No mês do aniversário, melhor presente vem no dia 27 de abril
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Novo Hamburgo chega aos 97 anos em constante transformação
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Loucura por Sapatos segue até dia 14, nos pavilhões da Fenac
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Questionamentos e reflexões: para onde Novo Hamburgo vai?
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Parabéns, Novo Hamburgo!
Uma das cidades mais importantes do Rio Grande do Sul chega aos 97 anos com uma história rica e cheia de desafios para o futuro. Relembre fatos do passado, nomes que ajudaram a construir Novo Hamburgo e curiosidades REPORTAGEM
Páginas 06 a 15
ENTREVISTA
“Temos grandes entregas a fazer na cidade”
Prefeita Fatima Daudt destaca desafios e conquistas de seu governo em Novo Hamburgo
Páginas 16 e 17
EXCLUSIVO
A Certidão de Nascimento da 1ª hamburguense
Imagem exclusiva mostra o registro de Nair Fehse Schmidt, em abril de 1927 Foto:
Páginas 18 e 19
Vale Germânico 05 de abril 2024 Ano 01 Edição 12 @ValeTVPlay www.valedosinos.org @valedosinosorg Distribuição gratuita Foto: Lu Freitas prefeitura NH
ESPECIAL
JOÃO ÁVILA
RODRIGO GIACOMET
CAMILA VEIGA
JEISON RODRIGUES
Fundação Scheffel/Reprodução
Foto: Vitor Mendes/Vale TV
04 - Jeison Rodrigues
No mês do aniversário, melhor presente vem no dia 27 de abril
06 a 15 - Reportagem
Especial
Novo Hamburgo: uma cidade pujante, pioneira e inovadora
16 e 17 - Entrevista
“Temos grandes entregas a fazer na cidade”, diz
Fatima Daudt
18 - Exclusivo
Certidão de Nascimento do primeiro nascimento em Novo Hamburgo
19 - Leonardo Peixoto
Documentário costurou a história de Novo Hamburgo desde a emancipação
20 e 21 - 50 anos de avião
Aeronave cinquentenária ganha nome de aviador que foi buscá-la nos EUA
23 - João Ávila
Novo Hamburgo chega aos 97 anos em constante transformação
24 - Camila Veiga
Loucura por Sapatos segue até dia 14, na Fenac
26 a 28 - Giro pelo Vale
Novo Hamburgo comemora 97 anos com show de Michel Teló
29 - Claudio Alves
Novo Hamburgo meu lar!!!!
30 - Herta Klein
As cores do telhado...
31 - Rodrigo Giacomet
Questionamentos e reflexões: para onde Novo Hamburgo vai?
Novo Hamburgo mira o futuro sem se descuidar dos desafios do presente
Novo Hamburgo chega aos 97 anos de emancipação com muitos desafios pela frente, mas também com muitos feitos a serem comemorados. Cunhada por imigrantes que deixaram seus lares para fazer morada na “Manchester brasileira”, a cidades considerada a Capital Nacional do Calçado celebra a data relembrando orgulhosamente o seu passado
e mirando as conquistas do futuro, sem descuidar dos desafios do presente.
Nesta edição especial de aniversário de Novo Hamburgo, a reportagem do Jornal O Vale relembra como foi a chegada dos primeiros imigrantes ao muncípío, o comércio em Hamburgo Velho, o couro e o ofício sapateiro, o sítio histórico e artístico
e até a “briga” pelo monumento do centenário. Ainda contamos um pouco de Lomba Grande e seus caminhos, além de curiosidades como a mudança repentina de nome. Para homenagear Novo Hamburgo, o fio condutor dessa reportagem são pequenos trechos do hino do município, composto por Délcio Tavares.
Publisher: Rodrigo Steffen
Coordenação editorial: Jeison Rodrigues
Editor-chefe: Éder Kurz
Supervisora de circulação:
Ana Kich
Supervisão comercial: Alexandre Schöler
Consultora comercial:
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Reportagem: Éder Kurz, Gabriel Stöhr e João Ávila
Projeto gráfico e diagramação:
Antônio Corrêa
Redes sociais e mídias
digitais: Letícia Spindler e Kátia Caxambu
Vídeos: Gustavo dos Santos
Tiragem: 5 mil exemplares
Impressão: Parque Gráfico
Escolher a foto de capa de um jornal é sempre um desafio para o editor. No caso desta edição, aniversário de 97 anos de Novo Hamburgo, a imagem mostra uma cidade que se tornou o lar de muitas pessoas que buscam novas oportunidades e qualidade de vida. FOTO
Zero Hora
O Jornal O Vale faz parte do projeto O Vale, da Vale TV e Portal Valedosinos.org, com 40 edições entre 26 de outubro de 2023 e 03 de janeiro de 2025, integrando as comemorações pelo Bicentenário da Imigração Alemã
Novo Hamburgo: Rua Santa Sofia, 134 - Bairro Ideal
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Vale Germânico 05 de abril 2024 02 . Jornal O Vale EXPEDIENTE CARTA DO EDITOR ÍNDICE
DA CAPA Foto: Lu Freitas/PMNH
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 03
L e M u n i c p a l 8 6 4 0A , d e 2 8 d e u h o d e 2 0 1 7 V a o r d o a n ú n c o : R $ 3 5 0 0 , 0 0
Troque a mangueira por balde ao lavar o carro
OUTRAS HISTÓRIAS
Exposição na Casa CDL
A Casa de Cultura CDL recebe desde a última terça-feira a primeira exposição do ano, com obras de Wilson Cavalcanti.
A mostra promovida pela entidade hamburguense, intitulada “Quem me Habita”, é um recorte dos trabalhos exibidos pelo artista no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Margs.
As visitas, gratuitas, podem ser feitas até o próximo dia 10 de maio.
A posse de Lessa
Por falar em CDL de Novo Hamburgo, embora já esteja comandando a entidade a todo vapor desde o início do ano, a cerimônia de posse do presidente Leonardo Lessa, dos demais membros da diretoria e do Conselho Fiscal ocorre no próximo dia 12 de abril.
Acolhendo imigrantes
Dois haitianos e uma russa, moradores da região de abrangência da Universidade Feevale, foram certificados em Língua Portuguesa.
Os imigrantes participam do projeto social Centro de Educação em Direitos Humanos (Ceduca DH) e concluíram o curso Português como Língua de Acolhimento para Imigrantes.
No mês do aniversário, melhor presente vem no dia 27 de abril
Talvez o mais significativo evento do mês de aniversário de Novo Hamburgo deste ano seja mesmo o de 27 de abril. Neste dia, a Viação Santa Clara, a Visac, assume oficialmente o transporte público coletivo da cidade. A mudança coloca um ponto final em um longo, desgastante e conturbado período, marcado sobretudo pela precarização do serviço. A nova concessão tem tudo para gerar impacto extremamente positivo na vida dos atuais e dos novos usuários - além de antigos
que muito provavelmente poderão voltar a usar ônibus. Com a chegada da Visac, funcionalidades aliadas a um regramento maior de horários devem tornar o transporte público atraente de novo para quem já havia desistido dele.
Por aplicativo, por exemplo, será possível consultar horários, linhas e acompanhar em tempo real o deslocamento dos veículos. Pode até parecer simples para quem está habituado ao transporte por aplicativo da Uber e da 99. Mas será uma
Dia 12 tem inauguração
baita diferença na rotina de usuários de ônibus, otimizando muito o tempo de espera nas paradas. Nos últimos meses, a nova operadora vem cumprindo uma série de etapas, como a recente seleção de motoristas, por exemplo. Tudo no devido tempo, como gosta de frisar o gerente da Visac no RS, Fernando da Silveira (foto acima). Experiente no setor, ele é quem está na linha de frente do trabalho que deve elevar o transporte público hamburguense a outro patamar.
Foto: Jeison
TV
Abril promete! Na sexta que vem, dia 12, rola também a inauguração do casa que vai abrigar a hamburgueria Maker (antiga Saborizado), a Lumina Decorhouse, um coworking e a Storge, plataforma voltada para descontos exclusivos em segmentos que vão da gastronomia à saúde. A casa, na rua Bagé, 290, em Novo Hamburgo, abre às 19 horas.
Prefeito do centenário
A eleição para prefeito de Novo Hamburgo deste ano carrega um significado bastante especial. A pessoa eleita pelos hamburguenses vai comandar o município no ano de seu centenário, em 2027.
Quem lembra desse jogaço!?
Nesta sexta, 5 de abril, começa uma contagem regressiva para os 30 anos de algo muito especial, único e emocionante. Foi no aniversário da cidade em 1995 que a Frangosul/ Ginástica bateu o Suzano por 3 sets a 2, de virada, em Novo Hamburgo, no segundo jogo da final da Superliga Masculina de Vôlei. Dias depois, em São Paulo, o time hamburguense de Jorginho, Carlão e Cia. seria campeão fechando o play off por três jogos a zero.
Vale Germânico 05 de abril 2024 04 . Jornal O Vale Jeison Rodrigues Jornalista jeisonrodrigues1977@gmail.com Twitter: @jeisonmanoel Insta: @jeisonrodrigues1977
Rodrigues/Vale
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 05
Uma cidade pujante, pioneira e inovadora
Uma das cidades mais importantes do Rio Grande do Sul chega aos 97 anos com uma história rica e cheia de desafios para o presente e o futuro
Vale Germânico 05 de abril 2024 06 . Jornal O Vale ESPECIAL NOVO HAMBURGO
Aqueles que precisaram fugir da fome e da miséria que assolava a Europa no século 19 encontraram às margens do Rio dos Sinos uma nova paragem, verdejante e pronta para ser morada de uma nova história.
Cunhada pelos imigrantes alemães e por tantos outros que deixaram seus lares para fazer morada na “Manchester brasileira”, a Capital Nacional do Calçado chega aos 97 anos relembrando orgu-
lhosamente o seu passado e mirando as conquistas do futuro, sem descuidar dos desafios do presente.
Com mais de 227 mil habitantes e um PIB per capita de R$ 40,5 mil, Novo Hamburgo viu sua população aumentar 2.570% neste quase um século. Em 1927, eram apenas 8,5 mil moradores. No entanto, o desenvolvimento econômico e a localização estratégica fizeram com que a cidade continuas-
Com mais de 227 mil habitantes, Novo Hamburgo viu sua população aumentar 2.570 vezes neste quase um século. Em 1927, eram apenas 8,5 mil moradores. No entanto, o desenvolvimento econômico fez com que a cidade continuasse a receber imigrantes - de perto e de longe - por toda a sua trajetória
se a receber imigrantes — de perto e de longe — por toda a sua trajetória.
De acordo com o professor e historiador Paulo Daniel Spolier, autor do texto sobre a história do município no portal oficial da prefeitura, no início do século 20, com uma indústria consolidada e uma economia diversificada, faltava a Novo Hamburgo a possibilidade de regular e projetar de forma autônoma seus passos.
“A sede do município, São Leopoldo, deixava muito a desejar às pretensões das camadas dirigentes da economia hamburguense. Faltava luz elétrica, calçamento, obras públicas de saneamento, enfim… faltavam estruturas básicas para o desenvolvimento da economia local, dificuldades que poderiam ser sanadas, de acordo com os emancipacionistas, pela separação de Novo Hamburgo e Hamburgo Velho de São Leopoldo e a constituição de um novo município”, lembra.
A partir de 1924, tentativas de conquistar a emancipação via aprovação do Conselho Municipal de São Leopoldo são feitas pelo Comitê Pró-vilamento, sem obter sucesso. A Comissão
Emancipacionista — formada por João Wendelino Henneman, Bertold Rech, Guilherme Ludwig, Ernesto Moeller, Julio Kunz, Carlos
Dienstbach, André Kilpp, José João Martins, Arnaldo Coelho, Pedro Adams Filho e Leopoldo Petry — manteve viva a chama autonomista na comunidade, enquanto articulava a ideia politicamente junto às autoridades estaduais.
Spolier lembra que o desligamento do município-mãe e a autonomia de Novo Hamburgo só foram conquistados por meio da interferência direta do governador Borges de Medeiros que, através do Decreto 3.818, de 5 de abril de 1927, dava a Novo Hamburgo a condição de município.
Para contar essa história em detalhes, o jornal O Vale apresenta, nas próximas páginas, um conteúdo especial sobre o aniversário de Novo Hamburgo que tem, como fio condutor, pequenos trechos do hino do município, composto por Délcio Tavares.
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 07 ESPECIAL
Foto: Lu Freitas / Prefeitura NH
“Foram uns poucos imigrantes”
Em busca de novas paragens
O município de Novo Hamburgo, emancipado a 5 de abril de 1927, é parte de um processo histórico e está intimamente ligado à chegada dos primeiros imigrantes alemães ao Brasil, explica o historiador Paulo Daniel Spolier. No século 19, a destruição causada
pelas guerras napoleônicas atingiram em cheio a população alemã. A escassez de terras e a concorrência da mecanização, entre outros fatores, levou grande parte do povo a níveis extremos de pobreza. Migrar se tornou uma das poucas alternativas para sobreviver.
Aliado a isso, a vinda de braços estrangeiros fazia parte de uma estratégia do recém-criado Império do Brasil para guarnecer a atribulada fronteira Sul, bem como estabelecer núcleos de produção agrícola no caminho das tropas em trânsito.
Em 25 de julho de 1824,
a primeira leva de imigrantes germânicos chegou ao porto de São Leopoldo, antiga Feitoria Real do Linho Cânhamo. A esta primeira leva logo se somaram outras e mais outras, perfazendo um total aproximado de 5.350 pessoas até o ano de 1830, primeiro ciclo imigratório gaúcho.
Para a região onde atualmente se localiza Novo Hamburgo, nomeada à época como “Costa da Serra”, foram reservados lotes compostos por uma colônia de terras, o equivalente, atualmente, a cerca de 70 hectares. A picada da Costa da Serra foi subdividida em 62 lotes.
Segundo Spolier, o lote de 1, localizado na região onde hoje se encontra o Monumento ao Imigrante e a Sociedade Aliança, foi entregue a Johan Libório Mentz, casado com Magdalena Ernestine Lips, naturais de Tambach, na região da Turíngia, desembarcados do veleiro “Germânia” no porto de São Leopoldo em 6 de novembro de 1824, na terceira leva de colonos.
Vale destacar que neste território, no entanto, já havia uma comunidade estabelecida de luso-brasileiros, no Rincão dos Ilhéus, composta por famílias de descendentes de açorianos, chegados ao Rio Grande do Sul a partir de 1752.
Vale Germânico 05 de abril 2024 08 . Jornal O Vale
ESPECIAL
Foto: Alceu Feijó/Divulgação
Imagem de Novo Hamburgo no final da década de 1960
O comércio de Hamburgo Velho
Os primeiros colonos alemães que aqui chegaram se instalaram nos arredores do que hoje é Hamburgo Velho, um entroncamento das antigas rotas que seguiam para os campos de cima da serra, para Porto Alegre e para a região dos Vales. Naquele lugar, conhecido com o passar do tempo como “Morro do Hamburguês”, Hamburgerberg, formou-se um núcleo que, mais do que uma comunidade agrícola, se transformou em entreposto comercial para o escoamento dos excedentes produzidos nas colônias vizinhas, bem como um centro de serviços, concentrando artesãos que vendiam seus serviços para os colonos.
Johann Peter Schmitt é um dos nomes-chave para entendermos a ascensão econômica do pequeno povoado do Hamburgerberg. Nascido em 1801, em Bechenheim, João Pedro Schmitt (a versão aportuguesada de seu nome) montou sua “venda” na casa em que hoje temos o Museu Comunitário Schmitt-Presser, construída por volta de 1830. A partir da articulação
dos Schmitt com os produtores das colônias vizinhas, o comércio passou a ser um centro de escoamento do que era produzido além dos limites da agricultura de subsistência das pequenas propriedades agrícolas da região colonial. Aliado ao seu irmão, Henrique Guilherme Schmitt (morto em 1838, durante a Revolução Farroupilha), João Pedro comandava o fluxo de mercadorias entre a região e os centros urbanos de São Leopoldo e de Porto Alegre, construindo, à época, uma pequena fortuna.
Além dos Schmitt, Hambugerberg possuía entre seus habitantes uma miríade de artesãos e pequenos negociantes que, através do espírito empreendedor imigrante, registrado em tantas outras situações, progrediram e transformaram as feições do povoado: o sapateiro Schaefer, o alfaiate Kohlrausch, o carpinteiro Libório Mentz (filho do pioneiro Johann Libório), o curtidor de couros Nikolau Becker, além da hospedaria de Jakob Kroeff e do primeiro médico da região, Dr. Schönbeck.
A chegada do trem e a criação da “New Hamburg”
Um dos fatores de maior relevância para o desenvolvimento da região, sem dúvidas, foi a chegada do trem. Em 1867, a Assembleia Provincial aprovou o projeto de um ramal que ligasse Porto Alegre à região colonial. Em 26 de novembro de 1871 foram iniciadas as obras, com o primeiro trecho de 33 quilômetros até São Leopoldo, inaugurado em 1874. O restante da linha, até Novo Hamburgo, foi concluída em 1876.
A ferrovia, entretanto, não chegou até Hamburgerberg. A última estação do trecho foi instalada em um descampado, de propriedade da família Schmitt, próximo ao arroio Luiz Rau, em terreno alagadiço
com poucas propriedades rurais. A estação ferroviária de Hamburgo Velho seria construída somente em 1903, durante a extensão da ferrovia até Taquara. Em virtude do povoado Hamburgerberg, os engenheiros contratados para a construção da linha batizaram a testa de linha como “New Hamburg”, isto é, Novo Hamburgo. Em virtude da localização e da proximidade com a estação ferroviária, o desenvolvimento regional se deslocou gradativamente de Hamburgo Velho para a atual região central da cidade, aglutinando grande atividade econômica nas proximidades do trem.
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Foto: Geórgia Hoffmann/Divulgação
“Esta gente aventureira fez o Vale prosperar”
O couro e o ofício sapateiro
Conforme o historiador Paulo Daniel Spolier, a atividade artesanal logo tomou maiores proporções e, a partir da especialização em determinadas áreas, formou-se um parque fabril em que a maior característica era a diversidade de produtos. Entre molduras, bebidas, móveis requintados, conservas, balas e doces, cigarros e charutos, ourivesaria e metalurgia, uma atividade se destacava: a produção de artigos de couro.
Em razão da matéria-prima abundante, a nascente economia hamburguense teve, desde a sua gênese,
especial cuidado com a indústria do couro e do calçado. Do trato com o couro bovino, centrado na figura de pioneiros no curtimento como Nicolau Becker, até a produção industrial de calçados, cujo precursor foi Pedro Adams Filho, uma parte significativa dos investimentos foi na cadeia coureiro-calçadista, passando pela fabricação de bolsas, malas, cintos, arreios, celas e serigotes. Esta indústria nascente era voltada, essencialmente, para o mercado interno.
A chegada do século 20 encontra Novo Hamburgo e
Hamburgo Velho como dois pujantes centros econômicos, o primeiro ainda em desenvolvimento e o segundo beirando o auge de sua capacidade produtiva. Ao final da primeira guerra mundial, em 1918, Pedro Adams Filho começa a vender o produto de sua fábrica de calçados para São Paulo, um feito notável para a época. Em 1912, percebendo o interesse de seus clientes do ramo da fotografia por retratos emoldurados, Pedro Alles monta a primeira fábrica de molduras do Rio Grande do Sul e outros tantos empreenderam.
Parabéns Novo Hamburgo A
O associativismo é o fator que nos move adiante. O comércio é uma das preciosidades fundamentais de nossa cidade. É uma honra fazer parte dessa narrativa.
Uma homenagem da
Vale Germânico 05 de abril 2024 10 . Jornal O Vale
ESPECIAL
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Foto: Pedro Pinchas Geiger/Biblioteca IBGE
A “Manchester brasileira”
Com o desenvolvimento da economia industrial, a classe operária hamburguense, de início bastante reduzida em virtude das empresas terem um caráter essencialmente familiar, teve um desenvolvimento numérico paralelo ao setor fabril.
De acordo com o professor e historiador Paulo Daniel Spolier, em função da oferta de empregos, numerosas famílias começam um fluxo migratório, inicialmente tímido, para Novo Hamburgo. Da região de Pelotas, conhecida pela produção de charque desde o final do século 18 e vivendo sua maior crise desde a época colonial, trabalhadores especializados no trabalho de curtimento percebem a alternativa de trabalho que se abre no Vale do Sinos e migram para a região, principalmente para Novo Hamburgo.
Em 1945, a partir da redemocratização, a produção fabril volta a esquentar a economia local, gerando um novo impulso na economia, que abrirá portas para a principal vertente de recursos a partir do início da década de 1960: a ex-
Com mais de 60 anos, a Fenac é considerada um dos maiores centros de eventos da América Latina e teve sua origem no calçado
Fimec segue como principal feira do setor coureiro-calçadista Museu Nacional do Calçado conta a história do ofício na região
portação de calçados.
A partir de uma iniciativa do então governador Leonel Brizola, uma comitiva de empresários gaúchos visitou os Estados Unidos, em 1960, buscando parcerias comer-
Agência de viagens e operadora de Novo Hamburgo para o mundo
ciais com aquele mercado.
Como um dos principais polos de fabricação de sapatos para os americanos havia se fechado com a Revolução Cubana do ano anterior, a possibilidade dos Estados
Unidos importarem o calçado gaúcho transformou-se em realidade. Novo Hamburgo já possuía a fama de cidade rica, a “Manchester brasileira”, mesmo antes das exportações.
Com as exportações, o fluxo de dinheiro na cidade se torna incomparável. Em 1963, por exemplo, a arrecadação de impostos do município superava a arrecadação individual de 12 estados.
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Foto:
Foto:
Fábio Rinker
Universidade Feevale/Divulgação Foto: Diego Soares
“Novo Hamburgo é um recanto, onde a arte foi morar”
Sítio histórico e artístico
No passado, o povoado de Hamburgerber foi caminho de tropeiros e entroncamento de importantes estradas do século 19. Hoje, conhecido como Centro Histórico de Hamburgo Velho, o espaço mantêm vivo os traços da colonização alemã.
As manifestações culturais têm palco garantido no corredor histórico, tombado pelo Iphan, permitindo a preservação de igrejas, casarões em estilo neoclássico e enxaimel, que abrigam espaços de arte de relevante importância para o município, além de despontar como um corredor gastronômico com bares, pubs e restaurantes.
Construído em 1890 por Adão Adolfo Schmitt, o casarão em estilo neoclássico,
onde atualmente está a Fundação Scheffel, serviu como residência, escola, local de eventos culturais, casa comercial e até como hospital. Inteiramente restaurado na década de 1970, atualmente abriga mais de 400 obras de Ernesto Frederico Scheffel, constituindo-se numa das maiores pinacotecas do mundo de um mesmo artista.
Ao lado da Fundação Scheffel está a Casa Schmitt-Presser, construída na primeira metade do século 19. É um dos mais antigos exemplares da arquitetura enxaimel, sendo uma das únicas no Rio Grande do Sul que ainda conserva todas as características originais. Por esse motivo foi tombada, em 1985, como patrimônio histórico
e artístico nacional. Moradia de João Pedro Schmitt, imigrante do Hessen, região da Alemanha, que atuou como importante comerciante da região e considerado um dos fundadores da cidade devido a sua influência e prestígio local e regional. Atualmente, a Casa Schmitt abriga o Museu Comunitário que remonta um armazém da época da colonização alemã.
Em frente à Casa Schmitt-Presser está a Casa Lyra, que foi construída na década de 1890 e nela residia o professor e regente Samuel Dietschi, que dava aulas particulares de vários instrumentos musicais e foi, por muitos anos, regente da Orquestra da Sociedade Frohsinn, atual Sociedade Aliança.
Casarão centenário Casa de Cultura Dalilla Clementina Sperb
Casa Lyra, construída na década de 1890
Vale Germânico 05 de abril 2024 12 . Jornal O Vale
ESPECIAL
Museu Comunitário Casa Schmitt-Presser
Prédio de 1890 abriga a Fundação Ernesto Frederico Scheffel, que reúne mais de 400 obras do artista
Sérgio Vergara Foto: Ita
Foto: Divulgação/PMNH Foto: Divulgação/PMNH
Foto:
Kirsch
Curiosidades
Mudança repentina de nome
Em 1919, o intendente municipal Gabriel Azambuja Fortuna, embalado pelo sentimento antigermânico da recém-encerrada Primeira Guerra Mundial, decide mudar os nomes das localidades do 2º distrito de São Leopoldo. Em fevereiro, Novo Hamburgo tem seu nome modificado para Borges de Medeiros, em homenagem ao presidente do Estado, como era chamado o governador. Em junho do mesmo ano, Hamburgo Velho passa a se chamar Genuíno Sampaio, em referência ao Coronel do Exército responsável pelo massacre aos insurgentes Muckers, no Morro Ferrabrás, em Sapiranga. A medida causou revolta entre os moradores, que assinaram uma petição solicitando a volta aos antigos nomes, que logo foi deferida pelas autoridades.
Uma feira agro foi apelo para a emancipação
Dentre as estratégias de convencimento de que a emancipação de Novo Hamburgo era algo viável, uma delas teve um peso significativo. Em 20 de setembro de 1924, Borges de Medeiros inaugurava a Exposição Agroindustrial de Novo Hamburgo. No trajeto, Borges teve uma breve passagem por São Leopoldo, pois seu destino não era a sede do município, mas seu distrito rebelde. Mais do que uma mostra de produtos, a exposição demonstrou a pujança econômica hamburguense
A “briga” pelo monumento do centenário
Em 1923, já era visível em São Leopoldo a preocupação com a agenda de festejos do centenário da imigração alemã no Brasil, a ser comemorado no ano seguinte. Nas reuniões sobre possíveis ações para marcar a data, teve início o impasse sobre a construção
de um monumento que desse destaque para a data.
Segundo o jornal em língua alemã Deutsche Post, foi necessária intervenção de elementos da capital do Estado para resolver o impasse sobre a construção do dito monumento, já que as comissões hamburguense e leopol-
dense reivindicavam para si o protagonismo da ação. Desta forma, foram criados dois projetos. O de São Leopoldo, de autoria de Walter Drechsler, celebraria o desembarque dos imigrantes. Já o de Novo Hamburgo teria por foco a colonização.
Enquanto o monumento
ao Centenário da Imigração de São Leopoldo foi inaugurado em 20 de setembro de 1924, em Novo Hamburgo, o Monumento ao Imigrante ainda era erguido. A obra foi concluída somente em 15 de novembro de 1927, coincidindo com o ano da emancipação do município.
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ESPECIAL
“Neste Vale tão bonito, entre a serra e o mar”
Lomba Grande e seus caminhos
Foi apenas em 1939, 12 anos após a emanecipação, que Lomba Grande deixou de ser distrito de São Leopoldo e passou a incorporar o território hamburguense. Com isso, Novo Hamburgo ganhou não só mais 3,5 mil moradores, à época, como também um precioso espaço rural que, hoje, desponta como um importante destino turístico da região. Inclusive, no último dia 2 de abril, completou um ano que foi formalizado o “Caminhos de Lomba Grande”, roteiro turístico que contempla 12 empreendimentos locais.
Para Deivid Schu, especialista em Turismo, Estratégias e Inovação e mestrando em Indústria Criativa, os pilares inicialmente pensados para a rota (cultura, natureza e gastronomia), não somente representam valores fundamentais da região, como também são elementos cada vez mais presentes e valorizados por políticas públicas do setor. “É possível perceber a aceitação e destaque direcionado à Lomba Grande, assim como pelo próprio Ministério do Turismo ao indicar o case para concorrer em premiações internacionais”, observa.
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ESPECIAL
Foto: Caminhos de Lomba/Divulgação
Conheça as atrações do roteiro turístico
Sociedade Gaúcha
de Lomba Grande
Rua Albano Guilherme
Konrath, 1305
Fruteira A Tenda
Rua João Aloysio Allgayer, 4570
Restaurante e Café
Colonial Lomba Grande
João Aloysio Allgayer, 3790
Amigos da Terra
Casa Natural e Café
João Aloysio Allgayer, 1605
Mel Lomba Grande
João Aloysio Allgayer, 1605
O Perdigueiro Restaurante
João Aloysio Allgayer, 918
Eco Parque da Lomba
Rua Martin Luther, 599
Comparsa Etílica Vale 4
Trevessa Afonso StrackRua Dois, 260
Cachaçaria Invito
Estrada Francisco
Waldemar Bohrer, 1613
Sítio Pé na Terra
Estrada Carlos Arthur
Scherer, 2085
Sítio 3 Figueiras
Estrada Willy Moehlecke, 1501
Suns da Lomba
Estrada Willy Moehlecke, 4386
ESPECIAL C M Y CM MY CY CMY K
jornal_exatus_anuncioaniversarioNH copy.pdf 1 03/04/24 11:58 Natureza, gastronomia e cultura são o tripé que garante o sucesso do destino turístico de Lomba Grande
Foto: Caminhos de
Lomba/Divulgação
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Leia mais sobre Novo Hamburgo e
Caminhos de Lomba Grande
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“Temos grandes entregas a fazer na cidade”, diz Fatima Daudt
Prefeita de Novo Hamburgo destaca conquistas de seu governo, os desafios até o final do ano, quando encerra seu mandato, além do Bicentenário da Imigração Alemã e o aniversário da cidade, comemorado neste 5 de abril
Fatima Daudt recebeu a equipe de reportagem do Jornal O Vale, da Vale TV, por quase uma hora na sala de reuniões do Gabinete da Prefeita, no 9º andar da Prefeitura de Novo Hamburgo. De agenda e caneta em mãos, a chefe do Executivo Municipal sorriu em diversos momentos e respondeu a todas as questões, inclusive sobre seu futuro após deixar o cargo.
Ao final de 2024, Fatima terá completado 8 anos de governo. Nesse período, destravou temas espinhosos no município, como a licitação do novo transporte público. “Há 30 anos se tentava fazer essa licitação. Ter um transporte público de qualidade na cidade não foi possível, passou por vários prefeitos que não conseguiram, e nós conseguimos concluir”, afirma.
Nesta entrevista, Fatima também fala sobre o Bicentenário da Imigração Alemã, o aniversário de 97 anos de Novo Hamburgo, as conquistas, as obras realizadas e os desafios. Confira:
Jornal O Vale - Novo Hamburgo está de aniversário neste 5 de abril,
quando a cidade completa 97 anos de emancipação. O que a prefeitura prepara para celebrar a data?
Fatima Daudt - Dia 5 nós temos o show do Michel Teló para festejar o aniversário. Novo Hamburgo merece que este dia seja comemorado e nós preparamos esta festa para a comunidade. Será nos pavilhões da Fenac, junto com a Feira da Loucura por Sapatos. Então, a nossa tradição do sapato junto com a comemoração do aniversário da nossa cidade.
O Vale - Este ano também se comemora o Bicentenário da Imigração Alemã. Quais os planos e a programação para celebrar a data?
Fatima - Na cidade ocorrerão várias festividades, não promovidas somente pela prefeitura. Tem as festividades das entidades, que já estão fazendo na sua programação, tem a iniciativa privada. Mas a prefeitura está programando para julho uma grande festa para celebrar este Bicentenário. Então, em julho, aguardem, haverá uma grande novidade. Nós queremos que esta festividade se
torne permanente no calendário de Novo Hamburgo. E será na Fenac.
O Vale - A senhora está no cargo há quase 8 anos. Neste período, quais as conquistas e feitos de sua administração?
Fatima - Sim, 8 anos é bastante tempo. Nós entregamos muitas obras e ser-
viços. Mas falar de todos é impossível, mas acho que pode ser falado aqueles que marcaram. No primeiro mandato tivemos a revitalização da área Central, concluímos o Parcão e foram feitas obras de macrodrenagem na cidade. Foi muito bom termos investido em macrodrenagem no primeiro mandato, porque no
segundo tivemos os eventos climáticos severos e as obras lá do primeiro mandato ajudaram muito para que a cidade não sofresse tanto com muitos alagamentos. Ainda há locais que sofrem com alagamentos, mas são obras maiores e que agora estamos conseguindo captar recursos junto ao PAC [Programa de
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Por: Éder Kurz
ENTREVISTA
Foto: Lu Freitas/PMNH
Aceleração do Crescimento] e Ministério das Cidades. A gente fez uma grande obra no bairro São José também, aquela comunidade até hoje agradece muito, havia um problema sério de infraestrutura. Neste segundo mandato, então, estamos com esta grande obra no Hospital Municipal. É muito importante, quem passa na BR-116 já consegue ver. Com esta ampliação vamos conseguir trazer a Oncologia novamente para Novo Hamburgo. Quando eu cheguei na prefeitura, ela estava em Novo Hamburgo, mas estava num hospital privado, o que dificultou muito para que se mantivesse aqui. Afinal de contas é tabela SUS, e o hospital privado não quer receber pela tabela SUS. Então, eu disse desde o início, que a Oncologia deveria estar no nosso Hospital Municipal, que é 100% SUS.
O Vale - Ainda sobre o Hospital e o tratamento oncológico, já há uma data para abertura?
Fatima - Estamos na obra física, é necessário fazer a ampliação para trazer novos serviços. Então, concluindo, o Estado se comprometeu com a prefeitura e, inclusive, com entidades empresariais, foi uma promessa durante a campanha, que nós registramos, de trazer para o Hospital Munici-
pal todos os equipamentos e tudo que for necessário para que a gente possa colocar em operação o quanto antes. Hospital não é uma obra simples, porque são equipamentos caríssimos, mas necessários. Então, dizer vai ser tal mês é impossível porque vai depender de fatores climáticos.
O Vale - Ao final de seu mandato, no fim do ano, qual a marca que seu governo quer deixar para a cidade?
Fatima - Sabe que várias pessoas já me perguntaram e [foi] um jornalista que me falou “eu sei qual vai ser a marca do seu governo”. Poderia ser a licitação do transporte público? Poderia. Há 30 anos se tentava fazer essa licitação. Ter um transporte público de qualidade na cidade não foi possível, passou por vários prefeitos que não conseguiram, e nós conseguimos concluir. Também poderia ser todo o trabalho de macrodrenagem na cidade, infraestrutura, foi uma obra gigante de revitalização da área Central. Mas esse jornalista me disse assim: “Prefeita, a marca do seu governo estão sendo 8 anos sem nenhum escândalo”. Nem um problema que a gente tenha que ter respondido ao Tribunal de Contas. O Ministério Público nos aciona quando há alguma reclamação ou o que for, e encaminhamos as res-
A gente quer um transporte de qualidade para agora e para o futuro
postas. Muitas vezes pedem mais explicações ou então arquivam. Mas nada, nestes 8 anos, nem briga de secretários tivemos ou algum secretário que tenha saído falando mal da administração.
O Vale - Essa marca, a senhora atribui ao trabalho desenvolvido, qual o motivo na sua avaliação?
Fatima - Eu vejo que é importante saber formar a equipe. Hoje, sou chamada para dar palestras, auxiliar outros prefeitos que estão iniciando. Inclusive, logo tenho que ir numa escola de prefeitos da Fundação Konrad Adenauer, que é alemã e renomada no mundo inteiro. Irei falar sobre como administrar. Então, tenho bastante orgulho de chegar ao final podendo também levar a outros prefeitos a experiência. Penso que quem está sentado na cadeira de prefeito, ou prefeita, precisa ter em primeiro lugar muito equilíbrio para conseguir fazer boas avaliações. A gente hoje vive um mundo político de polarização, temos que saber como conversar com o governo federal. Eu não concordo, mas o dinheiro fica praticamente todo em Brasília. Então, os prefeitos precisam ter uma boa articulação em Brasília para conseguir trazer recursos para os municípios. Agora, duas semanas atrás, captei R$ 28 milhões do novo PAC. Então, ter um equilíbrio, conseguir se relacionar bem tanto com Brasília quanto aqui, com Porto Alegre, eu fiz desde o meu primeiro mandato.
O Vale - Ainda temos mais de meio ano até o encerramento de seu governo. Quais são seus maiores desafios até o fim do ano?
Quero concluir o que estou fazendo como prefeita até o dia 31 de dezembro.
Estarei trabalhando até
o último dia. Depois disso, o futuro a Deus pertence
Fatima - Fiz uma reflexão logo que iniciou 2024, de como seria este meu último ano. Afinal de contas foram anos muito intensos, de 24 horas de trabalho. Se é prefeita sempre, quando vai na padaria, na farmácia, no supermercado, em qualquer lugar. Tirei férias agora no início deste ano, acho que foram 15 dias, e as férias ainda são do tempo do primeiro mandato. Os desafios deste ano são as entregas. Temos grandes entregas a fazer na cidade, a inauguração do novo CIT (Centro de Inovação Tecnológica), o início do novo transporte público. Inclusive, tudo que começa, que é novo, ainda vamos ter que falar muito sobre isso [transporte público], dúvidas, ajustes, porque mudaram algumas rotas. Então, é um grande desafio fazer esta mudança nesta modelagem de transporte público.
O Vale - Sobre os novos ônibus, a prefeita acredita que vai mudar a ideia das pessoas sobre o transporte público?
Fatima - Vejo que o caminho é esse. Nós temos que ter transporte público de qualidade para que as pessoas utilizem mais [ônibus]. Iniciamos com a licita-
ção lá no primeiro mandato, mas devido a questões judiciais, é uma licitação muito difícil, acabou [saindo] no finalzinho do ano passado. Então, vamos ter este ano para fazer as adaptações necessárias. Realmente vai modificar, são ônibus novos com acessibilidade, botão de pânico, câmeras para reconhecimento facial e uma bilhetagem diferente. A gente quer um transporte de qualidade para agora e para o futuro.
O Vale - Quais os planos após deixar o cargo de prefeita?
Fatima - Eu primeiro quero concluir o que eu me propus a fazer. É meu jeito de ser, sempre fui assim. Como falei, comprometimento é extremamente importante. Quero concluir o que estou fazendo como prefeita até o dia 31 de dezembro. Estarei trabalhando até o último dia. Depois disso, o futuro a Deus pertence. Tenho as minhas ideias, tem as minhas vontades, mas gosto de esperar que os caminhos se abram para que a gente possa escolher o caminho a seguir.
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 17
ENTREVISTA Leia a entrevista na íntegra com a prefeita Fatima Daudt no portal valedosinos.org
A Certidão de Nascimento da primeira hamburguense
A história da professora Nair Fehse Schmidt é conhecida da maioria dos hamburguenses. Mas um fato lá dos primeiros dias de emancipação de Novo Hamburgo estava guardado na Fundação Ernesto Frederico Scheffel: a certidão de nascimento de Nair, em 16 de abril de 1927, às 13 horas. Ela é a primeira hamburguense registrada pelo Cartório do Registro Civil do município. O registro número 1, página número 1, do livro de registros número 1, que declara o nascimento de Nair, confunde-se com a própria história do nascimento do município, em 5 de abril de 1927 (veja na imagen exclusiva ao lado o registro da época).
A primeira criança hamburguense se formou no Colégio Santa Catarina e lecionou na Escola D. Pedro II. Em 1947, se casou com Otávio Aluísio Schmidt e foi mãe de duas filhas: Sonia Schmidt Grangeiro e da médica e cientista Maria Inês Schmidt. Após a aposentadoria, Nair trabalhou em projetos sociais, foi uma das fundadoras da Associação dos Deficientes Físicos de Novo Hamburgo e, também, do Lar da Menina. Em 2017, quando o município completou 90 anos, a professora doou a sua certidão de nascimento para a Fundação Ernesto Frederico Scheffel. Nair faleceu em maio de 2017, aos 90 anos.
Nair Fehse Schmidt ainda menina, aos 5 anos, e depois já aos 90 anos
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Fotos: Arquivo Fundação Ernesto Frederico Scheffel
Fotos: Divulgação
Documentário costurou a história de Novo Hamburgo desde a emancipação
Por: Leonardo Peixoto
“M
emória é invenção!” Foi a primeira frase que me veio à cabeça quando pensei em escrever este texto. “E cinema é memória e invenção!”
Completou minha versão estudante de cinema há uns 15 anos. Chamei minha professora da época para localizar os autores. Bergson e Deleuze foram os culpados dessas reflexões.
Em 2017, a partir de
convite da Simples Assim e da Vale TV, eu escrevi e dirigi o documentário Movimentos – 90 anos de Novo Hamburgo. Foi uma das maiores experiências de cinema e memória que já vivi. Dezenas de entrevistados que deixaram nosso filme plural e costuraram a história da cidade desde a sua emancipação.
Eu e a equipe andávamos pela cidade encontrando histórias nas vozes de personagens históricos, inclu-
sive de alguns que infelizmente já não estão mais por aqui, como Alceu Feijó, Aurélio Decker, Vó Nair, Kinho Nazário, Alceu Mosmann, Níveo Friedrich e Roswitha Brock. Era muita história. Ainda temos muito material inédito que pode (e deve!) ser explorado em outras produções.
Mas para simbolizar essa relação dos personagens com a criação da memória através do cinema, quero citar em especial Aurélio De-
cker, grande jornalista que nos deixou recentemente.
A entrevista dele para o Movimentos me marcou muito, esclarecendo processos da cidade que eu, que cheguei guri no começo do século, percebia, mas não compreendia. Foi uma virada de chave tão marcante para mim que convidei o Lelo
para participar do meu primeiro longa ficcional (Espiral), onde ele interpretava…. Um crítico dele mesmo.
Termino fazendo um apelo para que a gente continue ouvindo e vendo uns aos outros. Produzir filmes (e arte em geral) é criar memória, produzir sobre a nossa terra é construir nossa história.
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Documentário Movimentos – 90 anos de Novo Hamburgo foi uma das maiores experiências de cinema e memória que já vivi
Fotos: Reprodução/Redes
Aeronave cinquentenária ganha nome de aviador que foi buscá-la nos EUA
Cessna Skyhawk II, prefixo PT-JME, fabricado em 1973, recebeu o segundo batismo e o nome do piloto que foi buscá-lo em terras norte-americanas em março de 1974
Oxodó do Aeroclube de Novo Hamburgo agora se chama Aviador
Harro Otto Schmitt. O Cessna Skyhawk II, prefixo PT-JME, fabricado em 1973, ganhou o segundo batismo e o nome do piloto que foi buscá-lo nos Estados Unidos (EUA) em março de 1974. O cinquentenário desta comemoração ocorreu no principal hangar do aeroclube, no final do mês passado, e teve cobertura exclusiva do jornal O Vale. Aos 87 anos, Harro não conseguiu esconder os olhos marejados ao retirar, junto com o presidente Alceu Fei-
jó Filho, a bandeira do Brasil que encobria a surpresa. O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo) foi um dos convidados.
As aeronaves que costumam repousar no Hangar Oscar Jung, construído em 1948, deram espaço a dezenas de mesas que receberam os convidados para o almoço comemorativo. Além de ver seu nome estampado nas laterais do “Juliette” – como o avião é carinhosamente chamado, numa referência do “Jota” do prefixo, ou Juliette na linguagem aeronáutica –, Harro ganhou uma réplica em miniatura, dentro de uma caixa de acrílico, com
o mapa da aventura de meio século atrás, ocasião em que esteve acompanhado pelo colega Victor Hugo Matte, então instrutor do aeroclube, já falecido.
Nem a voz cansada pelo tempo impediu que Harro usasse o microfone, com o apoio da filha Jane, para agradecer a homenagem e relembrar a viagem de 50 anos atrás. Revelou cada detalhe, sempre olhando para a esposa, Lilian, atenta a cada palavra do companheiro.
No distante 1974, o clube comprou a aeronave, que precisou ser buscada em Wichita, estado do Kansas, EUA, na sede da Cessna.
Quase nove mil quilômetros separam as duas cidades. A pequena aeronave levou 13 dias para completar o percurso, com escalas nos EUA, no Caribe e no Brasil.
No mesmo dia da comemoração pelo aniversário de chegada do Cessna e do novo batismo, Feijó escreveu, em seu perfil no Facebook: “Apesar de suas costas curvadas e de sua voz enfraquecida pelos anos, ainda mantém incólume seu orgulhoso garbo, que somente homens de grandes realizações na vida o carregam além do tempo”.
O primeiro voo do presidente do clube, em 1967, foi com o aviador homena-
geado. “O Harro também nos mostrou que o tempo não apaga de nossa memória aquilo que realizamos por excelência.”
Após o almoço, Harro comandou o JME em dois voos e pode levar seus netos pelos céus da região. Ao seu lado, o instrutor Richard Brandão que, no retorno ao solo, comentou com o presidente: “Continua um guri alado, só fiquei olhando”.
Feijó fez questão de registar o apoio recebido da Secretaria da Cultura de Novo Hamburgo, do secretário Ralfe Cardoso e sua equipe, pela ajuda no fornecimento de gradis e equipamentos de som usados pelo clube.
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HISTÓRIA
Por: João Ávila
Foto: João Ávila/O Vale
Reformado, Cessna voltou a voar
Em junho de 2020, o Cessna Skyhawk II, prefixo PT-JME, voltou a voar, após quatro anos de refor-
ma completa. Naquela ocasião, Alceu Feijó Filho convidou Harro Otto Schmitt para a “reinauguração”.
Foram 45 minutos sobrevoando Novo Hamburgo e cidades do Vale do Sinos, sob o comando do
velho piloto, então com 83 anos. Quando viu o avião reformado, com pintura nova, Harro exclamou: “Ah,
guri! Ficou igualzinho”. Na época, o mundo vivia os primeiros meses da pandemia causada pela Covid, e a máscara, então obrigatória, escondeu o sorriso do aviador.
A compra do JME em 1974, lembra Feijó, mudou o patamar do aeroclube hamburguense. A aeronave foi uma fonte de renda com a realização de voos panorâmicos. Com capacidade para piloto e mais três pessoas, proporciona conforto e segurança.
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A compra do Cessna Skyhawk II, prefixo PT-JME, em 1974 mudou o patamar do aeroclube hamburguense
HISTÓRIA
Veja mais imagens da aeronave no portal valedosinos.org
Foto: Aeroclube de NH/Divulgação
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João Ávila
Jornalista
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Um Summit para mexer com a região
Marque na sua agenda: de 6 a 8 de junho, o 3º Sapiranga Summit vai oferecer muita troca de ideias, marketing e inovação. Esse é o maior evento de inovação do Vale do Sinos e oportunidade do público saber um pouco da Chilli Beans, com o fundador Caito Maia; do Grupo CRM, com Renata Vichi; além de palestras.
Olho nas datas do calendário eleitoral
A partir de sábado (6), são apenas seis meses até as eleições municipais de outubro. Aquele ou aquela que deseja concorrer já deve ter escolhido o partido. Filiação ou troca partidária precisam estar concluídas até dia 5. O sábado é prazo final para troca de domicílio eleitoral e último dia para desincompatibilização daqueles que ocupam cargos de secretário e pretendem concorrer a vereador.
Novo Hamburgo chega aos 97 anos em constante transformação
Quando convidado para um aniversário, priorizo duas coisas: abraçar apertado e desejar que a data se repita por muitos e muitos anos. Neste 5 de abril, quero abraçar a minha, a nossa Novo Hamburgo. Tenho 97 motivos para isso. Aqui nasci, aqui estudei, aqui constituí família, aqui trabalho há mais de quatro décadas. Como não desejar um futuro promissor, cheio de alegria, com muita vida, para esse lugar? São 97 anos de emancipação política e administrativa e outros tantos de colonização. O feito daqueles emancipacionistas da década de 1920 do século passado
está aí. O Município está em constante movimento. Se por um lado a indústria calçadista, que por décadas empurrou a economia, mudou de ares, por outro, novas oportunidades surgiram e outras vão surgir. Seja no turismo, com olhos voltados para Lomba Grande, seja nos negócios, com feiras diversas na Fenac, “o orgulho do lugar”. Nossa matriz econômica não é mais a mesma e não é que estamos preparados para isso, pois mês após mês, a geração de empregos vem com saldos positivos. Resultado de uma educação de qualidade, que forma do técnico ao ensino superior
ESPAÇO DO ÁVILA
O forte discurso de Tânia no MDB
não em uma, mas em diversas instituições.
Tem o que melhorar?
Claro que sim! Sempre! É assim na vida. Mas também precisamos reconhecer as entregas feitas ao longo de décadas. Temos uma rede de educação com dezenas de escolas municipais, um Centro revitalizado, o Parcão e todo o seu encanto, as unidades de saúde em praticamente todos os bairros, as ciclovias e ciclofaixas e as coisas que estão por vir. Aqui faço uma referência: o novo anexo do Hospital Municipal, cuja obra já é visível de vários pontos da cidade.
Neste ano teremos eleições. Após dois mandatos consecutivos, Fatima Daudt vai entregar a chave do Centro Administrativo. Desatou nós históricos, como a licitação do lixo e dos ônibus. Quem lhe suceder terá preocupações inerentes ao cargo. Parabéns, Novo Hamburgo! Foto: Lu
Está cada vez mais consolidada a précandidatura de Tânia da Silva à Prefeitura de Novo Hamburgo pelo MDB. Em recente reunião do Diretório, falou forte: o carro tem retrovisor, mas é pequeno para observar, mas que é preciso olhar para frente na hora e dirigir. Um recado aos próprios emedebistas, após mudança do comando da Executiva.
Novo cartão postal de São Leopoldo
Uma caminhada na primeira quadra da Rua Independência serve de amostra de como ficará a Rua Grande depois de revitalizada. Até agora os comerciantes reclamam, o que dá para entender, pois há queda na movimentação. Mas os frutos serão colhidos ali na frente. Em Novo Hamburgo foi assim com a revitalização concluída em 2020.
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Freitas/PMNH
1º Encontro de Pequenas Empresas
A ACI-NH/CB/EV/DI promove, no próximo dia 12 de abril, o 1° Encontro de Pequenas Empresas - Inspirar para criar, evoluir para realizar. Das 7h45min às 12h, o evento oferecerá três palestras voltadas aos micro e pequenos empresários e aos Micro Empreendedores Individuais (MEIs).
O treinador comportamental Roney Nipper apresenta a primeira palestra, intitulada “Força de vontade não funciona”. Rafael Rocha, consultor e treinador de empresas, trará o tema “Vender é mais que só entregar produto”. E, por fim, “Disciplina para alcançar resultados” será abordada por Marlei Willers, maratonista e empreendedora.
O evento será sediado no auditório da ACI (Rua Joaquim Pedro Soares, 540, Novo Hamburgo) e as vagas são limitadas.
Atenção, calçadistas!
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) está com inscrições abertas para a participação na feira Atlanta Shoe Market, nos Estados Unidos. As inscrições para a mostra calçadista, que ocorre nos dias 10 a 12 de agosto, são limitadas e seguem até 11 de abril. Os valores, já com subsídio da ApexBrasil, partem de US$ 500 para associados do Brazilian Footwear.
Loucura por Sapatos segue até dia 14, nos pavilhões da Fenac
Começou dia 4 de abril a famosa feira de promoções que atrai consumidores de todo o Estado à Fenac, em Novo Hamburgo. A Loucura por Sapatos, bem como o Festival de Cervejas Artesanais, ocorre até 14 de abril, das 10 às 21 horas, nos pavilhões do centro de eventos.
São 25 mil m² de área
de exposição, que reúnem cerca de 200 expositores de calçados, bolsas, roupas, acessórios e utensílios domésticos, além de cervejarias da região e food trucks e os novos Espaço da Agricultura Familiar e da Economia Solidária. Estima-se que 70 mil visitantes prestigiem os
Nova proposta na comunicação
Lançado neste ano, o atelier criativo “deixa a vírgula me levar” une storytelling e design para conectar as marcas com os seus públicos. Sob o
comando da publicitária Letícia Cassel e o jornalista Alisson Coelho, a “deixa” atende clientes do Rio Grande do Sul e São Paulo e oferece ao mercado quatro
Foto: Divulgação
eventos ao longo de seus 11 dias e desfrutem do completo centro de compras e lazer estruturado pela Fenac, com climatização, escadas rolantes, estacionamento, praça de alimentação, espaço infantil e música ao vivo. Detalhes sobre os ingressos podem ser conferidos no perfil @loucura.por.sapatos.
Foto: Diego Soares / Divulgação
Mudança para São Leo
A Pnx Ar Comprimido concluiu a mudança de sua matriz de Novo Hamburgo para São Leopoldo. O diretor Paulo Freitag conta que o investimento no novo prédio passa de R$ 2 milhões, com adaptações para o melhor atendimento e treinamentos.
No ano passado, a empresa cresceu 15%, com um faturamento de mais de R$ 104 milhões. “Para 2024, focando na maior eficiência e na otimização da prestação de serviços, a meta é crescer mais 15% em faturamento”, projeta o gestor.
Homenagem personalizada
A Colograf, de Novo Hamburgo, lança uma linha especial de produtos personalizáveis para o Dia das Mães, data de grande relevância para as vendas do varejo. As opções vão desde displays e portaretratos até embalagens e bolsa em PVC.
frentes de atuação.
Duas delas ligadas à expressão oral, com a construção de narrativas visuais a partir de apresentações de impacto e um espaço de aprendizagem para quem busca se expressar melhor. E ainda, o estúdio de criação de imagens com inteligência artificial e um laboratório de soluções em comunicação e criatividade.
Estrangeiros vêm para o SICC
O SICC (Salão Internacional do Couro e do Calçado) já tem mais de 100 importadores confirmados para a edição que ocorre de 14 a 16 de maio, em Gramado. A vinda dos estrangeiros é subsidiada pelo projeto Grupo de Importadores.
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Veiga Jornalista camilaveiga.imprensa@gmail.com Instagram: @acamilaveiga MARKT
Camila
Como serão as cidades no futuro?
É preciso planejar a mobilidade urbana com um transporte coletivo eficiente e acessível a todos, para que tenhamos menos carros nas ruas e repensar nossa matriz energética para este aumento de demanda de carros elétricos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a população mundial chegará a 10 bilhões de habitantes até 2050, o que levará a concentração da população nos centros urbanos. A superlotação urbana no futuro vai exigir um planejamento e preparo para as grandes mudanças. Não podemos mais admitir que na moderna concepção das cidades o foco principal devam ser as ações ligadas à sustentabilidade.
Temos que estar preparados para as mudanças climáticas que estão por vir. É preciso planejar a mobilidade urbana com um transporte coletivo eficien-
te e acessível a todos, para que tenhamos menos carros nas ruas e repensar nossa matriz energética para este aumento de demanda de carros elétricos.
É preciso um planejamento de mais áreas verdes necessárias à regulação das temperaturas e melhoria da qualidade do ar, não somente como parques urbanos e praças e, sim, ampla arborização, como forma de proteger a cidade com os impactos de eventos extremos de clima, como vimos no ano de 2023 em que tantos foram vitimados pelas enxurradas e ciclones extratropicais. O investimento em saneamento é essencial,
pois não podemos mais gastar milhões para transformar a água de nossos rios em água potável enquanto temos água em abundância neste país. Temos que mudar esta relação, pois ainda puxamos a descarga com água potável.
É preciso rever a relação com o lixo que geramos diariamente em nossos lares. Uma cidade como Novo Hamburgo gera diariamente pelo menos 200 toneladas de resíduos/dia. Não podemos mais planejar a cidade pensando somente em construir muito, sem que haja um efetivo planejamento na melhoria da qualidade de vida.
E quando falamos na qualidade de vida, temos que olhar para a educação e a cultura de seus habitantes. Estamos perdendo nossos legados culturais, a história que nos constitui como cidade e como cidadãos. As oportunidades de construir soluções para a preservação do patrimônio são fundamentais no planejamento da cidade.
A valorização do patrimônio histórico, se é componente essencial à qualidade de vida e à formação do ser humano, em que a visão de lucros imediatos, poderão condenar para as futuras gerações as cidades em locais muito difíceis de se viver.
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FUTURO
CIDADES DO
Udo Sarlet Professor e Supervisor Técnico da PGM/NH
Foto: José Cruz/Agência
Novo Hamburgo comemora 97 anos com show de Michel Teló
Michel Teló vai comandar a festa dos 97 anos de emancipação de Novo Hamburgo. O show do sertanejo será gratuito e ocorrerá no estacionamento da Fenac nesta sexta-feira (5), feriado na cidade. O evento é uma promoção da Prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura.
A programação começa às 18h, com uma bandinha alemã. Após, às 20h, uma atração local se apresenta.
Teló sobe ao palco às 21h e promete fazer a comunidade dançar e cantar com diversos hits de sucesso do
cantor, como “Ai, Se Eu Te Pego”, “Humilde Residência” e “É Nois Faze Parapapá”, “Fugidinha” e “Dias apaixonado”, entre outros.
A prefeita Fátima Daudt lembra que o momento é de celebração para Novo Hamburgo. “Aniversário é sempre uma data importante e de comemoração. No da nossa cidade, não é diferente. Dia 5 é dia de festa para celebrar esta história de 97 anos de acolhimento e avanços em Novo Hamburgo”, destaca.
Outras programações também vão integrar o mês
de comemoração. “No aniversário do Município, vamos comemorar a cultura e a pluralidade de nossa cidade”, frisa o secretário da Cultura, Ralfe Cardoso.
Serviço
O quê: show de 97 anos de Novo Hamburgo, com Michel Teló
Onde: estacionamento da Fenac (Avenida Nações Unidas, 3.825, no bairro Ideal)
Quando: sexta-feira, dia 5 de abril de 2024
Entrada: gratuita
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Foto: Reprodução/Redes Sociais Michel Teló
Conheça os finalistas do Prêmio VIB 200 anos do Bicentenário
Projeto da Vale TV, Mais Independência e Berlinda, o “Prêmio VIB 200 anos do Bicentenário da Imigração” já tem os três finalistas de cada
modalidade. Os trabalhos de pesquisa são feitos pela Universidade Feevale, que está nas ruas de São Leopoldo desde a metade de março ouvindo a comunidade.
A ideia do projeto que uniu os três veículos de comunicação é premiar pessoas, empresas ou projetos que fazem de São Leopoldo o berço da colonização alemã no Brasil. Os prêmios serão entregues no dia 24 de maio, em evento na Sociedade Orpheu. O Prêmio VIB 200 anos tem o apoio da prefeitura de São Leopoldo e do Semae.
Veja a lista dos finalistas
Modalidade Indicado 1 Indicado 3 Indicado 3
Associativo Assemplife ACIST OAB
Comércio Rissul/Macromix Ferragem Feldmann Mat. Const. São Jorge
Cooperativo Sicredi Siccob Cooperfeitoria
Cultura Presto Produções
S3 Produtora GT Sepé Tiarajú
Escola Privada Sinodal GuSch Instituto Rio Branco
Escola Pública Visconde
Empreendedor Cesar Folle/Br Supply
Esporte Amador Jaqueline D’ÁvilaLLFA
Esporte Profissional José C. Ferreira Júnior/São Léo Open de Tênis
Gastronomia Funny Fellings
E. M. Dilza Flores
EMEF Paul Harris
Luiz Silval/Construsinos Manoel Barbosa/Rest. Veneza
Daniela Maioli/Canoagem Marquinho Paraíba/SEMEL
Felipe Becker/Vice Fut. Inter
Enseada Pescados
Rafael Lacerda/Técnico de Futebol
Restaurante Tênis Clube
Gestor Público Alice Benvenutti/Museu Trem lleane Bravo/2º CREA Maria Inês Becker/Ex-Vereadora e Vice-presidente Força-Rosa
Impacto Social Cooperativa Univale
Cooperativa Uniciclar Cufa
Indústria Sthil Rossi Higra
Inovação Senai
Jurídico Adv. Claudio Garcez
Sebratel Pontocomnet
Adv. Emmanuel Becker
Promotora Mara Job Pedro
Meio Ambiente Darci Zanini/P. Imperatriz Chico Júnior/Guardiões da Água Joel Garcia/SEMMAM
Serviço Médico Unimed
Médico + Lembrado Dr. Luiz Carlos Mello
Doctor Clin
Dr. Gabriel Rossetto
Segurança Pública Capitã Bibiana Menezes Del. Michele Arigony
Serviços Farmácia São João
Centro Clínico Gaúcho
Dra. Maria Salete Macedo
Del. Eduardo Hartz
Rotary São Leopoldo Sul Sesc
Professor + Lembrado Professor Udo Kunert Professor Steffen Munsberg Professor Indiara Teinan
Leopoldense + Lembrado Ary Vanazzi
Sandro Cassel/Buca
Ronaldo Ribas/Ex-Prefeito
Mais duas escolas de Ivoti passam a oferecer contraturno
O turno integral na rede municipal de educação já é realidade em Ivoti e, agora, conta com ampliação. Mais duas escolas da cidade do Vale do Sinos passam a oferecer atividades no contraturno para estudantes do 5º ano do ensino fundamental.
As contempladas foram as Escolas Municipais de
Ensino Fundamental (Emef) Engenheiro Ildo Meneghetti, no turno da tarde, e Aroni Aloisio Mossmann, no turno da manhã. Ao todo, são 16 horas/aula, divididas nas segundas, terças e quartas-feiras, com disciplinas de Corpo e Movimento, Práticas de Linguagem, Lógica e Resolução de Pro-
blemas, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Educação e Tecnologia e Hora de Estudos.
A Secretaria Municipal de Educação aderiu ao Programa Escola em Tempo Integral do governo federal, por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec), do
Ministério da Educação. “Desde 2023, o governo federal lançou o programa para que os municípios se inscrevessem. Nós nos inscrevemos e recebemos o recurso do Ministério da Educação para a abertura de 70 novas vagas de turno integram em Ivoti”, explica a secretária municipal de
Educação, Cristiane Spohr. Em Ivoti, o turno integral na rede municipal de educação já existe nas chamadas escolas do campo, oferecendo aulas de empreendedorismo rural, práticas agroecológicas, manipulação, artes cênicas, práticas esportivas, cooperativismo escolar, entre outras.
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 27 GIRO PELO VALE
Bairro de Morro Reuter receberá verba para melhorar o abastecimento de água
O vice-prefeito de Morro Reuter, Airton Bohn, esteve reunido com a diretoria da Associação Comunitária de São José do Herval, juntamente com o presidente Márcio Adriano Knorst e demais associados. No encontro, realizado na noite do dia 27 de março, também estiveram presentes os vereadores Lauri Kaefer (PTB) e Antenor Xavier Weber (PTB).
O plano de trabalho para a ampliação do abastecimento de água no bairro foi a pauta no encontro. Ficou acertado que a prefeitura de Morro Reuter irá encami-
nhar um projeto de lei para a Câmara de Vereadores solicitando a autorização para o repasse de R$ 150 mil. O valor será destinado para a instalação de uma bomba hidráulica e canalização junto ao poço artesiano da localidade, também perfurado com recursos da Administração Municipal. O equipamento visa a melhoria na distribuição de água e acesso para dezenas de famílias do bairro.
Exposição “Quem me Habita” é inaugurada na Casa CDL com obras de Cava
A exposição “Quem me Habita”, do artista, professor e educador social Wilson Cavalcante, o Cava, entrou em cartaz nesta terça-feira (2), na Casa CDL da Câmara de Dirigentes Lojistas de Novo Hamburgo (CDL-NH), localizada na Rua Domingos de Almeida, 708, Centro. As obras ficarão em exibição até o dia 10 de maio e poderão ser visitadas com agendamento prévio pelo WhatsApp (51) 3582-3535.
Na solenidade de abertura da exposição, o presidente da CDL-NH, Leonardo Lessa, elogiou o artista. “É um prazer receber o Cava na Casa CDL. Conheci ele no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre e me identifico muito com a sua história de vida. É dono de um talento incrível e está sempre inspirando as pessoas com um sorriso no rosto”, declarou. A seguir, o diretor de Cultura da entidade, Rodrigo Duarte, agradeceu a presença de todos, ressaltando que a Casa CDL é uma forma de celebração de cultura e está de braços abertos para receber muitos artistas. “As obras do Cava entregam vida, resiliência e transgressão”, destacou. Já o artista, Cava, agradeceu a oportunidade, carinho e atenção. “Esses trabalhos são um recorte de uma trajetória de 50 anos”, explicou.
A cerimônia contou com a presença da diretora do Núcleo da Mulher Empreendedora (NME), Raquel Bomm Tomm, e as embaixadoras Shirlei Rodrigues e Yumi Yonekawa. Também participaram o diretor de Turismo de Novo Hamburgo, Deivid Schu; procuradora geral de Novo Hamburgo, Cinara Avila; curador da Casa Schmitt-Presser e da Fundação Scheffel, Angelo Reinheimer; professor de gravura e escultura da Escola de Arte Carlos Alberto de Oliveira - Carlão (Novo Hamburgo), Tôni Rabello, as artistas Ana Jussara Hauschild e Magna Sperb, entre outros convidados.
Vale Germânico 05 de abril 2024 28 . Jornal O Vale GIRO PELO VALE
Foto: Prefeitura de Ivoti/Divulgação
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Novo Hamburgo, meu lar!!!!
e lá vivemos até construir nos fundos da casa dos pais dela nossa primeira casinha.
Iniciei na Rádio Progresso AM, na Rua Joaquim Nabuco, em frente à Praça 20, no final de outubro de 1986. Lembro com detalhes quando cheguei na rádio para falar com nosso inesquecível Lucindo Amaral, que mesmo eu já tendo experiência de locutor disse que primeiro teria que ser operador para depois con-
Outra experiência gratificante foi ser a voz do Carnaval de Novo Hamburgo por 18 anos, de 1998 até 2016. Entre 1998 e 2002 trabalhei na Rádio Alegria, em 1999 iniciei meus programas de TV no Canal 20 da NET e, desde 2009, dou minha contribuição para a Vale TV.
Em 2011 venci uma licitação como Mestre de Cerimônias de Novo Hamburgo. Foram 5 anos de muito
PELA REGIÃO
Alves Locutor e apresentador,
o programa
Hamburgo
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COLUNA DA HERTA
Queriitosss – Não rebarem, as vezes eu troca um pouco os letras, quer tizer os letras.
As cores do telhado...
Numa rua não muito longa, nem muito curta, numa vila ou cidade, toda casa tem telhado de cores diferentes. Numa mora a Maria, noutra a ngela e na outra Beatriz e em todas as casas as cores dos telhados são diferentes. Entretanto, a vida destas mulheres tem muitas coisas em comum.
Maria tem nove filhos, acorda cedo para preparar o café e vai para roça com o marido. Volta para casa, faz o almoço, lava a louça, arru-
ma a casa e volta para roça. ngela colhe flores para vender à beira da estrada com seus seis filhos. Cada um deles com balde de flores na mão esperando os turistas. ngela volta para casa, faz a janta, passa a roupa, senta na varanda e vai ler seu livro. Faz sua oração e recebe um beijo dos filhos e vai para sua cama dormir. Beatriz mal sai de casa, pois com seus 12 filhos, com mais ou menos uma diferença de idade de um
ano e quatro meses entre eles, ela mal respira. Sabendo que precisa acordar e colocar um sorriso no rosto para que seus filhos não percebam seu cansaço, Beatriz segue fazendo suas tarefas dia a dia.
Nestes quase 200 Anos de Imigração Alemã ainda temos muitos telhados em preto e branco, mulheres que vivem seus dias na esperança de pintar seus telhados de cores coloridas e leves, da cor de seus sonhos.
Feliz Páscoa!
Por: Marina Marques
Klein, diretamente de Trier, na Alemanha
Hoje quero desejar uma Feliz Páscoa para todos vocês. Aqui na Alemanha, a minha Páscoa foi tranquila. Eu e meus amigos decidimos fazer um café da manhã recheado de guloseimas e pintar ovos com corantes coloridos (foto)
Muitas famílias aqui na Alemanha decidem tirar esse dia para passar junto com os seus parentes. As
salas de estar e os jardins são decorados com ovos coloridos e chocolates.
Um doce tradicional na Páscoa por aqui é o Osterzopf, um bolo grande feito com massa de fermento que é suficiente para toda a família e amigos. Uma curiosidade também é que aqui, na segundafeira, após o domingo de Páscoa, é feriado.
Minha Páscoa foi recheada de amor e de doçuras. E a sua Herta, como foi?
Vale Germânico 05 de abril 2024 30 . Jornal O Vale
Herta
Agora sou colunista social! @hertakleinoficial
Foto: Marina Klein/Arquivo pessoal
Foto: Daiane Camargo/Divulgação
Rodrigo Giacomet Radialista e Diretor da Rede União FM
Novo Hamburgo...
Feliz aniversário, Novo Hamburgo: 97 anos de histórias, de vivências, de pujança. Hora de comemorar!
não há argumentos. Muitos resquícios ainda perduram, tamanha foi a fase de abundância, mas o caminho escolhido da monocultura cobra seu preço.
aposta que merece arrojo.
Tive a oportunidade de visitar a Índia, em uma Missão Feevale, em 2008. Um país miserável, com uma pobreza sem igual, que conseguia já naquela época mostrar nas cidades onde se instalavam Pólos Tecnológicos, um desenvolvimento dezenas de vezes acima da média. Poderia falar de Málaga, na Espanha, que visitei em outra cobertura: tecnologia, fazendo uma região pobre, dentro dos parâmetros espanhois, crescer muito.
A cidade que em 5 de abril aniversaria tem um passado raro, afinal, por anos foi considerada um oásis dentro de tempos difíceis que vivíamos. Crescemos, nos desenvolvemos, posso até considerar que explodimos. Pessoas de
Mas o título da minha crônica termina com reticência, os famosos três pontinhos, assim como poderia terminar com um ponto de interrogação. Não se trata de charme ou acaso, longe disso. A ideia é trazer reflexões, questionamentos, parar e pensar: para onde Novo Hamburgo vai?
todos os cantos do Estado sonhavam em morar na capital do Vale do Sinos, onde não faltava emprego ou oportunidades. Porém, ensinam os mais velhos, dia de muito, véspera de pouco. E como tudo na vida, os dias de glória ficaram para trás e o oásis foi secando. Dói escrever isso, porém, contra fatos
A cidade pujante, dos anos 70 ou 80, deveria ter diversificado a matriz, buscado novos pólos de investimento, ampliando horizontes, o que não foi feito. Seguimos colocando quase todos os ovos em uma única sacola e até mesmo alertas duros, como de Aurélio Decker e a China, viravam deboche. Nada atingiria a força de Novo Hamburgo. Grave engano. E como um navio prestes a colidir contra uma ponte, na macroeconomia qualquer manobra demora para surtir efeito, sendo inevitável o baque.
Porém, nunca é tarde para encontrar caminhos e o crescimento em tecnologia - a força motriz da Universidade Feevale potencializando os Parques Tecnológicos é incalculavelmente significativa - é uma
Questionar sempre foi minha missão. A essência da comunicação, penso eu. Poderia apenas jogar confetes e falar das nossas vitórias e conquistas, festejar, mas prefiro olhar para o futuro. Pensar na centenária Novo Hamburgo, de 2027, na cidade que filhos e netos viverão.
Se erramos no passado, não podemos ser eternamente escravos de nossos erros. Sempre é tempo de evoluir.
Vale Germânico 05 de abril 2024 Jornal O Vale . 31 OUTRAS IDEIAS
Foto: Rodrigo Giacomet/Arquivo Pessoal
Vale Germânico 05 de abril 2024 32 . Jornal O Vale