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Esforço, determinação e um único objetivo: cuidar

De Pessoas

O dia da acadêmica de medicina Natacha Rocha, 25 anos, começa às 5h40. Ela aproveita a carona da colega enfermeira e, juntas, se deslocam para a Unidade Básica de Saúde de Canudos, no bairro hamburguense, onde realiza o internato, um estágio currícular obrigatório. Lá, a jovem que veio de Pinheiro, no norte do Maranhão, para estudar Medicina na Universidade Feevale realiza atendimentos.

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Sem condições financeiras de pagar uma faculdade privada, Natacha tentou por duas vezes, sem sucesso, ingressar na Univesidade Federal do Maranhão. Foi na terceira tentativa que Natacha conquistou uma bolsa pelo ProUni na Feevale. “Eu só tentava Sisu e foi a primeira vez que tentei ProUnii. Eu me inscrevi pensando que não ia conseguir. Quando consegui, foi um surto coletivo em casa. No início, o pai apresentou um pouco de resistência, mas no dia seguinte ele já estava organizando minha vinda para cá”, lembra.

Ao chegar aqui, Natacha demorou para conseguir se organizar emocionalmente, por estar longe de casa, e também financeiramente. Embora não tenha os custos da mensalidade da faculdade, a jovem sentiu que estava sobrecarregando os pais com os custos de morar aqui. Arrumar um emprego era um desafio, já que por causa dos horários das atividades universitárias, o único turno disponível era à noite. Foi assim que Natacha mandou currículo para a tradicional hamburgueria Mandinho Burguer, locali- zada em Novo Hamburgo. Atualmente, a rotina da futura médica se divide entre os atendimentos na UBS Canudos, as salas de aula e laboratórios da Feevale e a hamburgueria. Uma carga horária pesada, já que trabalha até 0h30 no caixa do estabelecimento e, no outro dia, a maratona começa antes do nascer do sol.

Na unidade de saúde, Natacha trabalha sob o olhar atento do médico clínico-geral e preceptor da atenção básica da unidade, dr. André Duarte de Castro. “Ela veio fazer estágio na atenção básica no início de setembro e é uma menina bastante dedicada e demonstra uma determinação bastante grande. Ela é muito humana e preocupada com as pessoas. Às vezes é uma consulta simples, para trocar uma receita,

Às noites, Natacha troca o atendimento na UBS e trabalha

Na mas ela transforma a consulta em bem mais que isso. Ela atende o ser humano como o todo”, elogia.

Toda essa dedicação é percebida também pelos pacientes que buscam atendimento na UBS de Canudos. Muitas consultas são de rotina, para acompanhar problemas crônicos ou pegar receitas de uso contínuo. O jovem Gian Robson Canha Vieira, de 30 anos, está fazendo acompanhamento para cuidar de algumas dores de cabeça e questões relacionadas ao sono. “Ela é muito atenciosa. Conversa com a gente, tenta entender tudo. É a primeira vez que que passo com ela, mas gostei muito”, conta. Antes de recomendar algum tratamento ou exame, Natacha procura o seu preceptor e ele avalia a conduta da estudante diante do caso.

Só com a aprovação dele, o paciente é liberado.

Durante a graduação, Natacha pôde experimentar algumas áreas da medicina e se apaixonou pela medicina de família e comunidade. “É uma uma área tão importante da saúde e ainda é tão desvalorizada e com baixa procura. Precisamos entender que é através da atenção básica que os pacientes ingressam no Sistema Único de Saúde”, frisa.

Natacha conta que já tem planos para depois que se formar. “Eu quero voltar para o Maranhão. Acredito que eu posso contribuir muito mais com a saúde de lá do que aqui. Eu aprendo tantas coisas aqui, a saúde daqui é muito diferente, tem mais estrutura. Quero levar esse modelo para a minha terra”, emociona-se.

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