CONTEI ATÉ DEZ - VERA FRUCCI

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LOUCOS POR FUTEBOL Era um domingo ensolarado, por volta das três da tarde. Meus sobrinhos, que aos domingos costumavam visitar os avós, jogavam futebol na quadra do prédio. Como última tarefa do dia, após quase 24 horas de plantão no apartamento dos meus pais, deixaria um café pronto. Eu ansiava com a volta para casa, não sem antes tomar o café fresquinho e (maldito vicio!) fumar um cigarrinho, é claro. Nisso entra o mais novo, o pequeno Erick, todo esbaforido e nervoso: ─ Tia, tia, chutei a bola em algum prédio da rua de baixo, e desandou a explicar o passe, que chutou na trave, que a bola quicou e acertou bem no buraco da tela que protege a quadra, que a bola não era dele mas do irmão, o Lucas blá, blá, blá... ─ Certo, e o quê você quer que eu faça? ─ interrompi. ─ Vai comigo tia, vai tentar pegar a bola... E lá fui eu com os dois para a rua de baixo tentar localizar o local, torcendo para não ser uma obra. Avisei: "se for obra não tem ninguém domingo, teremos que voltar amanhã!" Era um prédio, com guarita de vidro fumê e gaiola. Proteção máxima! Aperto o interfone sem ter ideia de quem está do outro lado. Seria um jovem aficionado por futebol? Um velho ranzinza? Resumidamente me apresento e explico o ocorrido. Percebo certa má vontade. Querendo facilitar pergunto aos guris como é a bola. Resposta imediata: ─ É uma Cafusa da Copa das Confederações ─ adianta-se o mais novo, falando diretamente no interfone. 45


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