CONTEI ATÉ DEZ - VERA FRUCCI

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NAS CHAMAS DA PAIXÃO O veranico de maio prometia um sábado quente e ensolarado. Apesar do resfriado Ana acordou bem disposta e decidiu que passaria o dia no clube tomando sol. O bronzeado do verão já se fora há muito tempo e ela se gostava “pretinha”; sentia-se ainda mais sexy com os cabelos loiríssimos contrastando com a pele queimada. Antes de ir ao Clube, perfeccionista, passaria no escritório para uma última olhada no relatório que enviaria à matriz na segunda-feira logo cedo. O escritório da regional, provisoriamente alocado num prédio antigo e precário de cinco andares, estava vazio, pois não trabalhavam aos sábados.

Ana ocupava uma salinha no 3º andar. Chegou por volta das 9h, ligou seu pequeno ventilador de mesa, o computador e abriu o relatório. Uma última relida seria suficiente antes de enviá-lo ao gerente. Precisava ter certeza de que o trabalho estava perfeito, queria mostrar que, além de gostosa era uma profissional capaz. Recém-formada, se apaixonou pelo Dr. Fernando, seu gerente, assim que o viu. Advogado, com 50 e poucos anos, charmoso, sedutor e um galinha! Ah, como ela o odiava! O odiava com a mesma intensidade com que o desejava. Haviam se conhecido há seis meses numa reunião na matriz, em Águas de Lindóia. Ana não resistiu à cantada do chefe e passaram a noite juntos no hotel Guarany onde ela estava hospedada.

Desde então o Dr. Fernando lhe enviava e-mails dúbios. Telefonava para elogiar seus olhos, o corpo de tanajura, os 17


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