especial DIA DOS PAIS
A PRESENÇA DO PAI NA CRIAÇÃO DOS FILHOS É PODEROSA Saiba como a participação do pai pode fazer diferença na formação de uma pessoa A Celebrar conversou com a psicóloga, Natani Chaves (CRP 14/06237-5), que atende pacientes na área familiar. Confira esse bate-papo. CELEBRAR: Qual a importância de um pai presente na criação dos filhos? Natani Chaves: A partir da minha experiência atendendo crianças, adolescentes e pais, digo que a presença ativa do pai na criação dos filhos é poderosa, pois é com essa interação que a criança adquire maior segurança para enfrentar os desafios de cada fase do seu desenvolvimento. Nesse sentido, a presença paterna torna-se importante por possibilitar aos filhos um desenvolvimento sócio emocional mais saudável, visto que os ganhos podem ser percebidos pela autoconfiança fortalecida, identidade legítima e relacionamentos sociais sadios. Por outro lado, observo no contexto clínico, que, na maioria das vezes, filhos que não desfrutam da presença do pai ou da figura paterna, apresentam maior insegurança em relação a sua performance, baixa autoestima e dificuldades em se relacionar com o mundo ao seu redor. Enganam-se aqueles que acreditam que um “pai presente” só pode ser presente se estiver próximo fisicamente; muito pelo contrário, a relação entre um pai e seus filhos poderá ser construída desde que haja doação de tempo e de si mesmo de forma intensa e genuína, e isso não está ligado ao fato de morarem na mesma casa. CELEBRAR: Quando começa a criação de vínculo entre pai e filho? Como o pai pode fortalecer esse laço? Natani Chaves : Embora a construção do vínculo entre mãe, pai e filhos seja de formas diferentes, ambos os pais poderão criar laços positivos desde a descoberta da 38 gestação, basta decidirem fazer parte desse momento. No início, a construção de vínculo entre pai e filho pode se dar através do apoio e cuidado com a mãe, acompanhamento em visitas médicas, esclarecimento de dúvidas e busca por conhecimento sobre essa nova fase, assim como, a conversa com o pequeno ainda na barriga, promovendo o reconhecimento da voz do pai ao nascer. Agindo assim, o pai gera mais segurança para a mãe e, consequentemente, ao bebê, estabelecendo uma relação segura desde cedo. Todas as formas de aproximação do pai nesse processo são válidas, visto que, com o nascimento do filho, esse pai já terá o seu lugar dentro dessa relação. Após o nascimento, o vínculo poderá ser fortalecido através da participação nos cuidados básicos com o bebê, pois é por meio desse primeiro contato que o pai vai conhecendo seu filho e estabelecendo sua forma única de interagir
com ele. No decorrer dos anos de desenvolvimento, os pais podem adotar estratégias para fortalecer o laço entre ele e os filhos por várias formas: participação ativa na sua educação e aprendizagem, orientações assertivas que promovam resoluções de problemas de maneira saudável e eficaz, comprometimento com as emoções e sentimentos dos filhos, validação dos ganhos e encorajamento, demonstrações de afeto, entre outras tantas possibilidades. Porém, vale ressaltar que, para tudo isso acontecer, é necessário que os pais se aproximem e conheçam os filhos que possuem, entregando a eles não apenas “um tempo” e sim “o tempo”; não fazendo diferença serem dez ou vinte minutos do dia, e sim a qualidade daquele momento, o olho no olho, a atenção focada e a intensidade. Quando pergunto aos meus pequenos pacientes o que mais gostam de fazer com seus pais, eles respondem que é o fato de brincarem juntos, demonstrando a importância de se pensar na qualidade do tempo oferecido e o que a ausência disso pode vir a acarretar. CELEBRAR: De que forma pai e mãe podem estabelecer a divisão de tarefas domésticas com filhos? Natani Chaves: Considero alguns pontos a serem levados em consideração pelos pais no momento de dividirem as tarefas entre eles e os filhos, que são: não realizar divisões domésticas considerando o gênero, e sim, por maiores habilidades, considerando a família como uma equipe composta por pessoas diferentes, com capacidades diferentes e importantes, em que cada integrante contribui de sua forma, sem sobrecarregar uma só pessoa; respeitar a faixa etária dos filhos e as habilidades que possuem para desempenhar determinada tarefa. Nesse último caso, vale dizer que, quando a criança participa junto com os pais das atividades domésticas, desenvolve autonomia e independência em qualquer idade. Fotos: Anderson Zanatta