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Artistas lusófonos “bem recebidos” em feira de arte dedicada a África em Paris
CCULTURA
Obras de artistas lusófonos como Malangatana, Shikani, Francisco Vidal, António Olé, José Chambel ou Reinata Sadimba estiveram presentes na feira AKAA, Also Known As Africa, que acolheu, em Paris, galerias dedicadas às diferentes faces da arte africana.
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“Apresença dos artistas lusófonos é sempre muito bem recebida. Eles estão presentes desde a nossa primeira edição. Estes artistas têm lugar em França, há cada vez mais um desejo de descoberta”, afirmou
Victoria Mann, fundadora da feira Also
Known As Africa (AKAA).
Esta feira reuniu no Carreau du Temple, no 3.º bairro de Paris, 40 galerias de arte que representaram cerca de 140 artistas, entre eles mais de 20 de origem lusófona. Das galerias que decidiram marcar presença nesta sexta edição do evento, houve quatro com cariz lusófono: a galeria Perve, a galeria Movart, a galeria This is not a White Cube e ainda a Krystel Ann Art.
Uma aposta importante destes galeristas que fazem face a um atraso no investimento no mundo das artes lusófonas, face aos universos francófono e anglófono.
“Começa a haver uma presença importante, mas há um espaço desigual. O espaço francófono e anglófono, desde há muito que do ponto de vista académico e político, existe uma agenda na promoção destes artistas e um investimento. No espaço lusófono, existe uma grande carência, o investimento é pouco e são as estruturas que vêm a este tipo e feiras que acabam por ir rasgando caminho”, disse Graça Rodrigues, diretora artística da galeria This is not a White Cube, com espaços em Lisboa e Luanda.
Esta galeria levou até Paris obras da artista angolana radicada em Londres, Alida Rodrigues, do artista angolano Luís Damião, que está atualmente em França a realizar uma residência artística, e Francisco Vidal, artista luso-angolano, que expõe obras da sua série sobre flores de algodão, incluindo uma instalação de pinturas sobre flores de algodão.
O desconhecimento dos artistas lusófonos é ainda um problema, mesmo para os artistas mais célebres, segundo Carlos Cabral Nunes, diretor artístico da galeria Perve.
“O problema da lusofonia e dos artis-
tas de referência de língua portuguesa, com exceção do Brasil, é que, para nós são figuras conhecidas, mas internacionalmente são desconhecidos”, indicou o curador.
Para a AKAA, a Perve escolheu três gerações de artistas lusófonos, com obras do artista angolano Malangatana e do artista moçambicano Shikani, mas também da artista moçambicana Reinata Sadimba e do artista cabo-verdiano Tchalé Figueira.
A Perve organizou ainda a primeira retrospetiva internacional do fotógrafo são-tomense José Chambel, apresentando junto do seu acervo de mais de 30 anos, uma nova série de estúdio.
“A obra dele foi produzida ao longo dos últimos 30 anos e, agora, desenvolveu uma série chamada ‘O Ministro’, que é como uma conclusão e que toca uma série de temas. Desde logo são fotografias distintas, porque são fotografias de estúdio, encenadas. O ministro aparece com uma gravata, que é uma corrente, uma canga, e isso leva-nos a pensar na nova escravatura contemporânea, o aprisionamento dos povos em África por via desta figura do ministro ou o ministro ser também escravo de alguma coisa”, explicou Carlos Cabral Nunes.
Esta exposição, numa área reservada da feira, foi acompanhada por uma performance do artista, que fotografou os visitantes presos pela canga, entregando as suas obras em formato físico ou digital, através de NFT, a moeda digital do mundo da arte.
Esta feira assinalou ainda o regresso físico destas galerias ao contacto físico com os seus clientes, após um ano que, devido à pandemia, limitou o contacto com o estrangeiro.
“O mercado francês é maior do que o mercado português e achamos que é importante dar a conhecer estes artistas em França. Adoramos Paris porque atualmente é um sítio com menos burocracias como Londres, devido ao Brexit, temos aqui muitos clientes e contactos. Para conhecer os nossos artistas, estas feiras são muito importantes”, indicou Janire Bilbao, fundadora e diretora da Movart.
Até Paris, esta galeria trouxe obras do artista são-tomense Kwame Sousa, do artista moçambicano Mário Macilau, do artista angolano António Olé e ainda da artista angola Keyezua, com uma série de fotografias que representam as mulheres africanas, The Great Mamaaan.
Já a galeria Krystel Ann Art, sediada em Cascais, marcou presença na feira com Letícia Barreto, artista plástica e professora de arte brasileira que reside em Portugal.
A feira vai agora começar a abrir os seus horizontes não só a artistas africanos, mas todos os artistas com ligações a África, uma oportunidade para as diásporas lusófonas e para os artistas brasileiros também participarem nas próximas edições deste evento.
“Agora o que nos interessa não é a geografia do artista, é o seu laço ao continente, que pode ser construída de formas muito diferentes. Pode ser uma laço identitário e cultural, mas pode ser também um lugar de herança e memória”, concluiu Victoria Mann.
PRÉMIO DE REVELAÇÃO LITERÁRIA UCCLA-CM LISBOA

As candidaturas para a nova edição do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa estão a decorrer até ao dia 7 de janeiro de 2022.
O Prémio tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela, conto e crónica) e da poesia, em língua portuguesa, por escritores que nunca tenham publicado uma obra literária.
A participação na presente iniciativa deverá ser feita até às 24h00 do dia 07-01-2022, por correio eletrónico, para o endereço premioliterario@ uccla.pt nos termos previstos no Regulamento, disponível no link https://www.uccla.pt/sites/default/files/ regulamento_premio_revelacao_literaria_2021-2022.pdf.
Este prémio, criado em 2015, com o Movimento 800 Anos da Língua Portuguesa, conta com a parceria da editora A Guerra e Paz - que passará a responsabilizar-se pela edição da obra premiada - e da Câmara Municipal de Lisboa.
DIA DE “GLÓRIA” PARA A FICÇÃO PORTUGUESA COM ESTREIA NO MESMO DIA EM 190 PAÍSES

Realizada por Tiago Guedes, “Glória” é um ‘thriller’ de espionagem e ação passado em Portugal nos anos finais da ditadura do Estado Novo e durante a Guerra Fria.
É uma história de ficção assente num contexto e em factos reais.
A ação concentra-se na aldeia da Glória do Ribatejo, onde durante décadas funcionou um centro norte-americano de transmissões (RARET), que tinha como objetivo transmitir “propaganda ocidental para os países do Bloco de Leste”.
A história é protagonizada pelo engenheiro João Vidal (o ator Miguel Nunes), filho de um alto dirigente do Estado Novo, recrutado pelo KGB, a polícia secreta de Moscovo.
A série conta com a participação de Victoria Guerra, Afonso Pimentel, Adriano Luz, Carolina Amaral, Joana Ribeiro, Albano Jerónimo, Marcelo Urgeghe, Stephanie Vogt e Jimmy Taenaka, entre outros.
ESTREIA EM 190 PAÍSES DO MUNDO
O ator Albano Jerónimo, que interpreta “Dassaev”, um cientista russo que se torna espião em Glória do Ribatejo, destacou o “feito” de uma série portuguesa estrear no mesmo dia em 190 países do mundo inteiro e disse que “o mais importante é que a cultura e perspetiva portuguesas sejam conhecidas em todos estes países”.
“É sempre incrível ter no currículo a participação numa série da Netflix. Entramos numa roda internacional que dá aos atores um bom eco e perspetiva para os agentes internacionais” sublinha o ator.
Para Albano Jerónimo, “Glória” é um bom exemplo de “rigor, requinte, bom gosto e do trabalho excelente de Tiago Guedes”. O ator espera que a médio e longo prazo, a Netflix mantenha o rigor e a urgência e que não caia no facilitismo de numa massificação de conteúdos.








