7ª EDIÇÃO Publicação mensal Digital - Julho - Distribuição gratuita - Edição 07 - Ano 01 - www.mais258.co.mz
Caros leitores, É com imenso prazer e orgulho que chegamos à 7ª edição da nossa amada revista digital Moçambicana. Nesta jornada repleta de desafios e conquistas, temos procurado promover a cultura, a diversidade, e as inúmeras riquezas do nosso amado país. É com este compromisso que trazemos mais uma edição que certamente encantará e inspirará nossos leitores.
Ao longo dos últimos anos, temos testemunhado o poder da informação e da tecnologia na construção de uma sociedade mais informada e conectada. Nossa revista digital foi concebida com o objetivo de levar até aos quatro cantos de Moçambique e do mundo um olhar autêntico sobre as nossas raízes, tradições e evolução. E, a cada edição, buscamos superar as expectativas e inovar em nossos conteúdos para que vocês, leitores, sintamse mais próximos da nossa terra e da nossa identidade.
Nesta 7ª edição, estamos ainda mais comprometidos com o nosso propósito. Com uma equipe dedicada e apaixonada pelo que faz, trazemos matérias especiais sobre nossa cultura milenar, os grandes nomes que têm se destacado em diversas áreas, honrando e enaltecendo nosso país.
Além disso, não podemos ignorar os desafios que enfrentamos. O mundo está em constante mudança, e Moçambique também precisa lidar com os obstáculos do presente e do futuro. Temos pautado temas relevantes que merecem atenção e discussão, buscando sempre encontrar soluções que contribuam para o progresso sustentável de nossa nação.
Nesta edição, não poderíamos deixar de destacar o poder transformador da educação e o papel dos jovens na construção do futuro de Moçambique. Mostraremos histórias inspiradoras de jovens que estão fazendo a diferença em suas comunidades, com projetos sociais e inovações tecnológicas, provando que a nossa juventude é a força motriz do desenvolvimento.
Agradecemos, desde já, o apoio contínuo de nossos leitores e parceiros, que nos incentivam a crescer e aprimorar a cada edição. Vocês são nossa motivação para seguir adiante nesta missão de disseminar o melhor de Moçambique para o mundo. Convidamos todos a mergulharem nesta nova edição da mais258 Magazine e compartilharem conosco esse sentimento de pertencimento e amor por nossa pátria. Juntos, escreveremos mais um capítulo dessa história rica e vibrante que é ser Moçambicano.
Obrigado por fazerem parte desta jornada conosco!
Um abraço fraterno,
Ficha técnica
Direção Criativa: Emerson Vidigal
Designer Gráfico: Frederico Bernardo, Helton Gale
Editor de Video: Edilson Massingue
Entrevistadora: Amida Omar
Parceiro Digital: Ace Publicidade
Parceiro Audiovisual: Gevel Studios
Edição e Direção: Muhammad Esmail
Dep. Comercial: +258 872582584
E-mail: comercial@mais258.co.mz
Muhammad Esmail Editorial
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Cantora
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Os Efeitos das Mudanças
Um Alerta Global para a Ação Imediata
Na Vanguarda da Inteligência artificial Samia Cardoso
Os Desafios do Empreendedorismo Atual: Navegando em Águas Turbulentas
Nicolas Nova Era Promotor de eventos
Climáticas:
José Alface
Psicóloga
Lenna Bahule
Índice 3
NICOLAS NOVA ERA
Onde e como surge a Nova Era?
(O início da Nova Era)
Quando eu fazia a minha escola secundária, comecei a carreira de produção de Eventos. E, fazendo a faculdade, já a empresa de entretenimento também já ia crescendo.
E, quando terminei a faculdade, decidi abraçar esta área. Eu vi como fazer crescer e trazer capital para movimentar a
empresa. E, também, ganhar um pouco daquilo que eu produzia. Mas, hoje, a empresa cresceu bastante.
A empresa ganhou nome. A empresa já controla eventos ao nível de Moçambique.
Já controlamos o mercado do entretenimento. Somos uma empresa muito forte no mercado do entretenimento. Em Moçambique, não só na Beira, mas é no Moçambique.
Somos produtores com um varado e grande impulsão. Fazemos eventos corporativos. Fazemos eventos para o público no geral. Tudo o que é eventos de casamentos, eventos ligados a artistas. Enfim, tudo o que é ramo de entretenimento, de eventos, nós somos responsáveis.
Falo da pessoa do Nicolas, que é o dono da marca Nova Era Entretenimento.
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Quais foram as ambições para a criação da Nova Era? (Razões para a criação da NE)
Numa empresa que se chamava Acaru Produções Era uma empresa que tinha lá muitos produtores, muitos sócios. E, pronto, eu não me sentia que a empresa pudesse desenvolver, porque éramos muitos sócios, muitos donos da empresa a trabalharmos num único projecto. Então, eu achei melhor criar uma empresa no mesmo ramo, que se chama hoje Nova Era Entretenimento, que é fruto da Acaru Produções. A Acaru Produções foi como se fosse uma escola, que era para aprender e massificar o entretenimento. Então, pronto, depois decidi criar a Nova Era Entretenimento.
A Nova Era Entretenimento é o filho da Acaru Produções. Tem para quem, na altura, eu fazia eventos, estavam cá pessoas muito importantes, falo de Dominó dos Santos, falo do falecido Teng. Mas são pessoas que eu estava naquele mesmo ritmo de eventos, na altura que era a Acaru Produções.
Então, de noite para o dia, a Acaru Produções esvaiou-se, os membros cada um foi fazer outra actividade, nem todos seguiram o ramo de entretenimento. E eu fui o único, eu e o meu colega Silvio, fomos os únicos que apostamos nesse ramo de entretenimento e acreditamos que era possível fazer o entretenimento. E dali fizemos a Nova Era Entretenimento. Hoje a Nova Era Entretenimento, como eu digo, é uma marca com muita visibilidade ao nível de Moçambique, ao nível de empresas. Hoje trabalhamos com empresas muito grandes, como é o caso da Vodacom, da cornelder de Moçambique, da Jameson,
da Cerveja de Moçambique, dos bancos, BCI e etc, Então, hoje somos uma marca com muita força. Com muita força graças à iteração do público. O público garantiu que a marca fosse feita.
Como encaraste as dificuldades do mercado na altura?
Com dificuldade, é como todo mundo encontra dentro do negócio. Com dificuldade. Nós encontramos e passamos por cima. Damos a volta. Temos um objectivo a alcançar. Então, já encontrei dificuldade de não ter pessoas sérias a trabalhar comigo. Já encontrei dificuldade
de anunciar um artista, e depois o artista também não vem, porque perdeu o voo, por alguma coisa. Tudo aquilo que é dificuldade de entender, no mundo dos eventos, eu já sei lidar com isso. Já sei o que é um artista perder o voo.
É dizer, olha, como ele perdeu o voo? Ele tem que dar uma volta, tem que dar outro voo, mas garantir que o artista... Damos toda a volta, garantir que o artista apanhe o voo, mesmo que seja para a gente, só o artista pagar depois, ou para a gente voltar a pagar, sei lá. Por tudo que é dificuldade, já tivemos que dar essa volta.
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Qual é a razão por apostarem mais em artistas estrangeiros que os nacionais?
Olha, eu sou muito directo e real. Não tenho as dúvidas disso. Não tenho as dúvidas disso. O que acontece? São poucos artistas Mocambicanos que trabalham para poderem ter uma casa ou para poderem fazermos um evento com qualidade. São poucos. Eu conto até com o dedo da mão. Não passam dez. Então, eu sou obrigado a ir buscar os artistas internacionais. Não por minha boa vontade, mas pela vontade do público. Porque quem compra o bilhete, não sou eu, é o público. Então, se o público compra o bilhete, eu tenho que dar ao público aquilo que o público está pedir. Hoje eu posso trazer, por exemplo, trago um artista para o manunes jackson, ok? Porque ele está bater. Amanhã eu vou trazer
de novo manunes jackson, porque ele está bater. Mas, no terceiro evento, o público não vai gostar. Nós é que queremos outras coisas. Coisas novas. O público hoje é muito exigente. O público hoje quer coisas novas, quer coisas de fora. O público exige, o público pede coisa nova e coisa diferente. E nós somos obrigados a dar aquilo que o público está pedindo. E, para garantir, estamos a fazer o entretenimento do gênero. Porque, no nosso país, nós nunca fazemos eventos sem artistas Nacionais, nunca podemos fazer isso. Isso pela honra de segurar a nossa bandeira moçambicana. Nós não podemos fazer nenhum evento com artistas estrangeiros sem colocá-los em um artista moçambicano. Isso não podemos fazer. Nem eu, também, não aceito dentro da nova era. Onde se pensa um artista? Vamos lá. Pensamos, por exemplo, numa anna joyce. Logo, olhamos qual é o
artista que, mais ou menos, faz o compasso também da anna joyce. Quem? Vamos ver, é o Twenty Finger. Então, o Twenty Finger é quem? É o abuchamo munhoto. Colocamos o abuchamo munhoto é nesse intervalo.
Dicas de como se firmar na sociedade do entretenimento!
Olha, eu só deixo uma dica que é muito importante. Que a pessoa que está a entrar nesse mundo de negócio, que ele faça as coisas com amor, com amor, repito, três vezes com amor, carinho e paixão. Através desses pontos, a pessoa vai perceber que está a fazer um negócio que ele ama e que ele tem que fazer com cuidado. Porque tudo aquilo que amamos, nós fazemos com muito gosto e amor. Com cuidado.
Encontre o Nicolas N. Era, na rede:
@nicolas_nova_era 6
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OS EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: UM ALERTA GLOBAL PARA A AÇÃO IMEDIATA
As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças enfrentadas pela humanidade no século XXI.
O aumento das temperaturas médias globais, as alterações nos padrões de precipitação e a ocorrência de eventos climáticos extremos são evidências incontestáveis do impacto do aquecimento global.
Essas mudanças estão afetando não apenas o meio ambiente, mas também a economia, a saúde pública e a segurança em todo o mundo. Neste artigo, vamos explorar alguns dos principais efeitos das mudanças climáticas e a urgência de agir para mitigar seus impactos.
1. Aumento do nível do mar e ameaça às áreas costeiras:
O derretimento das calotas polares e das geleiras contribui para o aumento do nível do mar, ameaçando comunidades costeiras em todo o mundo. Cidades
inteiras enfrentam a possibilidade de inundação, resultando na perda de vidas, infraestruturas e meios de subsistência. Além disso, a intrusão da água salgada nos aquíferos costeiros pode contaminar fontes de água doce, afetando a agricultura e a disponibilidade de água potável.
2. Eventos climáticos extremos: O aumento das temperaturas contribui para eventos climáticos mais intensos e frequentes, como furacões, ciclones, tempestades e secas prolongadas. Esses eventos extremos provocam danos significativos em áreas urbanas e rurais, causando prejuízos econômicos e colocando vidas em risco. Agricultores têm dificuldades em prever padrões climáticos, prejudicando a produção de alimentos e a segurança alimentar.
3. Impactos na biodiversidade e ecossistemas:
As mudanças climáticas estão perturbando ecossistemas terrestres e marinhos, afetando a distribuição geográfica de espécies e levando à perda de biodiversidade. Muitos animais e plantas enfrentam dificuldades para se adaptar rapidamente às novas condições climáticas, resultando em diminuição de populações e extinções. Ecossistemas saudáveis são essenciais para o funcionamento equilibrado do planeta e são fundamentais para a sustentação da vida humana.
4. Riscos à saúde humana:
As mudanças climáticas têm implicações diretas na saúde das pessoas. O aumento das temperaturas pode levar a ondas de calor mais frequentes e intensas, afetando particularmente os idosos e os mais vulneráveis. Além disso, mudanças nos padrões de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, podem
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ocorrer à medida que os habitats dos vetores se expandem para regiões antes inabitáveis.
5. Escassez de recursos hídricos: A disponibilidade de água doce é essencial para a vida humana, agricultura e indústria. No entanto, as mudanças climáticas afetam os padrões de chuva e a recarga de aquíferos, resultando em escassez de recursos hídricos em muitas regiões. Isso pode levar a conflitos e tensões entre comunidades por acesso à água potável.
Diante desses desafios, é crucial que governos, empresas, sociedade civil e indivíduos ajam coletivamente para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. É necessária uma transição para fontes de energia limpa e renovável, o investimento em tecnologias
sustentáveis e a implementação de práticas agrícolas e industriais mais ecológicas.
Além disso, é essencial a cooperação internacional para enfrentar essa ameaça global. Os países mais desenvolvidos têm uma responsabilidade maior, pois historicamente foram os maiores emissores de gases de efeito estufa. Transferência de tecnologia, assistência financeira e ações conjuntas são necessárias para ajudar as nações mais vulneráveis a se adaptarem aos efeitos inevitáveis das mudanças climáticas.
A urgência é real e iminente. Adiar a ação só aumentará o custo econômico e humano de lidar com os impactos das mudanças climáticas. Todos nós
temos um papel a desempenhar. Pequenas ações individuais, como economizar energia e reduzir o consumo de produtos com alta pegada de carbono, podem ter um impacto significativo quando multiplicadas em escala global.
O futuro da nossa casa comum, o planeta Terra, está em nossas mãos. É hora de agir em conjunto, com visão e determinação, para preservar nosso meio ambiente e garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras.
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JOSÉ ALFACE
NA VANGUARDA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Quem
é José Alface?
Jose Alface é um jovem moçambicano de 38 anos. Nasceu e cresceu na Beira. Foi a Maputo em 2004 para fazer licenciatura pela UEM em Oceanografia.
Em 2008 gradua na UEM e em 2009 vai a Califórnia nos Estados para fazer Mestrado em Engenharia Informática. Actualmente ele é um engenheiro informático sénior na Adobe, empreendedor, com hoobies que incluem a música e aviação(piloto)
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Qual é a sua área de formação?
Engenharia Informática
Quais as razões para ingressar por outros horizontes?
Desejo insaciável de aprender, desenvolver e crescer
Como é ser moçambicano a residir nos EUA?
As vantagens certamente superam as desvantagens. Como um país do primeiro mundo, os Estados Unidos possui as infra-estruturas básicas para uma vida confortável e isso é bom. Mas por outro lado, é uma cultura extremamente exigente e dinâmica o que requere uma elevada capacidade de adaptação
Também é músico, como é a sua actividade fora do país de origem?
É boa. Aqui temos uma grande concentração de talentos e acesso à informação o que faz com que o processo de formar bandas e gravar muito mais fácil que em outros países.
Quais são os desafios e vantagens de residir fora do país?
Acho que depende do país. Estados Unidos definitivamente oferece muitas vantagens: as oportunidades são melhores, o acesso ao melhor sistema de educação e saúde, uma justiça e instituições que funcionam e muito mais. Desvantagens inclui estar longe da família de origem, língua e cultura diferentes, mas o inglês é quase universal neste momento, portanto a barreira linguística é quase que nula para muitos estrangeiros.
Conte-nos experiências profissionais que já tiveste fora do país?
Um facto curioso da minha experiência é que eu nunca trabalhei em Moçambique. O meu primeiro trabalho oficial foi cá depois de graduar, portanto toda minha experiência profissional é no contexto americano. Feliz ou infelizmente não tenho um outro ponto de comparação.
Como é trabalhar com a IA?
É um sonho. Uns dos meus grandes interesses intelectuais é o cérebro humano — a máquina mais complexa que a evolução já produziu.
De pensar que até hoje o cérebro humano é um total mistério para nós é extremamente desafiante e eu acho desvendar os segredos
deste mistério é a última fronteira de descobrimentos que ainda não foi conquistada pelo Homem.
IA é a tentativa mais promissora que desenvolvemos não só para recriar as funcionalidades do cérebro humano, mas acima de tudo para finalmente compreendêlo.
Como olhas para a evolução da IA nas gerações vindouras?
IA é equivalente a revolução industrial ou a descoberta da electricidade em termos de impacto na história da humanidade. Como plataforma, o computador teve 3 grandes momentos. O primeiro foi com a construção do primeiro computador, o ENIAC,
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desenvolvido pelo exército americano.
O segundo momento foi a invenção do PC (personal computer), o Apple II, no fim dos anos 70 pela Apple. O terceiro foi quando o computador tornou-se móvel com a invenção da telefone móvel.
A IA é o quarto e o mais significativo desenvolvimento nessa linha e terá mais impacto do que todos os outros momentos anteriores.
Como a IA pode contribuir de forma significativa no desenvolvimento do nosso país?
A IA democratiza o acesso de funcionalidades altamente complexas e especializadas. Qualquer um que saiba proferir comandos verbais será capaz
de criar desde um website a executar tarefas online que antes requeriam conhecimentos muito especializados.
Quais são as tuas ambições futuras?
A minha maior ambição é continuar na linha de frente dos desenvolvimentos na IA e o mundo da tecnologia em geral. Quero ver meus filhos crescer saudáveis, curiosos e quero contribuir para o desenvolvimento do meu país.
Quais conselhos deixarias para quem gostaria de viver fora do país?
Escolha com calma e ponderação o país. Estude a cultura e a estrutura da sociedade onde
pretende imigrar. Quando la chegar se esforce para ser útil e contribuir com algo tangível. Não vá para fora a procura de esmolas, ou de alguém para cuidar de ti; vá porque tens um certo potencial que pretendes alcançar e seja muito sério no processo de chegar lá. Na vida tudo é um processo e é preciso percebermos exactamente o que isso envolve e nunca desistir.
Encontre o Jose Alface, na rede:
@zeus.do.indico 12
SÁMIA CARDOSO PSICÓLOGA CLÍNICA
Sou Sámia Cardoso, jovem moçambicana, sou mãe, esposa e uma mulher que tem pavor de não aproveitar cada minuto da vida fazendo alguma coisa que seja significante para a própria existência, adoro ler (atualmente leio clássicos e livros técnicos sobre psicologia) tenho formação superior em psicologia clinica, pós graduação em psicopedagogia e estou a terminar o meu mestrado em Recursos Humanos.
Comecei a trabalhar desde muito cedo desde os 17 anos, nesta altura comecei por trabalhar na área comercial como chefe de armazém e continuei nesta área sempre com diversas funções em simultâneo.
Também trabalhei na área de comercialização de cereais (milho, gergelim, feijão, mapira, castanha de caju, outros) por um período de 10 anos.
Atualmente sou psicóloga atuante de forma autónoma a sensivelmente 3 anos.
Trabalho de forma autónoma porque apos o término da formação em psicologia corri atrás da tâo desejada carteira profissional, para obtenção da mesma precisei fazer um estágio profissional em uma instituição publica, o processo para a obtenção da carteira profissional
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não foi o mais tranquilo, tendo conseguido esta, um novo desafio iniciou-se.
Desejava trabalhar na área clinica e para isso demandei todos os recurso e tramites para conseguir um emprego mas, sempre foram tentativas frustrantes, tenho como principio fazer sempre alguma coisa não importa o quê, voltei a submeter um pedido a mesma instituição onde estagiei para que pudesse trabalhar com psicóloga voluntária, trabalhei por mais um ano neste mesmo local, tendo já adquirido alguma experiencia clinica na área decidi que era chegada a hora de fazer alguma coisa diferente do que estava a fazer.
No entanto nem tudo foram mares de rosas, tudo organizado para o próximo passo somos surpreendidos com a pandemia, nesta altura também não consegui ficar parada e fundei uma marca de acessórios de moda a extinta hande_made.SR. em simultâneo vendia flores naturais que era uma febre na altura da covid, usei isso a meu favor para continuar fazendo alguma coisa.
Não tendo desistido da minha vontade em exercer a psicologia clinica tive a ideia de abrir a minha própria clinica, no entanto, mais uma vez, não seria possível a realização deste sonho, um dos maiores impedimentos que encontrei era que para abrir uma clinica e ser a diretora clinica
eu precisaria de ter a carteira profissional com pelo menos 5 anos da atuação e, preencher uma serie de requisitos necessários para que essa pudesse ser uma realidade, a verdade é que por muito que tentasse eu não conseguia por diversos fatores abrir uma clinica, a vontade estava lá, mas não preenchia o leque de requisitos necessários. nesta mesma altura já fazia prestação de serviços psicológicos as clinicas da cidade de Maputo.
No entanto ainda não estava satisfeita, queria mais, não queria estar dependente. Foi dai que eu precisei informar-me sobre quais outras formas seriam viáveis para que pudesse de forma legal e autónoma trabalhar na área
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sem que estivesse vinculada a um emprego formal ou a simples prestação de serviços á clínica. Respostas vieram e abri o consultório de prestação de serviços em psicologia. De lá para cá venho dedicandome a trabalhar nele, não posso reclamar, no entanto, continua sendo desafiante. Outros desafios como psicóloga a atuar na área são muitos. Estes começam pelo nível de reconhecimento muito baixo que esta área tem.
Mesmo que não pareça, ainda há muitos tabus em relação ao tratamento psicológico/ psiquiátrico é muito negligenciado a importância do cuidado com a saúde mental. Temos muito que trabalhar para a valorização desta
área começando pela educação sociocultural da população.
As pessoas ficam doentes por diversos fatores e o seu psicológico bastante afetado, no entanto, é normal procurar-se ajuda em todos os lugares menos em psicologia, vindo apenas como última instância ou ultimo recurso, e ainda assim vem com pouca esperança de conseguir ajuda de facto. O que por si só é uma postura que já dificulta o trabalho do profissional, porque a pessoa não vai despida de suas crenças. Muitos vem com nível de esperança baixo, uma postura pouco colaborativa para o próprio processo terapêutico.
Outro grande desafio de trabalhar nesta área é de receber em
consultório indivíduos que esperam que o profissional os diga o que fazer com os problemas que trazem, o profissional psicólogo não tem respostas pré-concebidas para os clientes/pacientes.
Nosso trabalho é munir o individuo de habilidades para que ele mesmo tenha autonomia para perceber com clareza o que esta a passar e escolher das ferramentas que tiver a que for mais adequada para a então situação.
Só que para isso o individuo não pode querer respostas do que fazer vindo do profissional, mas sim, ter consciência que vai passar por um processo que poderá ser longo, mas que no final poderá adquirir mais estratégias/ habilidades/conhecimento do que fazer em varias situações, porque este processo terapêutico poderá também levar o individuo a um nível de autoconhecimento muito grande, essa é a ferramenta fundamental para que possa responder bem as adversidades do dia a dia.
Hora bem, digo poderá ter estratégias porque se não aplicar o sugestionado no decorrer do percurso que estiver a ser acompanhado por um psicólogo este continuará sem autoconhecimento e sem habilidades para usar quando necessário, (a terapia começa quando a sessão termina. Você deve ser o compromissado com sua tentativa de mudar de hábitos e com eles ter melhores resultados sobre vários aspetos).
Ainda olhando para os desafios dentro da minha atuação clínica, tem sido o trabalho com os relacionamentos conjugais, onde estes relacionamentos estão demasiados descartáveis, há
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pouca tolerância, a ideia de esforço para que as situações complexas sejam ultrapassadas é quase uma utopia. Sem falar das violências das dependências da falta do comprometimento, da banalização da preservação da instituição “família”. Do alinhamento na educação dos filhos.
São muitos os problemas que envolvem a convivência dos casais. Vou trazer apenas um alerta para todos nós que temos ou que um dia teremos nossas famílias e que o bem estar desta instituição passa pelo amadurecimento de cada um de nós como indivíduos de forma singular.
Gostaria que os indivíduos numa relação ( casais ) percebessem que os relacionamentos interpessoais são por si só complexos, desafiadores e até
difíceis algumas vezes, no entanto, este facto não quer dizer que não exista amor ou que os problemas não se podem resolver, podem.
Só que para que isso aconteça os casais precisam apoiar-se na necessidade de demandar esforço, empenho, ajustes, compromisso e decisão de fazer com que dê certo. Não existe um casamento sem crises, mas também não existe um que viva em crise para sempre.
Veja, relacionamentos Pais e filhos são difíceis, entre amigos são difíceis, com os colegas e superiores hierárquicos também são difíceis, muitas fazemos esforço para que todos estes se ajustem.
O seu relacionamento conjugal precisa da mesma valorização e esforço.
Outros desafios inerentes a profissão para mim atualmente são:
• Estar permanentemente atualizada sobre as formas de capacitação dos pacientes, ou seja saber usar as ferramentas digitais para este fim. Ter um consultório apenas não garante trabalho, também não garante ter pacientes é preciso fazer nome, ser reconhecido, ser visto, mostrar trabalho e resultados, inovar, ser flexível para que efetivamente se consiga trabalhar. Ser psicóloga independente é por si só um desafio.
Um sonho para mim é que no futuro haja valorização desta área, é a existência de psicólogos acessíveis para todos e em todos os lugares, é que a psicologia não seja tida como artigo de luxo e só vai ao psicólogo quem tem recursos financeiros, é a desmistificação de que ir ao psicólogo é para “louco” é o reconhecimento da importância da saúde mental.
Encontre a Sámia Cardoso, na rede:
@psi.samia_cardoso
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OS DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO ATUAL: NAVEGANDO EM ÁGUAS TURBULENTAS
Oempreendedorismo tem sido uma força motriz essencial para o crescimento econômico, a inovação e a criação de empregos ao longo dos tempos. No entanto, o cenário atual do empreendedorismo é caracterizado por uma série de desafios complexos e em constante evolução. Neste artigo, examinaremos alguns dos principais obstáculos enfrentados pelos empreendedores nos dias de hoje e como eles podem superá-los para alcançar o sucesso.
1. Competição Acentuada: O aumento exponencial do número de startups e empreendimentos tem gerado uma concorrência feroz em praticamente todos os setores. As barreiras de entrada mais baixas, impulsionadas pela tecnologia e pela globalização, significam que novos concorrentes podem surgir rapidamente e abalar a posição de empresas estabelecidas. Para superar esse desafio, os empreendedores devem se concentrar na diferenciação de seus produtos ou serviços, na construção de uma marca sólida e na busca contínua por inovação.
2. Instabilidade Econômica:
Os empreendedores enfrentam a incerteza econômica decorrente de ciclos econômicos voláteis, crises financeiras e mudanças políticas. Essa instabilidade pode dificultar o acesso a recursos financeiros, desencorajar o investimento e afetar o comportamento do consumidor. Para mitigar esses riscos, é crucial que os empreendedores adotem uma abordagem cautelosa ao gerenciamento financeiro, mantenham a flexibilidade em seus planos de negócios e estejam preparados para ajustar suas estratégias conforme necessário.
3. Avanços Tecnológicos Rápidos: A velocidade sem precedentes com que a tecnologia avança pode ser um desafio tanto para empreendedores quanto para empresas consolidadas. Enquanto a tecnologia oferece novas oportunidades, ela também pode tornar obsoletos modelos de negócios e produtos rapidamente. Os empreendedores precisam acompanhar de perto as tendências tecnológicas relevantes para seu setor, adotar inovações pertinentes e estar dispostos a pivotar suas
abordagens de negócios quando necessário.
4. Mudanças nas Preferências do Consumidor:
As expectativas dos consumidores estão em constante mudança. Eles buscam experiências personalizadas, produtos ecologicamente corretos e marcas que valorizam a responsabilidade social. Além disso, a crescente conscientização sobre questões éticas e de sustentabilidade influencia as decisões de compra. Os empreendedores devem ser ágeis para responder a essas mudanças nas preferências do consumidor, adaptando seus produtos e estratégias de marketing para atender às demandas emergentes.
5. Questões Regulatórias e Legais: O ambiente regulatório pode ser complexo e varia de país para país e de setor para setor. Cumprir com as normas legais é essencial para evitar multas, litígios e danos à reputação. No entanto, acompanhar e interpretar constantemente a legislação pode ser um desafio para os empreendedores,
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especialmente aqueles com recursos limitados. É fundamental buscar aconselhamento jurídico especializado e estar atualizado sobre as leis aplicáveis ao seu negócio.
6. Gestão de Talentos: Recrutar e reter talentos qualificados é um dos maiores desafios do empreendedorismo atual. A competição por profissionais talentosos é acirrada, e as startups muitas vezes precisam competir com empresas estabelecidas que oferecem salários e benefícios mais atraentes. Além disso, manter a equipe motivada e engajada
pode ser um desafio adicional. Para superar essas dificuldades, os empreendedores devem criar um ambiente de trabalho atrativo, oferecer oportunidades de crescimento profissional e estabelecer uma cultura corporativa positiva.
Conclusão: Apesar dos desafios que os empreendedores enfrentam atualmente, o espírito empreendedor continua sendo uma força impulsionadora vital na economia global. Compreender e superar essas dificuldades requer resiliência, agilidade e uma mentalidade orientada
para a inovação. Ao enfrentar esses desafios de frente, os empreendedores podem abrir caminho para o crescimento e o sucesso em um cenário competitivo e em constante mudança. O empreendedorismo é uma jornada desafiadora, mas também pode ser uma jornada recompensadora para aqueles que perseveram e se adaptam às demandas do mundo moderno.
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LENNA BAHULE CANTORA
Sobre memórias daqui. É um álbum virado as músicas infantis, se ass podemos afirmar. Em quem consistiu a sua criação.
O Memórias daqui pra me, ele é muito mais do que apenas gravar músicas, ele é a minha forma de devolver a comunidade de alguma forma nê, é um projeto que surgiu ao longo dos anos da minha pesquisa e do trabalho que fiz como artista educadora ou como uma pessoa que ministrava oficinas de jogos e brincadeiras de Moçambique que ministrei muitas oficinas mais de, sei lá, mais de 100, mais de 200 oficinas eu devo ter feito nesse período todo nos últimos 10 anos e quando eu uma coisa que percebi é quando eu fazia as oficinas e eu ensinava as pessoas essas brincadeiras eu percebia o quão rico era o conteúdo nê porque uma coisa é chegar e cantar ensinar e fazer uma coisa espontânea para mim outra coisa é ter que explicar como é o contexto histórico entender o ritmo, eu até acabei desenvolvendo tive que pegar uma brincadeira que é tipo um gogo xomela que se chega “gogo xomela hamm xomela” tive que destrinchar aquele então eu achei muito interessante eu tive que ah então o ritmo é assim depois de ensinar a letra depois de ensinar a pronúncia depois de ensinar a palma depois de ensinar o movimento nê, tive que destrinchar a coisa nê aos pouquinhos e isso foi-me mostrando o quão rico esse material é que é uma coisa que às
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vezes nós que fazemos isso de uma forma espontânea não damos valor nê não reconhecemos a riqueza que é não só em termos de memória, mas em termos de crescimento cognitivo psicológico social e tudo mais então quando então e eu via como as pessoas reagiam em relação às brincadeiras então eu senti que não acho que é tá na hora de eu compilar esse material de uma forma que os moçambicanos também possam desfrutar porque nós temos aqui uma geração de crianças que tá para chegar e que não tem noção do que é a cultura nê e é função nossa dos que estamos aqui dos mais velhos que vivemos isso passar isso para as crianças
para que isso não morra e uma coisa que percebi e uma coisa que percebi é que nós não temos nós estamos totalmente distanciados da nossa cultura nós não levamos isso como algo que podemos preservar e cuidar e manter vivo nê e, portanto, nós temos crianças que não tem a mínima ideia do que é um jogo popular o que é brincar de roda tão somente a reproduzir coisas de outras culturas.
Seria também a sua criação uma critica á educação educação infantil que vem se vivendo actualmente?
definitivamente porque a partir do momento que eu trago essas
músicas no contexto de disco no contexto consumível não somente porque acontece nós estamos que as brincadeiras são para serem feitas na periferia em roda e já está nê achamos que são coisas que não cabem numa festa são coisas que não cabem num contexto urbano são coisas que não cabem no espaço decorado para as pessoas se divertirem nós achamos que isso tem que ficar somente num lugar periférico e perdido e abandonado e não é isso e a intenção de fazer o disco um disco bem-feito com arranjos com acabamento que uma pessoa comprar e ouvir no carro colocar numa festa e dançar era mesmo essa intenção mesmo de provocar de dizer olha a nossa cultura ela é tão consumível quanto essa galinha pintadinha que você escuta que você coloca na festa do seu filho não precisa ouvir galinha pintadinha quando você tem um disco aqui é da nossa cultura que toca as nossas músicas e que você pode dançar assim como você que até você só põe lá deixa tocar nem interagem com aquilo é só porque é uma coisa boba aí né então também tem essa intenção de colocar as pessoas num lugar de autorreflexão como é que nós estamos a cuidar do espaço das crianças como é que nós vemos a infância como é que nós vemos o conteúdo que produzimos para as nossas crianças, tipo nós temos dito “é de criança é menos” nê e não é menos nê então a proposta desse trabalho é mesmo de trazer essa reflexão de trazer essa conversa de trazer esse entendimento para gente parar de diminuir o que é nosso diminuir o que é da criança e começamos a ser um pouco mais responsáveis com o tipo de conteúdo que expomos para os nossos filhos.
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Fale-nos mais do Batucorpo!! O que é exatamente?
Ok, então Batucorpo é também a minha forma de devolver à comunidade. Na verdade, eu só voltei para Moçambique para isso para devolver porque assim eu tive muitas vivências em São Paulo, vivências que para mim foram muito transformadoras e das vivências mais importantes que tive, das vivências mais importantes foi exatamente ver a importância do coletivo na importância das atividades
musicais no contexto coletivo Então, pronto, o Brasil, falando um pouquinho com as memórias daqui só para fazer a conta no Brasil eles têm um acervo de jogos, de canções populares brasileiras e as pessoas fazem isso de forma quotidiana, normal em espaços, é natural. As pessoas tomaram propriedade sobre a sua própria cultura, tá já percebendo? Então, o Batucorpo é uma forma também de... eu fiz parte de um projeto que começou com três pessoas e evoluiu para mais de 200 pessoas e agora é um projeto gigante
que é internacional, que recebe pessoas do mundo todo que vem participar, que é o Fritura Livre. Iniciou com um grupo de estudos de música cultural, passamos a fazer essa prática na rua, na praça aberta, as pessoas começaram a vir, a aparecer, a participar, que eventualmente virou um projeto grande que acontece anualmente, já não acontece tanto... acho que já não acontece mensalmente, mas vem fazer uma vez por mês e já estiveram cerca de duas pessoas a fazerem música cultural no parque as pessoas sentem uma
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necessidade de se divertir, de fazer música com isso de estarem em coletivo e tudo mais. Então, eu testemunhei o impacto disso na criação de rede, na transformação de pessoas já tivemos relatos de pessoas que estavam quase depressivas, mas que tiveram parte daquele dia específico, aquilo mudou a vida delas Então, o Batucorpo é uma forma de, literalmente, trazer a música para perto de nós, a música para entender que a música não precisa ser feita somente num palco, entendeu? A música está
connosco em todos os lugares e que pudemos acessar a música de todas as formas, e que não precisamos necessariamente terceirizar a nossa vontade de fazer música Eu só faço música se eu tiver um piano. Ah, eu não toco piano, eu não... Música é uma entidade suprema, ela é além de qualquer instrumento, ela é além de qualquer artefacto para ela ser feita e o Batucorpo tem essa intenção de trazer conexão, de trazer as pessoas para ocuparem a cidade de uma forma diferente, de trazer uma relação com o seu corpo, com a sua perceção, com a sua criatividade de uma forma diferente Então, tem essa coisa quase que terapêutica, mas não é essa a intenção, a intenção é
mesmo só trazer, só colocar as pessoas num lugar mais leve com a vida e a música está mais perto, entendeu?
Tem intenção de tornar Batucorpo mais popular?
Olha, eu vou ser sincera, eu quando decidi fazer o Batucorpo, não tinha intenção de fama era um desejo que eu tinha de, meu pessoal, de fazer música para mais pessoas de uma forma aberta, livre, nê?
Porque eu vivi sete anos fazendo isso e eu sinto falta, e eu vi como isso foi transformador na minha vida, então tem mais a ver com uma coisa minha, de que ele está junto com pessoas fazendo
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música, sem estar na minha função de trabalho. O Batucorpo, para mim, é meu trabalho social, no sentido de que é o que eu faço e tudo mais, mas eu faço porque eu quero-me divertir, porque me faz bem, porque eu quero ver as pessoas bem e é a forma que achei de tranquilamente poder fazer isso sem ter o peso e a cobrança de ter que entregar algum resultado ou atender alguma expectativa. Então, eu não fiz com o objetivo de ser um projeto famoso, eu imagino que ele vai ser, se eu continuar fazendo, eu por acaso faço uns meses que eu não puxo ainda porque estava a organizar questões da minha vida e tal, mas a ideia é que ele seja mensal também
mas em São Paulo, ele acontecia mensalmente porque era mais de uma pessoa conduzindo, né? Era um coletivo de pessoas, então, se eu não podia, outra pessoa puxava, nós éramos um grupo que puxava, né? Então, nunca morria porque não estava centralizado, era uma coisa descentralizada então, por isso que a gente conseguiu manter a coisa por anos e anos e anos de forma consistente mas aqui, infelizmente, ainda está muito dependendo da minha agenda e da minha disposição, coisa que eu não queria, enfim, tenho tentado mudar isso, acho que vai levar algum tempo até isso se transformar, mas eu confesso que o Bato Corpo, eu não fiz com a intenção
de virar um projeto famoso, não eu fiz porque eu quero fazer isso, quero fazer rede, quero estar junto com pessoas de uma forma livre, descontraída sabe? Porque eu trabalho muito durante a semana, estou sempre ali a conduzir, estou sempre a liderar, estou sempre na função e essa coisa, né? De muita expectativa, trabalho então, o Bato Corpo pra mim é um lugar de tranquilidade, diversão, sem o peso e a expectativa de chegar em algum resultado, então, se tiver 5 pessoas, eu estou feliz, se tiver 30 pessoas, que é o que tem tido, estou também igualmente feliz né? Então, é isso
A junção entre o corpo e alma faz de si uma artista única. Explique nos a sua inspiração para a criação do projeto Kumlango?
Quando voltei para cá, eu tinha um projeto lá em São Paulo, tinha toda uma dinâmica, nê, banda e tudo mais, e eu vim para cá e não formei banda, não tenho nenhum grupo fixo, não tenho banda ainda, tenho feito sozinha porque eu sou uma pessoa que eu gosto de trabalhar com pessoas que têm a ver comigo, eu gosto de ensaiar, eu sou uma pessoa que gosta de trabalhar a longo prazo quando se trata de fazer música, eu sou uma pessoa que trabalha com ensaios regulares, não sou uma pessoa que ensaia para uma gig e acabou esse dia que todo mundo segue vida, eu gosto de ter grupo porque para mim o som é resultado da intimidade que é construída dentro desse coletivo, então e aqui os músicos aqui não estão para essa cena, não estão para essa cena, eles são um bando de guiqueiros irresponsáveis, então eu levei muito tempo, muito tempo para achar a pessoa, inclusive até em termos de instrumentação, sou muito
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específica com instrumentação, não sei se vocês já perceberam, eu quase, todas as minhas formações de banda são sempre diferentes, então é um bandolim, ou é baixo e voz, ou é vozes, eu não faço a instrumentação convencional porque não é a minha cena, então até eu achar a pessoa, eu fiquei um bom tempo só observando quem são os músicos que estão na praça, como é que cada um faz, como é que cada um se comporta, não sei o que, e não achei ninguém que eu sinto que vale a pena eu investir tempo, dinheiro e dedicação de tentar criar ali um vínculo criativo, não aconteceu, a única pessoa que aconteceu foi o Muhamago precisamente, só que o Muhamago ele trabalha com música eletrónica, então ele é um músico também, ele toca também, mas ele usa os aparelhos para esse
processo criativo, e como eu já estava com o interesse de explorar um pouco da música eletrónica, eletroacústica, que não é o mesmo que fazer beats em estúdio e tocar com um instrumental, não é, tem toda uma ciência que é feita, nós fazemos toda uma pesquisa de som, nós gravamos, ele processa, tem uns equipamentos específicos, e tudo que ele faz é ao vivo, tem algumas coisas que nós fazemos pré-gravadas, mas nós fazemos de uma forma que é ao vivo, porque eu sou uma artista de fazer as coisas ao vivo, eu não sou uma pessoa de reproduzir coisas, então o Muhamago foi o cara que achei que poderia trazer esse peso para dar o som, dialogando um pouco com a tendência atual também, dar um pouco com a música eletroacústica e tal, e que eu conseguiria fazer as músicas
que eu fazia com 10 pessoas em uma pessoa, então nós usamos ali uns backtracks, fazemos algumas coisas que dão esse peso, porque olha, preparar pessoas para fazer as minhas músicas são anos.
O Nomade por exemplo, a primeira vez que a gente subiu no palco, a gente ensaiou durante 6 meses, e isso foi o primeiro show, e nós continuamos a ter encontros regulares, uma vez por semana, como manutenção mesmo, e é impressionante como só melhorou, mesmo tendo ensaiado 6 meses, o primeiro ‘show’ foi o mais fraco de todos os ‘shows’, só foi melhorar anos depois de a gente ter continuado por regularidade, então assim, e já eram pessoas que já estavam no caminho da música vocal, já estavam no caminho da improvisação, já estavam nisso, aqui no Maputo não tem pessoas que estão nisso, são pessoas que eu ainda vou ter que ensinar, vou ter que ainda convencer, então eu não estava disposta a fazer isso, é muito grande esse trabalho, então eu optei por mudar o projeto, me encerrar o Nomade, o Nomade acabou, é um projeto que não tem mais como fazer, então e começar um processo novo, então aqui também eu venho compondo músicas novas, estou com outras narrativas, então achei que o Kumulangu teria essa perspetiva, então o Kumulangu basicamente é o meu próximo projeto, é o nome do meu próximo disco que eu estou a começar, a falar sobre ele, e é isso. E ele vai crescendo, esse ano nós vamos lançar os ‘singles’ dos vídeos que fizemos, e no ano que vem nós vamos fazer o ‘show’ de lançamento.
É um álbum, neste caso, com lançamento simplesmente para 2024, é isso?
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sim, requer muito trabalho, e é difícil, sabe, já é difícil lançar o segundo álbum depois de ter tido o primeiro, porque já tem uma expectativa, as pessoas já ficam ali, exatamente como tu disseste, ah, é diferente do que nós estamos habituados, então como que manter o interesse ao mesmo tempo, se permitindo, porque a gente precisa fazer coisas diferentes como artistas, não precisamos estar sempre a fazer as mesmas coisas, e eu sou essa pessoa total, eu jogo tanta energia num projeto, e quando eu encerro esse projeto, eu encerro esse projeto, porque eu joguei muita energia, joguei todo um pacote de criatividade que trabalhei por anos num projeto, então quando eu faço outra coisa, é isso, é uma outra história, é uma outra energia criativa, são outras referências, são outros caminhos, né? E o Kumulango é isso totalmente, assim, a minha voz, a minha forma de cantar é diferente, o tipo de sonoridade que eu coloco no Kumulango é diferente, o tipo de ritmos que eu estou colocando no Kumulango é diferente, o tipo de letras que eu estou colocando no Kumulango é diferente, então, pronto, é muito processo.
E mesmo para terminar, quais são as expectativas para este projeto?
Olha, realmente assim, o Kumulango eu estou a fazer muito com foco internacional, porque eu sinto que o primeiro disco eu fiz ele um pouquinho com foco brasileiro e foco moçambicano.
E também era um disco que estava muito relacionado àquela coisa, o meu primeiro disco, eu quero começar aquilo que está vivo agora, como eu quero-me mostrar ao mundo, olha, é isso que eu venho fazendo até agora, é isso, onde eu estou agora, o Kumulango
já não. É um disco que eu realmente estou a colocar a minha energia, abrir as portas para dialogar com o mercado africano, dialogar com os moçambicanos, então vai ter mais letras com línguas locais do que o primeiro disco. O primeiro disco era mesmo só viagens, coisas que eu aprendi até então, e esse segundo disco tem uma coisa mesmo de já trazer uma conversa mesmo com o público, não ser uma coisa que é só ouvir, ah que bonito e tal, mas uma coisa que realmente traz uma reflexão.
Porque eu acho que a letra que as pessoas possam entender e saber o que eu estou a dizer ajuda muito as pessoas a conseguirem dissertar sobre a letra, sobre a música, e não somente acharem a música bonita, mas também trazer para um lugar de dialogar sobre o que está sendo dito e refletir sobre isso. Então, o Kumulango tem um pouco essa intenção mesmo de trazer as pessoas para um lugar
mais de, não só contemplação, mas de reflexão mesmo. Acho que reflexão é a melhor palavra que eu posso achar sobre o que está sendo dito. Então, e aí tem foco também no mercado internacional, né? Não tanto no mercado brasileiro desta vez, porque acho que é um disco que é um trabalho que não fala muito com o mercado brasileiro, mas fala certamente com o mercado internacional europeu e africano. Está sendo um pouco em termos de alcance, né?
E essa é a minha intenção. Eu quero mesmo que seja um disco que as pessoas aqui em Moçambique escutem. Sabe assim, tipo, vou escutar este disco, vou cantar, eu quero cantar essa música. Sabe assim? Tem um pouco essa intenção.
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