A Chancela da Paisagem Cultural Brasileira. Subsidios para a integração da Paisagem no Território

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4) objetivos da chancela da paisagem cultural brasileira Acreditamos que a Chancela seja muito importante para a proteção do patrimônio cultural brasileiro, sem nenhum tipo de dúvida, ao propor uma gestão integrada dos bens e seus entornos em função das narrativas e valores neles reconhecidos. Chancelar os territórios vinculados a narrativas históricas, artísticas, estéticas, simbólicas de forte dominância cultural em lugares de relevância e grande reconhecimento (na verdade, Sistemas Territoriais Patrimoniais) Alguns elementos de interesse patrimonial só alcançam um valor cultural quando são analisadas e consideradas em conjunto, desde uma perspectiva sistêmica. Outros elementos adquirem seu valor no diálogo entre a natureza e o artificio, entre os elementos básicos do lugar e os elementos criados pela mão do homem. O objetivo da gestão compartilhada, e dinâmica, dos bens, deveria ser aplicado em todos os classificados de interesse como patrimônio cultural, bem de forma individual, bem especialmente como grupo As diferentes formas de relação entre o homem e a natureza, entre artificio e lugar, são as responsáveis das diversas expressões paisagísticas na procura do desenvolvimento sustentável. Nesse processo construídos, mediante mecanismos de apropriação, estimulando relações afetivas com o que queremos chamar de territórios culturais. O instrumento da Chancela deve contribuir para o desenvolvimento sustentável: O Iphan (...) deve se integrar ao processo de avaliação de impactos ambientais, articulado aos outros órgãos, estaduais e municipais de cultura, bem como aos órgãos ambientais em cumprimento à sua responsabilidade institucional (De Moura Delphim, y otros, 1997)

O desejo de propiciar a abordagem abrangente e integrada do território exige considerar diferentes dimensões de construção de significado, superando dicotomias conceituais como as que envolvem a distinção entre a natureza material e imaterial do patrimônio, ou a integração do patrimônio natural nos processos de reconhecimento do patrimônio cultural. Essa abordagem exige a compreensão do território considerando seus aspectos físicos, simbólicos, e históricos, assim como as práticas sociais, como seus elementos conformadores. Para isso devemos entender as lógicas de formação e transformação (narrativas), e perceber as forças atuantes (processos) assim como as referências culturais dos diversos grupos que o vivenciam e significam, e que constroem esses ecossistemas culturais e naturais que conformam as paisagens dos entornos dos bens culturais. Essa atitude deveria ser aplicada a gestão de todo o patrimônio cultural, na sua totalidade e diversidade de manifestações, e não só as paisagens culturais (como um recorte deste). Uma visão transversal, aberta para a pactuacão institucional e para a gestão compartilhada já foi incluída na nova portaria 375 que foi pensada para a totalidade do patrimônio cultural. Estamos por tanto a falar de uma maior escala que procede da agregação de alguns elementos no território, os chamados sistemas territoriais patrimoniais que configuram os “territórios culturais”. A Chancela contribuiria assim

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