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Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação

Mamografia:

Reconstrução em MIP do T1 FAT-SAT pós contraste demonstra realce não nodular de distribuição segmentar, na mama direita, associado a espessamento e realce difuso da pele e aumento volumétrico na mama direita.

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A sequência axial T1 demonstra linfonodo globoso na axila direita.

Biópsia:

Realizada biópsia a vácuo guiada por US da lesão não nodular na mama direita e core biopsy do linfonodo axilar direito, com resultados consistentes com “linfoma difuso de celulas B”.

Pontos de ensino:

• A comparação entre a ecogenicidade da área palpável com a da mesma região na mama contralateral pode ser útil na avaliação de achados não nodulares sutis

• Achados associados devem ser investigados na vigência de alterações clínicas.

CASO 3 (achado didático):

Caso clínico: paciente do sexo feminino, 65anos, realizando mamografia de rastreamento.

Incidências MLO e CC demonstram material hiperdenso nas regiões axilares. A equipe médica realizou contato com a paciente, que referiu a injeção prévia de material relacionado a procedimento estético em ambas as axilas.

Pontos de ensino:

• Lembrar deste diagnóstico na presença de áreas grosseiras e simétricas no aspecto posterior da mama/ regiões axilares, sem distribuição ductal ou segmentar.

• Nestes casos é importante buscar por dados clínicos adicionais, quando não disponíveis.

• O reconhecimento do aspecto radiológico de diferentes materiais de preenchimento (comumente utilizados atualmente) pode evitar falsos positivos.

CASO 4 (oportunidade de aprendizado):

Caso clínico: Paciente do sexo feminino, 75 anos, com história pessoal de mastectomia na mama direita devido a câncer, bem como história de nodulectomia na mama esquerda, comparece para realizar ultrassom de rotina. A MMG não foi realizada no mesmo dia por questões de cobertura do plano de saúde.

US:

Lesão não nodular hipoecoica na junção dos quadrantes inferiores da mama esquerda. O radiologista observou que a lesão, embora na junção dos quadrantes inferiores, não apresentava aspecto típico de manipulação cirúrgica e classificou como BI-RADS 4.

Mamografia:

A mamografia foi realizada após a US, não sendo detectadas lesões na mama direita.

RM:

A subtração axial da RM de estadiamento mostra um extenso realce não massa com distribuição segmentar na mama esquerda.

Do Peer Review ao Peer Learning: diferenças básicas e experiência na implementação CONCLUSÃO

Biópsia:

Foi realizada biópsia guiada por US na lesão na mama esquerda, com resultado de carcinoma lobular invasivo (CLI)

Evolucão:

Ao avaliar o ultrassom com exames anteriores, notamos que a lesão vinha progressivamente se tornando mais conspícua:

Conclus O

Erros inevitavelmente irão acontecer na prática da medicina, inclusive na radiologia. No entanto, estratégias podem ser empregadas a fim de reduzir a ocorrência daqueles considerados evitáveis. O aprendizado entre pares ( Peer Learning), embora apresente desafios em sua implementação (te mpo, esforço de toda a equipe e recursos), pode oferecer muitas vantagens de aprendizagem, com melhoria no desempenho dos profissionais e consequente melhorias nos laudos radiológicos.

Em análise retrospectiva das imagens dos exames anteriores, pudemos observar que a lesão provavelmente vinha sendo previamente interpretada erroneamente como achado pós-cirúrgico.

Pontos de ensino:

• As lesões que se tornam mais evidentes entre os exames são suspeitas, mesmo quando em topografia pós-cirúrgica.

• O carcinoma lobular invasivo pode se apresentar como lesão não nodular no US.

• No contexto do CLI, a RM deve ser realizada para estadiamento, pois a lesão pode ser subestimada no US. Quais vieses estavam presentes no caso?

• Anchoring bias (viés de ancoragem): é a falha em ajustar uma impressão inicial após receber informações adicionais.

• Aliterative bias (viés aliterativo): é a influência de relatórios de imagem anteriores no julgamento de um radiologista.

Como podemos manejar melhor casos semelhantes no futuro?

• É importante estar atento ao viés de ancoragem, no qual não devemos assumir que todas as lesões na mama estão relacionadas a procedimento cirúrgico prévio e também ao viés aliterativo, para não replicar automaticamente as impressões do último exame.

Nossa experiência com o Peer Learning tem sido extremamente positiva e a impressão do grupo como um todo é que a estratégia de fato oferece muitas oportunidades de aprendizagem e de evolução como equipe. Consideramos que essa metodologia promove uma cultura de confiança e coleguismo entre os profissionais da equipe, resultando em propostas de melhorias individuais e coletivas a partir dos casos apresentados nas reuniões.

Esperamos que nossa experiência possa ser útil como exemplo de implementação do Peer Learning na realidade do nosso país e que incentive o emprego dessa estratégia em diferentes serviços. Por fim, acreditamos que o Peer Learning seja uma importante ferramenta no controle de qualidade, proporcionando inúmeros benefícios aos colegas radiologistas e aos pacientes.

Pontos De Aprendizado

• Erros ou discrepâncias nos relatórios radiológicos não equivalem a negligência.

• Erros do radiologista ocorrem por vários motivos, tanto humanos quanto derivados do sistema.

• O aprendizado só é possível a partir do momento em que há maturidade para reconhecimento dos próprios erros.

• A melhor estratégia para minimizar as falhas é utilizá-las como aprendizado.

Refer Ncias

1 Sayyouh MMH, Sella EC, Shankar PR, Marshall GE, Quint LE, Agarwal PP. Lessons Learned from Peer Learning Conference in Cardiothoracic Radiology. Radiographics. 2022 Mar-Apr;42(2):579-593. doi: 10.1148/rg.210125. Epub 2022 Feb 11. PMID: 35148241.

2 Larson DB, Donnelly LF, Podberesky DJ, Merrow AC, Sharpe RE Jr, Kruskal JB. Peer Feedback, Learning, and Improvement: Answering the Call of the Institute of Medicine Report on Diagnostic Error. Radiology. 2017 Apr;283(1):231-241. doi: 10.1148/radiol.2016161254. Epub 2016 Sep 27. PMID: 27673509.

4 Donnelly LF, Dorfman SR, Jones J, Bisset GS 3rd. Transition From Peer Review to Peer Learning: Experience in a Radiology Department. J Am Coll Radiol. 2018 Aug;15(8):1143-1149. doi: 10.1016/j. jacr.2017.08.023. Epub 2017 Oct 19. PMID: 29055610.

5 Busby LP, Courtier JL, Glastonbury CM. Bias in Radiology: The How and Why of Misses and Misinterpretations. Radiographics. 2018 Jan-Feb;38(1):236-247. doi: 10.1148/rg.2018170107. Epub 2017 Dec 1. PMID: 29194009; PMCID: PMC5790309.

Autores

Bruna Mayumi Takaki Tachibana 1

Marcela Caetano Vilela Lauar 2

Heni Debs Skaf 3

Aline Lemgruber Prado Costa 3

Ana Claudia Silveira Racy 3

Renato Leme de Moura Ribeiro 4

1 Médica Radiologista, Assistente do Grupo de Imagem da Mama e da Equipe de Qualidade e Processos do Hospital Israelita Albert Einstein.

2 Médica Pós-graduanda em Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

3 Médico Radiologista, Assistente do Grupo de Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

4 Médico Radiologista, Coordenador do Grupo de Imagem da Mama do Hospital Israelita Albert Einstein.

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