Edição 134 - Junho/Julho 23

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Um espaço para discutir avanços, inovações e celebrar parcerias

Com um conteúdo focado na participação dos nossos principais parceiros, mostrando opiniões de executivos e das principais lideranças do setor, sem abrir mão do conteúdo inovador que é sua marca, o ID está chegando.

A Radiologia e o Diagnóstico por Imagem extrapolam os limites como especialidade, e a tecnologia tem um papel fundamental na Medicina moderna, ao abrir os caminhos para o diagnóstico, para acompanhar a conduta, definir o destino

CADERNO

INOVAÇÃO

Criado para abrigar artigos científicos, de revisão, de atualização, relatos de casos, o Caderno Application tem como proposta mostrar o que se faz de bom em nosso País, sem o compromisso acadêmico. E, nesta edição trazemos artigos da Radiologia da Santa Casa de São Paulo, do Hospital Sírio Libanês, da Clínica Mamorad, de Porto Alegre e, em primeira mão, artigo do Hospital Albert Einstein, liderado pela dra. Bruna Tachibana (foto) intitulado “Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação”.

Um tema que pode ser de grande interesse na prática diária dos serviços.

VEJA TAMBÉM

de pacientes e até intervir via radiologia intervencionista. E, nesse complexo de realidades, a JPR é o espaço para mostrar os avanços científicos, através de especialistas diversos e mostrar o que de mais moderno existe ou está chegando.

E, dessas parcerias, abrir espaço para vinda de convidados, como o Dr. Armin Zadeh, do John´s Hopkins Hospital, da CEO da Philips, Fabia Tetteroo Bueno, do executivo da Bracco, Duccio Manetti, focado na sustentabilidade, e da executiva da Agfa, Nathalie MCClaugley, formalizando parceria com a Konimagem, para representá-la.

Um grande sucesso, com recorde de participações. Confiram, pág. 6

Um novo olhar sobre o impacto da Radiologia no meio ambiente

Inovar é a palavra do momento, em todos os segmentos da imagem. Mas, conhecer em mais detalhes o impacto dos avanços tecnológicos no meio ambiente está se tornando obrigatório e merece re flexões. É o que mostra matéria na pág. 5, com os drs. Cesar Higa Nomura e Ari Araujo, do Hospital Sírio-Libanês e do Incor-SP, que mostram números preocupantes “sobre o consumo de energia gerada pelos equipamentos de RM e TC” e apontam alguns caminhos para solucionar ou pelo menos amenizar estes problemas.

Estudo suíço mostra que “quatro máquinas de RM e três CT ao longo de um ano, com seus sistemas de resfriamento associados era equivalente ao necessário para abastecer uma cidade de 852 pessoas e um custo de aproximadamente U$ 200 mil”.

Vejam também na pág. 8, matéria com o dr. Bruno Hochhegger sobre Alterações Respiratórias das lesões císticas de fumantes.

Congresso do CBR será no Rio

Três dos principais eventos da especialidade serão realizados nos próximos meses: Curso Feres Secaf, em São Paulo; Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem, no Rio de Janeiro e Congresso de Ultrassonografia da SBUS em São Paulo. Temas de grande interesse, convidados internacionais e oportunidade de atualização. Pág. 22

JUNHO / JULHO 23 - ANO 22 - Nº 134 INTERAÇÃO
Prof. Armin Zadeh, do John Hopkins Hospital JPR'2023
Uma mostra atual do que se faz em ciência no País
Fabia Tetteroo-Bueno, CEO da Philips Nathalie MC Claugley, CEO da Agfa para a área digital Duccio Manetti, Dir. Global de Comunicação da Bracco

A Radiologia, a sustentabilidade e o meio ambiente

m olhar mais atento para a Natureza, para o consumo exagerado de energia e a imagem não pode ficar fora desse contexto”. A afirmação não é nossa, mas já é voz corrente em todo o mundo e, no segmento do diagnóstico por imagem, onde uma forte mobilização começa a se articular, com manifestações incisivas e interessantes.

As principais entidades internacionais, especialistas consagrados e referências no diagnóstico por imagem reconhecem que os avanços tecnológicos estão chegando num nível de sofisticação cada vez maior.

Aprimoram-se e agilizam-se os diagnósticos, com precisão e muita acurácia, trazendo grandes benefícios para os pacientes, para as instituições e para os prestadores de serviços. Isso é inegável.

A chegada de um CT ou uma RM, em qualquer lugar, é sempre um motivo de comemoração. Abrem as portas para um diagnóstico mais preciso e eficiente, como também, caminhos para um tratamento adequado, e cada vez mais individualizado.

As regiões mais carentes de um País como o Brasil seja na Amazônia ou no Pantanal, ainda sentem a ausência dessas tecnologias e o ultrassom ainda é o método mágico, por estar disponível e acessível, e servir de apoio indispensável ao raios-X portátil ou convencional. Juntos, muitas vezes, são as únicas opções de acesso a um tratamento mais rápido.

Populações indígenas e ribeirinhas têm se beneficiado do atendimento mais estruturado através de barcos hospitais, equipados com o necessário para uma acolhida da saúde.

E, no momento em que novas palavras ganham um significado especial, como Inteligência Artificial, Inovação, ChaptGPT, principalmente nos centros mais desenvolvidos, é impossível negar que um outro mundo, dentro da nossa realidade está aí para marcar presença. É indispensável uma reflexão sobre nossas deficiências e limitações e reconhecer que tudo está mudando, só a doença não muda. As diferenças

Clube Roentgen tem novo presidente

O dr. Regis Otaviano França Bezerra é o novo presidente do Clube Roentgen, da Sociedade Paulista de Radiologia, num reconhecimento a sua dedicação e apoio as atividades de ensino da instituição. Doutor pela Faculdade de Medicina da USP, em concurso realizado recentemente, atuando no Instituto de Radiologia do HCFMUSP, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, é também do Hospital Sirio Libanês, onde além dos serviços, tem efetiva participação no trabalho com os residentes. Eleito com a nova diretoria, destacou ao ID que esse importante setor da SRP passará por algumas inovações, objetivando dinamizar ainda mais a sua presença entre os associados.

Clube Manoel de Abreu

O Dr. Daniel Lahan Martins é o novo presidente do Clube Manoel de Abreu, eleito com a nova diretoria para o mandato 2023-2024. Aos novos desafios na Unicamp terá papel relevante nessa nova função e contribuir para o sucesso ainda maior desse braço da Sociedade Paulista de Radiologia.

populacionais e sociais estão aí, mostrando que ainda somos um País de terceiro mundo, com algumas regiões privilegiadas, nas grandes capitais.

Já em 1964, o prof. Roger Bastide, em estudo apresentado à Universidade de São Paulo, falava de dois Brasis. Hoje sabemos que existem muitos mais, e alguns nas próprias regiões metropolitanas.

Por tudo isso, o mundo está cobrando uma nova postura, e as estatísticas mostram que é preciso ficar atento e, dentro da possibilidade de cada um, fazer a sua parte.

Na busca de conteúdo tentamos mostrar essa diversidade, de mostrar a nossa realidade e correr atrás de quem faz acontecer anonimamente. Mostrar que o Brasil é muito mais, e que precisamos valorizar essa competência.

É uma tarefa ingrata. Todo mundo muito sobrecarregado, com duplicação de tarefas, mesmo com o “home office”, o que amplia a dificuldade. Os desafios desse novo tempo e da realidade pós“covid 19” é outra, com mudanças que trouxeram novas expectativas.

É a realidade virtual.

E, voltando ao início - olhar para a Natureza, é uma obrigação e, para não prejudicá-la ainda mais, uma “Radiologia Verde” começa a ganhar status, trazendo novas esperanças. Uma Radiologia sustentável que polua menos, que agrida menos o meio ambiente, que cumpra seu papel sem prejuízos aos benefícios do nosso habitat, com muito mais eficiência.

Esta edição, que está chegando aos nossos leitores, foca em conteúdos produzidos a partir de artigos publicados em periódicos internacionais, e mostra a presença brasileira, marcando presença no Exterior, levando seus conhecimentos e atitudes nesse novo quadro.

Os cientistas e especialistas alertam para os riscos provocados por estas tecnologias, para a sustentabilidade e, enfatizam o papel da educação e da inovação, sinalizando para o futuro dos novos equipamentos, que devem ser desenvolvidos nesse contexto ambientalmente correto, no qual a tecnologia e a qualidade são imprescindíveis, mas, sem abrir mão dos cuidados com o meio ambiente e com o paciente.

Vale a pena conferir!

Unicamp tem um novo docente em Radiologia

Em concurso realizado na Universidade Estadual de Campinas, o dr. Daniel Lahan Martins foi aprovado, obtendo o titulo de Professor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas.

Com dois dias de duração, abrangendo toda a especialidade de Radiologia e Diagnóstico por imagem, o concurso veio coroar os esforços do prof. Daniel Lahan Martins, iniciados na Residência em Radiologia na própria Unicamp, com especialização em Ressonância Magnética de Abdome e Pelve pelo Instituto de Radiologia do HC-FMUSP.

Nas mídias sociais o prof. Daniel Lahan destacou a conquista, onde enfatiza “que estive num concurso que considero uma das mais importantes etapas da carreira. Refletir sobre a trajetória percorrida e perceber o quanto tudo foi prazeroso é muito gratificante. Ensinamentos de Professores e Mestres, estudos intensos, equipe qualificada disponível, poder contribuir para o diagnóstico dos pacientes com casos desafiadores, aulas, congressos, alunos. Além de tomar consciência de tudo o que foi feito, em poucas horas que estou vivendo esta nova fase, passei a enxergar o tanto que ainda há para

se fazer e tantos outros novos desafios se aproximando.”

A banca examinadora, na foto com o novo docente da Unicamp, foi constituída pelos professores: Dr. Celso Dario Ramos (FCM-UNICAMP); dr. Antonio Rocha (FCMSCSP); dr. Valdair Muglia (FMRP-USP); dr. Fabiano Reis (FCM-UNICAMP) e dr. Sergio Dertkigil (FCM-UNICAMP).

JUN / JUL 23 nº 134 3
EDITORIAL Por Luiz Carlos de Almeida (SP)
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REGISTRO

Bahia – Ultrassonografia brasileira, em destaque no mundo – A reconhecida competência da ultrassonografia brasileira, com expressivas lideranças nos diversos pontos do País e grande presença internacional, mais uma vez é motivo de destaque. Acaba de ser eleito para o “board” da World Federation of Ultrasound in Medicine and Biology (WFUMB) o dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde, ex-presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, mais conhecido como dr. Matteoni para os que atuam na área. Eleito para o cargo de vice-presidente2, destacou em depoimento ao ID, a “sua eleição como uma consequência do excelente trabalho realizado pelos ex-presidentes da Federação Latino-Americana de Ultrassonografia em Medicina e Biologia (FLAUS) que fizeram parte deste board, sendo que dois deles chegaram à presidência da WFUMB, os Drs. Giovanni Guido Cerri e Cristina Chammas, ambos brasileiros, e o outro ex-presidente que tam-

São Paulo – Mulheres médicas ganham espaço na Academia Nacional de Medicina – Primeira mulher a assumir a diretoria a Faculdade de Medicina da USP, depois de ocupar a diretoria Clínica do Hospital das Clínicas da FMUSP, a Profa. Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, é a nova imortal da Academia Nacional de Medicina (ANM), ao lado de radiologistas, como os profs Giovanni Guido Cerri, que a saudou e Hilton Augusto Koch, ambos ex-presidentes do CBR. A sessão solene de posse foi realizada na sede da instituição no Rio de Janeiro. Contou com a presença de Eleuses Vieira de Paiva, atual secretário de Estado da Saúde do Estado de São Paulo, radiologista, de Francisco José Barcellos Sampaio, presidente da ANM, acadêmicos, médicos, familiares e amigos da professora.

A apresentação foi feita por Giovanni Guido Cerri, titular da casa e também professor da FMUSP, que também saudou a nova acadêmica. "Emocionada, recebo esta indicação com profunda alegria e satisfação. Tornar-me parte da mais antiga instituição científica e cultural da América Latina, com quase dois séculos de existência e em atividade ininterrupta, desperta em mim um sentimento de gratidão e orgulho imensuráveis”, proclamou a Profa. Eloisa Bonfá durante o seu discurso.

bém chegou ao board, foi o Dr. Leandro Fernandez, da Venezuela, grande parceiro dos brasileiros”.

Esclarece que “após deixar a presidência da FLAUS, assumiu o cargo de Conselheiro Administrativo da WFUMB, participando também dos comitês de congresso e de segurança em US. Seguramente o trabalho que desempenhei durante estes dois anos me credenciaram a postular o cargo e ter a confiança dos meus pares para ser eleito".

Enfatizou, também, o papel do “Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), que endossou seu nome para a presidência da FLAUS, o que possibilitou sua chegada ao board da WFUMB”. E, finalizando, em seu depoimento, destacou que o “atual board da WFUMB terá uma trabalho árduo e difícil pela frente, pois herdamos uma excelente gestão da Dra. Maria Cristina Chammas,como presidente da entidade, portanto, precisamos honrar, manter e buscar ampliar este legado, para nossa felicidade, ela como past-president faz parte do atual board e sempre teremos sua presença”.

São Paulo II – Nova geração de radiologistas em cargos de liderança – O dr. Marcio Sawamura, coordenador do Grupo de Radiologia Torácica do Instituto de Radiologia HCFMUSP, acaba de ser nomeado diretor do corpo clínico do InRad. Com graduação em medicina pela Universidade de São Paulo (USP), residência médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e complementação especializada (fellow) em Radiologia Torácica pelo InRad é Doutor em ciências pela USP, com MBA em gestão da saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele chega ao novo posto devidamente credenciado para os desafios.

A intensa atuação na rotina da instituição e o trabalho com residentes e especializandos, também fazem parte da rotina desse especialista em radiologia do tórax, que ainda encontra espaço para colaborar com o ID Interação Diagnóstica, na produção de conteúdo.

Personalidade do ano na Saúde, um justo reconhecimento

Por sua atuação na pandemia do covid-19, disseminando informações confiáveis, lutando contra a desinformação e notícias falsas, a pesquisadora da Fiocruz, a pneumologista Margareth Dalcomo foi agraciada com o Prêmio Hospitalar 2023 – Personalidade do Ano.

Oato, na cerimônia no encerramento do evento, que mobilizou mais de 50 mil pessoas, durante 5 dias, é muito mais que um reconhecimento ao trabalho dessa especialista, e reforça o trabalho honesto a pesquisadora.

Pesquisadora sênior da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e professora adjunta na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Dra. Margareth Dalcolmo recebeu o merecido reconhecimento por seu papel crucial durante a pandemia de covid-19 ao fornecer informações confiáveis aos brasileiros por meio de entrevistas e artigos nos principais veículos de comunicação.

No início da cerimônia em homenagem à premiada, a Dra Waleska Santos, presidente e fundadora da Hospitalar Feira e Fórum, exaltou a importância do compromisso da médica em fornecer orientações precisas e esclarecedoras combatendo as informações falsas, que circularam nos meios de comunicação.

“Como uma forma de luz, trazendo clareza e orientação em meio à escuridão, Margareth emergiu como uma líder visionária no combate à pandemia, trouxe esperança e confiança, inspirando outros a seguir seu exemplo e acreditar na superação da crise. É com profundo respeito e gratidão que celebramos essa premiação”, felicitou Dra Waleska Santos.

REVERBERAÇÃO NEGATIVA

A dra. Margareth Dalcolmo, por sua vez, ressalta que a motivação para combater a desinformação vem justamente pela reverberação negativa que as notícias falsas traziam naquele momento.

“Em primeiro lugar, me sinto muito honrada e emocionada em receber esse prêmio tão importante e significativo do setor de saúde. Ao mesmo tempo em que sofria com críticas e ataques, recebia gestos de gratidão na rua que me mostravam a importância de continuar na luta por todos aqueles que perderam familiares e entes queridos”, ressaltou Dalcolmo.

Além de suas realizações no campo da medicina, Dra. Margareth também é autora de um livro premiado. Em 2022, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria ciências pelo seu trabalho intitulado “Um Tempo para Não Esquecer - a visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde”.

Seu trabalho científico também foi reconhecido internacionalmente, com mais de 120 artigos publicados no Brasil e no exterior. Além disso, Margareth também faz parte do Grupo de Peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) para aprovação de medicamentos essenciais e é membro do Comitê Consultivo Regional do Banco Mundial para projetos de saúde relacionados à tuberculose e doenças respiratórias ocupacionais.

PRÊMIO PERSONALIDADE DO ANO

O Prêmio Personalidade do Ano foi criado em 2005 com o objetivo de reconhecer e homenagear as personalidades mais influentes e representativas do setor de saúde. Ao longo dos anos, essa premiação tem destacado profissionais renomados que têm contribuído de maneira significativa para o avanço da medicina e o bem-estar da sociedade.

De lá para cá já foram premiados diversas personalidades do meio médico-científico, como a Dra. Mayana Zatz, Dra. Zilda Arns, e o dr. Dr. Adib Jatene, entre muitos outros.

JUN / JUL 23 nº 134 4 VALE A PENA DESTACAR Por Luiz Carlos de Almeida e cols.
ESPECIAL
Por Luiz Carlos de Almeida

A radiologia e seus impactos nas mudanças climáticas

A mudança climática, um dos desafios globais mais prementes, tem ganhado cada vez mais espaço em todas as mídias, inclusive no meio médico. Segundo projeções da Organização Mundial da Saúde, a mudança climática causará um significativo impacto na mortalidade por doenças relacionadas à insegurança alimentar e em doenças respiratórias agravadas pela poluição, além de aumentar os gastos com saúde globalmente.

Cientistas estimam que o sistema de saúde global emita mais de 2 gigatoneladas de CO2 anualmente, sendo responsável por 4% a 10% das emissões totais de gases de efeito estufa nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, a indústria de assistência à saúde contribui com 8,5% do total de emissões de gases de efeito estufa no país, de acordo com um relatório publicado em dezembro de 2020 pela Health Affairs.

A maior parte dessas emissões são oriundas do alto consumo energético no setor e, neste quesito, a radiologia tem sua parcela de contribuição. Estima-se ainda que a emissão relacionada aos exames de imagem corresponda a pelo menos 1/5 do total de emissões do setor de saúde. No entanto, o assunto tem sido pouco debatido entre os profissionais do setor.

Uma das primeiras profissionais a falar sobre o tema foi a Dra. Kate Hanneman, professora associada de radiologia na Universidade de Toronto, em uma sessão da RNSA em 2022, quando afirmou que a imagem médica é um dos principais contribuintes para as emissões de gases relacionadas à saúde. Equipamentos avançados de diagnóstico por imagem - ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrassom, medicina nuclear - são os que mais contribuem para o uso de energia.

Um estudo suíço, publicado em junho de 2020 na Radiology, descreveu que a energia requerida para alimentar quatro máquinas de ressonância magnética e três tomógrafos ao longo de um ano, com seus sistemas de resfriamento associados, era equivalente ao necessário para abastecer

uma cidade de 852 pessoas a um custo de aproximadamente 200.000 dólares/ano. Digno de nota, parte significativa dessa energia é gasta quando o aparelho não está efetivamente em uso.

Nas últimas semanas, o tema ganhou mais repercussão, pelo menos entre os especialistas brasileiros, com o artigo “Climate Change and Sustainability”, de autoria do Dr. Cesar Higa Nomura, médico radiologista e presidente do Conselho Consultivo da SPR, em conjunto com seus colegas Ari Araujo, Kate Hanneman, Jenna Jakubisin e Linda Moy, publicado na Radiology, revista científica da Sociedade de Radiologia Norte-Americana (RSNA).

No referido artigo, os autores discutem os desafios e perspectivas das mudanças climáticas no Brasil e o que os radiologistas podem fazer para reduzir a chamada “pegada de carbono” (do inglês carbon footprint). “Os radiologistas são especialistas em gerenciar mudanças e podem liderar a transformação necessária para abordar a sustentabilidade em nossos sistemas de saúde e departamentos de radiologia. Em nossos departamentos de imagem, podemos implementar mudanças para diminuir o gasto desnecessário de energia enquanto nossos equipamentos não estão em uso. Os radiologistas podem trabalhar com tecnólogos e administradores para garantir que os equipamentos que não são necessários durante a noite ou nos finais de semana sejam desligados”, enfatizam os autores. Os autores ainda sugerem que o agendamento eficiente de exames de imagem também se relaciona a menores emissões, com otimização do número de exames e menor tempo ocioso dos aparelhos. Assim, “a implementação de fluxos de trabalho

clínicos, assim como a introdução da inteligência artificial, podem potencialmente levar a emissões mais baixas em exames mais curtos e em menor número”, explicam.

“Também podemos implementar mudanças para diminuir o desperdício em nossos departamentos, incluindo a mudança de sistemas de doses de contraste de única para multidose, trabalhando com fornecedores para diminuir embalagens e atualizar equipamentos”, continua o artigo.

Além da eficiência energética e da otimização da dose de contraste, os autores enfatizam outras estratégias de sustentabilidade no setor como a transição para fontes de energia renováveis, a implementação de práticas adequadas de gestão de resíduos (incluindo a reciclagem sempre que possível), e a maior conscientização entre profissionais de saúde sobre o impacto ambiental da radiologia.

Durante o ECR 2023 – Congresso Europeu de Radiologia – realizado em março, em Viena, alguns conferencistas também apresentaram a preocupação com os efeitos da poluição e sustentabilidade na radiologia. A Dra. Sarah Shepard, radiologista do Imperial College Healthcare NHS Trust, em Londres, que foi uma dessas pessoas, concedeu entrevista ao ID – Interação Diagnóstica, na edição 133 (acesse em: http://interacaodiagnostica. com.br/jornal-digital).

ARTIGO PARA IMPRENSA

NACIONAL

Em uma abordagem para a imprensa brasileira, o referido conteúdo também foi abordado no jornal “O Estado de S.Paulo”, em um artigo de opinião (“Crise climática

e sustentabilidade na assistência à saúde”) assinado pelo Dr. Cesar Higa Nomura, que é diretor do Serviço de Radiologia do InCor/ FMUSP e do Hospital Sírio-Libanês; em parceria com o também radiologista do Hospital Sírio-Libanês Ari Araujo.

Os autores ressaltam, uma vez mais, que “metas e compromissos de sustentabilidade assumidos em tratados globais, como o Acordo de Paris (2015), devem guiar políticas de descarbonização dos sistemas de saúde no Brasil. Investimentos em fontes renováveis de energia e em tecnologias e soluções digitais são essenciais para ecossistemas de saúde mais resilientes e sustentáveis”. Para eles, práticas de ESG (do inglês Environmental, Social and Corporate Governance) devem ser progressivamente incorporadas nas redes pública e privada de saúde no país.

Ao final, eles ainda convidam instituições e agentes públicos e privados, incluindo fundos e bancos de investimentos, a desenvolver uma agenda comum para buscar novas soluções de sustentabilidade no contexto da assistência à saúde.

Com o avanço do debate, espera-se que a radiologia exerça seu papel de liderança em mais esse aspecto da inovação dentro do setor de saúde, com cada vez mais profissionais engajados em ações efetivas que possam diminuir o impacto das mudanças climáticas.

NOTA DA REDAÇÃO

Observação: além dos artigos da Radiology e de O Estado de São Paulo, o artigo da Radiology Today, em https://www. radiologytoday.net/archive/rtMAY23p10. shtml,  foram usados como fonte.

JUN / JUL 23 nº 134 5 INOVAÇÃO Por Valeria de Souza (SP)
Dr. Ari Araujo Dr. Cesar Nomura

Educação, inovação e sustentabilidade, pilares da Bracco no diagnóstico por imagem

Esses são os três pilares estratégicos da companhia para fomentar o mercado de diagnóstico por imagem e inspirar a futura geração de profissionais. E, isso ficou bem claro em sua participação no evento de 2023, na mais recente edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR'2023).

Aempresa apresentou aos visitantes uma abordagem multidisciplinar sobre o segmento de diagnóstico por imagem por meio de seu novo mote, “unlocking the invisible” (desbloqueando o invisível, em tradução livre).

O ID entrevistou Duccio Manetti, Diretor Global de Comunicação da Bracco, com exclusividade, para falar sobre esse compromisso da companhia com o futuro da radiologia.

Com a missão de fomentar temas como o fortalecimento e a sustentabilidade não só da radiologia em si, mas principalmente das próximas gerações de profissionais da área, a Bracco esteve na JPR com seu estande e promoveu variadas oportunidades de conexão com os presentes, como o fórum de sustentabilidade, feito em parceria com a Abramed, e o Simpósio sobre o uso atual da ultrassonografia contrastada (CEUS), com o professor Dirk-André Clevert, do Hospital Universitário Grosshadern (Munique, Alemanha).

“A Bracco entende que a melhor forma de fazer negócios é por meio da construção de parcerias e de relacionamentos duradouros com radiologistas e com instituições que entendem a importância da radiologia para o futuro da medicina

e para a melhor gestão dos pacientes. É uma conexão emocional com a comunidade de radiologistas, que são os profissionais capazes de ver o que está invisível. Por isso, o nome de nossa campanha”, explica Duccio Manetti.

Para assegurar essa construção quase simbiótica com os radiologistas, a estratégia da Bracco passa por três pilares: inovação, sustentabilidade e educação. Segundo o Diretor Global de Comunicação, a educação é um valor fundamental para que toda a cadeia de valor envolvida com a radiologia esteja sempre atualizada em questão de conhecimento, seja ele sobre equipamentos, sobre tecnologia, sobre contrastes, sobre redução de radiação, sobre IA etc.

“Temos investido na criação, apoio e suporte de seminários, fóruns e programas para auxiliar a formação constante dos profissionais, ainda mais hoje, num momento ímpar do diagnóstico por imagem, tão impactado por tecnologias digitais e pela inteligência artificial”, completa.

A respeito do segundo pilar, Manetti afirma que 10% de toda a receita da Bracco é destinada à pesquisa e desenvolvimento (P&D), de forma a possibilitar novos caminhos e oportunidades inovadoras ao mercado. Manetti conta que somente por meio da inovação é possível fornecer novos produtos em diferentes segmentos da radiologia como a medicina nuclear.

“Recentemente, anunciamos uma parceria com a Guerbet para um novo agente de contraste para ressonância magnética e

esperamos poder lançá-lo no Brasil em breve”.

O terceiro pilar, por sua vez, reside em uma buzzword, mas que faz todo sentido para as futuras gerações de radiologistas: sustentabilidade. De acordo com o diretor global de Comunicação, a Bracco possui um firme compromisso com a sustentabilidade para que não haja a prática de greenwashing, ou seja, que a questão sustentável seja tratada a partir de fatos, não de achismos.

“Precisamos pensar sobre toda a produção, distribuição e manutenção da radiologia em um cenário que falamos de eficiência, seja nas plantas de produção, na manufatura, na fabricação de frascos para contrastes... É imprescindível pensar em reciclagem, em circularidade, em gestão de resíduos químicos. E isso só pode ser feito junto aos parceiros e aos terceiros, todos que fazem parte da cadeia radiológica no mundo. E como Bracco, no desenvolvimento de um portfólio de soluções personalizadas, essa preocupação deve ser prioridade”, arremata.

PARCERIA

Konimagem agora é AGFA HealthCare para todo o Brasil em Soluções Digitais

Omercado de radiologia é composto por grandes empresas e institutos que, muitas vezes, trabalham em colaboração com o objetivo de assegurar o melhor e mais seguro diagnóstico por imagem para os pacientes. Essa foi a principal razão pela qual a AGFA HealthCare e a Konimagem celebraram o fortalecimento de sua parceria durante a JPR 2023. Essa união duradoura, foi o tema de entrevista ao Jornal ID Interação Diagnóstica, que conversou com Nathalie McCaughley, presidente global da AGFA HealthCare e que esteve no país durante o maior evento de radiologia.

“Esse é definitivamente um momento muito importante. Nós temos uma longa história na América Latina, mas o Brasil é um grande mercado e temos muitos clientes sólidos, que confiam na AGFA HealthCare e em toda a nossa expertise. Expandir a nossa atuação por aqui é natural e contarmos com a Konimagem como principal distribuidor do nosso segmento digital nos garante forte engajamento com

instituições de saúde locais”, afirmou a executiva. As marcas estão juntas no Brasil desde 1999 comercializando filmes e equipamentos para radiologia e, a partir de agora, a Konimagem assume a comercialização, implementação e suporte do AGFA HealthCare Enterprise Imaging Platform em todo o território nacional. Segundo Nathalie McCaughley, esse anúncio estratégico está em linha com as movimentações dos últimos anos da companhia, especialmente perante o mercado que tem se acostumado a ver os players de saúde como provedores de tecnologia.

“Como AGFA HealthCare, nós entendemos que a tecnologia presente nos produtos e soluções é apenas um veículo, um importante facilitador para o cuidado com a saúde, a tecnologia precisa sempre servir ao propósito de assegurar melhores diagnósticos aos pacientes. O fato é que os números estão crescendo e temos cada vez mais pacientes, mais casos, mais imagens para gerir. Assim, a tecnologia é, claro, fundamental para que possamos atender esse alto

número de pessoas, principalmente em mercados em que há escassez de radiologistas, de instituições etc.”, completou.

Ao mesmo tempo, a presidente ressalta a parceria para a apresentação da mais recente solução da marca, o AGFA HealthCare Enterprise Imaging versão 8.2, uma plataforma que engloba diversas especialidades clínicas como radiologia, cardiologia e imagem da mama, e concentra todas as imagens e o histórico dos pacientes em um só lugar.

Dessa forma, Nathalie McCaughley explica que toda a operação radiológica seja simplificada, evitando sistemas redundantes e possibilitando que haja uma colaboração perfeita entre departamentos e médicos localizados em diferentes países e fusos. Atualmente, dados da companhia mostram que já são mais de 800 instalações do Enterprise Imaging Platform e mais de 1800 de PACS.

“Com essa solução, nós estamos trazendo para o mercado simplificação e maior produtividade para a rotina de radiologistas. A AGFA HealthCare entende que essa é uma forma tangível e adequada para responder a desafios reais dos profissionais. Queremos que, com nossa tecnologia, os médicos possam manter o foco no diagnóstico e no cuidado com o ser humano”, conclui ela.

JUN / JUL 23 nº 134 6 ENSINO Por Angela Miguel (SP)
Duccio Manetti, ao lado de Tommaso Montemurno, enfatizou o compromisso da Bracco com inovação e sustentabilidade. Por Angela Miguel (x) AGFA HealthCare e Konimagem expandem parceria estratégica no Brasil. Marcas estreitam relação para garantir equipamentos e soluções digitais de alta complexidade no cenário diagnóstico. Nathalie MC Claugley, CEO da Agfa para a área digital. (x) colaborou Luiz Carlos de Almeida

Com o foco no futuro, nova diretoria da SPR é empossada

Com uma programação de alto nível, diversas ações inovadoras, estabelecendo o limite de uma nova fase para a especialidade, pós covid-19, e um público muito expressivo – cerca de 16 mil participantes circulando pelo evento durante os quatro dias – a

vez mais seus laços com entidades internacionais, da América Latina, Europa, Ásia e Estados Unidos. Parcerias que enriquecem o seu conteúdo, trazendo experiências e conhecimento, assim também levando a nossa reconhecida competência para o resto do mundo.

Radiologista em sua essência, radicado em Valinhos, Campinas e região, como professor da Unicamp, o Dr. Nelson Caserta, chega a presidência da SPR amparado por sua história de dedicação e qualidade. Com ele uma diretoria que mescla as novas geraçõea que darão sequência ao futuro da entidade.

A POSSE, E OS NOVOS DESAFIOS

O Dr. Cesar Nomura fez a transmissão dos cargos de presidente ao Dr. Caserta e do presidente do Conselho Consultivo, sucedendo ao Dr. Mauro Brandão, como manda o estatuto.

pa. Além disso, é a nossa oportunidade de retribuir e contribuir com a radiologia, espalhando e compartilhando conhecimento”, destacou Caserta, que aproveitou ainda para contar um pouco da sua história através de fotos com a sua família e com amigos.

UM NOVO HORIZONTE DE POSSIBILIDADES

A cerimônia da posse foi precedida pela aula do Dr. Felipe Kitamura sobre “Large Language Models (ChatGPT): Um

Novo Horizonte de Possibilidades”. Na oportunidade, ele fez demonstrações de como utilizar a nova ferramenta, apresentações de artigos publicados já neste ano e exemplificações de como a inteligência artificial pode ajudar na medicina. O Dr. Kitamura ressaltou que os profissionais da saúde tecnológica não serão substituídos, a evolução tecnológica é certa, e cabe a nós fazermos o melhor uso em favor dos nossos pacientes”.

NOVA DIRETORIA, MESCLANDO CAPITAL E INTERIOR

A solenidade seguiu com a assinatura do termo de posse.

• Presidente: Nelson Márcio Gomes Caserta

• Vice-presidente: Mauro Miguel Daniel

53ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR 2023) se constituiu num marco na história da Sociedade Paulista de Radiologia. Marcou também o encerramento da vitoriosa gestão do prof. Cesar Higa Nomura e a posse da nova Diretoria da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR) para o Biênio 2023-2025, presidida pelo prof. Nelson Marcio Gomes Caserta.

“E a caravana segue”, marca dessa entidade que se constitui num modelo para todo o Brasil e estreita, cada

O Dr. Nelson Caserta parabenizou o Dr. César pelos dois anos de êxito no comando da SPR e garantiu continuar o compromisso com os demais membros da diretoria, de modernidade sem deixar o passado para trás.

“A remuneração deste cargo é fazer amigos dentro das áreas que você partici-

• Presidente do Clube Manoel de Abreu: Daniel Lahan Martins

• Presidente do Clube Roentgen: Regis Otaviano França Bezerra

• Secretário Geral: Douglas J. Racy

• 1ª Secretária: Denise Tokechi Amaral

• 2º Secretário: Marcello Henrique Nogueira-Barbosa

• Tesoureiro Geral: Henrique Simão Trad

• 1º Tesoureiro: Renato Hoffmann Nunes

• 2º Tesoureiro: Gustavo Skaf Kalaf

• Diretor Científico: Antônio José da Rocha

• Diretor de Defesa Profissional: Jaime Ribeiro Barbosa

• Diretor de Patrimônio: Conrado Furtado de Albuquerque Cavalcanti

• Diretora de Assuntos Culturais: Fernanda Del Campo Braojos Braga

• Diretor de Representação Institucional: Renato Adam Mendonça

• Diretor de Tecnologias: Felipe Campos Kitamura

• Presidente SPR Jr.: Dra. Ana Paula Alves Fonseca

JUN / JUL 23 nº 134 7 REGISTRO Por Valeria de Souza e cols.
Dr. Felipe Kitamura, diretor de Tecnologia

Estudo avalia percentual

de

alterações

respiratórias das lesões císticas em fumantes com aquisição de TC expiratória

Pesquisas realizadas por brasileiros focadas em temas do cotidiano e com aplicações práticas despertam grande interesse e repercutem, ampliando as discussões e abrindo espaço para condutas e terapias adequadas. no cisto pode escapar pelas vias aéreas quando a pressão no peito diminui durante a expiração.

Oespecialista Bruno Hochhegger, que atualmente trabalha na Universidade da Flórida e na rede Dor e cols. acaba de publicar o trabalho “Estreitando o diagnóstico diferencial de lesões císticas em fumantes com aquisição de TC expiratória usando a hipótese de comunicação cisto, com intensa atuação na área e traz importante colaboração na conduta junto a fumantes por suas consequências, entre elas o câncer do pulmão.

Mostra o trabalho que os cistos são achados comuns em tomografias computadorizadas (TC) do tórax. Em fumantes, eles são frequentemente associados ao câncer de pulmão. No entanto, nem todos os cistos são cancerígenos. Alguns são benignos, como cistos simples e bolhas. Outros estão associados a outras condições, como histiocitose de células de Langerhans (LCH) e linfangioleiomiomatose (LAM). O diagnóstico diferencial de lesões císticas em fumantes pode ser desafiador. Isso ocorre porque os recursos de imagem dessas lesões podem se sobrepor. Por exemplo, cistos simples e bolhas podem aparecer como lesões redondas ou ovais com bordas lisas. LCH e LAM também podem apresentar múltiplos cistos.

A HIPÓTESE DA COMUNICAÇÃO CISTO-VIA AÉREA

Uma nova hipótese foi proposta para ajudar a estreitar o diagnóstico diferencial de lesões císticas em fumantes. Essa hipótese, conhecida como hipótese da comunicação cisto-via aérea (CAC), afirma que os cistos que se comunicam com uma via aérea têm maior probabilidade de serem benignos. A hipótese CAC baseia-se na observação de que os cistos que se comunicam com uma via aérea são mais propensos a colapsar na expiração. Isso ocorre porque o ar

O PAPEL DA AQUISIÇÃO DE TC EXPIRATÓRIA

A aquisição de TC expiratória pode ser usada para avaliar se um cisto se comunica com uma via aérea. Se um cisto colapsa na expiração, é mais provável que tenha um CAC. Esse achado pode ajudar a estreitar o diagnóstico diferencial e orientar outros testes diagnósticos.

A hipótese CAC é uma abordagem nova e promissora para estreitar o diagnóstico diferencial de lesões císticas em fumantes. A aquisição de TC expiratória pode ser usada para avaliar se um cisto se comunica com uma via aérea. Essa descoberta pode ajudar os médicos a fazer diagnósticos mais precisos e fornecer aos pacientes o melhor atendimento possível.

O artigo de Hochhegger et al. (2022) fornece novos insights importantes sobre o diagnóstico de lesões císticas em fumantes. A hipótese CAC é uma nova abordagem promissora que pode ajudar os médicos a estreitar o diagnóstico diferencial e fornecer aos pacientes o melhor atendimento possível.

ARTIGO PUBLICADO

O estudo “Estreitando o diagnóstico diferencial de lesões císticas em fumantes com aquisição de TC expiratória usando a hipótese de comunicação cisto (Narrowing the Diferential Diagnosis of Cystic Lesions in Smokers with Expiratory CT Acquisition Using the Cyst-Airway Communication Hypothesis)” realizado por Bruno Hochhegger, Pratik P Patel, Matheus Zanon, Enrico Müller, Liana Ferreira Correa, Nupur Verma, Tan-Lucien Mohammed, Daniela Quinto Dos Reis Hochhegger, Klaus Irion e Edson Marchiori, teve como objetivo

avaliar o percentual de alterações respiratórias no tamanho de cistos pulmonares de diferentes etiologias relacionadas ao tabagismo. Retrospectivamente, mediram como lesões císticas devido ao faveolamento histopatológico confirmado de fibrose pulmonar intersticial, histiocitose pulmonar de células de Langerhans (PLCH) e enfisema parasseptal, usando tomografias computadorizadas inspiratórias e expiratórias pareadas. Em resumo, os resultados mostram que os cistos em fumantes com PLCH e fibrose em faveolamento diminuem durante a tomografia computadorizada expiratória, ao passo que o tamanho das lesões císticas devido ao enfisema paraseptal e bolhas tendem a permanecer constantes durante os ciclos imunes. Esses resultados suportam a hipótese de comunicação cisto-via aérea em doenças císticas, o que poderia auxiliar no diagnóstico diferencial em doenças pulmonares relacionadas ao tabagismo.

Acesse o estudo na íntegra no link: https://pubmed. ncbi.nlm.nih.gov/36271930/

JUN / JUL 23 nº 134 8 EXPERIÊNCIA DO PACIENTE Por
Silvana Cortez e Luiz Carlos de Almeida (SP)
Dr. Bruno Hochhegger, da Universidade da Flórida, EUA.

Imunoterapia no carcinoma hepatocelular avançado: padrões de resposta

INTRODUÇÃO

O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma neoplasia maligna primária caracterizada por uma alta taxa de morbimortalidade. O prognóstico do CHC avançado ou irressecável é definido pela carga tumoral, função hepática e estado físico qualitativo do indivíduo, sendo refinado pelo uso de ferramentas como a dosagem da alfafetoproteína (AFP), escores MELD, Child-Pugh e albumina-bilirrubina. Dentre as diferentes opções de tratamento, destacam-se as terapias sistêmicas, sendo necessária que a função hepática esteja preservada, para que não se caracterize um quadro de CHC terminal.

O CHC é caracterizado por lesões hipervasculares na fase arterial com washout nas fases tardias, com lesões mais avançadas podendo se mostrar heterogêneas, com bordas irregulares, halo peritumoral, necrose central e calcificações, além de invasão vascular e formação de trombos intraluminais, que podem ser vistos tanto na TC como na RM, que também pode mostrar restrição à difusão. Cada método tem seu ponto relevante, no entanto recomenda-se o mesmo tipo de exame para seguimento e avaliação comparativa.

Em 2020, a ANVISA aprovou o uso da combinação Atezolizumabe (TECENTRIQ®) e Bevacizumabe (AVASTIN®) e aumentou o arsenal de terapias sistêmicas no combate ao CHC avançado, que contava como principal representante o Sorafenibe (NEXAVAR ®). O estudo em questão traz um relato de caso com os achados de imagem em um paciente usando a nova combinação, mostrando seus padrões de resposta.

CASO

Paciente masculino, 75 anos, com antecedente de hepatopatia crônica secundária a infecção por HCV tratado há 3 anos, com carga viral indetectável, apresentando

no

(A) e pós-tratamento (B): mesmos achados descritos na fase arterial, porém com melhor evidência da diminuição da vascularização lesional com necrose intratumoral, embora sem apresentação da mesma resposta em todas as lesões hepáticas.

CHC multicêntrico restrito ao fígado, não passível de tratamento local, com dosagem de AFP de 1460 mcg/L (VR até 7 mcg/L). A TC evidenciou múltiplos nódulos hipervascularizados com washout pelo meio de contraste esparsos pelo parênquima, os maiores com componente central hipoatenuante compatíveis com área de liquefação/ necrose. A análise histopatológica indicou CHC com extensa necrose, marcado por áreas de neoplasia imatura com intensa anaplasia. Decidiu-se pelo início de tratamento sistêmico com esquema Atezolizumabe/Bevacizumabe, com resposta terapêutica parcial após 3 meses. Houve redução das dimensões e vascularização da maioria das lesões, destacando-se as do segmento II e VI, que apresentavam conteúdo inteiramente liquefeito (Figuras 1 e 2).

DISCUSSÃO

A utilização da combinação Atezolizumabe e Bevacizumabe passou a ser primeira linha no tratamento de CHC, com evidências de superioridade em relação ao Sorafenibe, um inibidor multiquinase, como mostrado no estudo de III fase IMbrave150. A terapia combinada apresentou uma redução de 42% no risco de morte em comparação ao uso do Sorafenibe, com taxas de sobrevida aos 12 meses de 67,2% e de 54,6%, respectivamente. Tais resultados podem encontrar respaldo no mecanismo de associação dessas drogas, em que o Atezolizumabe é um anticorpo monoclonal anti-PD-L1, citocina expressa em superfícies tumorais, que oferece barreira a ação citolítica linfocitária, uma das principais limitações na resposta do organismo às tumorações.

Já o Bevacizumabe é um anticorpo monoclonal anti-VEGF com efeito antiangiogênico e potenciais efeitos imunomoduladores no microambiente tumoral, como aumento de infiltração de células T linfocíticas e redução dos componentes de modulação de resposta dessas células. O Bevacizumabe também parece atuar de forma sinérgica aumentando a eficácia do Atezolizumabe.

Ao se discutir resposta ao tratamento é preciso falar sobre o RECIST (Response Evaluation Criteria in Solid Tumors), um conjunto de critérios para avaliação da resposta terapêutica em tumores sólidos, concentrando-se na análise unidimensional do tumor para dizer se houve resposta completa, parcial, estabi-

lidade ou progressão da doença. Diante do surgimento e aumento do uso de terapias loco regionais e sistêmicas, a análise única da evolução do diâmetro das lesões tumorais mostrou-se insuficiente para definir resposta ao tratamento, pois essas terapias mostravam pouca alteração no diâmetro tumoral, mesmo aumentando significativamente a sobrevida do paciente. Sendo assim, foi feita uma modificação nos critérios avaliativos com o mRECIST (modified RECIST), que utiliza basicamente os mesmos parâmetros definidos no RECIST convencional, porém leva em consideração a avaliação das áreas de necrose e vascularização, melhorando a análise objetiva de resposta para CHC tratados com tais esquemas terapêuticos.

No caso em questão, a imunoterapia levou justamente a esse padrão evolutivo que passou a ser valorizado com o mRECIST: tumores que apresentavam pouca ou nenhuma alteração em seu tamanho, mas apresentaram significativas reduções na vascularização e aumento da área de necrose. Outro fator importante é que o tratamento imunoterápico apresenta muitas vezes um maior tempo de resposta quando comparado a outras terapias, assim como são descritos por vezes fenômenos de pseudoprogressão, com um aumento do tamanho das lesões e/ou aparecimento de novas lesões que precede a resposta terápica. O mRECIST é só mais uma ferramenta para auxiliar no processo evolutivo da análise dos tratamentos do CHC, em que é preciso: ajustes técnicos na aquisição da imagem e na administração do contraste, definição de áreas lesionais compatíveis, medidas corretas do diâmetro tumoral, além de uma melhor distinção de áreas de necrose com áreas de tumor ativo com baixa perfusão arterial.

CONCLUSÃO

O uso de Atezolizumabe e Bevacizumabe representa um avanço promissor no tratamento do CHC avançado, determinando padrões de imagens de resposta terapêutica que devem ser valorizados. As novas ferramentas para avaliação de lesões hepáticas no CHC, como o mRECIST, se mostraram prósperas e devem ser incorporadas no manejo de tumores sólidos, com necessidade de maiores estudos para o seu aperfeiçoamento, contribuindo para o seguimento, prognóstico e qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS

- Galle, Peter R. et al. Patient-reported outcomes with atezolizumab plus bevacizumab versus sorafenib in patients with unresectable hepatocellular carcinoma (IMbrave150): an open-label, randomised, phase 3 trial. The Lancet Oncology, [S.l.], v. 22, n. 7, p. 991-1001, 2021.

Kinami, T. et al. Evaluation of Response to Atezolizumab Plus Bevacizumab in Patients with Advanced Hepatocellular Carcinoma Using the Combination of Response Evaluation Criteria in Solid Tumors and Alpha-Fetoprotein. Cancers (Basel), v. 15, n. 8, p. 2304, 2023.

Llovet, J. M.; LENCIONI, R. mRECIST for HCC: Performance and novel refinements. Journal of Hepatology, v. 72, n. 2, p. 288-307, 2020.

- Reig, M. et al. BCLC strategy for prognosis prediction and treatment recommendation: The 2022 update. Journal of Hepatology, v. 76, n. 2, p. 397-417, 2022.

AUTORES

Leonardo Rosolen Iunes

Daniel Linhares Cardoso

Diego Nascimento dos Santos

Regis Otaviano França Bezerra

Médicos Radiologistas

Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Hospital Sírio Libanês

JUN / JUL 23 nº 134 9 CADERNO JUNHO / JULHO 23 - ANO 22 - Nº 134
Figura 2. TC com contraste na fase venosa plano coronal, pré-tratamento Figura 1. TC com contraste na fase arterial no plano axial: prétratamento (A) - lesões hepáticas hipervascularizadas de aspecto heterogêneo, com halo peritumoral e áreas centrais hipovascularizadas compatíveis com áreas de necrose tumoral; pós-tratamento (B)evidente redução da vascularização dos focos lesionais com extensa região de necrose tumoral e discreta redução volumétrica.
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Rastreamento por mamografia na rotina prática: estudo multicênctrico comparando a tomossíntese mamária com a mamografia digital

CONSIDERAÇÕES

O câncer de mama é o câncer mais comum nos EUA, correspondendo a 30% dos novos casos de cânceres em 2021. Enquanto as taxas de incidência continuam crescendo em aproximadamente 0.5% ao ano, a mortalidade pelo câncer de mama diminuiu em 41% desde 1989, devido a melhorias na detecção precoce e tratamento.

Apesar da redução de mortalidade, o câncer de mama segue como causa líder de morte entre mulheres com idade entre 20–59 anos, e quase 44000 mortes de mulheres por câncer de mama foram estimadas em 2021. Mamografia é o exame padrão-ouro para detecção precoce do câncer de mama, e reduz a mortalidade pelo câncer. Os dados de reconstrução tridimencionais da tomossíntese, por sua vez, melhoram a conspicuidade da lesão, permitindo melhor detecção, caracterização e localização das lesões.

A mamografia digital utilizando a técnica de tomossíntese mamária está substituindo a mamografia digital isolada como método preferencial, com estudos demonstrando menores taxas de rechamadas e maior taxa de detecção de câncer.

A mamografia, como outros métodos, tem suas limitações, incluindo falha de detecção de alguns cânceres (resultados falso-negativos), detecção de cânceres que nunca causariam mal (“super diagnosticados”), e detecção de anormalidades que resultaram benignas (resultados falso-positivos).

Interpretação inconsistente da evidência de riscos e benefícios da mamografia de rotina em subgrupos de paciente, incluindo as mulheres mais jovens e as mais velhas, levam a uma variabilidade nas recomendações de rastreamento mamográfico, segundo a Força de Tarefas Preventivas dos EUA, A Sociedade Americana de Câncer e o Colégio Americano de Radiologia. Exemplo: mamografia com tomossíntese foi superior a mamografia isolada na detecção de lesões em mulheres mais jovens, com mamas densas.

Até agora, muitos estudos avaliaram os benefícios potenciais da tomossíntese sobre a mamografia, conduzidos com foco em fatores de risco específicos, como densidade mamária, ou detecção de cânceres de intervalo. O propósito desse estudo é avaliar os resultados de rastreamento em uma grande coorte de mulheres dos EUA, que se submeteram a sua mamografia de rotina ou rastreamento por tomossíntese mamária.

MATERIAIS E MÉTODOS

Essa coorte de estudo retrospectivo incluiu mulheres entre 40 e 79 anos, que se submeteram a mamografia ou a tomossíntese digital entre janeiro de 2014 e dezembro de 2020. Resultados de taxas de rechamadas, taxa de detecção de câncer, valor preditivo positivo da rechamada (PPV1), taxa de biópsia, e valor preditivo positivo de biópsia (PPV3) foram comparados entre tomossíntese digital e mamografia digital, usando modelos de regressão logística multivariável.

RESULTADOS

Um total de 2 528 063 mamografias de rastreamento de 1 100 447 mulheres (idade média, 57 anos ± 10 [DP]) foram incluídas. Na análise, as tomossínteses digitais mamárias (1 693 727 mamografias x 834 336 tomossínteses) demonstraram menor taxa de rechamada (10.3% [95% CI: 10.3, 10.4] para mamografia digital vs 8.9% [95% CI: 8.9, 9.0] para tomossíntese digital; P < .001) e maior taxa de detecção de câncer (4.5 de 1000 mamografias de rastreamento [95% CI: 4.3, 4.6] vs 5.3 de 1000 [95% CI: 5.2, 5.5]; P < .001), PPV1 (4.3% [95% CI: 4.2, 4.5] vs 5.9% [95% CI: 5.7, 6.0]; P < .001), e taxa de biópsias (14.5 em 1000 das mamografias de rastreamento [95% CI: 14.2, 14.7] vs 17.6 em 1000 nas tomossínteses [95% CI: 17.4, 17.8]; P < .001). PPV3 era similiar entre as coortes (30.0% [95% CI: 29.2, 30.9] para mamografia digital vs 29.3% [95% CI: 28.7, 29.9] for DBT; P = .16). Após o ajuste por idade, densidade mamária, local, idade, as associações permaneceram, respeitando a significância estatística.

CONCLUSÃO

Comparativamente com a mamografia digital, a tomossíntese mamária digital demonstrou menores taxas de rechamadas e maior valor preditivo positivo de rechamada, maior taxa de detecção de

EXEMPLOS DE TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA X MAMOGRAFIA DIGITAL DA CLÍNICA MAMORAD:

Sinal da tenda na mamografia, que a tomossíntese realizada na mesma ocasião demonstrou claramente a distorção arquitetural, que correspondia a um Ca ductal invasor.

Distorção arquitetural, detectada por mamografia e complementada com radiografia complementar focada e ultrassom. AP: Ca ductal invasor.

câncer e de biópsias, porém valor preditivo positivo similar nas biópsias. Dessa forma, mulheres submetidas a tomossíntese digital tem melhores resultados comparadas àquelas rastreadas com mamografia digital.

AUTORES

Renata Brutti Berni e Radiá Santos

JUN / JUL 23 nº 134 10
REVISÃO
Médicas Radiologistas – Clínica Mamorad Porto Alegre, RS
Published Online:Mar 14 2023https://doi.org/10.1148/radiol.221571

Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação

INTRODUÇÃO

Erros médicos são uma causa substancial de morbidade e mortalidade, estimando-se que contribuam para aproximadamente 10% das mortes de pacientes e até 17% dos eventos adversos em hospitais. Estimativas apontam os erros médicos como a terceira principal causa de morte nos Estados Unidos.

Na radiologia, a maioria dos erros médicos é de natureza diagnóstica, sendo subdivididos em diagnósticos incorretos, atrasados ou perdidos e estes estão relacionados a cerca de 75% dos processos de imperícia movidos contra radiologistas.

Além disso, é importante ressaltar que na era da medicina baseada em valor é fundamental a implementação de programas que facilitem a melhoria contínua e garantam a manutenção dos padrões de qualidade dos exames diagnósticos.

PEER REVIEW

O termo “ Peer Review ” (ou revisão por pares) se relaciona à revisão de projetos / trabalhos, por um par que seja qualificado e execute a mesma função (com conhecimento adequado e capacidade) que o indivíduo revisado.

Na radiologia, este conceito foi inicialmente proposto e aplicado para manutenção da qualidade, em um processo no qual as imagens originalmente interpretadas são selecionadas e revisadas por um outro radiologista. Um dos primeiros modelos foi o “ RadPeer ”, proposto pelo American College of Radiology (ACR) em 2002, que recebeu atualizações em 2009 e 2016 até chegar no modelo de classificação dos laudos em basicamente 3 categorias:

(1) - Sem discordância significativa; (2) - Discordância não significativa; (3) - Discordância significativa. As categorias (2) e (3) são subclassificadas em (a) - sem significado clínico ou (b) - com significado clínico.

Diversos estudos avaliaram a opinião dos radiologistas sobre este método de controle de qualidade, sendo que uma significativa parte dos entrevistados referiu sensação de perseguição (“eu sou um alvo”), constrangimento (de ter o próprio erro exposto), injustiça ou falta de aleatoriedade, além de ser um processo oneroso e por vezes julgado como sem utilidade. Foi observado também a frequente minimização ou ocultação dos erros, com o intuito de evitar situações de constrangimento, e o receio de implementação de ações punitivas por mau desempenho do profissional.

De fato, concluiu-se que na perspectiva de qualidade e segurança, este comportamento defensivo acabava por bloquear as oportunidades de melhorias dentro de um departamento.

Foi através desta percepção, observada em diversos centros de radiologia espalhados pelo mundo, que iniciou-se o desenvolvimento de um novo modelo a ser utilizado com o objetivo de garantir a qualidade dos laudos em radiologia.

PEER LEARNING

Em setembro de 2015, o Institute of Medicine (IOM) emitiu um relatório denominado “Improving Diagnosis in Health Care”. Este relatório destacou o problema de subestimação de erros de diagnóstico em cuidados de saúde e delineou a necessidade de criação de um ambiente que acolha os erros como uma oportunidade de aprendizado.

Nesse contexto, o Peer Learning é uma estratégia que foca no “aprendizado por pares”, gerando uma cultura colaborativa, respeitosa e não punitiva, melhorando o desempenho do grupo como um todo na prática da radiologia moderna.

No modelo Peer Learning , são realizadas reuniões dentro dos grupos de cada especialidade, com periodicidade variável, podendo ser mensal, bimestral ou de acordo com as necessidades e possibilidades de cada serviço em particular. As reuniões consistem em discussões de casos, incluindo não apenas erros ou discordâncias, mas também casos de diagnósticos realizados de forma brilhante, e também casos didáticos do ponto de vista do aprendizado do radiologista.

Atualmente, visando a avaliação do desempenho de

cada médico individualmente, alguns serviços aderiram ao Peer Learning em substituição ao Peer Review . Vários quesitos podem ser ponderados na avaliação do radiologista, destacando-se a participação nas reuniões, a colaboração com envio de casos e o empenho na aplicação da metodologia. Por outro lado, alguns serviços consideram a métrica gerada pelo Peer Review mais objetiva e o mantiveram, por vezes em conjunto com o Peer Learning

NOSSA EXPERIÊNCIA

O Departamento de Diagnóstico por Imagem do Hospital Albert Einstein implementou o Peer Learning como ferramenta de melhoria há cerca de 3 anos.

Paralelamente ao Peer Learning , mantivemos a constante realização de revisões dos laudos de todos os médicos radiologistas, através da seleção aleatória de uma amostra fornecida pelo próprio RIS de exames a serem revisados, com um fluxo que permite a documentação de eventuais discordâncias, bem como a eventual alteração destes laudos quando necessário. Nos relatórios gerados pelo Peer Review , podemos obter o desempenho de cada médico individualmente, avaliado pela amostra de seus laudos, havendo medidas pré-estabelecidas de melhoria caso o desempenho do profissional esteja abaixo do esperado.

O grupo de imagem mamária já realizava de maneira rotineira reuniões mensais com discussões de casos de “falhas diagnósticas”. O método Peer Learning veio complementar o aprendizado, permitindo que a equipe receba também os feedbacks positivos dos exames realizados, gerando oportunidades de satisfação pelo reconhecimento de diagnósticos bem feitos.

Para a implementação do Peer Learning, foi criada uma aba no nosso sistema de laudos (RIS) denominada “ Peer Learning ”. Através dela, os médicos de cada equipe podem selecionar os casos que julguem interessantes para serem discutidos nas reuniões. Os casos devem ser classificados em “diagnóstico brilhante”, “achado raro”, “caso didático”, “oportunidade de aprendizado” ou “outro” (com espaço para detalhamento por escrito).

Os casos selecionados são então analisados por um membro do grupo, que seleciona e anonimiza os casos mais relevantes a serem discutidos na reunião subsequente. Desta forma, apenas o responsável pelas reuniões possui acesso aos dados dos pacientes e dos médicos envolvidos no processo, sendo que estes médicos envolvidos sempre recebem feedbacks sobre os casos antes mesmo de serem apresentados ou discutidos com toda a equipe.

Apesar de algumas categorias de classificação dos casos para o Peer Learnin g serem por definição mais expositivas, ao final de cada caso discutido a equipe expõe os pontos de aprendizado, como poderíamos ter manejado o caso de uma melhor forma e os vieses possivelmente presentes na interpretação do exame. As discussões da forma como são realizadas geram importantes questionamentos sobre os fluxos e protocolos atuais do serviço, com reflexões a respeito de possíveis melhorias na nossa prática radiológica individual e como grupo.

Desde a implementação do Peer Learning , a equipe refere boas experiências, constatando que o método proporciona crescimento coletivo e mais maturidade da equipe, além do aprendizado propriamente dito.

LIMITAÇÕES

Apesar das inúmeras vantagens, observamos que existem desafios e limitações relacionados ao método. A transição para um programa de aprendizagem entre pares bem-sucedido requer mudança de cultura (com maturidade para uma discussão dos casos na busca de uma forma de melhoria ao invés de uma discussão voltada para julgamentos e olhar discriminatório), investimento de tempo (preparo das reuniões e participação nas reuniões) e forte apoio da liderança (incentivo à adesão dos médicos radiologistas do grupo). Além disso, a presença de suporte com ferramentas de tecnologia da informação (TI) pode auxiliar muito no processo de implementação e continuidade do método, tornando um fator importante (porém não imprescindível) a disponibilidade de recursos para tal.

A seguir, segue tabela com as principais diferenças entre o Peer Review e Peer Learning :

PEER REVIEW PEER LEARNING

Casos aleatórios Casos com oportunidade de aprendizado

Foco em indivíduos Foco em um grupo, aprendizado coletivo Sistema de avaliação Sistema de avaliação do médico quantitativo subjetivo e por pontuação

Foco em quem cometeu Foco no motivo de o erro ter o erro e com que acontecido e em estratégias frequência para evitar que ele se repita Inclui apenas feedback Promove aprendizado entre individual entre pares pares e melhorias

Gera cultura defensiva Gera cultura de confiança O desempenho Não existem medidas de específico do indivíduo performance individual pode ser quantificado

As métricas de Métricas alternativas podem desempenho podem ser ser consideradas, com foco usadas para atender aos maior na participação do requisitos organizacionais que na performance

Sistema já em uso por A transição para o peer anos por várias learning requer tempo, instituições recursos a mudança de cultura

VIESES

Os erros médicos podem ser categorizados em erros de diagnóstico, erros de tratamento, erros preventivos e outros erros (por exemplo, falhas de comunicação, falhas de equipamento e outras falhas de sistema). Na radiologia, a maioria dos erros médicos é categorizada como erros de diagnóstico (que resultam em diagnósticos incorretos, atrasados ou perdidos).

A classificação de erros é um aspecto importante nas reuniões de Peer Learning , de forma que o objetivo das reuniões seja não apenas exposição de casos e apresentação de oportunidades de aprendizado para o grupo, mas também permitam reflexões sobre o “motivo” e discussão de estratégias para que casos similares sejam mais bem assistidos.

Uma das formas de classificar os erros em radiologia diagnóstica seria separá-los em três categorias principais: (a) detecção (falha na identificação da anormalidade), (b) interpretação (interpretação do achado) e (c) comunicação inadequada com os médicos solicitantes.

Os erros de detecção e interpretação estão particularmente sujeitos ao processamento cerebral e ao viés cognitivo.

A seguir, destacamos alguns dos principais vieses presentes na nossa prática, para nos familiarizarmos e evitá-los quando possível:

1 - Framming bias (viés de enquadramento):

É a tendência de o radiologista ser influenciado pela forma como o quadro clínico é apresentado, levando a diferentes conclusões por influência das informações obtidas. Considerando que as informações clínicas podem ser escassas ou mesmo enganosas nos pedidos médicos, mascarar a história clínica no momento da interpretação da imagem e depois revisá-la pode ajudar a evitar esse erro, bem como revisar com detalhes os prontuários eletrônicos. Exemplos: casos de queixas palpáveis das pacientes que não sejam o foco da alteração do exame em questão.

2 - Satisfaction of search bias (viés de satisfação da busca):

Ocorre quando o padrão de busca visual é interrompido após a identificação de uma anormalidade que possa explicar os sintomas do paciente, fazendo que o radiologista deixe de buscar e encontrar outros achados. Esse erro pode ser reduzido por meio de abordagens sistemáticas ou de listas de verificação e relatórios estruturados. Exemplos: Paciente com um nódulo suspeito na mama direita, não sendo observado o nódulo igualmente suspeito na mama contralateral. CONTINUA

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Do

Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação

3 - Anchoring bias (viés de ancoragem):

É a falha em ajustar uma impressão inicial, apesar de receber informações adicionais posteriormente. Algumas atitudes úteis para evitar essa situação incluem: recuar com o intuito de olhar para o quadro geral ao interpretar um estudo; estar ciente desse viés e evitar a tendência de se ancorar em um diagnóstico estabelecido no início do processo. Exemplo: Paciente com lesão suspeita na mama, que poderia ser explicada por um histórico de manipulação cirúrgica porém com aspecto atípico.

4 - Alliterative Bias (viés aliterativo):

Esta é a influência de relatórios de imagem anteriores no julgamento de um radiologista. Para evitar esse erro, deve-se considerar a revisão de relatórios anteriores somente após a interpretação. Exemplo: Calcificações pleomórficas com distribuição segmentar, classificadas como benignas em relatório externo e por este motivo, interpretadas como benignas.

Lembramos que existem outros vieses cognitivos e que, fatores outros como os relacionados ao sistema, falta de pessoal, distrações na sala de laudos, problemas de tecnologia da informação (TI) e artefatos também podem contribuir para os erros ocorrerem

CASOS

Seguem alguns exemplos de casos discutidos em reuniões de Peer Learning

CASO 1 (diagnóstico brilhante):

Caso clínico: Paciente de 62 anos realiza mamografia de rastreamento, referindo cirurgia prévia de inclusão de implantes.

(MLO) e craniocaudal (CC) com e sem manobras de Eklund (fig. 1 a 4) sem evidência de lesões.

O ultrassom (US) foi realizado, e um nódulo irregular e não circunscrito correspondente ao nódulo caracterizado na tomossíntese foi detectado. Foi realizada biópsia core guiada por US, com resultado de carcinoma ductal invasivo (CDI).

Pontos de ensino:

• Sempre analisar a tomossíntese sistematicamente e com cuidado, mesmo na ausência de achados na mamografia 2D.

• Achados ultrassonográficos sutis podem ser detectados quando realizados com cuidado.

CASO 2 (achado raro):

Caso clínico: Paciente de 76 anos com queixa palpável na mama direita e antecedente pessoal de neoplasia de cólon.

US:

direita, identifica-se lesão não nodular com ecogenicidade mista, em correspondência à queixa palpável.

Na tomossíntese com manobra de Eklund, visualizamos nódulo irregular associado a distorção arquitetural na união dos quadrantes superiores da mama direita.

ipsilateral, identifica-se linfonodo com características atípicas (globoso, com perda do hilo ecogênico).

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Mamografia 2D foi realizada nas incidencias mediolateral obliqua
1 2 3 4
Na mama
CONTINUA CONTINUAÇÃO
Na axila

Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação

Mamografia:

Reconstrução em MIP do T1 FAT-SAT pós contraste demonstra realce não nodular de distribuição segmentar, na mama direita, associado a espessamento e realce difuso da pele e aumento volumétrico na mama direita.

A sequência axial T1 demonstra linfonodo globoso na axila direita.

Biópsia:

Realizada biópsia a vácuo guiada por US da lesão não nodular na mama direita e core biopsy do linfonodo axilar direito, com resultados consistentes com “linfoma difuso de celulas B”.

Pontos de ensino:

• A comparação entre a ecogenicidade da área palpável com a da mesma região na mama contralateral pode ser útil na avaliação de achados não nodulares sutis

• Achados associados devem ser investigados na vigência de alterações clínicas.

CASO 3 (achado didático):

Caso clínico: paciente do sexo feminino, 65anos, realizando mamografia de rastreamento.

Incidências MLO e CC demonstram material hiperdenso nas regiões axilares. A equipe médica realizou contato com a paciente, que referiu a injeção prévia de material relacionado a procedimento estético em ambas as axilas.

Pontos de ensino:

• Lembrar deste diagnóstico na presença de áreas grosseiras e simétricas no aspecto posterior da mama/ regiões axilares, sem distribuição ductal ou segmentar.

• Nestes casos é importante buscar por dados clínicos adicionais, quando não disponíveis.

• O reconhecimento do aspecto radiológico de diferentes materiais de preenchimento (comumente utilizados atualmente) pode evitar falsos positivos.

CASO 4 (oportunidade de aprendizado):

Caso clínico: Paciente do sexo feminino, 75 anos, com história pessoal de mastectomia na mama direita devido a câncer, bem como história de nodulectomia na mama esquerda, comparece para realizar ultrassom de rotina. A MMG não foi realizada no mesmo dia por questões de cobertura do plano de saúde.

US:

Lesão não nodular hipoecoica na junção dos quadrantes inferiores da mama esquerda. O radiologista observou que a lesão, embora na junção dos quadrantes inferiores, não apresentava aspecto típico de manipulação cirúrgica e classificou como BI-RADS 4.

Mamografia:

A mamografia foi realizada após a US, não sendo detectadas lesões na mama direita.

RM:

A subtração axial da RM de estadiamento mostra um extenso realce não massa com distribuição segmentar na mama esquerda.

JUN / JUL 23 nº 134 13
RM:
O ID publica artigos de revisão, de atualização e relatos de casos. Envie para o endereço: www.interacaodiagnostica.com.br
CONTINUA CONTINUAÇÃO

Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação CONCLUSÃO

Biópsia:

Foi realizada biópsia guiada por US na lesão na mama esquerda, com resultado de carcinoma lobular invasivo (CLI)

Evolucão:

Ao avaliar o ultrassom com exames anteriores, notamos que a lesão vinha progressivamente se tornando mais conspícua:

CONCLUSÃO

Erros inevitavelmente irão acontecer na prática da medicina, inclusive na radiologia. No entanto, estratégias podem ser empregadas a fim de reduzir a ocorrência daqueles considerados evitáveis. O aprendizado entre pares ( Peer Learning), embora apresente desafios em sua implementação (te mpo, esforço de toda a equipe e recursos), pode oferecer muitas vantagens de aprendizagem, com melhoria no desempenho dos profissionais e consequente melhorias nos laudos radiológicos.

Em análise retrospectiva das imagens dos exames anteriores, pudemos observar que a lesão provavelmente vinha sendo previamente interpretada erroneamente como achado pós-cirúrgico.

Pontos de ensino:

• As lesões que se tornam mais evidentes entre os exames são suspeitas, mesmo quando em topografia pós-cirúrgica.

• O carcinoma lobular invasivo pode se apresentar como lesão não nodular no US.

• No contexto do CLI, a RM deve ser realizada para estadiamento, pois a lesão pode ser subestimada no US. Quais vieses estavam presentes no caso?

• Anchoring bias (viés de ancoragem): é a falha em ajustar uma impressão inicial após receber informações adicionais.

• Aliterative bias (viés aliterativo): é a influência de relatórios de imagem anteriores no julgamento de um radiologista.

Como podemos manejar melhor casos semelhantes no futuro?

• É importante estar atento ao viés de ancoragem, no qual não devemos assumir que todas as lesões na mama estão relacionadas a procedimento cirúrgico prévio e também ao viés aliterativo, para não replicar automaticamente as impressões do último exame.

Nossa experiência com o Peer Learning tem sido extremamente positiva e a impressão do grupo como um todo é que a estratégia de fato oferece muitas oportunidades de aprendizagem e de evolução como equipe. Consideramos que essa metodologia promove uma cultura de confiança e coleguismo entre os profissionais da equipe, resultando em propostas de melhorias individuais e coletivas a partir dos casos apresentados nas reuniões.

Esperamos que nossa experiência possa ser útil como exemplo de implementação do Peer Learning na realidade do nosso país e que incentive o emprego dessa estratégia em diferentes serviços. Por fim, acreditamos que o Peer Learning seja uma importante ferramenta no controle de qualidade, proporcionando inúmeros benefícios aos colegas radiologistas e aos pacientes.

PONTOS DE APRENDIZADO

• Erros ou discrepâncias nos relatórios radiológicos não equivalem a negligência.

• Erros do radiologista ocorrem por vários motivos, tanto humanos quanto derivados do sistema.

• O aprendizado só é possível a partir do momento em que há maturidade para reconhecimento dos próprios erros.

• A melhor estratégia para minimizar as falhas é utilizá-las como aprendizado.

REFERÊNCIAS

1 Sayyouh MMH, Sella EC, Shankar PR, Marshall GE, Quint LE, Agarwal PP. Lessons Learned from Peer Learning Conference in Cardiothoracic Radiology. Radiographics. 2022 Mar-Apr;42(2):579-593. doi: 10.1148/rg.210125. Epub 2022 Feb 11. PMID: 35148241.

2 Larson DB, Donnelly LF, Podberesky DJ, Merrow AC, Sharpe RE Jr, Kruskal JB. Peer Feedback, Learning, and Improvement: Answering the Call of the Institute of Medicine Report on Diagnostic Error. Radiology. 2017 Apr;283(1):231-241. doi: 10.1148/radiol.2016161254. Epub 2016 Sep 27. PMID: 27673509.

4 Donnelly LF, Dorfman SR, Jones J, Bisset GS 3rd. Transition From Peer Review to Peer Learning: Experience in a Radiology Department. J Am Coll Radiol. 2018 Aug;15(8):1143-1149. doi: 10.1016/j. jacr.2017.08.023. Epub 2017 Oct 19. PMID: 29055610.

5 Busby LP, Courtier JL, Glastonbury CM. Bias in Radiology: The How and Why of Misses and Misinterpretations. Radiographics. 2018 Jan-Feb;38(1):236-247. doi: 10.1148/rg.2018170107. Epub 2017 Dec 1. PMID: 29194009; PMCID: PMC5790309.

AUTORES

Bruna Mayumi Takaki Tachibana 1

Marcela Caetano Vilela Lauar 2

Heni Debs Skaf 3

Aline Lemgruber Prado Costa 3

Ana Claudia Silveira Racy 3

Renato Leme de Moura Ribeiro 4

1 Médica Radiologista, Assistente do Grupo de Imagem da Mama e da Equipe de Qualidade e Processos do Hospital Israelita Albert Einstein.

2 Médica Pós-graduanda em Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

3 Médico Radiologista, Assistente do Grupo de Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

4 Médico Radiologista, Coordenador do Grupo de Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

Normas para publicação no Caderno Application do Jornal Interação Diagnóstica

O Jornal Interação Diagnóstica é uma publicação bimestral destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem e especialistas correlacionados nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, ginecologia e obstetrícia, angiologia e cirurgia vascular, dentre outras. O propósito do Jornal é selecionar e disseminar conteúdos de qualidade científica na área de diagnóstico por imagem.

INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES

Tipos de artigos

Serão selecionados para publicação somente artigos de revisão e atualização, ensaios pictóricos, artigos de opinião, relatos de experiência, novidades técnicas e cartas ao editor. O editorial é de responsabilidade do editor do Jornal, podendo ser escrito por terceiros a convite do editor.

Artigos originais, relatos de casos, notas prévias de trabalhos e resumos de teses deverão ser encaminhados para as revistas nacionais de Radiologia.

O editor e o conselho editorial do Jornal Interação Diagnóstica terão o direito de não publicar os artigos que não estejam de acordo com o propósito da seção.

Formatação

Os artigos devem ser redigidos em língua portuguesa, ortografia oficial e digitados preferencialmente no processador de texto Microsoft Word e a fonte (letra) Times New Roman, espaço duplo, tamanho 12 e o texto não ultrapassar 5.000 caracteres, que equivalem a 3,5 laudas de 1.400 caracteres.

As ilustrações (fotografias, imagens de exames, figuras, desenhos e gráficos) devem ser de boa qualidade fotográfica, com resolução de 300 DPI e enviadas no formato JPG ou PDF e numeradas na ordem de aparecimento no texto. Cada ilustração deve vir acompanhada de sua respectiva legenda. Imagens de exames não devem permitir a identificação do paciente. Serão aceitas no máximo 12 (doze) ilustrações por artigo, incluindo tabelas e desenhos. Se o trabalho exceder a esse número, favor consultar.

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Informações adicionais

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JUN / JUL 23 nº 134 14

Corpos estranhos na mama associados à Síndrome de Munchausen

INTRODUÇÃO

A síndrome de Munchausen é um distúrbio psiquiátrico raro no qual os pacientes intencionalmente produzem lesões ou doenças em si mesmos, fabricando sinais e sintomas, ou alterando exames laboratoriais, com o objetivo de ganhar simpatia, atenção ou assumir o papel de doente.

Em 1951, o médico inglês Richard Asher relatou pela primeira vez a síndrome no “The Lancet”, batizando-a com o nome de um famoso mentiroso. O Barão de Münchhausen (1720-1797) foi um nobre alemão que se tornou célebre por contar histórias exageradas sobre suas aventuras como militar.

A etiologia ainda é desconhecida. A prevalência é de cerca de 1% entre os pacientes hospitalizados. Ocorre mais frequentemente em mulheres jovens, profissionais de saúde, histórico de doença psiquiátrica, traumas emocionais ou internações prolongadas durante a infância.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Esses pacientes estão familiarizados com termos médicos e podem reproduzir hematomas, hemoptise, hematúria, febre, hipoglicemia, convulsões, paralisia. Eles estão dispostos a realizar procedimentos invasivos, que podem colocar suas vidas em risco e ter um impacto econômico significativo nos hospitais.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico consiste em anamnese, exame físico e mental, exames de imagem e exclusão de causas orgânicas. Além disso, informações de familiares podem ser úteis para encontrar inconsistências em dados e evidências de materiais que podem ser usados para automutilação, como seringas e agulhas.

ACHADOS RADIOLÓGICOS

Materiais como metais (exceto alumínio) e vidros são radiopacos e mais facilmente identificáveis em exames radiológicos, em comparação com materiais radiolúcidos como madeira e plástico.

Identificar corpos estranhos é essencial devido, principalmente, à natureza perfurocortante de alguns deles, que pode levar a complicações como perfuração de órgãos adjacentes, fístulas, hemorragia e infecção.

Geralmente, a tomografia computadorizada é a modalidade de imagem usada para localizar precisamente o corpo estranho e caracterizar possíveis danos aos tecidos adjacentes para definir a conduta médica.

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Síndrome de Munchausen por procuração: abuso de crianças cujas mães intencionalmente fabricam sintomas em seus filhos; ou abuso de pessoas idosas ou deficientes cujos sintomas são criados por um cuidador.

Transtornos somatoformes: manifestação de sintomas físicos de origem exclusivamente psicogênica, não intencionalmente. Está ligado à transtornos psiquiátricos ou alterações adaptativas-relacionais.

Simulação: não é um transtorno mental. Os sintomas são fabricados com a finalidade de obtenção de ganhos secundários, como auxílio financeiro do governo, afastamento do trabalho, fuga de processo criminal.

Agulha remanescente após cirurgia ou introdução acidental: geralmente é um achado único, com história de cirurgia anterior; ou bordadeiras e alfaiates, que têm o hábito de colocar agulhas nas próprias camisas durante o trabalho.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

O tratamento é baseado na psicoterapia, mas também podem ser utilizados antidepressivos e antipsicóticos.

A maioria dos pacientes recusa ajuda psiquiátrica e abandona o hospital após conflitos com a equipe de saúde ao serem informados de que as evidências mostram que os sintomas são fraudulentos e, então, procuram atendimento em outro lugar. Muitos inventam novos nomes e endereços, dificultando a correlação de registros médicos.

Relata-se que alguns pacientes recebem alta do tratamento médico devido às autolesões repetitivas, sensação de fracasso da equipe de saúde e possível despreparo em dar continuidade à assistência.

RELATO DE CASO DA IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

Uma mulher de 47 anos, assintomática e sem história familiar para câncer de mama, se apresentou para mamografia de rastreamento. Sem dor ou nódulos palpáveis nas mamas no exame físico.

Sua mãe informou que, desde a infância, a paciente estava em tratamento psiquiátrico devido a automutilações repetitivas e dificuldade de aprendizagem.

Há cinco anos foi submetida à drenagem cirúrgica de abscesso na região genital, complicação secundária a agulhas auto-inseridas. Há três anos, durante a pandemia de COVID-19, a paciente recebeu alta do tratamento psiquiátrico. Apesar disso, sua mãe relatou que quando a filha está chateada, ela se tranca no quarto e insere agulhas em vários segmentos do corpo, e a paciente concorda com a veracidade dessa informação.

JUN / JUL 23 nº 134 15 RELATO DE CASO
Figura 1. Mamografias craniocaudal (A) e mediolateral oblíqua (B) esquerdas demonstram imagens lineares de alta densidade radiográfica, compatíveis com agulhas, algumas na região superolateral anterior (setas azuis), e uma na região superolateral posterior (seta amarela). Há uma densidade ao redor da agulha posterior, não observada em mamografia prévia, sugestiva de natureza inflamatória/ reacional. Figura 2. Imagens ultrassonográficas transversal (A) e sagital (B) da mama esquerda, às 2-3 horas, 3 cm abaixo da papila, demonstram imagens lineares com sombra acústica posterior (setas azuis), correlacionadas com os achados mamográficos da mama esquerda.
CONTINUA
Figura 3. Radiografia do tórax demonstra artefatos alongados e radiopacos projetados na mama (setas azuis) e axila esquerdas (seta preta), esta última compatível com inserção adicional de agulha, não observada em exame anterior.

Corpos estranhos na mama associados à Síndrome de Munchausen

REFERÊNCIAS

- Prakash J, Das RC, Srivastava K, Patra P, Khan SA, Shashikumar R Munchausen syndrome: Playing sick or sick player. Ind Psychiatry J 2014;23 (1):68-70

- Sousa Filho D, Kanomata EY, Feldman RJ, Maluf Neto A Munchausen syndrome and Munchausen syndrome by proxy: a narrative review. Einstein (Sao Paulo) 2017;15 (4):516-521

- Steel RM Factitious disorder (Munchausen's syndrome). J R Coll Physicians Edinb. 2009;39(4):343–347

- Lombardi, W., Lombardi, L. B., Borges, J. R., Chielli, G., Silva, F. V., Abbas, N. A. B., Marcinkevicius, J. A., & Marchetti, L. de O. (2022). Breast self-mutilation causing in surgical intervention as a manifestation of Münchausen syndrome. Brazilian Journal of Health Review, 5(5), 20388–20395

Figura 4. Imagens da tomografia computadorizada de tórax sem contraste nos cortes sagital (A) e axial (B) mostram imagens lineares que correspondem a agulhas, localizadas superficialmente (setas azuis) e uma delas posteriormente, a qual tem parte de sua estrutura no interior do músculo peitoral maior esquerdo (seta amarela).

- Contegiacomo A, Conti M, Trombatore P, Dezio M, Muciaccia M, Lozupone E, Natale L, Manfredi R Radiological features and management of retained needles. Br J Radiol 2020;93 (1114):20200316

AUTORES

Helen Ribeiro de Oliveira ¹

Heytor José de Oliveira Cabral 1

Camila de Lima Acras 2

Marina Ferreira Rosa de Vilhena 2

Natane Cellarius 2

Rodrigo Oliveira Seleti 2

Diogo Lopes Brun 2

Maria Helena Siqueira Mendonça 2

Gustavo Machado Badan 3

¹ Residente de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

² Médico Assistente de Radiologia Mamária

³ Coordenador do Serviço de Radiologia Mamária

Figura 5. Imagens da tomografia computadorizada de tórax sem contraste nos cortes sagital (A) e axial (B) mostram uma imagem linear, correspondente a agulha, que está totalmente inserida dentro do músculo peitoral maior esquerdo (seta amarela).

Médicos radiologistas do Serviço de Diagnóstico por Imagem da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo

JUN / JUL 23 nº 134 16
CONCLUSÃO RELATO DE CASO

Acesso ao cuidado por meio da inovação e inclusão são as apostas da Philips

Com os olhos voltados à América Latina, a empresa tem valorizado a presença das mulheres em posição de liderança e possui o objetivo de melhorar a vida das pessoas através do acesso à saúde.

Há mais de 100 anos no mercado a gigante holandesa está de olhos voltados à América Latina e fez aquisições importantes na região. Um exemplo disso foi a aquisição do segmento digital da Carestream Health, que desde 2019 passou a fazer parte do portfólio da empresa.

Em entrevista o ID — Interação Diagnóstica, Fabia Tetteroo-Bueno, CEO da Philips para a América Latina, sediada no Panamá, falou sobre as estratégias da empresa na área da saúde, sobre a importância de facilitar o acesso da população a tratamento e diagnóstico e sobre o legado que pretende deixar.

Focada em visualizar os cuidados de saúde como um continuum, começando com uma vida saudável e prevenção, diagnóstico preciso e tratamento personalizado, até os cuidados em casa – onde o ciclo para uma vida saudável recomeça, a Philips busca avançar tanto em equipamentos e softwares quanto em abordagens voltadas à sustentabilidade ambiental e social. O caminho escolhido para isso é inovar, mas também abrir caminhos.

Fabia conta que, ocupando a principal posição de liderança da América Latina, ela tem dois objetivos importantes. O primeiro é facilitar o acesso à saúde, tendo em vista que mais de 30% da população da América Latina não conta com serviços de saúde de qualidade. Esta preocupação está atrelada a uma experiência bem pessoal: de origem simples, a executiva reconhece a importância de viabilizar caminhos para que mais pessoas tenham condições de tratamento adequadas.

O segundo objetivo de Fabia é o de deixar um legado fundamental e garantir que cada vez mais mulheres ocupem cargos de liderança na empresa. “Nós trabalhamos muito em programas de diversidade e inclusão, para assegurar que, de fato, qualquer pessoa possa entrar na nossa empresa e crescer nela, independentemente de sua origem, cor, gênero. Qualquer pessoa tem o direito de entrar, de se desenvolver e de crescer na nossa empresa”, afirma. A visão dela vai ao encontro do propósito da Philips — melhorar a vida das pessoas por meio da inovação.

Este é um propósito, inclusive, bastante pertinente, considerando o cenário atual da radiologia, área na qual a Philips é um dos principais nomes. No primeiro semestre de 2020, o número de vagas de emprego para técnico de radiologia cresceu 732%. Ou seja, existe uma demanda gigantesca por pessoal clínico, que não tem sido suprida pela quantidade de profissionais disponíveis no mercado. A solução, nesse caso, é a digitalização. Segundo Fabia, é importante que as máquinas

forneçam um diagnóstico rápido e certeiro, favorecendo a eficiência do setor de radiologia. Para isso, a empresa tem investido tanto em software quanto em hardware, a fim de solucionar o gargalo existente.

“A gente queria investir em saúde, e foi o que fizemos”, conta a executiva. Desde que deixou de operar com as linhas de consumo, a Philips fez grandes aquisições, como a do Philips Tasy EMR, uma tecnologia de prescrição eletrônica com quase três décadas de eficiência, a da Carestream, dentre outras, totalizando mais de quinze aquisições importantes para o Brasil e a América Latina.

Esses avanços colocam a Philips na posição de fornecer soluções digitais capazes de ajudar a área da saúde a detectar mais rápido, diagnosticar melhor e tratar o mais rápido possível, não só com equipamentos como os de ressonâncias e tomografias, mas também com softwares, big data, inteligência artificial, telemedicina e soluções de Informatics. “Estamos muito focados na digitalização do setor, para melhorar a eficiência dele de acordo com as necessidades que se apresentam”, conta Fabia.

A preocupação da Philips não se limita a criar e produzir as melhores soluções. A empresa se concentra em soluções para administrar o impacto ambiental gerado pelo aumento da busca por equipamentos. As soluções mais sustentáveis incluem favorecer novos modelos de consumo, como a economia circular. No caso, um produto em bom estado que deixa de ter utilidade para o proprietário atual pode ser repassado para outro usuário, de modo que este não precise comprar um produto novo, de alto custo.

Outra preocupação é o desenvolvimento de equipamentos mais eficientes e com menor consumo energético, usando, por exemplo, menos hélio, gás bastante caro e cada vez mais escasso no mercado. Bom para os clientes, bom para o meio ambiente.

Todas essas propostas foram apresentadas no stand da Philips na Jornada Paulista de Radiologia (JPR) de 2023, um dos maiores eventos do mundo para o setor. Além de apresentar o fluxo de economia circular e seus equipamentos, a Philips levou à JPR 2023 uma experiência interativa sobre o uso da inteligência artificial no fluxo de trabalho cardíaco de

ressonância magnética e AVC.

Outra proposta a ser fomentada no ecossistema da Philips é o serviço de telerradiologia. Se já existe a dificuldade de encontrar radiólogos nos grandes centros urbanos, essa dificuldade só aumenta em regiões de mais difícil acesso. Nesse caso, o paciente pode fazer seus exames nos equipamentos da Philips onde quer que more, e um radiólogo poderá analisar esses exames a distância. “O nosso objetivo com tudo isso, primeiro, é que o trabalho para o corpo clínico seja mais rápido, mais fácil e mais eficiente. Segundo, é que o processo seja mais rápido e eficiente para o paciente, de modo que ele faça seus exames e não precise retornar várias vezes devido a falhas. Hoje há muita ineficiência porque o teste não costuma ficar bom logo na primeira vez. Corrigir isso vai reduzir custos e facilitar o acesso à saúde àqueles que têm dificuldade para se deslocar”, relata Fabia, que complementa explicando a importância de parcerias público-privadas para ampliar ainda mais o acesso à saúde e apresenta um case bem-sucedido da Philips.

“Temos pensado em modelos disruptivos para atingir essas metas. Por exemplo, na Bahia, fizemos uma parceria com o governo do estado para fornecer os equipamentos de alta tecnologia dos quais eles precisavam. Como o investimento seria bastante alto, pensamos em um modelo de negócio distinto, em que, em vez de comprar as máquinas e despender de valores tão altos de uma vez só, chegamos a um modelo de pagamento mensal para o uso dos equipamentos”, conta a executiva. Esses potenciais de negócio são discutidos também com outros entes privados.

Refletindo sobre a importância de reconhecer os desafios postos, frente às diversas realidades presentes no Brasil, Fabia argumenta que a aposta em inovação envolvendo dados, software, hardware e inteligência artificial pode ajudar hospitais, médicos, enfermeiros, e o corpo clínico como um todo, ao melhorar as tomadas de decisão, tornando-as mais rápidas e assertivas. Nos últimos 40 anos, a tecnologia e a compreensão da importância da democratização do acesso à saúde evoluíram bastante, e a Philips quer seguir fazendo parte dessa evolução.

Tiradentes marca presença na Hospitalar

A Tiradentes Saúde, com a presença de sua equipe, participou da Feira Hospitalar em São Paulo.

AFeira Hospitalar ocorreu durante os dias 23 a 26 de maio, propiciando grandes oportunidades para parcerias de sucesso, conexão de mercado e apresentação de novas tecnologias e reflexões que moldam o setor de produtos e equipamentos para a saúde. Entre mais de mil marcas expositoras, a Tiradentes esteve presente nos stands de parceiros como Canon Medical e Carestream, referências no mercado de diagnóstico por imagem. “Foi uma experiência incrível participar desse evento. Nos conectamos com diversos representantes do mercado nacional e internacional da saúde (...)” disse Fernando Sales, Diretor da Tiradentes Saúde.

JUN / JUL 23 nº 134 17 JUNHO / JULHO 23 - ANO 22 - Nº 134
SERVIÇOS &
Redação
CONJUNTURA
Da
Fabia Tetteroo-Bueno, CEO da Philips.
REGISTRO

Como a inteligência artificial tem otimizado o setor de diagnóstico por imagem

Benefícios incluem mais qualidade de vida dos pacientes, produtividade dos profissionais de saúde e assertividade dos exames

Atecnologia, cada vez mais aplicada na área da saúde, tem contribuído para o aprimoramento da jornada dos pacientes. Os impactos positivos das soluções inovadoras no cuidado incluem otimização dos exames de imagem e precisão do diagnóstico, aspectos muito importantes na promoção da saúde.

Neste processo, a inteligência artificial desempenha um papel fundamental. O machine learning, que usa os algoritmos para organizar dados e gerar insights, está cedendo espaço para o deep learning, em que o computador, por meio de algoritmos de alto nível, executa tarefas próximas daquelas realizadas pelos seres humanos.

Isto representa um grande avanço no segmento diagnóstico por complementar

o trabalho dos radiologistas. A tecnologia possibilita a associação entre as informações ágeis e precisas geradas por inteligência artificial e a interpretação e análise dos profissionais de saúde.

Na Fujifilm, desenvolvemos o ReiLI, um sistema de inteligência artificial que dá suporte ao diagnóstico e está aplicado a equipamentos de ressonância magnética (Airis Vento), radiografia e mamografia digital (Lunit), e à solução Synapse 3D, ferramenta para visualização e análise avançada de imagens, entre outros.

O ReiLI tem o objetivo de trazer diversos benefícios para pacientes e profissionais da saúde. Apoiado no deep learning, esta tecnologia permite resultados mais precisos e rápidos. Contribui para reduzir o tempo de exame e de laudo e, desse modo, desafogar o atendimento e viabilizar o

tratamento com mais antecedência.

Uma das vantagens do uso de inteligência artificial está relacionada a uma espécie de triagem, que dá suporte para que os radiologistas possam determinar a urgência dos pacientes a partir dos laudos dos exames de imagem. A análise dos exames gera uma fila de prioridades que é avaliada pelos profissionais de saúde. As ferramentas registram dados importantes, identificam comorbidades que possam agravar um quadro e permite acesso às informações em questão de segundos no prontuário eletrônico. Esta agilidade reflete em mais chances de cura ou de controle de doenças e, consequentemente, mais qualidade de vida para os pacientes.

Vale ressaltar ainda que nossas tecnologias que utilizam inteligência

artificial, além de otimizar o tempo, proporcionam mais qualidade de imagem com doses menores de radiação ionizante, mantendo a textura original em imagens reduzidas para fornecer uma imagem ideal para diagnóstico. Este recurso identifica e conserta ruídos de imagens.

O uso da inteligência artificial no setor de diagnóstico representa um incremento de precisão, qualidade, segurança e confiabilidade dos dados. As análises feitas pelos especialistas das combinações encontradas ajudam a identificar doenças e iniciar o tratamento precocemente.

O efeito da associação entre tecnologia e expertise humana é a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e da produtividade dos profissionais de saúde, bem como a contribuição para sustentabilidade do sistema de saúde, já que a medicina diagnóstica ajuda na definição da melhor conduta clínica e, consequentemente, na otimização dos recursos.

REGISTRO

Neusoft busca crescer no mercado brasileiro

Marca trabalha para levar mais tecnologia a equipamentos acessíveis para expandir o atendimento radiológico em todo o Brasil

Com sede na China e filiais na Europa, África e América do Norte, a Neusoft comemora o crescimento de sua presença na América Latina por meio de suas operações no Peru e no Brasil.

Mas, de acordo com Brian Liu, presidente e general manager da Neusoft Medical North and South America, o mercado brasileiro tem se mostrado um dos mais excitantes para a expansão da companhia. Esse foi o tema da entrevista exclusiva que o Jornal ID realizou com o executivo durante a JPR 2023.

“O Brasil possui uma série de similaridades com a China, especialmente em termos de territorialidade e habitantes que necessitam de atendimento radiológico acessível. O Brasil é um país muito promissor, com um mercado dinâmico e com particularidades, e a Neusoft entende que podemos estreitar nossas relações com os parceiros já existentes, além de criar laços com instituições de diferentes regiões do país”, afirmou Brian Liu.

O executivo afirma que mais empresas chinesas tem ampliado sua atuação e buscando países em outros continentes, saindo da bolha doméstica e possibilitando cada vez mais a produção de raios-X, tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas com tecnologia e preço mais baixo. No caso da Neusoft, o amadurecimento das operações locais é estratégico.

“Trabalhar direto no Brasil permite que a companhia ofereça serviços melhores, mais baratos e mais eficientes, pois nos aprofundamos em cada demanda. Mas não queremos apenas ‘estar’ no Brasil, queremos fincar raízes aqui, esse é um país que vale a pena investir pelo seu tamanho,

cial para a Neusoft. Embora seja uma companhia chinesa e, portanto, com hábitos culturais distintos de países ocidentais (ainda mais latinoamericanos), a companhia sabe que a expertise do negócio ganha mais robustez quando as particularidades de cada país são respeitadas. Brian Liu destaca que os brasileiros são muito criativos e trabalham com paixão, e esses são fatores que podem levar a Neusoft além: “no Peru, Equador e Colômbia, 90% dos colaboradores são nativos, pois não queremos ser uma empresa estrangeira e mudar o mindset, temos que unir a nossa experiência com o conhecimento local”.

Com o objetivo de prover equipamentos e soluções radiológicas para o maior número de pessoas, contribuindo para uma vida melhor e mais saudável, a empresa mescla produtos low-end e high-end embutidos de tecnologias adequadas. De acordo com o executivo, o caso do Brasil exige a simplificação do fluxo de trabalho dos radiologistas, de maneira a maximizar o atendimento do maior número de pacientes em um dia.

necessidade e recursos humanos abundantes. O capital humano é cheio de conhecimento, então entendemos que trazer tecnologia e linhas de produção para cá faz muito sentido”, opina.

A conexão com os trabalhadores locais é um diferen-

“Por isso, os produtos Neusoft comercializados aqui no Brasil são indicados para atender a maior demanda do país, que é de modelos low-end e acessíveis. É claro que temos produtos high-end, com tecnologia de ponta, inteligência artificial, mas entendemos que devemos fornecer ao mercado brasileiro soluções e serviços eficientes e que possam atender muitos pacientes por dia com rapidez, excelência e segurança, acima de tudo”, finaliza Liu.

JUN / JUL 23 nº 134 18 PONTO DE VISTA Por Melissa Kuriki (x)
(x) Melissa Kuriki, diretora da Divisão Médica da Fujifilm Brasil Melissa Kuriki, diretora da Divisão Médica da Fujifilm “O Brasil possui uma serie de similaridades com a China, enfatiza o executivo Brian Liu, presidente da Neusoft.

TC de ultra-alta resolução possibilita novas investigações para doenças coronárias

Em entrevista exclusiva ao ID, Dr. Armin Zadeh fala sobre a obtenção de diagnósticos mais precisos por meio da utilização da tomografia computadorizada com maior resolução espacial.

Radiologistas que estudam doenças arteriais coronarianas sabem quão difícil é verificar segmentos calcificados ou com stent quando o exame é realizado via tomografia computadorizada (TC) convencional. A falta de resolução espacial é uma queixa há muito discutida entre os profissionais, mas que agora parece ser um obstáculo do passado com a chamada tomografia computadorizada de ultra-alta resolução (ou ultra-high resolution, em inglês). Esse foi o tema da entrevista exclusiva que o Jornal ID fez com Dr. Armin Zadeh, professor de medicina e diretor do departamento de tomografia computadorizada cardíaca no Hospital Johns Hopkins.

Dr. Armin Zadeh foi um dos palestrantes da edição 2023 da Jornada Paulista de Radiologia (JPR) e convidado especial da Canon Medical para o maior evento da área do Brasil. Embora não seja exatamente um radiologista, nas palavras dele, Dr. Zadeh possui grande fascínio pelo mundo das imagens. “Como diretor de TC cardíaca, sempre desejamos mais detalhes, mais informações, afinal, doenças arteriais coronarianas são pequenas estruturas e placas nas artérias, mínimas e invisíveis. Portanto, a chegada da ultra-alta resolução funciona como uma lente de aumento que nos auxilia a chegarmos a diagnósticos melhores e mais precisos”, explica o professor. A partir do desenvolvimento da tomografia computadorizada de ultra-alta resolução (UHR-CT), profissionais

conseguem obter mais clareza e precisão diagnóstica que dão suporte à avaliação vascular em estágio clínico ou pré-clínico. “Com a UHR-CT, a resolução espacial é o dobro da TC convencional, é o dobro da profundidade, de .5 para .25. Essa mudança pode contribuir para uma melhor compreensão da fisiopatologia subjacente da doença macro e microvascular”, completa.

PROJETO PILOTO E ESTUDO

EM ANDAMENTO

O primeiro estudo realizado pelo médico na Johns Hopkins contou com a participação de 15 pacientes com 45 anos ou mais, com histórico de doença arterial coronariana e que foram encaminhados para realização de uma angiografia coronariana invasiva. Esses pacientes foram submetidos à tomografia computadorizada de ultra-alta resolução dentro de 30 dias antes do cateterismo, e essas imagens foram comparadas com as feitas pela TC convencional.

A partir de resultados como o ruído geral da imagem consideravelmente mais para UHR-CT, o estudo mostrou que a tomografia computadorizada de ultra-alta resolução pode ser eficaz para superar limitações da TC convencional na avaliação com precisão de estenoses da artéria coronária em vasos gravemente calcificados.

“Conseguimos iniciar esse estudo em 2020 e publi-

camos os resultados do projeto piloto em 2021. Nesse primeiro teste, estávamos particularmente interessados em pacientes com grande presença de calcificação nos vasos, algo que não conseguimos enxergar por meio da TC convencional. E agora iniciaremos o próximo passo, realizando um estudo muito maior”, conta Dr. Zadeh.

Nesse novo estudo, o médico espera receber os resultados nos próximos dois anos – e com grande ajuda dos brasileiros. Recentemente, a equipe de cientistas recebeu a aprovação para iniciar estudos com pacientes brasileiros, a partir de uma parceria com o instituto de pesquisa do Hospital Albert Einstein.

“O Brasil tem sido um grande parceiro do nosso estudo, tendo um papel central nos estudos CORE-64 e CORE320. É muito bom poder contar com médicos e institutos tão bem preparados e que estão sempre abertos para realizarmos novas investigações, trazendo aspectos particulares da população brasileira”, emenda ele.

UM FUTURO EM ABERTO

Sobre o futuro, Dr. Zadeh acredita que ainda há muito espaço para evoluções no ramo da tomografia computadorizada cardíaca a partir da descoberta de novas aplicações da tecnologia. Segundo ele, há mil possibilidades que passam a existir com o uso da tecnologia, como por exemplo nos estudos do cérebro ou sobre áreas tumorais como as localizadas em órgãos de difícil acesso, caso do pâncreas: “imagine que agora tenho o dobro da resolução espacial, estamos falando aqui de um salto quântico”.

Mas há também a expectativa de outras transformações, como o uso de cada vez menor de radiação e intervenções inovadoras. “Para além de perspectivas de mercado, pessoalmente, eu espero que possamos criar outra estratégia para avaliar doenças coronárias. Só nos Estados Unidos, realizamos cerca de 10 milhões de testes de estresse para determinar a ocorrência de doenças coronárias e eu entendo que esse é um exame antiquado”, finaliza.

PESQUISA Da Redação

Fiocruz e Grupo Oncoclínicas assinam acordo para pesquisa e inovação em oncologia

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Grupo Oncoclínicas anunciam a criação do Centro Integrado de Pesquisa em Oncologia Translacional (CIPOT), através de uma parceria público-privada na área de estudos sobre o câncer. A instituição reunirá esforços e investimentos em pesquisa, inovação, ensino e empreendedorismo na oncologia.

Trata-se de uma iniciativa que se soma às demais estratégias da Fiocruz no campo, no sentido de ampliar as cooperações para pesquisas, com a troca de experiências, mão de obra e conhecimentos, fortalecendo também o sistema público”, declara o vicepresidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger.

O câncer é a segunda maior causa de morte no mundo. Só no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 704 mil novos diagnósticos a cada ano do triênio de 2023 a 2025. O número representa um desafio constante para a saúde pública: melhorar a equidade no acesso aos exames preventivos e diagnósticos para descobertas em estágios iniciais e

rápido começo do tratamento são alguns dos gargalos enfrentados pelo país ainda.

“A expectativa é que a criação do centro traga impacto no rastreamento da doença e diagnóstico precoce, além de te-

rapias inovadoras que proporcionem mais eficiência nos custos na jornada do tratamento oncológico, evitando os altos gastos com cirurgias, melhorando a expectativa e qualidade de vida dos pacientes oncológi-

cos”, explica Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas.

A assinatura do acordo aconteceu no Centro de Documentação em História da Saúde, em Manguinhos. A mesa de abertura contou com a presença do vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger, do assessor especial da Fiocruz, Rodrigo Correa de Oliveira, e do diretor médico do grupo e presidente do Instituto Oncoclínicas, Carlos Gil Ferreira. Participaram ainda do evento as vices–presidentes de Pesquisa e Coleções Biológicas, Maria de Lourdes, de Ensino, Informação e Comunicação, Cristiane Machado, além do diretor do CDTS, Carlos Morel, da diretora do Instituto Oswaldo Cruz, Tânia Araújo-Jorge, e representantes do Grupo Oncoclínicas, e da Fiocruz.

JUN / JUL 23 nº 134 19 TENDÊNCIA
Por Angela Miguel (SP)
Prof. Armin Zadeh, do John Hopkins Hospital, ladeado por Jessica Vieira, e Eduardo Davigo, diretor de Planejamento Estratégico e Marketing, enfatiza a “expectativa de grandes transformações”.
"

A Jornada Paulista de Radiologia (JPR) é sem dúvidas o maior evento do segmento de Diagnóstico por Imagem da América Latina e está entre os 4 maiores eventos a nível mundial.

Especialmente em 2023 pudemos constatar a importância, a relevância e o prestígio deste evento para todos que atuam neste fundamental segmento do setor de HealthCare.

A Carestream do Brasil foi um dos destaques nesta 53ª Edição realizada na semana de 27 a 30 de abril de 2023, com um estande moderno e bastante atrativo, apresentando seus principais produtos e lançamentos, que trazem inovações para aprimorar o cuidado aos pacientes, confiabilidade e eficiência para os fluxos de trabalho.

As soluções da Carestream apresentadas neste evento, incorporam recursos de Inteligência Artificial que possibilitam robusto processamento de imagem, eficiência dos fluxos de trabalho, excelente qualidade de imagens e eficiência de dose, permitindo diagnósticos mais precisos e aprimorando o cuidado aos pacientes.

Considerando que nesta edição da JPR o tema foi: “Disseminando conhecimentos em Radiologia Pediátrica”, a Carestream apresentou uma solução de Detectores (DRXLC) que atende com especial atenção a este público infantil.

O Detector DRX-LC é uma solução para capturar imagens de Raios-X de coluna total e de ossos longos, especialmente para pacientes pediátricos ou com mobilidade limitada, que apresentam dificuldades para permanecer imóveis durante um longo período.

Ainda no portifólio de Detectores, apresentamos também o Detector Lux 35, com um design inovador que substitui o vidro em sua composição por um material mais leve e durável, portanto mais ergonômico, com maior facilidade para ser carregado e posicionado, ajudando a minimizar a tensão muscular e fadiga dos tecnólogos.

• Utilização de Inteligência Artificial através do Software ImageView com algoritmos que tornam as imagens cristalinas e controle otimizado de dose.

• Controles de “touch screen” tanto na tela principal como no visor da cabeça do tubo que permitem que os técnicos tenham controle total do sistema sem se afastar do paciente.

A realidade do setor de saúde no Brasil, requer que as empresas que atuam neste segmento possam oferecer soluções que atendam a um vasto espectro de instituições com os mais diversos níveis de recursos financeiros e especializações. Para atender esta demanda, que é especialmente importante em um país como o Brasil, onde os recursos para investimentos são muitas vezes limitados, a Carestream apresentou neste evento o Horizon X-Ray System

A leveza e as bordas arredondadas são especialmente úteis ao realizar imagens nos leitos, proporcionando conforto e agilidade tanto aos técnicos como aos pacientes.

Além da ergonomia e redução de defeitos e danos devido ao detector não ter vidro em sua composição, este detector proporciona também uma menor dose de exposição e melhor qualidade de imagem devido à utilização do cintilador a base de iodeto de césio.

O cuidado aos pacientes, em especial àqueles com mobilidade reduzida ou que estejam em salas de terapia intensiva, requer que os equipamentos de diagnóstico médico possam ser deslocados para onde estes pacientes se encontram, minimizando desta forma os efeitos colaterais e os riscos na movimentação destes pacientes.

Levando em consideração estes fatores e com os inputs apresentados pelos nossos clientes, a Carestream desenvolveu e apresentou neste evento, o sistema móvel de Raios-X DRX-Rise Mobile System

Com todos os recursos de uma sala de Raios-X a um preço econômico, o Horizon X-Ray System tem a configuração certa para atender as necessidades imediatas, com a possibilidade de atualização para o futuro, podendo ser convertida em uma sala Digital (DR) com a adição de detectores ou ainda para radiologia computadorizada (CR) através de cassetes.

O Detector DRX-LC possibilita a captura de imagens de ossos longos com apenas uma exposição, permitindo:

• Redução da dose de Raios-X ao paciente

• Economizando tempo para realização do exame e acelerando o fluxo de trabalho

• Diminuição da repetição de exposição devido a movimento indesejado do paciente

• Maior conforto para o paciente

O Processamento Pediátrico Carestream, fornece técnicas de aquisição padrão e parâmetros de processamento de imagem otimizados especificamente para o tamanho do corpo de cada paciente pediátrico — desde o menor paciente neonatal até o maior adolescente. O processamento de multifrequência de sete bandas oferece supressão de ruído e aprimora os detalhes para exames pediátricos mais produtivos.

Este sistema traz mobilidade, versatilidade e economia, sendo projetado e desenvolvido com informações fornecidas por radiologistas de diversos países e instituições de saúde de referência mundial.

Trata-se de uma solução completa e robusta com recursos que oferecem combinação perfeita de produtividade, potência e conveniência.

O DRX-Rise Mobile System é ideal para clínicas, instalações de atendimento de urgência, hospitais e centros de diagnóstico por imagem; dentre os recursos disponíveis nesta solução, podemos salientar:

• Bateria de lítio que permite produtividade ininterrupta para movimentação (50 Km) e disparos de Raios X com uma única carga.

• Geração de imagem à beira do leito do paciente (bed side image), eliminado a movimentação e proporcionando uma melhor atenção ao paciente.

Projetado para centros de atendimento de urgência, hospitais e centros de diagnósticos por imagem, o Horizon X-Ray System oferece qualidade de imagem excepcional, excelente produtividade e flexibilidade para os principais exames de Raios-X; trata-se de uma solução amigável que atende à necessidade da radiografia analógica, podendo ser facilmente convertido em uma sala DR. Possui mesa de tampo flutuante que permite posicionamento do paciente de forma rápida e confortável.

A Carestream é uma das principais fornecedoras mundiais de sistemas de radiografia digital (digital radiography, DR) e de radiografia computadorizada (computed radiography, CR) com um histórico comprovado de inovação. Esse histórico inclui além dos lançamentos que mencionamos neste artigo, um extenso portfólio de produtos tais como, o sistema móvel DRX-Revolution, que introduziu a primeira coluna telescópica do setor, nossa sala de Raios-X DRX-Compass e nossas plataformas de software ImageView empoderadas por Inteligência Artificial (AI).

Gostaria de acrescentar que a Carestream continua com o compromisso de fornecer ao mercado, soluções inovadoras e que transformam e ajudam a salvar vidas com o excelente serviço e suporte que sempre oferecemos aos nossos clientes.

Estamos a disposição e temos o prazer de estarmos em contato com vocês para apresentar o que a Carestream pode fazer por vocês e por suas unidades de imagem para diagnóstico. Fiquem à vontade para visitar nosso Hospital Virtual e conhecer todas essas soluções e muito mais. www. carestream.com/virtual-hospital

JUN / JUL 23 nº 134 20 CONTEÚDO DE MARCA Por Irineu Monteiro (SP)
Carestream amplia sua linha com olhos no mercado pediátrico
(x) Irineu Monteiro (SP) CEO da Carestream Health no Brasil

EXPEDIENTE

Interação Diagnóstica é uma publicação de circulação nacional destinada a médicos e demais profissionais que atuam na área do diagnóstico por imagem, especialistas correlacionados, nas áreas de ortopedia, urologia, mastologia, gineco-obstetrícia.

Conselho Editorial

Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Alice Brandão, André Scatigno Neto, Augusto Antunes, Bruno Aragão Rocha, Carlos A. Buchpiguel, Carlos Eduardo Rochitte, Carolina Rimkus, Dolores Bustelo, Felipe Kitamura, Hilton Augusto Koch, Lara Alexandre Brandão, Marcio Taveira Garcia, Maria Cristina Chammas, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Regis França Bezerra, Rubens Schwartz, Omar Gemha Taha, Selma de Pace Bauab e Wilson Mathias Jr.

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Fundado em Abril de 2001

Jornalista responsável: Luiz Carlos de Almeida – Mtb 9313

Redação: Lizandra M. Almeida, Claudia Casanova, Fanni Zygband, Hellen S. dos Santos Suzuki, Valeria Souza e Sandra Regina da Silva

Tradução: Fernando Effori de Mello

Arte: Marca D’Água

Fotos: Cleber de Paula e Evelyn Pereira e Igor Souza.

Imagens da capa: Getty Images

Administração: Ivonete Braga

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Periodicidade: Bimestral

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Edição: ID Editorial Ltda.

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Aparelho de ressonância magnética mais moderno da Bahia chega ao Hospital Aliança

Amedicina de diagnóstico na Bahia ganhou reforço esse mês com a chegada do novo equipamento de ressonância magnética, modelo Signa Pioneer, de 3.0 Tesla, adquirido pelo Hospital Aliança Rede D’Or (Salvador/ BA), o primeiro e o único do estado a contar com este aparelho, que tem a mais avançada tecnologia da General Electric no Brasil para uso clínico.

Para o Dr. Helio Braga, radiologista e diretor médico do Hospital Aliança, o aparelho tem capacidade de rastrear lesões muito sutis, conferindo mais precisão aos resultados. “O aparelho conta com o AIR Recon DL, um algoritmo de reconstrução pioneiro baseado em deep learning, capaz de aumentar a nitidez da imagem, contribuindo para diagnósticos mais precisos, e permite tempos de exames mais curtos”, detalha.

A alta tecnologia do equipamento de ressonância magnética Signa Pioneer, de 3.0 Tesla, viabiliza, também, que haja a redução dos níveis de decibéis, proporcionando maior conforto. O isolamento acústico do equipamento sai dos habituais 91 decibéis (dB), unidade usada para medir a intensidade do som, nível tão alto quanto o barulho de uma moto, para 3 dB de ruído ambiente na sala do exame, em algumas sequências.

Ainda com relação ao conforto, o espaço onde os pacientes

52º Congresso do CBR será no Rio de Janeiro

Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem será realizado neste ano de 2023, no Rio de Janeiro, presencial, com uma grade técnico-científica, que ainda está em fase de elaboração, focada em temas atualizados, com professores convidados internacionais de referência.

ficam posicionados para a realização do exame tem 70 cm de diâmetro, a mesa é mais ampla e mais baixa, facilitando o acesso dos pacientes. “É o mais aberto da categoria, um alívio para os pacientes mais claustrofóbicos. Também pensando em promover maior sensação de relaxamento, na sala do exame, o paciente pode escolher uma playlist musical de sua preferência”, acrescenta Dr. Braga. A recepção para os exames de imagem foi, inclusive, totalmente renovada e já possui os mais altos padrões de qualidade e conforto.

Com o novo equipamento de RM, será possível realizar exames do corpo inteiro para pesquisa de metástases, mieloma e doenças reumatológicas, por exemplo. Ele oferece excelentes resultados na ressonância multiparamétrica da próstata, permitindo melhores análises para a detecção precoce de tumor no órgão. É muito eficaz para estudos de diagnóstico de neoplasias, estadiamento de tumor no reto, além da análise dos tumores de fígado, inclusive com a inovadora técnica de elastografia hepática para avaliação de fibrose, e de neurografia por ressonância. “O campo magnético de 3.0 Tesla possui o dobro da intensidade dos aparelhos convencionais, permitindo maior agilidade, conforto e diagnóstico mais precoce de alguns tipos de câncer e vem agregar muita qualidade a este centro de referência da Bahia.”, conclui.

EVENTOS

Curso Prof. Feres Secaf será presencial

Edição do congresso marcará os 30 anos da SBUS

O O A

Organizado pelo CBR – Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, no período de 12 a 16 de outubro, o evento tem um formato de integração e discussão de temas ligados a realidade do profissional .

A Comissão Organizadora, que tem a frente o dr. Ronaldo Hueb Baroni, diretor científico do CBR, destaca que está sendo preparado um evento de alto nível, de grande interesse para a especialidade. Temas médicos, humanidades e tendências da radiologia, como inovação, inteligência artificial, gestão, terão um tratamento diferenciado.

Outras informações: cbr.org.br

Curso de Atualização em Imagem (Prof. Dr. Feres Secaf), segundo maior evento da SPR em volume de conteúdo científico, retorna, após três anos, para o formato presencial acompanhado do tradicional  Encontro de Residentes e Aperfeiçoandos. A 27º e a 9º edição dos respectivos eventos acontecerá em  18 e 19 de agosto, no  Hotel Pullman, Rua Joinville, 515 - Ibirapuera, São Paulo - SP.

No primeiro dia a programação estará direcionada para Residentes e Aperfeiçoandos, e a programação está em fase de elaboração.

No dia 19, será o Curso de Atualização em Imagem, uma iniciativa tradicional da entidade, que homenageia o prof. Feres Secaf, personalidade cuja contribuição para o desenvolvimento da especialidade é inegável. Teve papel muito importante para o fortalecimento da entidade e do Colégio Brasileiro de Radiologia.

Mais informações: spr.org.br

Sociedade Brasileira de Ultrassonografia celebra, em 2023, seus 30 anos de existência. E para comemorar esta data tão importante em sua história, a SBUS realizará uma edição especial do 27º Congresso Brasileiro de Ultrassonografia e 19º Congresso Internacional de Ultrassonografia FISUSAL, no período de 18 a 21 de outubro, no Centro de Convenções Frei Caneca, São Paulo – SP. Além da qualidade científica, esta edição do Congresso SBUS terá, em sua programação social, momentos importantes de resgate histórico da SBUS e confraternização. Afinal, a SBUS e cada ultrassonografista que fez parte desta trajetória merecem celebrar todas as lutas travadas e conquistas honradas pela perseverança e pela dedicação constante.

Em 2022, o Congresso, após dois longos anos de pandemia, com grande participação dos colegas foi presencial, e em 2023 o evento tem expectativa de uma participação ainda maior de ultrassonografistas.

Informe-se: sbus.org.br

JUN / JUL 23 nº 134 22
INVESTIMENTO
Da Redação
Dr. Helio Braga, Hospital Aliança, Bahia

Articles inside

Aparelho de ressonância magnética mais moderno da Bahia chega ao Hospital Aliança

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Fiocruz e Grupo Oncoclínicas assinam acordo para pesquisa e inovação em oncologia

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TC de ultra-alta resolução possibilita novas investigações para doenças coronárias

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Acesso ao cuidado por meio da inovação e inclusão são as apostas da Philips

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Rastreamento por mamografia na rotina prática: estudo multicênctrico comparando a tomossíntese mamária com a mamografia digital

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Com o foco no futuro, nova diretoria da SPR é empossada

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A radiologia e seus impactos nas mudanças climáticas

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Unicamp tem um novo docente em Radiologia

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A Radiologia, a sustentabilidade e o meio ambiente

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Um novo olhar sobre o impacto da Radiologia no meio ambiente

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Um espaço para discutir avanços, inovações e celebrar parcerias

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