ENTRE O CINZA E O VERDE: Parque Urbano no desenho da cidade mogiana

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES PEDRO HENRIQUE DIÓGENES SAMPAIO

ENTRE O CINZA E O VERDE: Parque Urbano no desenho da cidade mogiana

MOGI DAS CRUZES - SP 2021

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES PEDRO HENRIQUE DIÓGENES SAMPAIO

ENTRE O CINZA E O VERDE: Parque Urbano no desenho da cidade mogiana

Trabalho desenvolvido de conclusão de curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Prof. Orientadora: Michele de Sá Vieira

MOGI DAS CRUZES - SP 2021

PEDRO HENRIQUE DIÓGENES SAMPAIO

ENTRE O CINZA E O VERDE: Parque Urbano no desenho da cidade mogiana

Trabalho desenvolvido de conclusão de curso apresentado

ao

curso

de

Arquitetura

e

Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes,

como

parte

dos

requisitos

para

obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Aprovado em ________________________

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________ Componente da Banca – Mestre, Michele de Sá Vieira Universidade de Mogi das Cruzes

_______________________________________________ Componente da Banca – Mestre, Maria Cristina Domingues Lopez Universidade de Mogi das Cruzes

_______________________________________________ Componente da Banca – Arquiteto e Urbanista, Felipe Yudi Terada dos Santos

RESUMO A salubridade dos centros urbanos pós-revolução industrial trouxe às cidades a necessidade de trabalhar meios que aproximassem de volta o contato dos cidadãos com a natureza. Os Parques Urbanos surgem a partir dessa carência. Além da conceituação ambiental, esse equipamento traz consigo espaços também recreativos, aproximando cada vez mais a apropriação popular dos lugares públicos e naturais.

Com esse contexto, o trabalho traz como objetivo implantar um Parque Urbano na área entre a Avenida Cívica e a Avenida Yoshiteru Onishi, suas principais vias de acesso na cidade de Mogi das Cruzes. A idealização do parque nasce quando é notório a força que a região possui e não é dado a devida atenção do poder público à essa questão. Com isso, o estudo busca tirar partido da força encontrada na região, resultando em oportunidade de transformar o desenho da cidade cada vez mais atrativo e com espaços mais gentis. Para isso, foi necessário o levantamento de informações e dados históricos sobre os Parques Urbanos no mundo e no Brasil, além de entender respectivamente como aconteceu o seu surgimento e compreender questões geográficas do país, já que suas influências estavam interligadas aos conceitos da Europa. Foi preciso, também, conhecer as leis que atuam dentro da tipologia do projeto, considerando a legislação local para compreender os acordos para região onde está situada, bem como suas premissas para guiar a ideia de maneira legal. Para o desenvolvimento do Parque Urbano, foi indispensável conhecer projetos análogos de parques para obter repertório, de maneira que pudesse acrescentar na aquisição do conhecimento a respeito da topologia desses projetos, e por meio desses estudos de caso, foram levantados parques nacionais e internacional; do mesmo modo às ações anteriores, ter domínio da região onde o projeto será implantando foi fundamental também para atender perfil da área e sua vizinhança e entorno para obtenção de forças e fraquezas do território. Dessa maneira foi alcançado principalmente a compreensão sobre a temática, além de resgatar técnicas, programas e conceitos básicos para a idealização do Parque, ainda mais resultados que une todos levantamentos com as características da área de intervenção.

Palavras chaves: Parque Urbano; Recreativos; Espaços Públicos; Desenho da Cidade.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Organograma de classificação do verde urbano ......................................... 9 Figura 2 - Parque Trianon, São Paulo ....................................................................... 11 Figura 3 - Praça da República, São Paulo ................................................................ 11 Figura 4 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro ............................................................... 12 Figura 5 - Parque Memorial Arcorverde .................................................................... 13 Figura 6 - Parque Ibirapuera, São Paulo ................................................................... 13 Figura 7 - Evolução dos parques no mundo I ............................................................ 15 Figura 8 - Evolução dos parques no mundo II ........................................................... 16 Figura 9 - Avanço dos espaços livres no Brasil ......................................................... 17 Figura 10 - Antigo Egito ............................................................................................. 18 Figura 11 - Jardim Chinês ......................................................................................... 19 Figura 12 - Ágora de Atenas ..................................................................................... 20 Figura 13 - Jardins do Palácio de Versailles ............................................................. 21 Figura 14 - O impacto das máquinas ........................................................................ 22 Figura 15 - Central Park na paisagem urbana........................................................... 23 Figura 16 - Primeiro Parque Urbano no Brasil........................................................... 24 Figura 17 - Paisagismo brasileiro, Burle Marx ........................................................... 25 Figura 18 - Vale do Anhangabaú............................................................................... 26 Figura 19 - ZDU - 1 ................................................................................................... 29 Figura 20 - Mapa de zoneamento do município ........................................................ 30 Figura 21 - Lazer e Recreação .................................................................................. 31 Figura 22 - Mata de grande porte a se preservar na área de intervenção ................ 32 Figura 23 - Parque Madureira ................................................................................... 34 Figura 24 - Interação da comunidade ........................................................................ 35 Figura 25 - Proporção do projeto no desenho urbano ............................................... 35 Figura 26 - Apropriação popular no equipamento ..................................................... 35 Figura 27 - 1° Parte da implantação .......................................................................... 36 Figura 28 - 2° Parte da implantação .......................................................................... 36 Figura 29 - Praia Madureira....................................................................................... 37 Figura 30 - Praça do Samba ..................................................................................... 37 Figura 31 - Tênis de Mesa......................................................................................... 37 Figura 32 - Skate Park .............................................................................................. 37

Figura 33 - Análise de Infraestrutura Verde............................................................... 38 Figura 34 - Espaço de análise ................................................................................... 39 Figura 35 - Praça da Amizade e Fé ........................................................................... 39 Figura 36 - Escada conecta as duas regiões ............................................................ 40 Figura 37 - Projeto referência .................................................................................... 40 Figura 38 - Análise Micro .......................................................................................... 41 Figura 39 - Passeio interno ....................................................................................... 42 Figura 40 - Situação do terreno antes da realização do projeto ................................ 43 Figura 41 - Passeio no entorno/ Amplitude ............................................................... 43 Figura 42 - Área permeáveis/ Ecologia ..................................................................... 43 Figura 43 - Recreação/ Diversidade .......................................................................... 44 Figura 44 - Sistema de drenagem ............................................................................. 44 Figura 45 - Análise do entorno .................................................................................. 45 Figura 46 - Uso popular do espaço ........................................................................... 46 Figura 47 - Antigo estacionamento............................................................................ 47 Figura 48 – Parque e a região ................................................................................... 47 Figura 49 - Parque Urbano/ Rio Grande do Sul ........................................................ 48 Figura 50 - Ponto de encontro ................................................................................... 49 Figura 51 - Ciclismo no parque ................................................................................. 49 Figura 52 - Implantação ............................................................................................ 50 Figura 53 - Visitante no banco do parque ................................................................. 51 Figura 54 - Uso da topografia para criação de quiosques ......................................... 51 Figura 55 - Expansão do parque para conexão com a água ..................................... 52 Figura 56 - Interação noturna .................................................................................... 52 Figura 57 - Projeto luminotécnico .............................................................................. 52 Figura 58 - Valorização da paisagem ........................................................................ 53 Figura 59 - Situação atual do projeto no entorno do centro cultural .......................... 54 Figura 60 - Extensão do parque e seu entorno ......................................................... 54 Figura 61 - Inserção Urbana...................................................................................... 55 Figura 62 - Mogi das Cruzes – SP ............................................................................ 59 Figura 63 - Mapa de parques mogiano ..................................................................... 61 Figura 64 - Parque Centenário .................................................................................. 61 Figura 65 - Parque da Cidade ................................................................................... 61 Figura 66 - Parque Natural Municipal ........................................................................ 62

Figura 67 - Atividades no lago ................................................................................... 62 Figura 68 - Espaço para implantação do parque....................................................... 63 Figura 69 - População da área em 2008 ................................................................... 64 Figura 70 - Crescimento populacional no ano de 2014 ............................................. 65 Figura 71 - Expansão até o ano de 2021 .................................................................. 66 Figura 72 – Mapa de Sistema Viário ......................................................................... 67 Figura 73 - Atividades na Avenida............................................................................. 68 Figura 74 - Jogo de bola ........................................................................................... 68 Figura 75 - Mapa de Cheios e Vazios ....................................................................... 69 Figura 76 - Mapa de Uso e ocupação do Solo .......................................................... 70 Figura 77 - Mapa Análise Micro................................................................................. 71 Figura 78 - Córrego canalizado ................................................................................. 71 Figura 79 - Ciclovia desconexa ................................................................................. 72 Figura 80 - Vegetação de grande porte ..................................................................... 72 Figura 81 - Frente do lote A....................................................................................... 73 Figura 82 - Circo Tihany Spectacular ........................................................................ 73 Figura 83 - Caminhos em 2009 ................................................................................. 74 Figura 84 - Situação em 2021 ................................................................................... 74 Figura 85 - Praça de Esportes Professor Hugo Ramos ............................................ 74 Figura 86 - Limite dos terrenos B e C ........................................................................ 75 Figura 87 - Praça em 2021 ........................................................................................ 75 Figura 88 - Mogi Skate Park ...................................................................................... 75 Figura 89 - Integração proposta em projeto no novo ginásio entre os ginásios ........ 76 Figura 90 - Esquema de escala municipal ................................................................ 78 Figura 91 - Lazer na Avenida Cívica ......................................................................... 79 Figura 92 - Meninos acompanhados da família soltando pipa .................................. 80 Figura 93 - Croqui de estudo de implantação............................................................ 81 Figura 94 – Passagem atual sobre o córrego lava-pés ............................................. 82 Figura 95 - Proposta de passarelas sob o córrego lava-pés ..................................... 82 Figura 96 - Setorização ............................................................................................. 83 Figura 97 - Fluxograma ............................................................................................. 84

LISTA DE TABELAS/ GRÁFICOS Tabela 1 – Tabela FOFA de Parque Madureira.........................................................41 Tabela 2 – Tabela FOFA de Parque Comunitário Meifeng........................................46 Tabela 3 – Tabela FOFA de Parque Comunitário Meifeng........................................55 Tabela 4 – Programa de Necessidades.....................................................................84

Gráfico 1 – Crescimento de Mogi das Cruzes............................................................60 Gráfico 2 – Atividades em um Parque Urbano...........................................................79

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS SP

São Paulo

QUAPÁ

Quadro Do Paisagismo No Brasil

LOUOS

Legislação de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo

ZDU

Zonas de Dinamização Urbana

TO

Taxa de Ocupação

NI

Uso Permitido

L

Locais

C

Coletoras

A

Arteriais

LED

Light Emitting Diode

SWOT

Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats

FOFA

Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

APA

Área de Proteção Ambiental

CPTM

Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

COVID

Corona Virus Disease

SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 5

2

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE O TEMA ............................................................. 9

3

ORIGEM DOS PARQUE URBANOS .................................................................. 15

4

5

6

3.1

Evolução dos Parques no Mundo ................................................................ 18

3.2

Início dos Parques Urbanos no Brasil .......................................................... 23

LEGISLAÇÃO ..................................................................................................... 29 4.1

Plano Diretor ................................................................................................ 29

4.2

Código Florestal, Lei 12.651 ........................................................................ 31

REFERÊNCIAS PROJETUAIS ........................................................................... 34 5.1

Parque Madureira ........................................................................................ 34

5.2

Parque Comunitário Meifeng / ZIZU STUDIO .............................................. 42

5.3

Parque Urbano da Orla de Guaíba............................................................... 48

5.4

Ultimação dos estudos ................................................................................. 56

ÁREA DE INTERVENÇÃO ................................................................................. 59 6.1

Mogi das Cruzes, São Paulo ........................................................................ 59

6.2

Área Escolhida ............................................................................................. 62

6.3

Levantamento da área ................................................................................. 66

7

PROPOSTA ........................................................................................................ 78

8

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 88 APÊNDICE A – Levantamento de 2008 .................................................................... 92 APÊNDICE B – Levantamento de 2014 .................................................................... 92 APÊNDICE C – Levantamento de 2021 .................................................................... 93 APÊNDICE D – Estudo Viário ................................................................................... 93 APÊNDICE E – Estudo de ciclovia e acessos ........................................................... 94 APÊNDICE F – Estudo das passarelas de acessos.................................................. 94

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

5 1

INTRODUÇÃO O Parque Urbano é um espaço em meio aos grandes centros com função

ambiental, recreativa ou mesmo os dois como Parque do Carmo no município de São Paulo. Essas áreas na vida urbana trazem também saúde à região, possibilitando, por exemplo, a mudança do microclima da área. O início da causa de implantar um parque urbano no terreno localizado em Mogi das Cruzes – SP, surge quando se torna notório o crescimento urbano no entorno desse lote, com os inúmeros condomínios verticalizados na região da Praça Assumpção Ramirez Eroles, conhecida popularmente como Praça do Habibs, além do Patteo Mogilar, que atualmente encontra-se com três grandes torres residenciais construídas e mais duas em fase de execução.

Assim, a ideia nasce a partir da necessidade do cidadão que já ocupa a avenida cívica realizando inúmeras atividades, a essência é instigar que os munícipes ocupem cada vez mais os espaços públicos, porém, espaços de qualidade e pensados para tal, onde essa área se tornará um novo respiro urbano em meio a esse crescimento.

Desse modo, o local onde a idealização acontecerá é a quadra onde situa-se o atual Ginásio Municipal de Esportes Professor Hugo Ramos, sendo as principais vias a Av. Yoshiteru Onishi, rua Prof. Ismael Alves dos Ramos e av. Francisco Rodrigues Filho. O entorno do lote de desenvolvimento do projeto apresenta uma infraestrutura básica, mas ainda não necessária, como a pista de skate, uma quadra de vôlei de praia, basquete e uma quadra de tênis. Contudo, o maior público que procura a Avenida Cívica busca outras atividades que atualmente são exercidas na própria avenida, como andar de patins, manuseio de carros de controle remoto, caminhada, ou mesmo se sentar no chão e usar a região como ponto de encontro. Com isso, é possível notar a presença de um grande potencial para crescimento dessa área como um parque urbano, pois o que falta é a devida atenção que o público precisa.

Nessa perspectiva, baseado na ausência de um equipamento urbano, e de espaços de lazer em meio a cidade, surgiu a ideia de implantar um parque urbano que reestruture a área, o qual proporcionará a implantação de novos mobiliários urbanos para redundar a hospitalidade a esse âmbito; um food park que funcione durante o dia e a noite para trazer vida e a ocupação da implantação; extensa e larga pista de caminhada; ciclovia conectada com os principais acesso; além de melhorar os

6 acessos e o entorno do Ginásio Municipal de Esportes Professor Hugo Ramos e ao novo Ginásio Poliesportivo que encontra-se em construção.

Dessa maneira, é possível perceber que Mogi das Cruzes apresenta um significativo crescimento populacional. Segundo SEADE, para o Plano Municipal de Mobilidade Urbana do município, a estimativa da população é de mais 77 mil habitantes entre os anos de 2015 e 2035. Com esse número expressivo, surgem algumas questões como: os órgãos públicos estão levando em consideração esse crescimento? Quais são suas reais iniciativas com a preocupação do espaço de lazer urbano com o cidadão? A partir disso, surge, também, a iniciativa em propor um espaço que ressignifique a relação da cidade com o cidadão. Dessa forma, o espaço focado para estudo tem vocação para a implantação de um parque urbano, sobretudo porque a região possui essa necessidade.

Nesse sentido, é importante entender as problemáticas aqui envolvidas, visto que, em meio ao tema, é preciso falar de segurança urbana e a diferença de projetar um espaço para que deixe de ser um vazio no tecido urbano do município. Por isso, quais são as instâncias problemáticas que devem ser levadas em consideração?

“Mais Áreas Livres para quê? [...] Para haver mais vazios entre os prédios?” (JACOBS, p.70, 2020). No entanto, a verdade é que essa proposta traz como finalidade aproximar cada vez mais as pessoas nesse espaço, espaços que serão livres de grandes edificações, mas com uma proposta de um espaço de lazer, recreativo ao ar livre, fora dos condomínios fechados e murados que só atende apenas uma classe.

Assim, o objetivo desse estudo se define em entender os parques e sua importância, o que são eles e o seu impacto social, ambiental e econômico na região em que se encontram inseridos. Dessa forma, junto a essa ideia, busca-se, ainda, compreender o comportamento do público nesses espaços para atendê-los dentro das suas necessidades. Nesse sentido, a ideia visará o crescimento das cidades como espaços ocupáveis; é sobre pensar na cidade para o povo e como os parques dentro do desenho urbano contribui para isso.

Portanto, nesse trabalho foram necessários os levantamentos históricos dos parques no Brasil e mundo, além de entender as legislações necessárias para realizar o planejamento legal do espaço; também foi preciso conhecer a região que o parque será inserido por meio levantamento de mapas, fotos e visitas pelo Google Maps e

7 Earth; e, por último, mas não menos importante, os estudos de caso que foram realizados para entender a sua importância projetual e compreender a sua função, sendo dois parques nacionais como o Parque Madureira e o Parque Urbano da Orla de Guaíba e o estudo internacional localizado na China, nomeado como Parque Comunitário Meifeng.

CAPÍTULO 2

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE O TEMA

9 2

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE O TEMA Os parques urbanos são equipamentos de extrema importância para a saúde

de uma cidade, podendo ser caracterizado por um espaço para recreação, como também uma área de caráter ambiental, conforme as características relativas de cada projeto (Figura 1). Segundo como a define os parques urbanos, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo (2021), aponta que a diferença desses espaços para as unidades de conservação é a sua finalidade, que oferece diferentes possibilidades de lazer aos munícipes.

Figura 1 - Organograma de classificação do verde urbano

Fonte: Autoria própria, com base nas informações coletas no artigo Espaços Livres de Construção do organograma de classificação do verde urbano de Buccheri Filho.

10 Ainda nesse contexto, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo (2021), explica que esses espaços são grandes áreas verdes em meio aos centros urbanos de uso público, disponibilizando atividades recreativas e de lazer, entre essas tarefas estão os museus, centros culturais e educativos, entre outros.

Assim, passando a ser uma área com vegetação com grandes importâncias ambientais como também em questões de salubridades nas cidades; um espaço que agrega ao cidadão em diferentes de esferas socioculturais.

Nesse sentido, com grandes espaços públicos e significativas dimensões, Kliass (1993) completa que os parques urbanos têm finalidade de espaço recreativo com características naturais e especialmente com cobertura vegetal. Por isso, espaços que se tornam um refúgio em meio ao crescimento descontrolado dos bairros e cidades, podem contribuir em diversos aspectos sociais e que a sociedade ainda não tem esse conhecimento. Para Szeremeta e Zannin (2013) os parques contribuem para a queda de sedentarismo, possibilitando saúde, bem estar e o aumento dos cidadãos praticando atividade física.

Segundo Macedo e Sakata (2010), essas funções como já citadas, foram postas no século passado proporcionando uma renovação desses espaços e novas denominações como parques ecológicos, as quais priorizam questões ambientais, como a preservação de um recurso, e, junto a isso, atividades de lazer ativo como jogos e atividades infantis, espaços destinados ao lazer passivo, por exemplo: pistas de caminhada; tornando-se popular em 1980. Ainda nesse sentido, os autores citam também os parques temáticos que surgiram em 1955, como a inauguração da Disneylândia que anteriormente a isso era “os velhos parques de diversões e as feiras de exposição do início do século” (MACEDO e SAKATA, 2010, p.13).

Como chamado popularmente, os pesqueiros, são parques que surgiram no Brasil com um espaço privado que se caracteriza pelas pescas pagas, sendo também uma área de infraestrutura acompanhada de quadra, piscinas, espaço para piquenique, por exemplo, assim sendo espaços destinados ao lazer (MACEDO E SAKATA, 2010). O autor afirma que na realidade brasileira, a definição de parques é extensiva e nem sempre exata, e geralmente no país, espaços destinados ao lazer e recreação com menores dimensões como 10 mil m2 ou pouco mais, são nomeados como parques por ter instalações voltadas ao lazer e possuir cercados e vegetação.

11 Figura 2 - Parque Trianon, São Paulo

Fonte: Marcedo e Sakata, 2010.

Ainda na perspectiva de Marcedo e Sakata (2010), é até possível achar outras definições sobre parque que englobe qualquer área pública de lazer ou que tenha uma vegetação de conservação, sendo de pequeno ou grande porte. Dois exemplos de espaços conhecidos na capital paulista que pode ser usado para o entendimento dessa realidade dos parques no Brasil, é a Praça da República (Figura 3) e Parque Trianon (Figura 2) localizado na Avenida Paulista; ambos possuem proporções e características similares, como vegetação adensada em meio a capital de São Paulo e sem grandes atividades para ser realizadas além do passeio ou trilhas. A real diferença desses espaços além da nomenclatura adotada para ambos é o gradil que o Parque Trianon possui e que desliga o acesso direto ao espaço.

Figura 3 - Praça da República, São Paulo

Fonte: Robba e Macecdo, 2013. https://pt.slideshare.net/Lorenarq64/pracasbrasileirasfabiorobbappf>.

Disponível

<

12

Consideramos como parque todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é auto-suficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno. (MACEDO e SAKATA, 2010, p.14).

De acordo com Melo, Lopes e Sampaio (2017) esses espaços tornaram-se um refúgio para o descanso mental e físico para os cidadãos e a cidade, as autoras pontuam que, com o crescimento acelerado dos centros urbanos, os parques passam a ser, também, estratégias de conservação de espaços naturais resultando na melhoria ambiental e na vida da sociedade, passando a ser um elemento a agregar o desenvolvimento da localidade.

Ainda em seu trabalho, Macedo e Sakata (2010) destacam estilos de parques brasileiros e uma evolução das linhas de projeto paisagístico. Assim os autores apresentam os estilos eclético (Figura 4), moderno e contemporâneo (Figura 5). Além disso, Macedo e Sakata (2010) apresentam todos os principais parques nas capitais brasileiras e explicam suas características como o Parque Ibirapuera.

Figura 4 - Jardim Botânico, Rio de Janeiro

Fonte: Marcedo e Sakata, 2010.

13 Figura 5 - Parque Memorial Arcorverde

Fonte: Marcedo e Sakata, 2010.

Com crescimento urbano na capital paulista, a região da várzea do Ibirapuera vinha em avanço implantando terrenos nessa área. Assim, a implantação do parque (Figura 6) começou a se consolidar. A área possui 1.585.000 m2 e suas atividades partem de recreação infantil, esporte, eventos culturais, feiras e também contemplação (MACEDO e SAKATA, 2010).

Figura 6 - Parque Ibirapuera, São Paulo

Fonte: Marcedo e Sakata, 2010.

CAPÍTULO 3

ORIGEM DOS PARQUE URBANOS

15 3

ORIGEM DOS PARQUE URBANOS Em meio ao levantamento da linha do tempo dos parques urbanos no Brasil

(Figura 9) e no mundo (Figura 7 e 8), é possível enxergar como a evolução desses espaços parte diretamente da situação e contexto histórico que a cidade passa, partindo também das necessidades e momentos em que os cidadãos se encontram.

Desse modo, essas reações estão sempre acompanhadas do desenvolvimento urbano, e pensar nesse processo requer um olhar minucioso para trabalhar com estratégias que atendam às questões sociais e ambientais.

Figura 7 - Evolução dos parques no mundo I

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em levantamento de dados sobre a evolução dos Parques Urbanos no mundo.

16 Figura 8 - Evolução dos parques no mundo II

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em levantamento de dados sobre a evolução dos Parques Urbanos no mundo.

Especificamente no Brasil, a evolução dos espaços livres (assim como no mundo) encarou bastante resistência, essas áreas surgem das influências europeias, mas com o tempo toma suas formas e características nacionalista. A idealização para os parques no território brasileiro acorreu com a evolução social, e, em específico, por interesses políticos e embelezamento das paisagens urbanas.

No entanto, como a realidade passa por diferentes, o equipamento urbano sai dessa ideia antes adotada (de embelezamento), e parte para a construção de espaços de cunho ambiental e recreativos em meio a urbanização e ao crescimento urbano.

17

Figura 9 - Avanço dos espaços livres no Brasil

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em levantamento de dados sobre a evolução dos Parques Urbanos no mundo.

18 3.1 Evolução dos Parques no Mundo Apesar da pouca existência de materiais que fale sobre os jardins na antiguidade, Toledo e Santos (2012) apontam que o estudo do surgimento dos parques acontece em diferentes intervalos de acordo com a ótica da jardinocultura, a qual surge nas cidades gregas e romanas a partir da Antiguidade Clássica, trazendo a introdução de espaços verdes por meio de jardins ornamentais. Nesse sentido, os jardins comuns deram início a existência desses espaços, resultando, assim, nos primeiros passos para um parque.

Conforme Toledo e Santos (2012, p. 15 apud JELLICOE e JELLICOE, 1995, P. 223) “China e Egito (Figura 10) são considerados precursores na arte de cultivar jardins. São identificados como primeiros espaços assim constituídos os jardins do antigo Egito, os quais eram construídos em menor escala com a função de amenizar o calor excessivo das residências”. Com isso, nota-se que mesmo na antiguidade, a comunidade dessa época já tinha ciência dos benefícios trazidos pelos jardins e áreas verdes; mesmo em uma escala reduzida, a razão para suas implantações já era com base no conforto térmico que, com o decorrer da evolução, transformou-se também na solução para ilhas de calor.

Figura 10 - Antigo Egito

Fonte: Pexels, Thais Cordeiro, 2019. https://www.pexels.com/pt-br/foto/piramides-egipcias-durante-opor-do-sol-3873681/ /

Já o diferencial da China era seu contexto religioso e espiritual, que refletia diretamente nesses espaços. Desse modo, esses jardins consistiam em pontes, água,

19 pedras (Figura 11) e elementos naturais que se remetia a leveza espiritual (TOLEDO e SANTOS, 2012). Isso reforça a evolução desses âmbitos que estão entrelaçados diretamente no cunho social e cultural, sendo um reflexo desses povos. Diante disso, Toledo e Santos (2012) abordam, também, sobre o entorno dos palácios nas cidades gregas e romanas, que havia a presença de jardins ornamentais com grandes influências persa e egípcia, tendo a importante presença da água com o propósito de melhor o conforto ambiental da área. Foi na Grécia que esses espaços se tornaram pela primeira vez espaços públicos e livres para acessar, porque até aquela ocasião esses recintos eram privados.

Figura 11 - Jardim Chinês

Fonte: Viajonários, Lan Su Chinese Garden, 2019. https://www.viajonarios.com.br/lan-su-chinesegarden/

Conforme Toledo e Santos (2012), um dos únicos espaços livres antes mesmo da revolução industrial, foi a Ágora de Atenas (Figura 12). Martins (2018) descreve que, considerada como o coração da urbanização, a Ágora de Atenas antiga era a praça central da cidade, com o fim de receber práticas comercial, esportiva e religiosa, espaços onde todos e quaisquer cidadãos podiam exercer o seu papel na cidade, constituindo, assim, um espaço de suma importância para o processo de democratização, pois era ali que ocorriam as apresentações e debates filosóficos (MARTINS, 2018). A partir disso, evidencia-se a importância da socialização em meio

20 aos espaços públicos, tendo em vista, também, uma idealização de cidade para o cidadão.

Figura 12 - Ágora de Atenas

Fonte:

Pixabay,

2013.

https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-de-baixo-angulo-do-partenon-

durante-o-dia-164336/

Na Grécia, os jardins tornaram-se lugares de passeio, sendo espaços também voltados a encontros sociais (TEIXEIRA, 2007). Segundo Toledo e Santos (2012), os gregos não idolatravam a riqueza e o luxo, e sim o convívio social, possuindo jardins públicos diferentemente do estilo romano. Isso fortalece a ideia de ocupação dos espaços urbanos, se tornando uma civilização crucial para o desenvolvimento dessas áreas democráticas nas cidades. Consequentemente, conforme o autor, os jardins que eram usados também para expor estatuas de vencedores dos jogos olímpicos, sofreram alterações como a substituição dessas esculturas por topiaria, iniciando outro marco importante da conscientização e amadurecimento da arquitetura com os espaços verdes.

“No contexto político da Idade Média, as cidades protegidas por muralhas não davam lugar aos parques e jardins, com exceção daqueles destinados a hortas e a interiores” (TOLEDO e SANTOS, p. 16). Contrário dos jardins no Renascimento que nasceu as características arquitetônicas geométricas e feitos árticos, a Idade Média sofreu uma estagnação em relação às expressões artísticas.

Já a França, cabeceou o surgimento desses espaços verdes como parques em grandes escalas, na qual suas condições geográficas como clima e topografia,

21 proporcionavam características de trabalhos na jardinagem como o uso de águas parada ao invés de cascatas. Nesse período cresce o gosto por esses espaços de áreas verdes como os jardins do Palácio de Versailles (Figura 13), obra de André Le Nôtre, maior paisagista do barroco francês.

Figura 13 - Jardins do Palácio de Versailles

Fonte:

Casa

Vogue,

Palacio

de

Versalhes,

2020.

https://casavogue.globo.com/LazerCultura/Hoteis/noticia/2020/01/palacio-de-versalhes-ganha-hotelboutique-com-suite-de-120-m.html

Na Itália, segundo Del Picchia (2009), os jardins se tornaram jardins de arquitetos com características de terraços e inúmeras escada por conta do relevo.

Assim, nota-se a necessidade de novas soluções para a aplicação da jardinagem. Os resultados foram o luxuoso conjunto de escadas com balaústre descaracterizando os desníveis do espaço (Del Picchia, 2009).

O interesse pelos espaços livres públicos se consolidou na metade do século XVIII em diante, reflexos direto da Revolução Industrial (Figura 14) e sua falta de planejamento (Toledo e Santos, 2012). Com esse dado, é perceptível como as extensões sociopolíticas refletiam e ainda refletem de maneira direta no desenho da cidade e do comportamento social.

Segundo Toledo e Santos (2012), a Inglaterra tomou sentido contrário em relação aos seus espaços verdes, enquanto nos mais comum aplica-se linhas retas,

22 os ingleses se apropriaram de formas mais naturais e orgânicas, sem podas e com caráter de grandes bosques natural. Essa transformação trouxe a esses jardins a naturalidade dos espaços com mais gramadas e sem o luxo presente no conceito francês, sem dúvida alguma, espaços projetados por paisagistas renomados como William Kent.

Figura 14 - O impacto das máquinas

Fonte: Revolução Industrial. https://static.todamateria.com.br/upload/im/ag/image5-cke.jpg

No século XIX com a alta da medicina, Segawa (1996) afirma sobre a importância da cidade nessas transformações, como a revolução industrial, e, em seguida, os reflexos da salubridade. De acordo com Toledo e Santos (2012, p.17) “Essa inquietação com a higiene e saúde públicas se intensifica no século XIX e influencia a crescente demanda, principalmente por praças e parques urbanos”.

Talvez, nesse momento, a civilização já tivesse percebido a real importância dos parques no meio urbano. Assim, com base nos benefícios trazidos pelos parques, certamente essa conscientização aconteceu nesse período, pois esses espaços proporcionam a proximidade do cidadão com o meio ambiente, além da mudança do microclima com temperaturas amenas, áreas para o escoamento das águas e a proteção dos recursos hídricos.

23 3.2 Início dos Parques Urbanos no Brasil Já nas Américas, não havia a tradição com os espaços públicos, principalmente nos Estados Unidos, Toledo e Santos (2012) apontam como que os parques públicos ainda no século XVIII não fossem do conhecimento dessa nação. E um grande ícone dos parques urbanos nos Estados Unidos está em Nova Iorque, o Central Park (Figura 15) está localizado no distrito de Manhattan e o foi projeto em 1858 pelo paisagista Frederick Law Olmsted e o arquiteto Calvert Vaux. Frederick foi um profissional da área que teve destaque por possuir inúmeros projetos de parque no país além de participar do Movimento de Parques Americanos.

Figura 15 - Central Park na paisagem urbana

Fonte: Pexels, Pixabay, 2017. https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-aerea-da-paisagem-urbana327502/

Já em território nacional, o interesse por áreas verdes começa no fim do século XVIII, ligado pelos propósitos econômicos da coroa portuguesa, bem como objetivos ambientais e prática pública. Com isso, no século seguinte, cresce o aumento de áreas cada vez mais botânicas e paisagísticas (Toledo e Santos, 2012). Sendo por reflexos internacionais ou não, essas áreas se concretizaram, ou melhor, se enraizaram desde muito cedo na sociedade brasileira, pois se for levado em consideração a idade dessas nações pioneiras e o Brasil, os brasileiros tiveram esse contato no momento certo, no contexto social mundial.

Segawa (1996), afirma que na cidade do Rio de Janeiro por volta do século XVIII, o tecido urbano da capital não passava de uma acumulação organizada com

24 lógica militar. Toledo e Santos (2012) explicam que foi na capital carioca que o mais antigo parque urbano brasileiro nasceu; o Passeio Público (Figura 16) foi criado em 1783 tendo sua origem “totalmente obscura, documentalmente” (Segawa, 1996, p.80).

Essa obscuridade acontece por ser um projeto fora do contexto que os governantes priorizavam naquele momento, e o Passeio foi mais uma obra do Mestre Valentim que foi responsável pelo embelezamento urbano desse período no Rio de Janeiro.

Figura 16 - Primeiro Parque Urbano no Brasil

Fonte:

As

Pirâmides

e

o

menino

da

Bica

no

Passeio

Público,

2019.

https://www.reddit.com/r/brasil/comments/dfpary/as_pir%C3%A2mides_e_o_menino_da_bica_no_pas seio/

Como já citado por Toledo e Santos (2012), no século XIX a preocupação com os espaços verdes é resgatada e a floresta da Tijuca foi um resultado dessa retomada, consequência direta da preservação de áreas das nascentes dos rios que foram reflorestadas. Apesar do ciclo natural e longo da regeneração da natureza, o planejamento dessas ações ganha cada vez mais força quando o cidadão é inserido nesses planos como um agente, que como qualquer outro membro passará a se conscientizar e notar os benefícios desse trabalho, e antes de qualquer coisa entender que os espaços verdes e o pensamento ambiental vão além do embelezamento.

No Brasil, uma figura de suma importância foi Antônio José Landi, que realizou diversos estudos de caso para entender como aconteceram os jardins públicos e,

25 posteriormente, os parques, dentro das características geográficas ou não, como afirma Toledo e Santos (2012). Para efeito de informação os mesmos autores expõem o projeto QUAPÁ “Quadro do paisagismo no Brasil” que tem como objetivo entender, analisar e estudar todas as escalas de jardins e espaços paisagísticos livres no país, desde 1994 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

“Entre os séculos XIX e XX, de acordo com o Projeto Quapá, a tradição cultural foi fortemente influenciada pelas tradições europeias – francesas italianas e inglesas” (TOLEDO E SANTOS, 2012 p.19). Além disso, os autores apontam como os estilos dos projetos paisagísticos brasileiros são uma mescla dessas influências. Não há nenhum problema com essas atuações, pois hoje a conceituação paisagística brasileira está com sua identidade voltada diretamente a vasta flora do país (Figura 17), os jardins tropicais lembram a ideia do que os ingleses idealizavam: linhas mais orgânicas e com formas mais naturais, porém o contexto histórico também é algo que difere.

Figura 17 - Paisagismo brasileiro, Burle Marx

Fonte: Sítio Roberto Burle Marx, https://sitiorobertoburlemarx.org.br/

Os espaços livres públicos começam acontecer depois de 1870 como explica Toledo e Santos (2012), e que muitos parques como o Trionon (inaugurado em 1892) na Capital Paulista são criados pela iniciativa privada. Os parques brasileiros sempre estiveram nas margens do crescimento das suas cidades, pois, até então, como vem sendo citado, nunca foi uma inciativa pensada pelo poder público com o objetivo de

26 dinamizar o desenho urbano. Esses espaços se encaixam bem na cidade porque é o que a cidade de São Paulo precisa para exemplo, mas é nítido que essas áreas ganham sua devida valorização como um equipamento de progresso para a cidade em épocas seguintes.

Conforme Silva Pasqualetto (2013), São Paulo no processo de modernização no começo do século XX tornou-se a maior cidade do sul da América e por consequência da urbanização, o autor acrescenta os momentos marcantes de aterro e saneamento da área de várzea do Parque do Anhangabaú (Figura 18). Em conformidade, Oliveira (2010) acrescenta que o parque em questão foi pensado para ser um instrumento para São Paulo alcançar o título de cidade moderna. O Anhangabaú é o primeiro exemplo de parque dessa idealização, sendo que a capital planejava demonstrar como São Paulo estava à frente. Assim, os autores reforçam o crescimento da população nos anos posteriores, que já na década de 50 há a tendência do neopaisagismo, mas, como o crescimento ativo de São Paulo e Rio de Janeiro nas décadas seguintes, as áreas verdes e livres se tornavam cada vez mais necessárias diante o número de pessoas nessas capitais.

Figura 18 - Vale do Anhangabaú

Fonte: iStock, Cidade de São Paulo no Brasil. https://www.istockphoto.com/br/foto/cidade-des%C3%A3o-paulo-no-brasil-gm905742970-249737150

27 Toledo e Santos (2012), apontam que os parques se tornam do interesse político no final dos séculos XX. Segundo Oliveira (2010), o embelezamento urbano era o único encargo das áreas verdes. Foi nesse momento que o desenho da cidade ganhou os parques como equipamentos urbanos, assim cita Silva e Pasqualetto (2013). Então a partir dessa época de ressignificação desses espaços, as atividades recreativas passam a tornar complementos desses Parque Urbanos.

Silva e Pasqualetto (2013, p.293) afirmam que “Somente nos últimos vinte anos do século XX, observa-se que a implantação e formação de parques públicos despertaram o interesse da classe política”. Então, as mudanças como já tinham ocorrido desde as influências europeia, se repetiram por consequências do crescimento dos aglomerados e reflexos sociopolíticos, porém, o país em termos desses espaços, já apresentava uma maturidade com a identidade do paisagismo brasileiro mais consolidada e diferente do início do século.

Já sobre o século XXI, Toledo e Santos (2012) ressaltam que o país se encontra em estado de carência em relação ao planejamento eficiente em diferentes instâncias, assim, o autor completa com a importância do Quapá no direcionamento ao planejamento adequado com os crescimentos dos espaços de lazer. Nota-se a escassez de planos das áreas verdes e de lazer ainda atualmente, e como já explicado, as mudanças desses equipamentos são reflexos direto dos momentos em que a sociedade se encontra. Além disso, a cultura da privatização cresce e os parques também são vítimas dessas ações. Isso ocorre pela falta de interesse do poder público em investimento no meio urbano?

Os equipamentos específicos para o lazer se tornam comuns, primeiro os playgrounds e quadras esportivas, depois as piscinas (principalmente nos prédios de classe média e residenciais de classe média-alta). Nesse sentido, observa-se uma verdadeira privatização dos espaços livres, que passam a ser atrativos de condomínios fechados, vendidos como “oasis” de conforto, segurança e tranquilidade, fazendo com que as elites não dividam mais os espaços públicos com os menos favorecidos. (Toledo e Santos, p. 21, 2012)

CAPÍTULO 4

LEGISLAÇÃO

29 4

LEGISLAÇÃO Para a idealização desse projeto foi necessário o levantamento da legislação da

região onde será inserido o Parque Urbano. Com isso, será explicado quais as diretrizes básicas para guiar a implantação. Desse modo, a área para o desenvolvimento desse estudo tem as suas principais vias na Avenida Yoshiteru Onishi, Avenida Francisco Rodrigues Filho e Avenida Cívica na cidade de Mogi das Cruzes. Assim, com o espaço já determinado é indispensável compreender esses instrumentos para realização da intervenção.

4.1 Plano Diretor Como já apontado, a área de introdução para o Parque Urbano está localizada no município de Mogi das Cruzes. Dessa forma, sendo uma região de crescimento urbano com grandes verticalizações residências, o bairro Mogilar está localizado no distrito centro da grande cidade. De acordo com a Legislação de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo - LOUOS (2016), a área está situada na Zonas de Dinamização Urbana onde é dividida em ZDU-1, ZDU-2 e ZDU-3 (Figura 19).

Figura 19 - ZDU - 1

Fonte: Anexo I – Lei https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/doc/201901171411235c40a92b01e4d.pdf.

7426-18

No zoneamento do plano diretor do município, o vazio onde pretende-se trabalhar se encontra na ZDU-1, dispondo Taxa de Ocupação (TO) de 60%, Coeficientes de aproveitamento básico e o máximo sendo respectivamente de 2,5 e 3, essa zona também exige recuos de 5 metros de frente e para as laterais e fundo de 2 metros, sobre a taxa de permeabilidade a LOUOS exige que seja 20% do terreno da área do terreno em questão (Figura 20).

30 Figura 20 - Mapa de zoneamento do município

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em mapa de zoneamento municipal da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo, disponibilizado pela Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes. https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/doc/201901171411255c40a92d29568.pdf.

A tabela IV das Zonas de Dinamização Urbana discorre também sobre as categorias de usos permitidas, seja eles residências ou não. Dentro da tipologia adotada para essa área de intervenção, é possível encontrar no centro da categoria não residencial entre os comércios, serviços, industrial, espaços abertos e rurais.

Inegavelmente, projetos de implantação de parques urbanos se adequam na categoria D – Espaço Abertos, dessa maneira a tabela IV de Zonas de Dinamização Urbana na coluna da ZDU-1 manifesta que os espaços abertos de lazer e recreação

31 de baixo fluxo que introduzindo-se ao Não Incomodo (NI) logo possuindo Uso Permitido (UP) para todas as vias dentro do contexto urbano seja elas locais (L), coletoras (C) ou arteriais (A) (Figura 21).

Figura 21 - Lazer e Recreação

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em tabela do Anexo I à Lei nº 7.426/2018. https://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/doc/201901171411235c40a92b01e4d.pdf.

4.2 Código Florestal, Lei 12.651 O Código Florestal foi elaborado para ser uma lei que se constitui de ordens das ações, envolvendo a vegetação nativa de todo extensão territorial do Brasil, determinando todas essas áreas para sua preservação (ECO, 2014). Segundo a ECO, o código tem sua primeira versão no ano de 1934 e, atualmente, rege seu último modelo, aprovado em maio de 2012. Dessa forma, dentro do planejamento idealizado para o Parque Urbano, o ideal é conhecer e apontar as ordens para essa operação realização.

O artigo 1º da lei do Código Florestal, discorre sobre quais normas gerais serão apontadas como proteção da vegetação, como áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal, a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle de origem dos produtos florestais e controle e prevenção dos incêndios florestais, além de indicar instrumentos econômicos e financeiros para obtenção dos propósitos.

No Inciso I do artigo 1º, a lei fala sobre o comprometimento do país na preservação dessas florestas e vegetações nativas, e como nos levantamentos realizados voltados

32 para esse trabalho é possível notar a presença de uma mata de grande porte, como ilustra no fundo da área de intervenção na figura 22. Desse modo, com base nesses levantamentos e nos conceitos evidenciados pela lei, a idealização dessa proposta resulta na preservação dessa região em questão.

Figura 22 - Mata de grande porte a se preservar na área de intervenção

Fonte: Acervo do Autor, 2021.

No inciso III do artigo 1º, a lei descreve, também, que os usos nesses espaços devem ser de modo sustentável, trazendo avanços produtivos da terra, água, do solo e vegetação. Ademais, o inciso IV trás questões de preservação e restauração da vegetação nativa, com aplicações ecológicas e sociais nas áreas urbanas, unindo diretamente a pretensão da área para a criação do Parque Urbano.

Já no inciso VI, ainda do artigo 1º, a lei trata de maneira que se adequa melhor às características do Parque, discorrendo sobre os incentivos econômicos, além de impulsionar a preservação e a recuperação de forma que disponha atividades produtivas e sustentáveis.

Nesse segmento, a III seção trata do regime de proteção das áreas verdes urbanas, de modo que o artigo 25 aborda a instalação dessas áreas, sendo apontadas, também, como elementos urbanos. Já no inciso I, a lei do Código Florestal

33 cita outra Lei: nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Nela, a seção XI retrata “Da transferência do direito de construir”.

Já no artigo 35 do Código Florestal, é enfatizado a direção que o proprietário do imóvel deve tomar e a autorização para construção conforme o inciso I, sendo permitido quando for equipamentos urbanos e comunitários e, como complemento, o inciso II aborda o imóvel quando for considerado ambiental, paisagísticos e cultural, nos quais essas categorias estão evidenciadas voltadas à tipologia de parques.

Ainda na Lei nº 10.257, na seção XII fala “Do estudo de impacto de vizinhança” e consigo traz no artigo 37 o EIV, para compreender como a implantação do empreendimento se comportará na região, qualidade de vida da população e outros.

Desse modo, é preciso desenvolver estudo no mínimo do inciso I ao VI, que respectivamente são o adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitários, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e demando por transporte público e ventilação e iluminação, assim como levantados no capítulo 6 desse estudo.

CAPÍTULO 5

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

34 5

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

5.1 Parque Madureira Figura 23 - Parque Madureira

Fonte:

Archdaily

(2021).

https://images.adsttc.com/media/images/5759/cbff/e58e/ce4d/8700/0025/slideshow/MKT-WB-COMPR-239-FT-013.jpg?1465502713

Conforme a descrição enviada pela equipe de projeto, o Parque Madureira foi realizado para a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, tendo como responsáveis do projeto o escrito Ruy Rezende Arquitetos, estando em conjunto os autores culturais Mauro Bonelli e Tia Surica (Figura 23). Para a realização do parque 1 e 2 foram contratadas respectivamente duas construtoras – delta e dimensional engenharia –, tendo como o ano do projeto 2012 – 2010 e 2016. De acordo com os estudos realizados para Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro, Rezende (2021) afirma que na região há menos de 1m2 de área verde por habitante, e que o projeto modificou a espaço urbano de maneira positiva, refletindo direto na vida da população dessa região como ilustra a figura 24.

35 Figura 24 - Interação da comunidade

Fonte:

Archdaily

(2021).

https://images.adsttc.com/media/images/5759/cb08/e58e/ce4d/8700/0019/slideshow/MKT-FT-239-02078.jpg?1465502466

Figura 25 - Proporção do projeto no

Figura 26 - Apropriação popular no

desenho urbano

equipamento

Fonte: Archdaily (2021). https://images.adsttc.com/media/images/5759/f 7bb/e58e/ce9e/9600/0081/slideshow/1340513 6_10208556506023497_1052444228_o.jpg?1 465513908

Fonte: Archdaily (2021). https://images.adsttc.com/media/images/5759/ cb3c/e58e/ce29/5ª00/0005/slideshow/MKTPR-255-IA-FT-03-021.jpg?1465502518

O Parque se tornou o terceiro maior parque público da cidade, assim como mostra sua dimensão na figura 25. Segundo Rezende (2021), o maior desafio foi a fase de idealização dos espaços, pois, como o cliente era a Prefeitura, eles tinham

36 que cumprir um programa baseado em educação socioambiental, contudo, por outro lado, a participação da população fez com que essas adversidades fossem resolvidas, e assim desenvolveu-se um equipamento sustentável, em conjunto com uma requalificação urbana como está na implantação das figuras 27 e 28 focado na comunidade e nos ideais ligados ao meio ambiente.

Figura 27 - 1° Parte da implantação

Fonte:

Archdaily

(2021)

https://www.archdaily.com.br/br/789177/parque-madureira-ruy-rezende-

arquitetos?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects

Figura 28 - 2° Parte da implantação

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/789177/parque-madureira-ruy-rezendearquitetos?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects

Segundo como os autores apresentam, o projeto mostrou sucesso principalmente com base nos números que são citados, mais de 20.000 visitantes vão ao parque durante os finais de semana como mostra a figura 25, assim se tornou o coração verde da região. Para que essa interação do espaço público com os munícipes acontecesse, o planejamento voltado diretamente à população trabalhou com quadras polivalentes, de futebol, área para prática de bocha, tênis de mesa (Figura 31), parque infantil e academias ao ar livre, além de um dos maiores palcos a céu aberto da cidade localizado na Praça do Samba (Figura 30) em um extremo do

37 parque, o centro de Educação Ambiental, contando também com a Praia de Madureira (Figura 29) e um Skate Park (Figura 32) com apresenta as figuras a seguir: Figura 29 - Praia Madureira

Fonte:

Archdaily

(2021).

Figura 30 - Praça do Samba

Fonte:

Archdaily

(2021).

https://images.adsttc.com/media/images/5759/

https://images.adsttc.com/media/images/5759/

cb8b/e58e/ce29/5ª00/0009/slideshow/MKT-

cbab/e58e/ce29/5ª00/000a/slideshow/MKT-

PR-255-IA-FT-03-097.jpg?1465502597

WB-COM-PR-239-FT-003.jpg?1465502629

Figura 31 - Tênis de Mesa

Figura 32 - Skate Park

Fonte: Archdaily, 2021. https://images.adsttc.com/media/images/5759/ cbe9/e58e/ce4d/8700/0024/slideshow/MKTWB-COM-PR-239-FT-011.jpg?1465502691

Fonte: Archdaily, 2021. https://images.adsttc.com/media/images/5759/ cc0a/e58e/ce29/5ª00/000f/slideshow/MKTWB-COM-PR-239-FT-014.jpg?1465502724

Rezende (2021) descreve os principais pontos que fizeram com que esse projeto garantisse o primeiro certificado de qualidade ambiental AQUA, sendo eles o sistema de irrigação controlado por meteorológicos, pisos permeáveis, lâmpadas LED, energia solar, controle de resíduos sólidos, edificações com paredes e tetos verdes, sistema de reuso de água e regeneração de fauna e flora da região utilizando mais de

38 mil e cem árvores plantadas. Assim, com base nessa atuação é possível tirar boas referências projetuais para a implantação de um novo projeto.

De acordo com os autores, o parque ainda se encontra em andamento e está por vir mais 255.000 m2, mantendo a idealização e princípios originais. Com isso, esse cuidado tem o foco na arquitetura, urbanismo e paisagismo, buscando transformar a vida dos cidadãos que vivem na região. A ideia nunca foi ser apenas um espaço verde, e, sim, um equipamento que agregasse no cotidiano da população, principalmente com a dimensão que ele possui, se estendendo por mais de 6 bairros. Na figura 33 é possível entender os espaços verdes dispostos na região e proporção que o parque tomou em relação a desenho urbano.

Figura 33 - Análise de Infraestrutura Verde

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base na imagem do Google Earth.

Nota-se que esse parque tenha sido um grande sucesso para região norte da cidade do Rio de Janeiro, na qual, como mostrado no estudo da figura 33, todas a áreas verdes segundo o levantamento são escassas de mobiliário, equipamento e formas de atrações para cativar o usuário de se apropriar desses espaços. Nessa análise, foi possível notar a grande ausência do planejamento urbano para essas regiões periféricas, e, assim, com um grande vazio urbano do lado das torres de alta tensão, foi idealizado o Parque Madureira, que, como já citado, está localizado em 6 bairros da região. Esses espaços verdes levantados no mapa, usualmente são

39 canteiros, que com o tempo implantaram academias ao ar livre, pequenas praças com bancos em condições precárias ou mesmo rotatórias arborizadas (Figuras 34 e 35).

Figura 34 - Espaço de análise

Fonte: Google Earth (2021)

Figura 35 - Praça da Amizade e Fé

Fonte: Google Earth (2021)

Como a análise macro, também foi desenvolvido um fragmento para melhor estudar o seu entorno, de modo a entender suas forças e franquezas, e, assim, com base nesse estudo ter um repertório para novas implantações de novos parques que estarão por vir.

No levantamento micro da figura 38, foi escolhido o início do parque urbano, nela está a praça de samba como ilustra a figura 30. Nessa perspectiva, foram levantadas na fase do diagnóstico, boas estratégias para o seu entorno, como a criação do calçadão que serve também como um acesso ao parque, proporcionando

40 uma proximidade do pedestre com o equipamento urbano. Em contrapartida, o projeto do parque ou mesmo algum trabalho isolado, deveria ter feito uma revitalização da escala figura 36, criando a conexão dos eixos com um elemento urbano que pudesse ressignificar o seu entorno.

Nesse viés, o resultado uma cidade mais dinâmica onde a prioridade é o pedestre como mostra a figura 37 (Passarela Congonhas), sendo uma maneira de espraiamento da idealização adotada para o parque, pois, atualmente, se encontra separado por muros e a linha férrea.

Figura 36 - Escada conecta as duas regiões

Fonte: Google Maps (2021)

Figura 37 - Projeto referência

Fonte: Nitsche, Passarela de Congolhas, 2018. http://www.nitsche.com.br/passarela-congonhas

41 Figura 38 - Análise Micro

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base na imagem do Google Earth.

Dessa maneira, com a análise feita em toda a extensão do parque, foi possível chegar em alguns pontos que devem ser considerados para a vida útil do projeto, além de agregar com os pontos positivos e negativos ao projeto que será desenvolvido em Mogi das Cruzes. Com isso, foi usado a tabela SWOT ou mais conhecida como tabela FOFA, para frisar e pontuar de maneira mais direta como as forças que o projeto contém, oportunidades que a força trará, as fraquezas e ameaças que o parque apresenta Tabela 1.

Tabela 1 – Tabela FOFA do Parque Madureira

Fonte: Autoria própria, 2021.

42 5.2 Parque Comunitário Meifeng / ZIZU STUDIO Figura 39 - Passeio interno

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/60059be863c0179376000098-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

O parque comunitário Meifeng (Figura 39) está localizado em uma província costeira no sudeste da China chamada de Guangdong. Como já citado no título, o Zizu Studio foi a equipe de projeto responsável pela obra. O parque possui uma área de 4.674 m2 e seu ano é de 2020. Segundo o escritório Zizu (2021), a região onde a implantação se encontra é considerada os “fundos” no desenho da cidade e composto casas antigas e áreas de indústrias.

Segundo como explica Zizu (2021), os proprietários já passaram por diversas questões com o terreno, deixando-o ocioso por quase vinte anos. Desse modo, ocorreu, em 2019, uma mobilização do concurso “Xiaomeisai Urban Micro Design” objetivando o desenvolvimento de um projeto que fomentasse a idealização do Parque Comunitário Meifeng. Os autores descrevem que havia um desnível do terreno e do seu entorno, tendo o piso cimentado e o lote todo murado. Como o terreno para desenvolvimento em Mogi das Cruzes, o lote que hoje se encontra no parque comunitário, já foi um estacionamento e com o seu mau uso, com tempo em condições

43 precárias no terreno, era possível encontrar acúmulos de lixo, reforçando as caraterísticas de uma região hostil (Figura 40).

Figura 40 - Situação do terreno antes da realização do projeto

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/6006158e63c017a7fc00026a-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

De acordo com a Zizu (2021), a equipe passou primeiramente pelo o reconhecimento do terreno e entorno. Em seguida, os muros que cercavam o lote, como também o piso de cimento, foram demolidos. Com base nos três conceitos idealizados para o parque, os autores derrubaram os muros para criar a amplitude desejada ao parque com a região, presente na figura 41; com a remoção do piso que partiu da ideia de 86, em deixar o terreno respirar como mostra a figura 42; e a diversidade foi concretizada com a implantação de atividades recreativas como forma de entreter os usuários, contendo corredores de exposições, praças e pistas de corrida para melhor acolher o público (Figura 43).

Figura 41 - Passeio no entorno/ Amplitude

Figura 42 - Área permeáveis/ Ecologia

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parqu e-comunitario-meifeng-zizustudio/60059d0763c01793760000a0-meifengcommunity-park-zizu-studiophoto?next_project=no

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parqu e-comunitario-meifeng-zizustudio/60059af863c0179376000086-meifengcommunity-park-zizu-studiophoto?next_project=no

44 Figura 43 - Recreação/ Diversidade

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/60059ª8a63c0179376000082-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

Mais um ponto interessante que os autores explicam sobre o projeto, é sobre a paisagem de baixo custo, que eles efetivaram esse ideal com o uso de blocos de concreto, resultando em baixo custo e manutenção; e com esses blocos, eles usaram para criação, também, drenos para o escoamento das águas pluviais como mostra a figura 44, que aponta o sentindo da água e como acontece a drenagem. Já a escolha da vegetação foi baseada em árvores locais e com um planejamento que elas cresçam de forma natural, como as gramíneas ornamentais e as flores silvestres foram priorizadas em relação a menor manutenção e plantio natural. Em outras palavras, a escolha e estratégias adotadas para esse projeto foi pensado para pouca manutenção, desde os materiais mais resistentes a vegetação que se adapte melhor às caraterísticas no terreno.

Figura 44 - Sistema de drenagem

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio

45 Com as caraterísticas que são apresentadas pelo Zizu Studio, é possível notar as semelhanças do Parque Comunitário Meifeng, que possui uma trajetória de usos e esquecimento como o terreno estudado em Mogi das Cruzes apresenta. Com um intenso fluxo de carro e de pessoas todos os dias, o vazio urbano que a população não tinha menor preocupação, passa a ser um projeto de sucesso logo quando o público busca essa área como refúgio e amparo social, onde a implantação passa a guiar os usuários para as atividades que o parque dispõe, como ações que reestruturaram o conforto de apropriação do espaço público.

Figura 45 - Análise do entorno

Fonte: Autoria própria, 2021.

Com base na imagem do Archdaily https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/60059ª0363c017a7fc000054-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

Com essa análise (Figura 45) é possível entender o fluxo das pessoas, seja ela a pé ou com seus automóveis. Contudo, o mais enriquecedor do projeto é ver que a solução de implantar um parque em uma área consolidada, cercada de residências e serviços industriais traz a vida que a região necessita. Usar os espaços público para o desenvolvimento comunitário é uma prática milenar, e deve ser mais explorada e as

46 justificativas dessa afirmação se apoiam no comportamento popular com a implantação desse projeto (Figura 46).

Figura 46 - Uso popular do espaço

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/6005995ª63c0179376000074-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

Para essa análise também foi usado o esquema da tabela 2, FOFA, para apontar e coletar os pontos importantes que devem ser levados em consideração do parque. As figuras 47 e 48 mostram a diferença do antes e do depois e como isso mudou no desenho da cidade. O principal resultado desse projeto está entrelaçado à intervenção da segurança urbana, dentro do que a influência da cidade planejada consegue intervir.

Tabela 2 – Tabela FOFA do Parque Comunitário Meifeng

Fonte: Autoria própria, 2021.

47 Figura 47 - Antigo estacionamento

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/600615fa63c017a7fc00026c-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=no

Figura 48 – Parque e a região

Fonte: Archdaily (2021) https://www.archdaily.com.br/br/956190/parque-comunitario-meifeng-zizustudio/60059a0363c017a7fc000054-meifeng-community-park-zizu-studio-photo?next_project=n

48 5.3 Parque Urbano da Orla de Guaíba Figura 49 - Parque Urbano/ Rio Grande do Sul

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/ec00/08ª5/e516/a300/034d/slideshow/DJI_0219.jpg?15 45071586

De acordo com informações descritas sobre o parque, ele está localizado em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, próximo ao emblemático Estádio BeiraRio, iluminado em vermelho no fundo da figura 49, uns dos palcos da copa do mundo em 2014. O parque possui uma área de 567.000 m2 e seu ano é de 2018. Como uma iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre, a equipe explica que o projeto foi desenvolvido para o povo e a cidade, além de contemplar principalmente a vista da Orla do Guaíba.

A intervenção do projeto se estende por 1,5km, possuindo 56,7ha nas margens do maior lago da metrópole do sul brasileiro.

Esse estudo, como os outros, aponta a questão da segurança pública, e o importante de entendê-lo é como a requalificação reverteu essa situação com o planejamento do traçado urbano. Vada (2021), explica que esses sérios problemas como o abandono e à degradação da região passou a ser também um sistema de controle nos períodos de cheias, bem como o projeto implanta locais para encontro aos porto-alegrenses (Figura 50).

49 Figura 50 - Ponto de encontro

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/ef23/08ª5/e5c8/b900/01bd/49édium_jpg/DSC_0354.jpg ?1545072380

A equipe projetual comenta os pontos positivos que esse estudo trará a qualidade de vida urbana nesse espaço, como os efeitos sociais, econômicos e ambientais. Trazer os cidadãos a essa realidade, conectará diretamente nos aspectos culturais, históricos e ambientais, integrando o público a valorização desses espaços.

A democratização da região é refletida diretamente na malha urbana, que, por sua vez, está de fácil acesso aos munícipes, seja de pedestres, ciclistas como ilustra a figura 51, ou mesmo aqueles que usam transportes públicos como metrô, ônibus e automóveis no geral, assim como a figura 52, da implantação apresenta.

Figura 51 - Ciclismo no parque

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/ed47/08ª5/e516/a300/0351/49édium_jpg/DSC_0064.jp g?1545071910

50 Figura 52 - Implantação

Fonte:

Archadaily

(2021)

https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f22a/08a5/e5c8/b900/01ca/slideshow/IMPLANTA%C3 %87%C3%83O_-_limpo-1.jpg?1545073168

Segundo Vada (2021), a idealização do projeto consta com a priorização da valorização do entorno, como o aprofundamento no crescimento turístico, além da valorização dos imóveis e reabilitação do meio ambiente. Esses pontos se refletem em agregação das pessoas no espaço público, podendo usufruir, assim, de novos serviços, como um compilado de espaços que leva a região além da economia, o entusiasmo de ocupar essas áreas (Figura 53).

51 Figura 53 - Visitante no banco do parque

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f006/08ª5/e5c8/b900/01c0/51édium_jpg/DSC_0424.jpg ?1545072614

Para explicar sobre a qualidades da arquitetura dessa implantação, o autor esclarece como houve a conexão desse equipamento com as características naturais do espaço, ou mesmo com a paisagem urbana. Ao encarar a ideia, Jaime Lerner Arquitetos Associados tira partido do perfil natural do terreno, usando a topografia para receber a infraestrutura desejada (Figuras 54 e 55). A diversidade dos materiais usados no projeto parte da madeira, aço, vidro e o concreto, que foi usado para concretizar a ideia de curvas que são relacionadas aos movimentos das águas, trazendo uma elegância ao extenso terreno.

Figura 54 - Uso da topografia para criação de quiosques

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f13d/08ª5/e5c8/b900/01c4/slideshow/DESENHOS__limpo-08.jpg?1545072939

52 Figura 55 - Expansão do parque para conexão com a água

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f1ec/08ª5/e516/a300/0371/slideshow/DESENHOS__limpo-16.jpg?1545073114

Com os estudos sobre o espaço, a equipe apresenta o trabalho com as luzes, e citam que, no decorrer do parque, as arquibancadas foram idealizadas para a contemplação do pôr do sol (VADA, 2021). Então além de aproveitar o perfil do terreno, a equipe desenvolveu uma estratégia que atendesse perfeitamente com as necessidades da região. Dessa forma, a observação ao lago e ao pôr do sol se torna um instrumento de grande relevância; e é muito mais sobre aproveitar a força que a região tem para favorecê-la; já nos períodos noturnos, a arquitetura complementa essa conceituação com um trabalho luminotécnico (Figura 56) no calçadão que traz um dos diferenciais do projeto, sendo comparado, pela equipe do projeto, como um céu estrelado (Figura 57).

Figura 56 - Interação noturna

Figura 57 - Projeto luminotécnico

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f 006/08ª5/e5c8/b900/01c0/slideshow/DSC_042 4.jpg?1545072614

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/f 01f/08a5/e516/a300/0368/slideshow/DSC_045 4.jpg?1545072650

Com base no desenvolvimento de análise na inserção urbana do parque, é possível enxergar a grande relevância do equipamento na região. Como já citado

53 pelos autores, o parque pode movimentar o comércio local, além de instigar o turismo.

Na figura 58 mostra como foi tirado, partindo das suas características naturais e geográficas.

Figura 58 - Valorização da paisagem

Fonte:

Archdaily

(2021)

https://images.adsttc.com/media/images/5c17/efa7/08a5/e516/a300/0361/slideshow/DSC_0385.jpg?1 545072529

Um importante destaque dessa análise, é a forma como os autores do projeto envolveram o entorno, como as suas extremidades, por exemplo, que já existiam: o Centro Cultural Usina do Gasômetro e quadras esportivas da orla na outra ponta do parque, tendo o seu acesso na Avenida Edvaldo Pereira Paiva. O ressalto a esses equipamentos existentes é de extrema importância para entender como esses espaços foram envolvidos como projeto do Parque Urbano da Orla, e um ponto positivo do projeto é a requalificação do entorno do Centro Cultural, possibilitando melhores espaços de lazer além do acesso à cultura (Figura 59). Já a figura 60 ilustra a delimitação do parque em relação ao entorno do equipamento cultural antes do projeto do parque ser realizado, sendo possível entender a situação anterior da construção.

54

Figura 59 - Situação atual do projeto no entorno do centro cultural

Fonte: Archdaily (2021) https://images.adsttc.com/media/images/5c17/ecd4/08a5/e5c8/b900/01b7/slideshow/DSC_0027.jpg?1 545071797

Figura 60 - Extensão do parque e seu entorno

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em imagem do Google Maps

No trabalho de conhecer a implantação, foi notório a sua importância na região.

O espraiamento do parque parte da orla e avança, também, além das grandes Avenidas Edvaldo Pereira Paiva e Loureiro da Silva, promovendo as propriedades do projeto até aos canteiros e integrando os extremos e o entorno com já citado. Na figura 61, é possível entender melhor o parque no desenho urbano, mostrando, ainda, a

55 posição das quadras e o centro cultural, estando, respectivamente, em vermelho e amarelo, além de mostrar a qualidade projetual da sua implantação.

Figura 61 - Inserção Urbana

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em imagem do Google Earth.

Para completar a análise, foi usado o método de tabela SWOT para reconhecer as forças, oportunidade, fraqueza e ameaças que o projeto e sua região depõem (Tabela 3). Assim, baseado nesses estudos, a tabela FOFA apresentou mais força e oportunidades, mostrando além do sucesso da implantação já existe o sucedimento que pode acontecer.

Tabela 3 – Tabela FOFA do Parque Urbano da Orla de Guaíba

Fonte: Autoria própria, 2021.

56 5.4 Ultimação dos estudos No Parque Madureira, a análise como a maior dos três estudos, trouxe a relevância da sua dimensão e como suas atividades aconteceram no decorrer do parque. Além do seu programa arquitetônico, a implantação apresentada pelos seus autores traz conceitos sustentáveis para uma região periférica, na qual o seu valor com o trabalho comunitário nasce no contato dos profissionais em entender esses usuários, assim como eles descrevem, e, por último, mas não menos importante, como atendê-los; o parque também traz ao entorno um espaço com diferentes atividades, para atender todos os públicos, e é esse o conteúdo que se espera para a proposta no bairro Mogilar.

O projeto na China agregou ao estudo de diferentes formas, a primeira identificação com Parque Comunitário Meifeng ocorreu no processo de análise do terreno, no qual as suas características casam de forma direta com a situação do terreno em Mogi das Cruzes, sendo um espaço que já foi um estacionamento e hoje em dia não agrega na vida urbana, tornando-se um espaço ocioso, como o Parque Comunitário que estava há 20 anos nessas condições. Além da demolição dos muros e piso de concreto, o projeto trabalhou com estratégias sustentáveis usando os resíduos da demolição na drenagem do espaço, que sempre foi um propósito dentro desse estudo dos parques. A ideia é usar o sistema de dreno e o parque ter um papel de equipamento esponja que trabalhe a questão das águas pluviais no município, onde se encontra tão próximo ao córrego lava-pés (afluente do Rio Tietê).

O parque gaúcho traz a pesquisa a melhor maneira de lidar com o entorno, como envolver os equipamentos e a infraestrutura presentes na área. Desse modo, como o Parque Urbano da Orla de Guaíba, o projeto entre a Av. Cívica e o córrego lava-pés pretende envolver ao parque o Ginásio Municipal de Esporte Professor Hugo Ramos e o novo ginásio poliesportivo e como forma de espraiamento do projeto, tornálo acessíveis as diferentes vias. Outra estratégia é o projeto luminotécnico que a equipe desenvolveu, trazendo uma maneira de interação e cativação para o espaço, algo desejável para que o projeto do novo parque urbano proponha essa identidade à vida noturna, na qual as luzes guiem os usuários às diferentes atividades.

Nesses levantamentos, foi possível perceber a relevância social dos parques dentro das suas regiões. Nessa perspectiva, os estudos do Parque Madureira, Parque

57 Comunitário Meifeng e o Parque Urbano da Orla de Guaíba, trouxeram ao trabalho as experiências da sua implantação e como isso foi desenvolvido com o ideal adquirido, incialmente, pela a equipe de projeto. A escolha desses estudos não é inocente, sem um propósito, uma vez que está entrelaçada diretamente com a ideia que se tem para o projeto do parque urbano em Mogi das Cruzes, seja na maneira de como foi construído, seu partido, conceitos ou mesmo o programa de necessidades. Em resumo, os estudos foram cruciais para o entendimento a respeito das técnicas utilizadas para a concretização dessas conceituações, de forma a observar além do espaço construído, como: os impactos ambientais, sociais e econômicos que um projeto de um parque urbano pode trazer à região.

CAPÍTULO 6

ÁREA DE INTERVENÇÃO

59 6

ÁREA DE INTERVENÇÃO

6.1 Mogi das Cruzes, São Paulo Figura 62 - Mogi das Cruzes – SP

Fonte: Autoria própria, 2021.

O desenvolvimento dessa intervenção para um Parque Urbanos acontecerá no município de Mogi das Cruzes, mais conhecida como Mogi. A cidade está inserida na grande mancha metropolitana da capital do estado de São Paulo (Figura 62).

Localizado em uma região privilegiada, o município está a 40 minutos do maior aeroporto internacional do país, presente na cidade de Guarulhos, além de possuir no seu território importantes Rodovias como a Ayrton Senna e a Presidente Dutra que conecta as duas maiores regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro.

A população do município mogiano tem estimativa até os anos de 2020 de 450.785 pessoas, tendo o último censo populacional no ano de 2010, no qual a população era de 387.779 cidadãos (IBGE, 2021). Com base nos dados disponibilizados pelo o IBGE, a população mogiana cresceu de 13,97% nesses últimos dez anos como mostra o gráfico a seguir (Gráfico 1).

60 Gráfico 1 – Crescimento de Mogi das Cruzes

Senso de 2010

Crescimento estimado 2020

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base nas informações levantadas do IBGE 2021.

Segundo o IBGE (2021), a área da unidade territorial é de 712,541 km2, suas vias públicas segundo o último levantamento em 2010 são 62,2% arborizadas e a Mata Atlântica é o único bioma do município. Como muitos casos na história do país, tendo como exemplo São Paulo, Mogi também nasceu através da busca das riquezas de uma terra, nas margens do rio Anhembi, hoje mais conhecido como Rio Tietê. A partir disso, Gaspar Vaz abre caminho para São Paulo, iniciando-se um povoamento que em 11 de agosto de 1611 se torna uma vila, e só em 1° de setembro a Vila de Sant’Anna de Mogi Mirim oficializou a data, sendo atualmente o aniversário da cidade (IBGE, 2021).

Apesar da sua grande população e de ser a maior cidade do Alto Tietê, Mogi das Cruzes atualmente só possui quatro parques urbanos. O mapa (Figura 63) apresenta as posições dos parques no município mesmo com diferentes funções “como as esportivas, as de conservação de recursos naturais, típicas dos parques ditos ecológicos” (MACEDO e SAKATA, 2010, p.13).

O Parque Centenário da Imigração Japonesa (Figura 64) é um desses recintos na cidade, onde encontra-se localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Tietê. Além de possuir ideais ecológicos, o espaço comporta quadras, lagos, passeio e um pouco da cultural japonesa, bem como o Parque Leon Feffer, que segundo a Prefeitura de Mogi das Cruzes (2021), também localiza-se próximo a APA do Rio Tietê no distrito de Brás Cubas, e dispõe de atividades físicas e artísticas, mantendo sua abundante mata ciliar. O Parque da Cidade é o mais novo projeto dessa tipologia no município (Figura 65). Estando localizado na região do alto do Ipiranga, o parque

61 recebe diferentes eventos desde esportivos até de alimentação, e possui extenso programa arquitetônico, além de estar inserido em uma região majoritariamente residencial.

Figura 63 - Mapa de parques mogiano

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em imagem do Google Earth.

Figura 64 - Parque Centenário

Figura 65 - Parque da Cidade

Fonte: Oi do seu lado (2018) https://oidiario.com.br/wpcontent/uploads/2018/06/2016090611332857c ea9884d0d1.jpg

Fonte: O novo (2019) https://s2.glbimg.com/Lsxn9ubd22ZjvsavFLjrH qwasPs=/0x0:2362x1575/984x0/smart/filters:st rip_icc()/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2017/01/ 03/parque_da_cidade_-_ney_sarmentojpg.jpg

62 O quarto parque e longe de ser o menos relevante, é o Parque Natural Municipal Francisco Affonso de Mello – Chiquinho Veríssimo (Figura 66). Esse parque está localizado na Serra do Itapeti, e sua inauguração aconteceu em meados dos anos 70. O espaço possui uma área de 325 hectares e tem um grande valor histórico, pois por muito tempo era a maior opção de lazer que havia no município, dispondo de atividades como campos, quadras, lagos (Figura 67), pedalinhos e teleféricos (IBGE, 2021). Atualmente o parque tem mais finalidades ambientais, sendo um grande espaço para estudo e preservação da fauna e flora da Mata Atlântica, além de ser um ponto de referência da comunidade cientifica.

Figura 66 - Parque Natural Municipal

Fonte:

IBGE

(2021)

Figura 67 - Atividades no lago

Fonte:

IBGE

(2021)

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/mo

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/mo

gi-das-cruzes/historico

gi-das-cruzes/historico

6.2 Área Escolhida A área de estudo para o desenvolvimento do projeto do parque, tem como suas principais vias as Avenidas Yoshiteru Onishi, Francisco Rodrigues Filho, a Avenida Cívica e as ruas Professor Ismael Alves dos Santos e Masuzo Naniwa (Figura 68).

Porém, antes de chegar a essa resolução, outra área no município analisada, esse lote em questão encontra-se na Avenida das Orquídeas e atendia às necessidades de força da apropriação popular nos espaços, porém o entorno ainda se encontra em crescimento.

Para essa idealização foi pensando em envolver toda a quadra, e não apenas um lote, isso porque umas das intervenções que se espera para a proposta desse

63 equipamento e a integração do atual Ginásio Municipal de Esportes Professor Hugo Ramos e o novo Ginásio Poliesportivos em se encontra em estado de construção.

Figura 68 - Espaço para implantação do parque

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

Enxergar um potencial nessa região está para além de uma análise micro como, será explicado mais à frente. É de suma importância entender o porquê da escolha do espaço, e essa escolha se consolida após entender o crescimento de uma região, seja como

empreendimentos

comerciais,

coorporativos

ou

mesmo

os

grandes

condomínios residenciais.

A análise do crescimento urbano da região onde será implantado o parque, aconteceu em três diferentes anos: 2008, 2014 e 2021. Esse desenvolvimento ocorreu para entender à capacidade de expansão territorial da região e para saber as principais edificações que fez parte desse processo. A carta de Atenas fala sobre quatro necessidades básicas para os seres humanos em diferentes lugares do mundo, e acrescenta que as cidades devem se organizar de maneira a atender os requisitos.

Então, com base no urbanismo funcionalista, a Carta de Atenas aponta o habitar, trabalhar, recrear-se e circular como o as necessidades básicas para a idealização das cidades modernas. Assim, focado na área de estudo, o projeto preza pela requalificação da circulação do entorno da área de intervenção, e a proposta focada para uma recreação de qualidade. Já sobre as duas primeiras necessidades, é

64 importante salientar que o bairro Mogilar é majoritariamente residencial, contudo, além do habitar, o bairro dispõe de uma posição privilegiada dentro do município, pois possui fácil acesso por meio de todos os eixos viários, e, como toda região central, proporciona grandes oportunidades da segunda necessidade – o trabalhar.

Com características de boa localização dentro do município, é nítido prever o crescimento para a região, e é nessa força de crescimento que pode se tornar uma ameaça ao urbanismo funcional que a proposta do parque acontece. Porém aqui é preciso mostrar em números populacional como esse progresso de residências acontece, a figura 69 mostra a situação da região em 2008 (Apêndice A).

No lado esquerdo da imagem nota-se uma área já consolidada com mais de 93% residências térreas, já no lado direto a análise apresenta grandes lotes e quadras vazias, porém já com edificações residenciais e verticalizadas. Segundo o levantamento de crescimento urbano, para esse período toda essa área em 2008 totalizava aproximadamente 7.676 pessoas, sendo que no estudo foi adotado em média 4 pessoas por residência.

Figura 69 - População da área em 2008

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

65 Já no ano de 2014, é possível encontrar novos condomínios entregues a população (Figura 70). A cidade já não é mais a mesma e sua polução nesses seis anos cresceu, de modo que nesse período a região já comportava aproximadamente 13.540 habitantes, segundo dados levantados pelo autor, tendo, assim, um salto nessa temporada de 43,3% de novos moradores na região. Além das construções dos condomínios residenciais, é imprescindível notar no mapa a transformação no lado esquerdo do antigo Campus da Universidade de Mogi das Cruzes, que ocupava toda a quadra e, nesse momento, encontrava-se em processo de modificação (Apêndice B).

Figura 70 - Crescimento populacional no ano de 2014

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

No último levantamento, foi possível entender como os últimos sete anos a região se consolidou, atualmente no ano de 2021, a praça Assumpção Ramirez Eroles conhecida popularmente por praça do Habib’s, já não há mais nenhum lote vazio (Figura 71). Nesse período, foi construído um supermercado, seis condomínios verticais, no lado direito da imagem, e mais cinco torres também residenciais, no Helbor Patteo Mogilar, sendo que duas estão em fase de construção. Desse modo,

66 novamente, a população local cresceu 52,8% totalizando aproximadamente 15.184 habitantes na região (Apêndice C).

Figura 71 - Expansão até o ano de 2021

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

6.3 Levantamento da área Aa figura 72, ilustra um pouco sobre todos os meios de acesso ao local de intervenção, e, assim, nota-se que a área possui grande e principais vias de automóveis que recebe os carros que chegam de Guararema. Próximo à área, também está localizado a estação estudantes, que compõe a linha 11 coral da CPTM, sendo um importante eixo ferroviário da infraestrutura de transportes metropolitano da capital paulista; sua implantação é integrada também ao Terminal Rodoviário Geraldo Scavone que, por sua vez, é outra porta de acesso ao município de Mogi das Cruzes.

Na ilustração há, também, a representação das ciclovias mostrando que estão desconexas, o que se subentende que não foi devidamente pensada realmente ao ciclismo como meio de transporte a se optar no desenho da cidade, como também mostra o estudo no apêndice D.

67 Figura 72 – Mapa de Sistema Viário

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

A Avenida Cívica destacada em círculos atualmente encontra-se fechada para os automóveis, porém sua função atualmente está voltada para o processo de vacinação da COVID-19. A escolha da área parte da força que a região possui, principalmente pela influência que a avenida tem diante ao espaço público na cidade, enxergar a avenida com um meio de oportunidade de crescimento urbano nasce quando é notória a apropriação popular nesse espaço.

Atualmente a Avenida recebe diversas atividades ativas como soltar pipa, andar de patins, bicicleta (Figura 73), treinos acompanhados por profissionais e jogas de bola (Figura 74); como também é usada para levantar drone, usar carros de brinquedo de controle remoto; além das atividades passivas como caminhada ou até mesmo utilizar a área como ponto de encontro e contemplação. Nas imagens é possível entender a ocupação dos usuários, reforçando como esse povo já faz da região um equipamento de grande importância para vida dos espaços públicos.

68 Figura 73 - Atividades na Avenida

Fonte: Acervo do Autor e alterada para destaque das de estudo, 2021.

Figura 74 - Jogo de bola

Fonte: Acervo do Autor e editada para destaque da via para estudo onde ilustra jogo com bolo, 2021.

69 Esse mapa apresenta os lotes dessa região de forma a se enxergar os vazios urbanos ali presentes (Figura 75). Partir disso significa ter uma dimensão e noção para futuras expansões territoriais, isso porque entender esses espaços que não possuem uma utilidade pode agravar em um novo planejamento que reestruture a área que esteja inserido. A maior área da região que se encontra com essas características é a quadra estudada para o desenvolvimento do parque urbano.

Figura 75 - Mapa de Cheios e Vazios

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

É fundamental salientar que esse recorte realizado para estudo pega uma parte da APA do Rio Tietê, e destacar esse espaço é de suma importância para que fique claro, também, o valor dessas áreas vazias dentro de um tecido urbano. Dentro do estudo citado anteriormente, foi pintado os lotes que possuem edificações, porém, uma parcela desses terrenos são os empreendimentos residenciais que dispõe também suas áreas não edificadas, que implica em ações consideráveis como permeabilidade do solo e temperaturas amenas quando não pavimentadas.

A realização desse mapa trouxe ao trabalho a identificação da tipologia das edificações e os usos adotados a elas. Com grandes quadras, incluindo até a área de

70 intervenção para o parque urbano, a região comporta 45,2% do seu território para as residenciais que já foi pontuado o crescimento dos últimos 13 anos dessa população, resultando a essa ocupação, como as edificações comerciais e de serviços correspondem a 33,2% da região e as institucionais que valem 21,6% (Figura 76).

Figura 76 - Mapa de Uso e ocupação do Solo

Fonte: Autoria própria, 2021/ Imagem de satélite da região. Com base em imagem do Google Earth.

Para a realização desse planejamento, foi preciso, ainda, fazer uma análise micro dessa região. Dessa maneira, foram escolhidos os três terrenos na cidade de Mogi das Cruzes resultando em uma quadra inteira no bairro Nova Mogilar, suas principais vias de acessos são a Avenida Yoshiteru Onishi, Avenida Francisco Rodrigues Filho, Avenida Cívica junto às ruas Professor Ismael Alves dos Santos e Rua Masuzo Naniwa (Figura 77); e, como já explicado, sobre a localização de intervenção, a área encontra-se entre avenidas de grande relevância para a região.

Nesse meio, o córrego lava-pés está inserido, além disso, como mostra a figura 78, esse afluente do Rio Tietê encontra-se canalizado estando envolvido pela a avenida Yoshiteru Onishi.

71 Figura 77 - Mapa Análise Micro

Fonte: Autoria própria 2021. Desenho desenvolvido com em imagem satélite da região, Google Earth.

Figura 78 - Córrego canalizado

Fonte: Acervo do Autor e alterada para identificação do córrego para compreensão do entorno, 2021.

72 Ainda na lateral do córrego, há calçadas confortáveis, estando em conjunto à uma ciclofaixa que está desconexa ao seu entorno, um equipamento isolado que liga o nada a canto nenhum (Figura 79), e isso fica claro na figura 75 de infraestrutura viária, onde as duas ciclovias estão com apenas 500 metros de distância na região e não se interligam. As calçadas que, por sua vez, estão representadas na figura 77 por um cinza mais claro, conforme explicitado pela legenda da figura a seguir, se encontram em boas condições, porém alguns pontos apresentam o crescimento de vegetações.

Figura 79 - Ciclovia desconexa

Fonte: Acervo do Autor e alterada para destaque da ciclovia presente na região de estudo, 2021.

Figura 80 - Vegetação de grande porte

Fonte: Acervo do Autor e alterada para destacar características ambientais da área de estudo, 2021.

73 No processo de análise, foi encontrado no terreno A um espaço ocioso, possuindo uma área equivalente a 50 hectares. Essa área também dispõe de uma densa massa vegetativa a se preservar que ocupa 9.208 m2, e está localizada na extremidade direta do terreno como mostra a figura 80, registrada na Avenida Yoshiteru Onishi.

O lote A já aturou algumas atividades de um estacionamento a uma companhia de circo, atualmente o terreno se encontra majoritariamente murado, possuindo apenas em pequenos trechos como na Avenida Francisco Rodrigues Filho, outra barreira física como a figura 81 apresenta.

Figura 81 - Frente do lote A

Fonte: Acervo do Autor, 2021.

Figura 82 - Circo Tihany Spectacular

Fonte:

Circo

Tihany

Spectacular

(2019),

https://www.facebook.com/circotihanyspectacu lar/photos/1615974218546293.

O terreno B, atualmente, encontra-se sem muro, cerca ou similares. Diferente do lote A, a vegetação que se encontra nessa área é de pequeno porte, sua área possui aproximadamente 20.000 m2. Sem nenhuma função para esse espaço, o terreno já foi um dos caminhos para acessar o Ginásio Hugo Ramos como mostra a figura 83 de março de 2009.

Ainda possuindo essa característica do trecho que um dia foi uns dos acessos ao equipamento esportivo, mesmo de maneira informal, e ainda atualmente, é possível enxergar esse traço no chão (Figura 84). Esse terreno em questão tem como a Avenida Cívica e Rua Masuzo Naniwa como suas duas únicas e principais vias de acesso, além disso elas não se encontram onde seria a interseção das vias, a contínua e extensa calçada da avenida acontece junto a um canteiro.

74 Figura 83 - Caminhos em 2009

Figura 84 - Situação em 2021

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em

Fonte: Acervo do Autor, 2021.

imagem do Google Earth.

Já o terreno C é caracterizado pelo Ginásio Municipal de Esportes Professor Hugo Ramos e o limite do lote é caracterizado por um alambrado (Figura 86). No seu entorno, existe uma praça de esportes com quadra de tênis, parquinho infantil, quadra de vôlei de praia, basquete e academia ao ar livre e a pista de skate, além dos mobiliários urbanos que também constitui o espaço. Essas atividades no entorno do equipamento esportivo nem sempre estiveram ali e a implantação da praça (Figura 85) integrou-se ao complexo esportivo no ano de 2012 (Prefeitura de Mogi das Cruzes, 2016).

Figura 85 - Praça de Esportes Professor Hugo Ramos

Fonte: Praça de Esportes Professor Hugo Ramos, 2016.

Acesso ttps://www.mogidascruzes.sp.gov.br/public/site/imagens/6/2016012513150956a61fdddfe62.jpg.

em

75 Figura 86 - Limite dos terrenos B e C

Fonte: Acervo do Autor e editada para destacar limites entres os perfis da área de implantação, 2021.

A Prefeitura de Mogi das Cruzes (2016) descreve a pista de skate como a estrutura mais moderna do país, além de nomear a atividade de Mogi Skate Park. Na figura 87 é possível entender o abandono desses equipamentos que constituem a praça, isso também inclui o Mogi Skate Park (Figura 88) que com aspectos físicos, na área com o alambrado e controle de entrada, torna o espaço não democrático.

Figura 87 - Praça em 2021

Figura 88 - Mogi Skate Park

Fonte: Acervo do Autor em visita a região

Fonte: Acervo do Autor em visita a região

para compreensão dos espaços, 2021.

para compreensão dos espaços, 2021.

76 Ainda sobre o terreno C, é preciso destacar a construção do Ginásio Poliesportivo que teve início em setembro de 2018 e tinha como previsto para sua conclusão em março de 2020. O projeto terá capacidade para 500 torcedores, além de implantar uma praça que conectará a Hugo Ramos (Figura 89). De acordo com Borges (2019), esse projeto terá grande relevância para treino de base para os mogianos que ainda não possuem essa estrutura, o autor acrescenta que a quantidade de torcedores ainda é um assunto a se discutir, pois o número mínimo para sediar eventos nacionais é de mil torcedores.

Figura 89 - Integração proposta em projeto no novo ginásio entre os ginásios

Fonte: Acervo do Autor e editada para salientar espaço pensado para praça de acesso e integração do entorno, 2021.

CAPÍTULO 7

PROPOSTA DO PARQUE URBANO EM MOGI DAS CRUZES

78 7

PROPOSTA Para o projeto do Parque Urbano, foi idealizado a assimilação do espaço do

projeto e do desenho urbano, e, para isso, a ideia a introduzir esse desenvolvimento é de que a implantação seja e aconteça de forma orgânica, no olhar do usuário que passa pela região, tornando-se um caminhar agradável ao lado do parque proposto na escala municipal (Figura 90).

Figura 90 - Esquema de escala municipal

Fonte: Autoria própria, Pedro Sampaio 2021.

Nessa perspectiva, para que essa conceituação se concretize, a ideia é tornar a área de maneira integrada à região de localização, com o não uso de muros, grades ou similares. Além disso, o conceito é espraiar o parque a todo o entorno, alcançando a requalificação desses espaços e atraindo o pedestre de maneira inconsciente, com as linhas e o traçado do parque a passar por dentro do equipamento.

Já tratando do interior do parque, a essência é desenvolver o força que a região da avenida cívica tem de acolher a população para a realização de inúmeras atividades como mostra a figura 91 e 92, sejam elas “atividades de lazer ativo – como jogos e recreação infantil –, ao lado de áreas voltadas para o lazer passivo – como caminhadas por trilhas bucólicas e es parsas” (MACEDO e SAKATA, p 13, 2010) assim ilustra o gráfico 2.

79 Figura 91 - Lazer na Avenida Cívica

Fonte: Acervo do Autor, visita ao local para entendimento dos espaços, 2021.

Gráfico 2 – Atividades em um Parque Urbano

Fonte: Autoria própria, 2021.

Como já explicado anteriormente sobre sua localização, a área possui dois grandes e importantes equipamentos esportivos para o munícipio, e envolver os ginásios na intervenção diz muito sobre intenção pensada para o parque. A integração desses espaços com o parque tem o intuito de transformar, também, em uma extensão dos esportes retratados nessas edificações para o externo, como um

80 desenvolvimento que inicia do micro ao macro, servindo, ainda, de palco para ser um grande foyer dos torcedores que conhecem o Ginásio Professor Hugo Ramos.

Figura 92 - Meninos acompanhados da família soltando pipa

Fonte: Acervo do Autor, visita ao local para entendimento dos espaços, 2021.

Desse modo, o parque terá atividades voltadas à atual realidade em que se encontra o espaço, que de forma direta por meio de visitas na região, é notório as formas de lazer em que, atualmente, espaços recreativos ainda não atendem. Um exemplo para ser pontuado nesse estudo, é o uso de carros de controle remoto, esse comportamento é resgatado em meio a análise da região; seu público geralmente são

81 homens, adultos, e os usuários em questão, que usam a avenida como ponto de encontro para a realização dessa atividade.

A implantação do parque contará com vastos elementos que reforce o propósito almejado para o projeto, a figura 93 ilustra bem os trabalhos externos para essa região como a conexão da ciclovia representada na figura em vermelha que, atualmente, acontece paralelo ao córrego lava-pés e, como já pontuado, no levantamento da área a ciclovia se encontra desconexa a região, não ligando nenhum equipamento ou serviço a nada. Assim, a ideia é trazer esse traçado de forma que conecte a ciclovia na Avenida Henrique Eroles (Apêndice E), que também se encontra na mesma situação, trazendo a criação de um vínculo com o parque centenário.

Figura 93 - Croqui de estudo de implantação

Fonte: Arte desenvolvida pelo autor, 2021.

Além de requalificar a ciclovia do entorno e desenvolvê-la para dentro do parque, a figura mostra também em setas amarelas que representam as conexões pretendidas por meio de passarelas sobre o córrego (Figura 95), a ideia é apresentar outra forma de levar a identidade da arquitetura do parque ao entorno (Apêndice F), e, para isso, será preciso retirar a única passagem existente (Figura 94) para a implantação de uma nova passarela.

82 Figura 94 – Passagem atual sobre o córrego lava-pés

Fonte: Acervo do Autor, 2021.

Figura 95 - Proposta de passarelas sob o córrego lava-pés

Fonte: Autoria própria, 2021.

A figura da implantação também indica seus principais pontos de acessos nas setas da cor verde, entre elas existe uma no meio da representação da implantação que a ilustração mostra dois sentidos ligando a parte destacada em laranja que envolve os ginásios. Nessa região em destaque, tem-se a ideia de criar a ampliação de uma praça de acesso e integração com todo o projeto, respeitando, claro, os limites

83 das edificações existentes, onde essas ideias ficam mais claras na setorização da figura 96 e como completo da idealização e amarração da setorização o fluxograma ilustra o caminhar no parque (Figura 97).

Figura 96 - Setorização

Fonte: Autoria própria, 2021. Com base em imagem do Google Earth.

No decorrer do trabalho algumas ideias foram levantadas e questionadas para aquela realidade, mas nesse processo foi possível entender que todos os objetivos que estavam em questão eram voltados ao público que se pretendia receber no parque porem para recepciona-los de maneira adequada, o entorno da implantação e deveria estar devidamente requalificada. E não apenas pelas questões estéticas e sim como uma estratégia de levá-los com caminhar ao Parque Urbano.

Como cita ITDP Brasil (2018), a caminhada integra imediatamente com os ambientes e espaços ao redor, além de não poluir as cidades, apresentando grandes benefícios à saúde. Com essas condições as cidades se tonam cada vez mais vivas, é a idealização de ter as pessoas ocupando os espaços públicos que move a relevância do projeto.

84 Figura 97 - Fluxograma

Fonte: Autoria própria, 2021.

O pedestre no desenho de uma cidade caminhável dever ser o alvo principal, onde redes de mobilidade a pé, com calçadas e travessias devidamente ligadas e sejam vias mais objetivas do que as dos automóveis, como também o transporte público deve ser acessível aos munícipes da mesma forma que deve ser aos comércios e aos serviços da cidade (ITDP Brasil, 2018).

Portanto, pensando em todos os levantamentos realizados, atrás de vistas, desenvolvimento de mapas para entender fluxos e zonas, foi levantado um programa de necessidade (Tabela 4) inicial que atende todas essas características de lazer e esporte que o bairro traz. Para isso, o Parque Urbano foi pensando de maneiras que possam atender às necessidades do cidadão de recrear, como menciona a Carta de Atenas, desenvolvendo a economia e bem estar dos usuários que poderão visitar o equipamento de forma democrática devido a sua boa localização de acontecer próximo à estação estudantes, Terminal de ônibus estudante e sendo, também, a primeira bela vista de Mogi das Cruzes para quem chegará ao município por meio do Terminal Rodoviários Geraldo Scavone.

85 Tabela 4 – Programa de Necessidades

PROGRAMA DE NECESSIDADES

SERVIÇOS

CULTURAL

LAZER PASSIVO

LAZER ATIVO

SETORES

ESPAÇOS

FUNÇÃO

QUANTIDADE

Ciclofaixa

Via destinada para circulação de bicicletas

1

Pista de Skate

Ambiente recreativo construído especialmente para a prática do Skate

1

Quadras de Basquete

Superfície de jogo, composta por um piso retangular, com cestas em cada extremidade.

2

Quadras de Voleibol

O ambieente é dividida em duas partes por uma rede, possuindo duas equipes de seis jogadores em cada lado

2

Quadras de Futsal

Espaço para jogo de futebol de salão

2

Espaço Pet

Voltado a atividades dos animais esse espaço terá equipamentos para interação dos bichos

1

Espaço para bocha

O espaço possui aproximandade 27,5 x 4 metro e o jogo tem como objetivo aproximar todas as bolas do bolim

1

Pista de caminhada

Com piso pintado ou algum material específico o espaço é uma via destinada ao caminhar do usuário

1

Espaço remoto

Espaço voltado ao usuários que tem como esporte praticar o manuseio de carros de controle remoto

1

Deck integrado

Estrutura de madeira destinado como ponto de encontro visitantes

1

Campos de contemplação

Espaços permeáveis com vegetação nativa proposta para melhor conforto dos usuários

1

Praça de acesso

Ambito voltado a ser primeiro espaço externo antes do acesso ao Ginásio Municipal de Esportes Professor Hugo Ramos

1

Teatro a céu aberto

Área destinada a apresentações artisticas e culturais a céu aberto com palco e assento para ao público

1

Marquise

Cobertura livre destinada ao sombreamento e proteção de chuva ao usuários, como também um espaço voltado esposições e eventos

1

Bolsões de Estacaionamentos Estações de bicicletas Espaço para alimentações Enfermaria Placas fotovoltaicas Drenagem

Espaços estrategicos para estacionar veiculos para que não ocorrer engarrafamento Áreas destinadas ao estacionamento de bicicletas Local dedicado a refeições práticas como um food park (parque de alimentação) que dispõem lanches, petiscos, sobremesas e bebidas em geral Região que receberá os usuários do parque para atendimentos de primeiros socorros com ferimentos ou quaisquer causas de acidentes acorridas no local Equipamentos para sistema de captação de enegia solar Sistemas para atender o escoamente e drenagem das águas pluviais

4 8 1 1 . .

CAPÍTULO 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS

87 8

CONSIDERAÇÕES FINAIS O Parque Urbano no desenho da cidade mogiana trouxe inúmeros levantamentos,

sejam eles de dados, informações ou de questionamentos para a realização do estudo. Os parques desde o seu início, ainda como jardins, sempre tiveram um papel social de extrema importância, mesmo havendo uma enorme rejeição da sociedade como um instrumento que agregaria muito mais nas cidades do que apenas possuir uma questão estética aos centros. No entanto, como e por que intervir na região como um Parque Urbano? As questões a levar em consideração são claras, é trabalhar a cidade para o cidadão, é desligar a visão hostil e cinza desses espaços e conectar o usuário com a natureza novamente, necessidade essa que deu força para que esse equipamento acontecesse de melhor maneira Pós-revolução Industrial, resgatando a interação com o meio.

Esse trabalho traz a importância também para a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na qual o desenvolvimento das questões das cidades em conjunto com o meio ambiente pode influenciar toda uma geração de profissionais, clientes e usuários. Isso para todos atentar-se às questões de salubridade urbana e dentro das residências. Assim, com essas questões a se trabalhar, a área de atuação vem tomando e pode tomar maior reconhecimento, ligando a ideia e a importância de a cidade ser a segunda casa dos munícipes.

Com essas pesquisas, despertar um olhar crítico para o crescimento urbano foi inevitável, pois, ao longo do trabalho mais minucioso em uma região, foi desenvolvido a insatisfação dos avanços que ainda acontecem em velocidade reduzida, quando comparado com o crescimento não planejados desses centros.

Dessa maneira, algumas questões surgiram no decorrer do desenvolvimento como: por que fazer nessa região se já há o parque centenário ao lado? A resposta aparece quando é visto que esses espaços possuem horários de abrir e fechar, e que é compreensível, em algumas situações, mas a insistência pela a área e o projeto é ver que a cidade fala e suas manifestações está no povo praticando atividades físicas ou de lazer sem um espaço apropriado.

88

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92 APÊNDICE A – Levantamento de 2008

APÊNDICE B – Levantamento de 2014

93 APÊNDICE C – Levantamento de 2021

APÊNDICE D – Estudo Viário

94 APÊNDICE E – Estudo de ciclovia e acessos

APÊNDICE F – Estudo das passarelas de acessos