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Camões à cabeceira - Vítor Manuel Alves Fernandes (Menção de participação

I n F o r m a r

P O E S I A

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C A M Õ E S À C A B E C E I R A

Poesia, aprendizagem, satisfação

Quis douta Mestra um dia que aprendesse, De Camões, a epopeia e o lirismo E que dele para meus estudos fizesse Dos Lusíadas mui canoro catecismo, Como se a dita Mestra não soubesse, Que tremo com a poesia como um sismo; Pois que já, com Homero como assunto De mim quase me fez quedar defunto.

Obedeci, que de aprender, me confesso, Sou sôfrego e assim melhor eu vivo E a ler arcaico mais ainda me embeveço Mas não tanto que pensem que salivo... (Melhor iguaria por ventura eu mereço) Mas ai, que me calhou um Canto explosivo! Ó deuses, mandai-me de Oceano suas filhas

E me digam Ninfas minhas qual das ilhas…

Quando cheguei ao número vinte um E em mim defronte, de Neptuno a mulher, Em metamorfose me transformei atum E mergulhei no mar, como quem não quer, Pois que se do tridente levantasse: pum! Repasto dos deuses logo seria e sem talher... Esperança tive que, do mar saísse em Deus, Assim como Camões escreve em versos seus.

Quando em tão altiva obra me embrenhei Surgiu odorífico vinho e cheiro a rosas E acho que por momentos desmaiei, A sonhar com aquelas Ninfas amorosas. Desculpai-me Camões se a rima vos roubei, Mas não encontro outras palavras tão formosas, Pois que se um dia, épico ser, eu também quis, Só podíeis ser vós minha matriz.

Começo agora, Mestra, a mais gostar De poesia. E também dos deuses do Olimpo! Pena minha, que está quase a terminar E ainda tenho de passar o texto a limpo. Mas, Mestra, eu prometo outro dia cá voltar De Vesta, Vénus ou Minerva me não repimpo. E enquanto as letras se transformam em flores Eu vou morrer na venusta Ilha dos Amores.

Pseud. Pedro Vaz Autor: Vítor Manuel Alves Fernandes*

* Ver nota biográfica na página 9.

N Ú M E R O E S P E C I A L

P O E S I A

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