O Vale - Edição #03

Page 23

MEMÓRIAS

OUTRAS IDEIAS Paulo Daniel Spolier

Rodrigo Giacomet

Radialista e Diretor da Rede União FM

@historia.nh

Tô pegando o ônibus A necessidade

da saúde mental V

O desmantelamento da rede ferroviária na década de 1960 entregou o transporte brasileiro às empresas rodoviárias. Para a população que precisava se deslocar a Porto Alegre, a extinção das linhas férreas deixou um vazio que foi preenchido por diversas empresas de ônibus espalhadas pelos municípios dos Vales. Em Dois Irmãos, a empresa de Felippe Alfredo Wendling (1938) teve sua frota e linhas aumentadas em 1960, quando passou a ser denominada Empresa Wendling de Transporte Coletivo Ltda. Em Ivoti, a Sociedade de Ônibus Capivarense Ltda, fundada em 1954, dava seguimento à empresa criada em 1949 por Walter Artur Heinz e Arno Kney na localidade de Picada Capivara, hoje Lindolfo Collor. Em 1973, já sob a direção da família Robinson, o nome

fantasia “Socaltur” foi adotado. A Comercial, Importadora, Transportes, Representações e Acessórios Ltda - CITRAL surgiu em 19 de agosto de 1952 da fusão das empresas Rex e Real, que faziam as linhas entre a sede Taquara e Santo Antonio da Patrulha, Rolante, Riozinho e Porto Alegre, incorporando outras empresas menores da região. A empresa que ficou marcada no imaginário popular como símbolo das viagens a Porto Alegre foi a Central S.A. Transportes Rodoviários e Turismo, fundada em 1928, ligando São Leopoldo e Novo Hamburgo a Porto Alegre. O fundador da empresa, Amador dos Santos Fernandes, já possuía uma empresa em Porto Alegre, cuja ampliação deu origem à Central. Durante quatro décadas, a Central monopolizou o trajeto entre Novo Hamburgo e a capital do Estado.

Ônibus Catelli - empresa Central

Ônibus monobloco MB Citral 1965

ivemos o século XXI, o ano de 2023, o mês de dezembro. Vamos voltar no tempo, a partir de agora: pouco importa a sua idade, volte 10, 15, 20 anos. Recorde-se de tempos passados, quando você tinha 20 anos menos do que tem hoje. Muitas coisas se mantiveram iguais ou semelhantes; outras tantas surgiram e se incorporaram em nossas rotinas. Porém, na sua visão, o que de modo mais significativo mudou na vida de hoje em relação ao passado? A minha resposta: o acesso à informação! Sou da época em que manuseávamos enciclopédias (jovens leitores, pesquisem no Google) para buscar conhecimento, para fazer um trabalho de aula. Uma palestra, para repartir conteúdo era algo raro e conversas se davam através do olho no olho, eventualmente de telefone ou ainda através de trocas de cartas. O tempo para esses diálogos ocorrerem era imensurável. Dias, semanas, meses. Quando algo acontecia em nossa cidade, não raro, tomávamos conhecimento, se não estivéssemos diretamente envolvidos com o episódio, no dia seguinte, através das páginas do jornal. Quando o fato acontecia no Estado ou no País, era normal o desconhecimento, e em outros países, total desconhecimento. Um disco lançado, um filme, um livro: meses até se tomar conhecimento. E tudo isso mudou: hoje, sabemos de uma tragédia na China em segundos, de uma bobagem sem sentido na Inglaterra em segundos, de notícias de mortes

Vale Germânico . 07 de dezembro 2023

por todos os lados de pessoas que sequer conhecemos mas somos impactados, de demissões, de finais de relacionamentos, de tudo. E não apenas de pessoas famosas, de personalidades. Não, a tragédia do Zé da Esquina passou a se incorporar na minha rotina. E mais, o sucesso do Zé da Esquina, da outra esquina, também passou a fazer parte da minha rotina. As suas viagens, as suas compras, a sua rotina vitoriosa, a sua TV nova, o carro novo: todas essas conquistas eu passei a presenciar, sem necessariamente me alegrar com isso. Quantos não passaram a se perguntar: por que ele consegue e eu não? Por que ele tem uma família feliz e eu não? E aí, o ponto: nossa saúde mental passou a ser alvo fácil. Nos entristecemos com mortes de quem não conhecemos. Nos frustramos com conquistas de quem não conhecemos. E sabemos de tudo um pouco. Dos quatro cantos do planeta. A todo minuto ou segundo. O fluxo não para, é constante e cada vez mais acelerado. Pense em você, coloque filtros, foque no que realmente importa, pense em sua saúde mental. A mente bem organizada reflete na saúde de todo o corpo, te faz ter um bom sono, te concentrar no necessário. Nem tudo que veio de novo, veio para melhorar nossas vidas. Assim como o que diferencia o remédio do veneno é a dosagem, no mundo da informação, vale o mesmo: cuida da dosagem na hora de buscar informações. A sua saúde mental, agradece. Jornal O Vale . 23


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