países, podemos dizer que os emigrantes portugueses estão bem integrados nas sociedades que escolheram para viver e trabalhar. São comunidades que muito nos orgulham, são trabalhadoras e adaptam-se bem às realidades dos países de acolhimento, cujas populações e governos têm uma imagem muito positiva dos portugueses que ali residem. Nas visitas às comunidades posso, a cada vez, testemunhar também a heterogeneidade que compõe hoje a Diáspora portuguesa, composta tanto pelas primeiras gerações de emi-

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grantes como por aqueles que podemos hoje designar como jovens em mobilidade, frequentemente muito qualificados e académica e profissionalmente bem posicionados. Na recente viagem que fiz à Alemanha pude testemunhar no terreno esta heterogeneidade, em particular através da ação da ASPPA – Associação de Pós-Graduados Portugueses na Alemanha, que procura, de uma forma muito interessante, criar vínculos com a comunidade e com o movimento associativo dito tradicional. Temos nas comunidades portuguesas situações delicadas que merecem toda a nossa atenção, como o caso da Venezuela, comunidade à qual temos prestado particular atenção. Continuaremos a fazê-lo e apoiar a comunidade ali residente. Estamos naturalmente atentos aos que possam estar mais vulneráveis, também como consequência da pandemia, mas de um modo geral, a nossa diáspora está bem e bem integrada.

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ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA RC: Em relação ao ensino do português no estrangeiro, principalmente para lusodescendentes, entende necessária uma política mais eficaz para defesa da língua portuguesa, não apenas para a internacionalização, mas também como língua materna, de herança? BN: O ensino da língua portuguesa no estrangeiro é, naturalmente, uma das nossas prioridades. A questão do ensino do português como língua materna ou língua de herança constitui, mais do que uma questão teórica, uma questão que deve ser pensada relativamente a cada aluno. É fundamental que a Rede EPE possa oferecer a cada aluno a modalidade de ensino mais adequada para cada caso. Se um aluno, apesar de lusodescendente, não falar ou compreender a língua, o ensino do português como


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