Página 20
I n F o r m ar
C A MÕ E S À C A B E C E I R A Poesia, aprendizagem, satisfação
Quis douta Mestra um dia que aprendesse, De Camões, a epopeia e o lirismo E que dele para meus estudos fizesse Dos Lusíadas mui canoro catecismo, Como se a dita Mestra não soubesse, Que tremo com a poesia como um sismo; Pois que já, com Homero como assunto De mim quase me fez quedar defunto. Obedeci, que de aprender, me confesso, Sou sôfrego e assim melhor eu vivo E a ler arcaico mais ainda me embeveço Mas não tanto que pensem que salivo... (Melhor iguaria por ventura eu mereço) Mas ai, que me calhou um Canto explosivo! Ó deuses, mandai-me de Oceano suas filhas E me digam Ninfas minhas qual das ilhas… Quando cheguei ao número vinte um E em mim defronte, de Neptuno a mulher, Em metamorfose me transformei atum
POESIA
E mergulhei no mar, como quem não quer, Pois que se do tridente levantasse: pum! Repasto dos deuses logo seria e sem talher... Esperança tive que, do mar saísse em Deus, Assim como Camões escreve em versos seus.