FAVELA DE HELIÓPOLIS
REQUALIFICAÇÃO DA GLEBA K POR SEUS
INTERSTÍCIOS URBANOS
1
CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO
PAULO 2017
ALINE CAROLINE LOPES DA ROCHA
SÃO
2
Monografia apresentada ao Centro Universitário Belas Artes como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Área de atuação: Urbanismo e Habitação Social
Orientador: Professor Ivanir Reis Neves Abreu
ALINE
de Heliópolis: requalificação da
K por seus interstícios urbanos
Paulo 2017 3
CAROLINE LOPES DA ROCHA Favela
GLEBA
São
4
AGRADECIMENTOS
Meu agradecimento especial vai aos meus pais, Gilda e José Carlos, por confiarem e por se dedicarem tanto quanto eu nessa jornada, sempre oferecendo abrigo nos momentos mais difíceis. Obrigada por serem quem são, e como são sem vocês nada disso seria possível
Agradeço às minhas companheiras de faculdade e da vida, Ariane, Gabriela, Bianca, Laura e Ana Sofia, por toda a compreensão e o companheirismo durante esses cinco anos. Agradeço ao meu namorado Marcus Vinicius, por ser abrigo durante a fase mais difícil, por ser companheiro em visitas arquitetônicas, por aprender arquitetura comigo e por me ensinar milhares de coisas sobre a vida Agradeço a todos os professores por toda a sabedoria passada aos alunos
Agradeço em especial o meu orientador, Ivanir Reis, que aceitou esse desafio comigo. Obrigado por me fazer amar minha profissão e enxergar quão bonita ela deve ser.
5
6
RESUMO
Proposta de requalificação da “Gleba K”, da favela de Heliópolis, a partir de intervenções que criem fluxos capazes de articular a cidade formal e a cidade informal, gerando uma efetiva infraestrutura urbana e social para a favela.
7
SUMÁRIO
8
9 1. APRESENTAÇÃO .................................................13 1.1. O PROBLEMA NÃO É DE HOJE .......... 15 1.2. A PERIFERIA DO CAPITALISMO ........ 16 1.3. OBJETIVO ......... 19 2. CONCEITUAÇÃO ............................................... 21 2.1. ASPECTOS MORFOLÓGICOS DAS CIDADES ......... 23 2.2. O QUE É FAVELA? ......... 27 2.3. FAVELAS COMO UMA FORMA ESPECÍFICA ......... 29 2.4. CIDADE INFORMAL X CIDADE FORMAL ......... 36 3. CONTEXTUALIZAÇÃO .................................... 41 3.1 CIDADES E FAVELAS ......... 43 3.1.1 FAVELAS NAS CIDADES BRASILEIRAS ......... 46 3.1.2 FAVELAS EM SÃO PAULO ......... 46 4. LUGAR ......................................................................51 4.1 LOCALIZÃÇÃO ......... 52 4.2 A ORIGEM DE HELIÓPOLIS ......... 56 4.3 LEITURA DO LUGAR ......... 60 4.3.1 TERRITÓRIO ......... 60 4.3.2 GLEBAS ......... 65 4.3.3 ÁREA DE INTERVENÇÃO - GLEBA K ......... 67 5. PROJETO .......................................................69 6. REFERÊNCIAS ...............................................95
10
OLHAR PARA AS CIDADES PODE DAR UM PRAZER ESPECIAL, POR MAIS COMUM QUE POSSA SER O PANORAMA COMO OBRA ARQUITETÔNICA, A CIDADE É UMA CONSTRUÇÃO EM
GRANDE ESCALA; UMA COISA SÓ PERCEBIDA NO DECORRER DE LONGOS PERÍODOS DE TEMPO O DESIGN DE UMA CIDADE É, PORTANTO, UMA ARTE TEMPORAL, MAS
RARAMENTE PODE USAR AS SEQUÊNCIAS CONTROLADAS E LIMITADAS DE OUTRAS ARTES TEMPORAIS, COMO A MÚSICA, POR EXEMPLO. EM OCASIÕES DIFERENTES E PARA PESSOAS DIFERENTES, AS SEQUÊNCIAS SÃO INVERTIDAS, INTERROMPIDAS, ABANDONADAS E ATRAVESSADAS
(LINCH, 2006)
11
12
13
1. APRESENTAÇÃO
FIGURA 01
14
FAVELA PARAISÓPOLIS - SÃO PAULO 2009
1. 1 O PROBLEMA NÃO É DE HOJE
O fenômeno das moradias inadequadas, em suas diversas formas, é um problema longe de ser contemporâneo. Já no século XIX, quando as classes operárias habitavam locais densamente povoados, buscando morar mais perto de seus trabalhos, elas eram submetidas a condições insalubres em suas moradias ¹
A ocupação de áreas com mais infraestrutura, serviços e oferta de trabalho, geralmente localizadas em locais mais próximos ao centro do município, passou a ser privilégio da população de renda média e alta Assim, as necessidades de moradia da população de baixa renda foram atendidas a partir da construção de edifícios áreas mais afastadas da cidade
Com a intensificação do processo de industrialização, a crescente demanda por moradia nas regiões em que foram instaladas as fábricas, resultou na valorização desses terrenos industriais, agora bem localizados e servidos de infraestrutura. No entanto, a renda dos trabalhadores não acompanhou a valorização dessas terras, restando, apenas as áreas verdes de preservação ou os aglomerados distantes dos centros, carentes de infraestrutura: a periferia.
Séculos depois, embora a forma de morar tenha mudado de característica, na medida em que a concentração populacional saiu da região dos centros das cidades em direção à “periferia do capitalismo” (ver definição a seguir), o problema segue sendo uma realidade
Nesse contexto, embora as favelas contemporâneas continuem partilhando as áreas de centralidade, elas agora ocupam espaços adjacentes às áreas urbanas consolidadas Geralmente os espaços buscados são aqueles que estão minimamente conectados a uma rede de infraestrutura e aos transportes públicos ²
15
1 DAVIS, Mike. Planeta Favela. São Paulo: Editora Boitempo, 2004. 2 SOUZA, Carlo Leite de; AWAD, Juliana, D.C.M., Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes- Desenvolvimento Sustentável num planeta urbano. São Paulo: Bookman,2012.
FIGURA
DO CAPITALISMO”.
Urbanidade é aquilo que é urbano. Urbano é algo que pertence à cidade. (AURÉLIO,2008) Assim, o conceito de urbanidade, quando utilizado no contexto dos estudos urbanos, é sempre relacionado ao acolhimento que a cidade é capaz de propiciar, ao modo como as pessoas se apropriam da cidade, como se tornam e se sentem cidadãos
Moradores de áreas mais afastadas desejam se sentir mais cidadãos. Querem, para tanto, uma moradia que seja próxima a áreas que os façam sentir que são parte da cidade, e não que estão excluídos dela. Esses espaços, que são comumente encontrados nas áreas centrais de diferentes regiões, se conectam a partir de vias estruturadoras Embora essas áreas estejam ficando cada vez mais próximas, pela aproximação decorrente da conurbação das cidades, ainda assim existem recortes de áreas residuais entre essas centralidades, onde se encontra a “periferia do capitalismo”
1. 2 O QUE É A “PERIFERIA
FIGURA 03
16
CONTRASTE ENTRE CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL Rio de Janeiro - Brasil
Essas áreas, que estão “entre lugares”, são “vazios”, que se configuram pelas mais diversas situações Uma vez que se conectam a uma rede urbana consolidada³, acabam sendo um convite a serem ocupadas por pessoas que não detêm capacidade econômica para arcar com o custo de um imóvel em uma área inserida na cidade formal e que buscam o sentimento de pertencimento que a urbanidade é capaz de propiciar
Decorre dessas constatações, uma necessidade de urbanizar esses espaços sem, contudo, incidir no equívoco de aplicar soluções simplistas que estejam ligadas a uma ideia de “higienização” do local, ou que resultem na criação de uma outra cidade, incapaz de se conectar no contexto social já existente naquelas regiões. A urbanização precisa, portanto, garantir a superação dos limites sócio espaciais existentes entre a cidade formal e a cidade informal (Maricato, 1996).
04
17
FIGURA
CONTRASTE ENTRE CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL Rio de Janeiro - Brasil
3 AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Tradução de Maria Lúcia Pereira. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2007.
FIGURA 04
18
ESCADARIA FAVELA MORRO DA PROVIDÊNCIA Rio de Janeiro - Brasil
1. 3 OBJETIVO
O objetivo deste Trabalho Final de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes é propor a requalificação da Gleba K, da favela de Heliópolis, a partir de intervenções que criem fluxos capazes de articular a cidade formal e a cidade informal, gerando uma efetiva infraestrutura urbana e social para a favela Para isso, o ponto de partida foi o estudo dos “entre lugares”, nos quais se localizam as favelas contemporâneas, bem como o contexto social ali existente e a ocupação desses espaços a partir da sua morfologia
O estudo, em sua primeira etapa, se voltou a todo o território ocupado pela favela de Heliópolis, com a análise de todas as quatorze glebas que formam a favela.
A análise foi realizada a partir do viário externo que a conecta à cidade formal e do viário interno que desenha seu lado informal, da morfologia urbana, bem como da decorrente implantação das habitações e das soluções habitacionais adotadas por
seus moradores
Chegou-se, após a análise deste conjunto, à Gleba K, que apresenta, como exposto adiante, maior necessidade e prioridade nas intervenções
O princípio norteador foi o de conectar relações físicas e sociais dentro das cidade formal e informal que ali coabitam, para propiciar a reintegração destes tecidos urbanos, com geração de maior permeabilidade, de modo que as pessoas que lá habitam não continuem na condição de isolamento e exclusão social.
Como uma das possíveis estratégias deste intento foi considerada a criação de vazios conectores, e o rearranjo das habitações removidas para a abertura destes vazios, , propõem-se, desta forma, a criação de lugares de intercâmbio e convivência entre os cidadãos, potencializando os diversos movimentos culturais de inserção já atualmente existentes em Heliópolis
19
20
21 2. CONCEITUAÇÃO
2. 1 ASPECTOS MORFOLÓGICOS DAS CIDADES
A cidade é uma relação íntima entre o lugar e o espaço, onde os cheios e vazios se intercalam, verdadeiro palco para transformações e interações decorrentes da apropriação promovida pelas pessoas.
O território possui a capacidade de constantemente mudar seu desenho, principalmente porque a forma urbana é resultado da conjugação de diversos aspectos, entre eles, até mesmo as teorias e posições culturais e estéticas daqueles que projetam e constroem.
A cidade não é só uma estrutura espacial, na qual existe uma relação entre os elementos que a constituem e o seu espaço, mas é também o resultado da sociedade que a produz e das condições históricas, sociais, econômicas e políticas em que essa sociedade gera o seu espaço e o habita
É nesse contexto que se dá a importância da análise da morfologia, enquanto ciência que estuda as formas e as relaciona com os fenômenos que lhes deram origem
Segundo LAMAS (2010, pg. 41), o termo morfologia é utilizado para designar o estudo da configuração e da estrutura exterior de um objeto:
Morfologia é a ciência que estuda as formas, interligando-as com os fenômenos que lhes deram origem, a morfologia urbana estuda, segundo o autor, essencialmente os aspectos exteriores do meio urbano e suas relações reciprocas, definindo e explicando a paisagem urbana e sua estrutura. (LAMAS, 2010, p. 41)
E a forma urbana deve constituir uma solução:
A forma urbana deve constituir uma solução para o conjunto de problemas que o planejamento urbanístico pretende organizar e controlar É a materialização no espaço da resposta a um contexto preciso. (LAMAS, 2010, p. 48)
23
Além disso, Lamas observa que o espaço urbano pode ser dividido em quatro aspectos: quantitativos, qualitativos, figurativos e de organização funcional
Os aspectos quantitativos são os dados quantificáveis que podem ser utilizados para controlar as cidades Já os qualitativos se referem ao tratamento dos espaços urbanos Os figurativos, por sua vez, são aqueles elementos que permitem a comunicação dos espaços E a organização funcional corresponde ao uso que é destinado o espaço urbano e qual o uso dado pelos usuários.
No mesmo sentido, para Solá Morales (1997), a morfologia urbana é o estudo das espacialidades urbanas, sendo que esses espaços estão em permanente mudança, pois são resultado de processos sociais e partem de um processo histórico: o processo de urbanização.
A urbanização desses espaços possui uma estreita relação com o crescimento das cidades
Segundo Solá Morales, o centro e a periferia estabelecem uma conexão entre os usos diferentes de zonas existentes no espaço urbano.
24
Para Solá Morales, o elemento de maior força urbana e mais permanente é o traçado viário, uma vez que ele organiza o parcelamento, a circulação e as infraestruturas O parcelamento do solo tem o papel de fazer a distinção e a diferenciação entre o público e o privado, as tipologias de edificações que ocupam o território e utilização do solo urbano
Completando as ideias de Morales com outros autores é possível notar que a forma urbana da cidade, é a relação entre o parcelamento do solo, a urbanização e a edificação, traçando a relação direta entre a forma e o processo de desenvolvimento das metrópoles.
O crescimento urbano está, na maioria das vezes, relacionado com uma infraestrutura Quando se trata de uma urbanização marginalfavelas e loteamentos irregulares, por exemplo - é estabelecida uma noção diferente do crescimento urbano, no qual o processo de autoconstrução não segue os elementos básicos de urbanização
25
As favelas são, afinal, produto direto do urbanismo moderno e sua história se confunde com a formação do brasil (Carvalho, 2012)4
FIGURA 05
FAVELA DA ROCINHA Rio de Janeiro - Brasil
26
FOTO: CRAIG VOLPE - 2NDSUN PHOTOGRAPHY
Segundo a UNHABITAT (Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas), a favela é caracterizada pelo “excesso de população, habitações pobres ou informais, acesso inadequado à água potável e condições sanitárias e insegurança da posse de moradia” (Davis, 2006, p.33).
O IBGE conceitua aglomerado subnormal (favela e seus semelhantes) como:
Conjunto constituído de no mínimo 51 unidades habitacionais (casas, barracos, etc) carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (particular ou pública) e estando dispostas, em geral de forma desordenada e densa.
Os tipos de aglomerados subnormais, segundo o SEHAB são: favelas, cortiços, núcleos urbanizados e loteamentos irregulares.
Segundo Rúbio (2011) favela é uma modalidade de assentamento precário, definido como um território urbano ocupado fisicamente e socialmente de maneira convencional. Esse território possui uma ordenação espacial muito peculiar, já que não obedece ao que é estabelecido pela legislação da cidade, e nele é possível notar a precariedade das construções, juntamente com a irregularidade das terras ocupadas
As favelas são núcleos habitacionais precários, com moradias produzidas em autoconstrução, que ocupam terrenos públicos ou particulares Essas ocupações estão normalmente aliadas a problemas relacionados à posse das terras, à pobreza da população, e à ausência ou à precariedade de infraestrutura urbana e serviços públicos que estejam à disposição da população que ali vive. (PMSP, 2010)
.br/ materia/a-favela-e -sua-hora/> . Acesso em 15.10.2017
2. 2 O QUE É FAVELA?
27
4 CARVALHO, Bruno. A Favela e sua Hora. Revista Piauí, ed . 67, abril de 2012. Disponível em : <http ://piaui.folha.uol.com .br/ materia/a-favela-e -suahora/http ://piaui.folha.uol.com
Única palavra capaz de denotar um dos temas mais complexos da vida brasileira. Aquilo que chamamos de favela, resultado vergonhoso de evidentes deficiências históricas da sociedade brasileira, hoje tem muitas lições a dar, especialmente para a cultura urbana nacional. (BRAGA, 2014)5
28
5 Milton Braga (Formado pela FAUUSP, atualmente trabalha na MMBB arquitetura e urbanismo, em São Paulo)
FIGURA 08
FAVELA JACAREZINHO FOTO: LÉO LIMA
2. 3 FAVELAS COMO UMA FORMA ESPECÍFICA
A noção de Terrain, com a de Vague, contém ao mesmo tempo a ambiguidade e a multiplicidade de significados que fazem desta expressão um termo especialmente útil para designar esta categoria urbana com que nos aproximamos dos lugares, territórios ou edifícios que participam de uma dupla condição. {Significa} uma área disponível, cheia de expectativas, de forte memória urbana, com potencial original: o espaço do possível, o espaço do futuro. (MORALES, 2008, p. 23)
Para entender como se dá o processo de favelização, é essencial que seja entendida a potencialidade existente nos “vazios” das cidades.
A relação entre a ausência de um uso, de uma atividade e o sentido de liberdade, de experiência, é fundamental para entender toda a potência vocativa que esses Terrain Vagues têm nas cidades.
Essas áreas vazias são estranhas às cidades, ficam fora do circuito De um certo modo, indústrias, estações, portos, áreas residenciais inseguras, áreas contaminadas, se convertem em espaços onde as cidades não podem ser vistas, já que estão fora da dinâmica urbana
29
FIGURA 09
FIGURA 10
FAVELA MORRO DO MACACO Diadema - São Paulo
Para Marc Augé, o não lugar é o lugar do possível, e quem dá o uso desse espaço são as pessoas São os entre espaços O desenho não deve ser um elemento de exclusão das atividades, o não-lugar é o lugar do real, do possível.
Espaços entre formas, ou formas espaciais entre coisas utilitariamente definidas, constituem agora campos para ações imprevistas, onde nem função nem forma são abandonadas, mas enriquecidas, um campo propício para uma emissão de vetores de intensidade múltiplos e simultâneos além de uma superfície programática favorável, constantemente em mutação, geradora de conflitos, em permanente latência à espera de novas relações. (GUATELLI, 2005, p.209).
E diante de toda essa potencialidade existente nos vazios das cidades, aqueles que buscam moradia em locais próximos às áreas de centralidade se apropriam desses lugares, antes vazio
De uma maneira geral, as favelas ocupam aqueles lugares que estão disponíveis, sejam eles morros, vazios urbanos, áreas não urbanizadas da cidade nas periferias planas ou não, áreas alagadas, áreas protegidas, zonas de várzeas, ou outros terrenos disponíveis nas cidades.
As favelas ocupam, portanto, os “vazios” da cidade.
A favela apresenta uma maneira de se organizar muito diferente dos trechos da cidade formal, sejam locais planejados, ou aqueles que surgiram de forma orgânica. As favelas possuem especificidades que estão muito além de conceitos estabelecidos sobre cidades, que para Morales (1997) são o parcelamento, a urbanização e a edificação.
Assim, nas favelas, as edificações surgem diante de um parcelamento peculiar, que se dá sempre nas proximidades de alguma área urbanizada com redes de infraestrutura, sistema viário, equipamentos e espaços públicos, aspectos que são essenciais para trazer urbanidade aos cidadãos.
A primeira constatação com relação à forma geométrica do traçado urbano é a ausência de um plano de conjunto previamente formalizado, capaz de orientar a abertura das ruas. As ruas apresentam -se irregulares e tortuosas como nas cidades caracterizadas por processos de crescimento aditivo que resultam, fundamentalmente, da agregação de sucessivas iniciativas singulares ao longo do tempo. (Duarte, 2008).
30
Como observa Maria Teresa Fedeli, da Sehab, os interstícios urbanos da favela são carentes de mobilidade e, muitas vezes, de fatores como Sol e ventilação para tornar aquele lugar salubre, o que faz com que, muitas vezes a favela seja vista como um problema a ser resolvido.
Já para o arquiteto Jorge Jauregui, responsável pelo projeto Favela-Bairro no Rio de Janeiro, a favela é uma questão a ser entendida, ouvida, com uma relação de sensibilidade, cm uma
aproximação específica Na favela existe uma criatividade exposta em um emaranhado de construções
Nas favelas as ruas não seguem um padrão planejado Ao contrário, os caminhos possuem uma lógica própria, diante da conformação das capilaridades dos fluxos existentes, que fogem da formalidade viária estabelecida nas cidades. É a partir dos fluxos existentes, do território e da sua topografia que se constrói a cidade.
As favelas acabam criando novos usos como forma de suprir suas necessidades. Algumas favelas maiores como a Rocinha, o Morro Santa Marta, o Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, Heliópolis, Paraisópolis e São Francisco em São Paulo chegaram a desenvolver suas próprias centralidades, dentro de seu território, em razão das dimensões que possuem (Souza, 2012).
Em um primeiro momento, o processo de crescimento das favelas e sua consolidação não guarda qualquer preocupação com a forma A importância principal é dada a função: o Morar Nesse processo, há pouca ou nenhuma preocupação com a melhoria do ambiente urbano.
Assim, satisfeita a função primordial do morar, o fácil acesso a uma infraestrutura, mobilidade e o acesso aos equipamentos públicos dos mais diversos usos têm a capacidade de trazer às favelas alguma sensação de integração com o restante da cidade.
31
FIGURA 11
FAVELA DA ROCINHA
Rio de Janeiro - Brasil
FIGURA 12 PARAISÓPOLIS
Morumbi- São Paulo
Foto: Caludio Rossi/ Argosfoto
FORMAL
X INFORMAL
34
Ao lidarmos com as cidades, estamos lidando com a vida em seu aspecto mais complexo e intenso (JACOBS, 2014)
35
2. 4 CIDADE FORMAL X CIDADE INFORMAL
Segundo afirma Raquel Rolnik, no livro “o que é cidade”, a cidade é uma referência, implantada sob a natureza, oriunda da imaginação e do trabalho do ser humano. A cidade é um complexo de aspectos geográficos, sociais, econômicos e políticos necessários à sua existência.
O espaço urbano é caracterizado por ser um espaço estruturado que não está organizado simplesmente pelo acaso e pode ser analisado diante de cada tipo e de cada período de organização social
Hoje, nota-se que as relações sociais ganharam um novo contexto, que tem sido influenciado pelo desenvolvimento de novas tecnologias e pelo aparecimento de novas maneiras de morar, trabalhar, produzir e se comunicar. Essas novas maneiras de se organizar possibilitam novas formas de compreender as cidades
Raquel Rolnik conceitua a cidade em três tópicos: (i) a cidade como um imã; (ii) a cidade como escrita; e (iii) a cidade como mercado. Nesses três conceitos é possível entender como as cidades resultam de práticas sociais somadas com as memórias coletivas que compõem e costuram as relações sociais no espaço urbano.
As práticas da arquitetura e do urbanismo devem ser realizadas no marco da legislação vigente, multiplicidade de normas que determinam o uso e ocupação do solo, condições de habitabilidade e segurança, formalização dos edifícios, acessibilidade, integração social, etc. Tudo isso para construir a denominada "cidade formal" ou "cidade legal", dentro dos sistemas de convenções orientadas a favorecer o bem estar geral e promover a construção dos espaços públicos e privados estimulantes de um desenvolvimento social sadio e civilizado, expressão da cultura contemporânea. (GHIONE, 2013).
A materialização das arquiteturas e dos espaços identifica os dois modos de vivência social: edifícios fechados e defensivos no primeiro, construções abertas ao espaço público, descontraídas e participativas no segundo
As soluções da arquitetura e do urbanismo nem sempre consideram e respeitam os modos de vida. A total dependência do mercado imobiliário e ausência de planificação urbana integradora e definidora de espaços públicos estimulantes da vivência social, levam ao exercício profissional subordinado à construção de empreendimentos defensivos e anti urbanos.
36
Diferentes formas de uso e apropriação dos espaços são também identificáveis nas duas situações (cidade formal e cidade informal) Na cidade "formal" é evidente a predominância de critérios de individualidade, privacidade, egoísmo, arrogância, exclusão e reserva, enquanto na cidade "informal", prevalecem atitudes de comunidade, solidariedade, participação, autoajuda e descontração
37
Algumas características distinguem as favelas da cidade formal:
(i) Formação e desenvolvimento não obedecem à nenhuma região urbana ou legislativa: As ruas são resultado das construções de moradias
(ii) As moradias são construídas diante da “oferta” de lotes vazios Esse processo acontece de maneira
ilegal, independente de a área ser de propriedade pública
ou privada Essa área é ausente de direitos A
ilegalidade e a ausência de direitos
(cidadania) implicam em uma exclusão
ambiental e urbana
Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, informal é “o que não aparece ou se recusa a aparecer sob uma forma definida” Ao se falar de cidades, a informalidade está relacionada a algo não estável, desregulamentado, que possui carências, que é ilegal e que está ligado às discussões sobre inclusão e exclusão
Conceitos e ideias que quase inconscientemente nos levam às ocupações informais autogeridas e autoconstruídas pelos próprios moradores e conhecidas no Brasil como favelas, loteamentos irregulares, cortiços etc
Segundo Ermínia Maricato, a atenção está sempre voltada para as grandes cidades, centros Trata-se da sobreposição da modernidade dos grandes centros sobre uma malha urbana que ainda não conseguiu resolver a desigualdade social e a segregação sócio espacial
Esta forma de se organizar, de maneira indefinida, tem tomado um espaço cada vez maior, diante do alto custo necessário para morar nos grandes centros, da especulação imobiliária, da pobreza e da conurbação das cidades Como forma de lidar com essas ocupações informais autogeridas e autoconstruídas, a alternativa dada foram as políticas habitacionais dos anos 1960/1970 – que se baseavam na construção massiva de grandes conjuntos habitacionais monofuncionais afastados da malha urbana consolidada
Os problemas sociais e urbanísticos decorrentes dessas intervenções, as chamadas moradias sem cidade – que se pode encontrar na cidade Tiradentes, por exemplo - ou as readequações em andamento no mundo todo, vêm sendo analisadas e registradas por vários autores, como Jane Jacobs.
38
As unidades padronizadas e repetidas, sem a mínima preocupação de criar espaços estimulantes do convívio social, são a resposta "legal" e "formal" para a demanda de uma população que o sistema de produção desvaloriza e desconsidera em seus hábitos de relacionamento e ocupação dos espaços Programas de moradias populares, que muitas vezes visam apenas o lucro empresarial, postergam a integração social e degradam a cidade
Nesse contexto, é necessário que as leis não sejam diluídas nas bordas das cidades, como observa Raquel Rolnik Existe uma grande contradição entre as políticas e os planos de desenvolvimento das cidades, que não oferecem de maneira satisfatória a construção de espaços estimulantes de convivência social.
“Os grandes territórios informais, a despeito das grandes carências infraestruturais históricas e ausência do estado, são o lugar de emergência de práticas criativas e inovadoras de urbanidade” (Carlos Leite, Arquiteto, Professor Fau-Mackenzie. Autor do livro Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes)
FIGURA 14
CIDADE TIRADENTES - MORADIA SEM CIDADE Zona Leste de São Paulo
FIGURA 13
PRODUÇÃO DE CASAS PADRONIZADAS Piauí- Brasil Foto:Odaliana C arvalho Veloso
40
41
3. CONTEXTUALIZAÇÃO
42
3. 1 CIDADES E FAVELAS
Em 1950, a ONU estimava uma população mundial de 2,6 bilhões de pessoas, com cerca de 70% (setenta por cento) da população localizada em área rural E, à época, só existiam duas megacidades: Nova Iorque e Tóquio
Em 2010, a população chegou a cerca de 7 bilhões de pessoas, com cerca de 48% (quarenta e oito por cento) da população em área rural As áreas urbanizadas configuram um constante crescimento das cidades, encaixando-se na categoria de
Megacidades
A taxa de crescimento é maior nos países em desenvolvimento, nos quais a periferia cresce de maneira desenfreada Observa-se, também, que antigos espaços urbanos centrais estão perdendo boa parte de suas funções produtivas, que se tornam obsoletas, e estão se transformando em territórios disponíveis oportunos Trata-se dos chamados vazios urbanos, ou wasterlands/ brownfields
Do ponto de vista urbanístico, essas transformações ocasionaram uma série de problemas que estão afetando as cidades de hoje O abandono de áreas que são dotadas da preciosa infraestrutura urbana expõe esses locais à incontrolável urbanização ilegal, que ocorre nas periferias de grandes
metrópoles, gerando situações dramáticas de insustentabilidade ambiental, social, econômica e urbana
A metade da população mundial vive em áreas urbanas, e é nestas áreas que se concentram as grandes taxas de crescimento, sendo que essa taxa de crescimento urbano se concentra nos países em desenvolvimento, locais cujo as zonas periféricas do capitalismo crescem de maneira desenfreada
O processo de favelização é generalizado, diante do fato que mais de 900 milhão de pessoas vivem na cidade informal, segundo a ONU em sua Conferência das Nações Unidas em 2016, e este número pode chegar em mais de 400 milhões em 2033, segundo a UNHABITAT No Brasil, esse número já ultrapassa os 11 milhões de pessoas que moram em favelas
Segundo Karl Marx, é o sistema capitalista que produz essa desigualdade econômica e social Segundo Davis (2015), este modelo sócio econômico implantado tem sido responsável pela deterioração das condições de vida e também
pela miséria e da pobreza na qual vivem os trabalhadores da periferia do capitalismo O resultado disso são as favelas espalhadas pelo mundo inteiro.
43
DHARAVI-ÍNDIA 1 MILHÃO
HABITANTES FIGURA 16 CITÉ SOLEIL- HAITI 400 MIL HABITANTES
MANSHIET- EGITO 1,5 MILHÕES DE HABITANTES
KHAYELISTSHA- ÁFRICA DO SUL 400 MIL HABITANTES
FIGURA 14
DE
FIGURA 17
FIGURA 15
FIGURA 18 ORANGI TOWN - PAQUISTÃO 1,8 MILHÕES DE HABITANTES
FIGURA 19 NEZA- MÉXICO 4 MILHÕES DE HABITANTES
FIGURA 20 KIBERA- QUÊNIA 2,5 MILHÕES DE HABITANTES
19
FIGURA 21 MAHARASHTRA- ÍNDIA
MILHÕES DE HABITANTES
3. 1.1 FAVELAS NAS CIDADES BRASILEIRAS
As cidades brasileiras são resultado de uma sociedade que nunca conseguiu superar suas heranças coloniais para se tornar uma nação que pudesse distribuir de forma equilibrada suas riquezas.
A herança recebeu um disfarce moderno, que só enaltece as injustiças: as grandes metrópoles brasileiras possuem em média 40 a 50% de sua população vivendo de maneira informal, onde 15 a 20 % dessas pessoas vivem em favelas. (FERREIRA, 2005)
Para Maricato, a população que mora em favelas tem crescido mais do que a população urbana, isso segundo os censos do IBGE para 1980 e 1991. Em 1980 o percentual da população brasileira que vivia em favelas era de 1,89%, já em 1991 esse percentual era de 3,28% Um aumento de 70% da população que mora em favelas
3. 1.2 FAVELAS EM SÃO PAULO
As novas carências de moradia enfrentam condições agravadas por causa das pressões imobiliárias e fundiárias que rareiam os terrenos disponíveis. Desocupações de áreas de interesse especulativo movimentam a população carente em direção a terrenos cada vez mais inadequados, quer seja por suas condições de risco, quer seja por suas condições de risco, quer seja por serem áreas de proteção ambiental. (RECAMÁM, 2015, p. 24)6
A cidade de São Paulo, segundo o IBGE, é a maior e mais rica cidade do Brasil, mas é inegável que a cidade sofre com a carência habitacional. Cerca de 11,9 milhões de pessoas vivem em moradias precárias Poucos trabalhadores conseguem sustentar um imóvel alugado na “cidade formal” e o mercado imobiliário decide quem vai morar em determinadas regiões de São Paulo
“O mercado imobiliário nega aos pobres a possibilidade de habitar no mesmo espaço em que moram os que podem pagar “(BONDUKI, 2011, p 8)
6 RECAMÁM, Luiz. Arquitetura em tempos difíceis. <http://www.academia.edu/30421462/Arquitetura_em_tempos_dif%C3% Adceis>
46
Acontece, então, uma exclusão de parcela da sociedade que não consegue pagar por uma moradia na cidade formal e que acaba, por falta de alternativas e em um quadro crônico de vulnerabilidade, ocupando áreas ociosas, sejam elas públicas ou privadas.
A origem das favelas se dá por diversas condicionantes como os aspectos sociais, econômicos e políticos que estão presentes no seu processo de formação Esses aspectos dão a forma da favela (forma e localização)
A morfologia da cidade informal é resultado de uma série de fatores individuais que, obviamente, não fazem parte de um planejamento coordenado
De acordo com arquiteto Luis Mauro de Freire: o ambiente urbano deve ser analisado pelos sistemas físicos espaciais que o compõem, os sistemas naturais e os sociais, deve levar em consideração quais são as inter-relações entre esses elementos dentro das cidades, como o crescimento urbano, traçado e parcelamento do solo, a tipologia das edificações e quais as articulações existentes entre elas
O desenho urbano, segundo Vicente Del Rio é:
“O campo disciplinar que trata da dimensão física ambiental da cidade, enquanto conjunto de sistemas de atividades que interagem com a população através de suas vivências e percepções e ações cotidianas” (DEL RIO, 1990. Apud FREIRE. p. 12, 2006).
A qualidade do espaço urbano está sobre influência de três aspectos:
Apropriação, que se trata de atividades ou usos que acontecem os espaços; Percepção e conformação, que é a forma urbana dada pelos atributos físicos (Freire, 2006) É notável que a forma urbana sofre alterações conforme a evolução, as transformações e inter-relações e processos sociais que são modificadores diretos do tecido urbano.
As favelas representam o clímax de um processo histórico de desigualdades sociais urbanas e a segregação no planejamento urbano. São resultados da má distribuição e concentração de renda ao longo de séculos. As favelas foram construídas, como uma reação à exclusão social e à segregação espacial (FRANÇA, 2010)
47
CIDADE FORMAL E SEUS INYERSTÍCIOS COLAGEM ELABORADA POR EDUARDO PIZARRO EM SEU
MESTRADO PARA A FAUUSP
FIGURA 22
FIGURA 23
CIDADE INFORMAL E SEUS INYERSTÍCIOS COLAGEM ELABORADA POR EDUARDO PIZARRO EM SEU MESTRADO PARA A FAUUSP
50
4. O LUGAR HELIÓPOLIS
51
4. 1 LOCALIZAÇÃO
A favela do Heliópolis, que se situa na região
Sudeste de São Paulo, mais precisamente no bairro do Ipiranga, se formou e se consolidou nas últimas quatro décadas, sob administração da subprefeitura do Ipiranga.
Atualmente ela está situada entre as importantes
vias de acesso: (i) Rodovia Anchieta (SP-150), importante rodovia de ligação com Santos; (ii) Avenida Almirante Delamare, que conecta São Paulo à São Caetano do Sul e a (iii) Rua das Juntas
Provisórias, que é responsável pelo escoamento de caminhões de carga para São Paulo e outras regiões.
Além dessas vias estruturais, a Estrada das Lágrimas divide o bairro do Ipiranga e a favela do Heliópolis, separando a cidade formal da cidade informal
52
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
53
IPIRANGA SÃO CAETANO DO SUL
HELIÓPOLIS SACOMÃ
FIGURA 24
MAPA DE INSERÇÃO DO HELIÓPOLIS EM SÃO PAULO
FIGURA 25
HELIÓPOLIS
MAPA DO PERÍMETRO DO HELIÓPOLIS
HELIÓPOLIS EM 1954
1989
Fonte: EMPLASA/PMSP.
HELIÓPOLIS EM 1981
Em vermelho a consolidação do parcelamento da Vila Heliópolis Em azul o Hospital do Heliópolis (Governo do Estado) e, em verde, o Posto de Atendimento Médico Municipal (PAM)
Fonte: EMPLASA/PMSP
HELIÓPOLIS EM 1989
Em vermelho trata-se da implantação do programa de FUNAPS- multirão O vazio no centro da favela é o campo de futebol da Copa Rio.
Fonte: EMBLASA/PMSP
54 1954 1981
HELIÓPOLIS EM 2004
Em vermelho, as unidades habitacionais
implantadas pelo Programa Cingapura
Fonte: EMPLASA/PMSP
HELIÓPOLIS EM 2009
Em vermelho, as unidades habitacionais
implantadas pelo Programa Urb e Sehab
Fonte: EMPLASA/PMSP
55 2004
2009 LINHA DO TEMPO DA OCUPAÇÃO DO HELIÓPOLIS
Heliópolis é considerada a maior favela do município de São Paulo Existem, no entanto, controvérsias sobre a metodologia de contabilização dos habitantes. Nos censos, que são realizados a cada dez anos, os habitantes dos conjuntos habitacionais não são considerados com moradores da favela Assim, esses moradores, apesar de geograficamente estarem localizados no perímetro de Heliópolis, são contabilizados como habitantes do bairro e não mais dos assentamentos precários.
“No último censo de 2010 o IBGE não contabilizou os conjuntos habitacionais, por não serem mais compreendidos como favelas. E ainda, os critérios de reconhecimento dos setores das favelas mapeados pela municipalidade, diferem dos setores censitários mapeados pelo IBGE, reduzindo com isso o número de habitantes na comunidade para 41000(41118 habitantes) Diante desse fator, em 2011, após publicação dos dados do IBGE, a comunidade do Heliópolis deixa o posto de maior favela de São Paulo dando lugar a Paraisópolis, localizada na Zona Sul. ”
(Souza, 2011)
É sabido, porém, que o número de habitantes de Heliópolis ultrapassa os 100 mil habitantes, que possuem vida comunitária compartilhada entre associações de moradores e centros de atividades culturais e educacionais
O nome “Heliópolis” teve origem no nome dado ao terreno do antigo sítio Moinho Velho, que pertencia à Condessa Alvares Penteado. Em 1923, a Condessa, então proprietária daquelas terras, denominou parte de seu território como Vila Heliópolis, as loteou e solicitou sua regularização e seu arruamento à prefeitura de São Paulo (PMSP, 2004).
Em 1947, o Instituto de Aposentadoria dos Industriários (IAPI) adquiriu a região para construir casas para seus associados, o que nunca ocorreu A área passou, então, a ser do Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (IAPAS).
No mapa de 1959 é possível ver o bairro do Ipiranga ainda com pouca ocupação e com uma baixíssima densidade A parte norte, seria consolidada, no início dos anos 1970, como o trecho industrial da região, dando início às primeiras vilas operárias
Ainda no fim do século XIX, a área apresentava uma ocupação concentrada em alguns lugares específicos, gerando muitos vazios na cidade, em razão da ferrovia. Nos anos seguintes, por volta de 1940 a 1954, a área ainda estava livre de edificações e se configurava no espaço urbano como uma área de lazer para as famílias que moravam no Ipiranga - configuração semelhante a que hoje representa a região do Parque do Ibirapuera
4. 2 A ORIGEM DO HELIÓPOLIS 56
Nesse período foi implantado em São Paulo um projeto de atendimento provisório às famílias de baixa renda, chamado de Vilas Provisórias. A cidade, em decorrência do seu franco crescimento, recebia diversas obras de melhoria e o projeto se destinava a receber famílias de regiões afetadas por elas
Em 1972, aproximadamente cento e cinquenta famílias que viviam sob o viaduto Vila prudente foram removidas e realocadas provisoriamente para que o governo pudesse executar a obra da construção da avenida Professor de Anhaia Melo, para melhoramento da estrutura viária da cidade. Essas famílias foram então encaminhadas para as Vilas de Habitação Provisória, dando início a ocupação da favela do Heliópolis.
Em casos como esse, torna-se possível perceber que em algumas situações o próprio Estado é o agente fomentador do surgimento e da consolidação de assentamentos precários na cidade de São Paulo
O período de crise econômica e alta taxa de desemprego fez com que muitas pessoas viessem para São Paulo em busca de oportunidades de trabalho. No entanto, o preço dos aluguéis e das próprias terras na área central da cidade de São Paulo aumentaram muito, o que gerou um deslocamento de pessoas para as franjas da cidade Aliado a isso houve o processo
de industrialização da região do ABCD, contribuindo para atrair a população para o sudeste
Nesse contexto, surgiu a discussão sobre a necessidade de implantação de uma infraestrutura na favela Diversos movimentos foram iniciados para garantir aos moradores condições mais dignas como, por exemplo, os programas “Pró-luz” e “Pró água” A prefeitura de São Paulo, então, desenvolveu o programa “Pró-Favela”, que tinha como objetivo levar infraestrutura para as áreas favelizadas, englobando os programas “Pró luz” e “Pró água”. Com este programa as instalações elétricas e hidráulicas eram adaptadas de acordo com o tecido social no qual estavam sendo implantadas.
Após um período marcado por ações para reintegrações de posse, a pressão por parte dos moradores acelerou o processo de negociações entre o Ministério da Previdência Social, o Banco Nacional de Habitação e a Prefeitura Municipal de São Paulo para direcionar as soluções dos problemas da área (SOUZA, 2011).
57
.
Em 1980, o Instituto de Administração de Previdência e Assistência Social (IAPAS) adquiriu a área de Heliópolis Segundo Sampaio (1991) a passagem de áreas do IAPAS para a Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB) objetivava a transferência ou venda dessas terras para os moradores de Heliópolis, algo que não
ocorreu até hoje. Atualmente cerca de 1056 lotes da gleba K estão sendo vendidos e os moradores lutam para que não haja tão somente a venda dos lotes, mas também a regularização das edificações
A EMURB (Empresa Municipal de Urbanismo) é encarregada pelo desenvolvimento e implantação de um projeto de urbanização na região do Heliópolis
Em 1984 a COHAB obteve “a guarda” das terras do Heliópolis, e se tornou proprietária três anos depois A área é dividida em 14 matriculas individualizadas de A à N, que juntas totalizam 1 000 000 de m², segundo a coordenação do Plano
Urbanístico Heliópolis, HABI-G SEHAB
Foi feito um convênio entre a COHAB, a Secretaria
Especial de Ação Comunitária (SEAC) e a Sociedade Comunitária
Pró-Favelas, de que haveria o compromisso do fornecimento de
materiais para a construção de mil habitações através de mutirões A prefeitura municipal de São Paulo doaria 2 480 lotes para que as unidades habitacionais fossem construídas, além se responsabilizar pela construção de guias, sarjetas e realização de melhoria do viário dentro de todas as limitações existentes da malha urbana
Entre 1989 e 1992, diversos desses projetos que vinham sendo desenvolvidos são implementados, concentrando-se principalmente nas Glebas A e K, que já possuíam lotes regularizados e maior grau de urbanização, dada a existência, por exemplo, de comércios locais
Em 1993 a área passa a ser um bairro localizado dentro do Sacomã, distrito do Ipiranga, e recebe o nome de Cidade Nova Heliópolis
58
59
FIGURA 24
FAVELA HELIÓPOLIS- 2015 FONTE: SPRESSOSP
4. 3 LEITURA DO LUGAR
4. 3.1 TERRITÓRIO
Na imagem é possível observar a existência de vias de diferentes hierarquias na região da favela do Heliópolis Cada uma delas exerce uma influência própria na região em função da hierarquia que possui.
HIERARQUIA DAS VIAS
ELABORADA PELA AUTORA
LEGENDA
60
FIGURA 25
VELOCIDADE
A Rodovia Anchieta (SP-150), por se tratar de uma via expressa, acaba sendo uma barreira física na região Pelo próprio fato de ser uma rodovia, não é possível atravessá-la em qualquer ponto, o que a torna intransponível em alguma medida, interferindo assim na permeabilidade urbana dos arredores.
A rua das Juntas Provisórias é responsável por conectar a Rodovia Anchieta aos bairros da região Ela inicia a ramificação dos fluxos que provêm da via expressa, mas ainda possui um porte considerável e não é uma via para a escala do pedestre É uma das vias delimitadores do perímetro do Heliópolis
A Avenida Almirante Delamare, que conecta a rua das Juntas Provisórias à Avenida Guido Aliberti, separa o Heliópolis da região do Ipiranga Nesta região existem diversos galpões que formam uma área com características mais industriais Muito embora a existência dessas industrias pudesse significar a oportunidade de emprego para os moradores do Heliópolis, a maior parte dos galpões estão abandonados.
Essa via arterial possui mais vivacidade: tem comércios, serviços, garante acesso ao hospital do Heliópolis, ao AME do Heliópolis, além de conectar São Paulo, com o ABCD e ser abastecida com transporte público municipal e intermunicipal
Um ponto relevante é a existência de moradias irregulares do Heliópolis que estão localizadas às margens da própria via Muitas vezes, são residências que se abrem direto para a via, sem a presença de recuos Esse fator faz com que uma das faixas de rolagem da via seja utilizada como estacionamento, o que diminui o espaço para transporte Tratando-se de uma via com três faixas em cada sentido, uma das faixas de cada um dos lados é inutilizada para sua função principal
Às margens da própria via encontra-se também uma grande quantidade de conjuntos habitacionais que estão localizados na gleba A e I da favela
61
A Estrada das Lágrimas, que também é uma via arterial, liga a Rodovia
Anchieta (SP-150) à Avenida Guido Aliberti. Ela também é responsável pela definição do perímetro do Heliópolis Possui em sua extensão, diversos equipamentos, entre os quais: (i)
Centro de Educação Integrada Paulo Freire – C.E.I. Paulo Freire; (ii) Escola Municipal de Ensino Infantil Otávio José e Cidade do Sol– EMEI Otávio José e EMEI Cidade Do Sol; (iii)
Centro Educacional Unificado Heliópolis Arlete Persoli – CEU Heliópolis Arlete Persoli; e (iv) Instituto Baccarelli
Trata-se de uma via que também é abastecida pelo transporte público municipal e intermunicipal, possui diversas tipologias de edifícios, além da diversidade de seus usos, entre eles, comércios e serviços, habitação, uso institucional, etc
A Estrada das Lágrimas é a principal via de ruptura entre a cidade formal, no caso, a região compreendida pela área de abrangência da Subprefeitura do Sacomã e a cidade informal, no caso, a própria favela do Heliópolis
É um eixo principal de educação e cultura e possui uma infraestrutura mais semelhante àquela que se verifica na cidade formal, justamente pela existência de edifícios com diversidade de usos. A melhor infraestrutura encontrada na Estrada das Lágrimas, vai se diluindo a medida em que nos distanciamos da urbanidade.
Todas essas vias citadas são vias longitudinais do perímetro do Heliópolis. Não existem vias transversais que tragam permeabilidade ao território, gerando ainda mais a sensação de que a urbanidade acaba no limite, nas bordas do Heliópolis.
62
FIGURA 25
ESQUEMA DA EVOLUÇÃO DAS HABITAÇÕES EM FAVELAS
Fonte : Eduardo Pizarro
4. 3. 2 GLEBAS
O Heliópolis é subdividido em catorze glebas, de letras
A à M, que formam uma área total de quase 1.000.000 m², em área de Zona
Especial de Interesse Social 1 – ZEIS 1.
Para análise das glebas, estas foram separadas em grupos que possuem características muito semelhantes quanto às tipologias, conexões, uso do solo, etc.
Glebas A, B, H, I e L (L1 e L2): São as glebas com a maior quantidade de intervenções sociais realizadas pelo Poder Público São glebas formadas quase exclusivamente por habitações sociais. Apesar de serem as glebas com mais intervenções, são as que possuem menos urbanidade. São monofuncionais e que se fecham para a cidade. A falta de permeabilidade entre as quadras gera uma sensação de insegurança, que não é capaz de solucionar os problemas de violência, relacionados com o tráfico;
Embora nelas tenha se tentado dar uma solução para o problema das moradias irregulares, as moradias criadas ainda excluem essa população da urbanidade.
Glebas C ,D, E, F, J e M: Essas glebas tem um misto de habitações de interesse social e moradias irregulares A gleba M, em especial, é uma gleba muito extensa e não apresenta viário adequado à sua extensão, uma vez que é composto basicamente por vielas e estas se conectam diretamente às vias arteriais (Av Almirante Delamare, Rua das Juntas Provisórias e Rua Comandante Taylor).
Gleba G: É uma gleba formada unicamente pelo Conjunto Heliópolis Gleba G / Biselli + Katchborian Arquitetos. Trata-se de um conjunto habitacional diferente dos demais porque é uma quadra europeia, onde as habitações ficam na parte externa da quadra e formam uma praça interna Essa praça seria de uso da cidade e poderia ser utilizada por qualquer um que passasse por ali, uma vez que os térreos dos edifícios se abriam para a cidade, segundo o projeto. Porém, a função de permeabilidade proposta pelos
arquitetos foi frustrada pela colocação de grades no térreo do edifício que impediram, assim, que o edifício conectasse às quadras e que as mesmas se conectassem às cidades
66
4. 3. 3 ÁREA DE INTERVENÇÃO – GLEBA K
A GLEBA K foi escolhida como a gleba de intervenção a partir da análise do local e da identificação da existência de diferentes níveis de urbanização dentro da mesma
gleba. Enquanto algumas áreas dessa gleba já possam ser consideradas como um bairro, vez que possuem infraestrutura urbana, luz, água, esgoto, outras áreas já se encontram em situações muito mais precárias, até mesmo de insalubridade, por conta das habitações construídas de modo muito adensado
Essas habitações muitas vezes estão em quadras muito extensas, e não possuem viário proporcional à extensão que possa garantir não só a mobilidade como condições mínimas de salubridade como iluminação e ventilação adequada.
Essas áreas de distanciam das primeiras também porque não possuem sua situação fundiária regularizada perante o Poder Público, o que faz com que essas pessoas, na prática, não possuam nem mesmo um endereço, o que contribui para o afastamento da sensação de pertencimento à cidade
A grande extensão encontrada em grande parte das quadras que compõem a gleba k está em desacordo com a legislação aplicável
A Gleba K também possui a maior quantidade de equipamentos urbanos dentro do Heliópolis, que possuem uma abrangência que extrapola os limites territoriais da favela
Foram encontradas situações distintas dentro da Gleba K que informam a divisão das intervenções propostas em diferentes grupos, conforme setorização a seguir, que buscam resolver cada uma das espécies de problemas identificada, mas que se resumem na falta de permeabilidade urbana por conta do traçado do viário e das barreiras físico-naturais
67
68
5. PROJETO
69
MAPA DE SETORIZAÇÃO:
ESCOLAS DE ENSINO INFANTIL E FUNDAMENTAL
70
LEGENDA
HOSPITAL DO HELIÓPOLIS
AME HELIÓPOLIS
CEU PROFª ARLETE PERSOLI
INSTITUTO BACCARELLI
UBS SACOMÃ
SETORIZAÇÃO:
1 - Quadras em situação caótica
As quadras consideradas em “situação caótica” são aquelas que apresentam um desenho de quadras extensas - com mais de 150 metros de comprimento - muitas vezes sem a presença de quaisquer passagens Quando apresentam passagens, estas se dão dentro dos lotes, formando corredores que não possuem mais do que 1,5m (um metro e meio) de largura
Essas quadras, até mesmo por apresentarem uma grande extensão como uma de suas principais características, se apresentam como barreiras à permeabilidade urbana Além disso, elas formam ilhas, com habitações que, por estarem localizadas nos miolos da quadra, não possuem ventilação alguma e tampouco qualquer ligação ao viário.
É possível observar que a formação desse desenho de quadra é decorrente da grande declividade do local Em geral, as moradias foram construídas nas encostas dos morros e os acessos internos das quadras são possibilitados por grandes escadarias que conectam os viários, uma vez que estes estão separados por uma grande declividade
2 - Situações Intermediárias
Quadras com o dimensionamento superior ao indicado pela legislação, porém que possuem vias locais/vielas que garantem acesso aos miolos de quadra
3 - Situação controlada
Moradias possuem acesso ao viário urbano. Iluminação e ventilação não são prejudicadas pela ausência de recuo entre as moradias
71
EIXOS DE PROJETO:
HOSPITAL DO HELIÓPOLIS
AME HELIÓPOLIS
CEU PROFª ARLETE PERSOLI
INSTITUTO BACCARELLI
72
LEGENDA
Essas quadras, consideradas em “situações caóticas”, podem ser divididas em quatro grupos:
1 Encostas e áreas com grandes declividades
O desenho da quadra foi dado a partir das curvas de nível No caso de situações nas quais a declividade é maior do que 30% (trinta por cento), serão propostos edifícios conectores, que serão responsáveis por criar a possibilidade de travessia pelo interno da quadra
Esses edifícios terão a função de “elevadores urbanos”, em linha com propostas modernas de criação de circulação urbana (i.e.: “Morar Carioca”, de Héctor Vigliecca). A proposta tira partido do desnível do local, oferecendo dois térreos no nível do viário, além de propor comércios, serviços e espaços que garantam o direito de ampliação, de acordo com a necessidade dos cidadãos locais
2. Margens de córrego
Barreira natural existente Risco de alagamentos na região, devido à topografia que leva as águas pluviais para a região
A relação entre córregos e cidade pode ser melhorada a partir de diversas diretrizes. (2ª fase)
3 Conexão com áreas já urbanizadas
Na quadra “K”, existem diversos polos de interesse, que se materializam nos acessos aos equipamentos públicos e que poderiam gerar novos fluxos. A proposta é realizar a melhoria entre os espaços edificados e os espaços livres, tirando partido da abrangência desses equipamentos e trazendo “mais cidade” a partir dessas novas conexões. A proposta trabalhará com a articulação entre os espaços vazios e os edificados, além de abrir novos espaços na estrutura consolidada e complexa que atualmente se apresenta na Gleba “K”.
3 Superfícies planas
Áreas em situações precárias, moradias em condições insalubres, sem ventilação e iluminação natural O sistema de circulação é constituído por um arruamento estreito, que restringe as possibilidades de circulação, de modo que só pode ser realizada a pé O sistema construtivo é formado por moradias com muito pouco, ou nenhum afastamento As moradias não possuem ligações de esgoto e energia, e nem mesmo acesso à coleta de lixo A proposta é de que, em situações como essa, onde possa haver vias compartilhadas que garantam o acesso de todos os moradores ao viário, seja realizada a remoção por urbanização (ref.: Bondarini).
73
74
IMPLANTAÇÃO GERAL DO PROJETO VER AMPLIAÇÃO (ENVELOPE)
PRETO)
equipamentos, diversidade de usos e serviços acessos já existentes com a criação de novos fluxos articulação entre cidade formal e cidade informal. As realizadas em eixos com potencialidades dentro realizada. O adensamento será dado a partir de tipologias complementares, possibilitando assim a novos espaços dentro de um desenho urbano
75
250 366
INDICAÇÃO DE PLANTA BAIXA
A B
A
76
QUADRA K1- COTA 766 B
TÉRREO DA COTA 766 COM COMÉRCIOS SERVIÇOS E PROGRAMAS LIVRES(ANEXOS AOS EQUIPAMENTOS
77
A
B
QUADRA K1- COTA 770 E 773,2
A
B
2 PAVIMENTOS COM HABITAÇÃO SOCIAL
INDICAÇÃO DE PLANTA BAIXA
A
A B
78
QUADRA K1- COTA 776 B
TÉRREO DA COTA 776
RUA SUSPENSA- ALTERNATIVA DE GERAR NOVOS FLUXOS
INDICAÇÃO DE PLANTA BAIXA
INDICAÇÃO DE PLANTA BAIXA
TÉRREO DA COTA 774- TÉRREO COM COMÉRCIOS, SERVIÇOS E PROGRAMAS LIVRES.
QUADRA K1- COTA 776
79
B B
INDICAÇÃO DE PLANTA BAIXA
USOS HABITACIONAIS, COM MORADIAS DE 1, 2 E 3 DORMITÓRIOS
K1- PAVIMENTO TIPO
80
QUADRA
A A B B
81
B B INDICAÇÃO
QUADRA K1- PAVIMENTO TIPO
DE PLANTA BAIXA
CORTE BB CORTE AA
CORTE BB CORTE AA
EDIFÍCIO 02 EDIFÍCIO 05
EDIFÍCIO 01
EDIFÍCIO CONECTOR EDIFÍCIO 03
EDIFÍCIO CONECTOR
EDIFÍCIO 04
EDIFÍCIO CONECTOR
INDICAÇÃO DOS EDIFÍCIOS
84
85 PLANTA PAVMENTO TIPO EDIFÍCIO 01
86 PLANTA PAVMENTO TIPO EDIFÍCIO 02
87 PLANTA PAVMENTO TIPO EDIFÍCIO 03
88 PLANTA PAVMENTO TIPO EDIFÍCIO 04
89 PLANTA PAVMENTO TIPO EDIFÍCIO 05
PLANTA APTO 1 – 32M²
1 DORMITÓRIO
ESCALA 1:50
90
91
1:50
ESCALA
PLANTA APTO 2 - 50,4 M² 2 DORMITÓRIOS
UNIDADE ACESSÍVEL
92
M²
PLANTA APTO 3 – 62,3
3 DORMITÓRIOS
SEM ESCALA
93
Estudo volumétrico
94
6. BIBLIOGRAFIA
95
AGIER, Michael Antropologia da cidade Tradução de Graça Índias Cordeiro; Prefácio de Heitor Frúgoli Júnior São Paulo: Terceiro Nome, 2011
AUGÉ, Marc Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade Tradução de Maria Lúcia Pereira 6 ed São Paulo: Papirus, 2007
BAUMAN, Zygmunt Modernidade líquida. Tradução de Plínio Dentzien Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001
BONDUKI, Nabil Habitar São Paulo: reflexões sobre a gestão urbana São Paulo: Estação Liberdade, 2000
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 1998
CARLOS, Ana Fani Alessandri e CARRERAS, Carles (org.) Urbanização e mundialização: estudos sobre a metrópole. São Paulo: Contexto, 2005 (Novas abordagens. Geousp; vol. 4). CHERKEZIAN, Henri. ¿Donde está la plata? São Paulo, 2007. (mimeo).
CARLOS, Ana Fani Alessandri e OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de (org ) Geografias de São Paulo 1: Representação e Crise da Metrópole São
Paulo: Contexto, 2004
CIDADE TIRADENTES: TERRITÓRIO E URBANIZAÇÃO CRÍTICA EM UM COMPLEXO HABITACIONAL DA METRÓPOLE DE SÃO PAULO, BRASIL.
Marcio Rufino Silva Universidade de São Paulo (USP), Brasil
DAMIANI, Amélia Luísa. Urbanização Crítica e Situação Geográfica a partir da Metrópole de São Paulo. In
DAVIS, Mike Planeta favela Boitempo Editorial, 2015
DECANDIA, Lídia O tempo e o invisível: da cidade moderna à cidade contemporânea São
Paulo: Margem, 2003.
DENALDI, Rosana Políticas de Urbanização de Favelas: Evolução e Impasses Tese de doutorado, Faculdade de Arquitetura de São Paulo, 2003.
DENALDI, Rosana Políticas de Urbanização de Favelas: Evolução e Impasses Tese de doutorado, Faculdade de Arquitetura de São Paulo, 2003
Donadon, Edilene Teresinha "Terrain Vegues": um estudo das áreas urbanas obsoletas, baldias ou derrelitas em Campinas / Edilene Teresinha
Donadon -Campinas, SP: [s n ], 2009
96
DOWBOR Ladislau, «Governabilidade e Descentralização», Revista da Fundação Seade : São Paulo em perspectiva - O Novo Município, economia e política local, volume XXX, número III, Seade, São Paulo, 1996, pp. 21-31.
GUATELLI, IGOR O(s) Lugar (es) do Entre na Arquitetura Contemporânea 2005 209 f Tese (Doutorado em Linguística) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado (PMDI) São Paulo: Asplan S/A; Grupo de Planejamento Integrado S/A; Neves & Paoliello S/C Ltda , 1970
HARVEY, David The Urbanization of Capital Oxford: Basil Blackwell, 1985
INOUE, Marina; CARAMELLA, Elaine da Graça de Paula. Cidade medieval e favelas: a bidimensionalidade do espaço visual. São Paulo: s.n., 2000.
LYNCH, Kevin A imagem da cidade São Paulo, Martins Fontes, 2006
LEFEBVRE, Henri. De lo rural a lo urbano. Barcelona: Ediciones Peninsula, 1978. (4ª edição)
LOUREIRO, JOISA MARIA BARROSO As comunidades fruto do cooperativismo habitacional : possibilidades do conjunto autogerido Paulo
Freire como utopia temporal-espacial / Joisa Maria Barroso Loureiro. – 2013.
MARICATO, Ermínia. Política Habitacional no Regime Militar: do milagre brasileiro à crise econômica. Petrópolis: Vozes, 1987.
ROLNIK, Raquel Cidade e a lei, A: Legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo 2 ed São Paulo: Nobel, 1997 (Cidade aberta )..
ROLNIK, Raquel O que é cidade [S l ]: Brasiliense, 1988 (Primeiros passos )
SAMORA, Patricia Rodrigues. Projeto de Habitação em favelas: Especificidades e Parêmetros de qualidade. Tese de doutorado. São Paulo, 2009.
SANTIS, Marilia de; PERSOLI, Arlete (Org ) Memórias de Heliópolis: raízes e contemporaneidade São Paulo: Kazuá, 2013
SOLÀ-MORALES, Ignasi de. Territorios Barcelona: Gustavo Gilli, 2002.
97
SOLÀ-MORALES, Ignasi de; COSTA, Xavier Presentes y futuros: arquitectura en las ciudades, Barcelona: Comite d´organizacion del congres UIA: ACTAR, 1996.
TELLES, Vera da Silva e CABANES, Robert (org ) Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios São Paulo: Associação Editorial
Humanitas, 2006
VIGLIECCA, Hector. O terceiro território: habitação coletiva e cidade : Vigliecca&Associados.collective housing and city : Vigliecca&Associados.
São Paulo: Arquiteto Héctor Vigliecca e Associados, 2014.
98