Revue Cultive n° 14

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n°014| année 05|mars 2021

SARAU DA MULHER ARTE LITERATURA

1° SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENÈVE CULTIVE

NÚCLEO CULTIVE RREVU CULTIVE I ISSN 2571 - 564X

PROJETOS CULTIVE

HOMENAGEADOS MARIA FIRMINA DOS REIS ELIZABETH RENNÓ ROSARIA DA SILVA PAULO PONTES SEBASTIÃO VIANNA HELIO BERNAL CANDIDO PORTINARI Revue Cultive - Genève

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Cultive Revue littéraire et culturel Impressum

Editorial Caro Leitor A décima quarta edição da Revue Cultive põe em destaque a cultura e dentro desse universo o leitor descobrirá lançamentos de obras literárias, obras de arte e eventos realizados por diversas associações culturais brasileiras e estrangeiras. Em foco também, atividades filantrópicas diversas e humanitárias. Em homenagem à mulher, textos literários, evidencia as mulheres de força dentro da literatura, da arte e da música, assim como o poder da mulher no desenvolvimento cultural e social são reverenciados nas páginas que se seguem. Não podemos deixar de registrar aqui o maior evento cultural realizado online: o 1° Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive, um grande evento que promove o intercâmbio cultural entre a Suíça, o Basil, países da África e da Europa. Nesse 1° Salão Internacional Cultive serão apresentados autores e artistas participantes que apresentarão suas obras e trarão temas de pesquisa para as mesas redondas e palestras. Na programação desse evento internacional, artistas e autores de renome serão homenageados. O leitor será também envolvido por poemas, contos e crônicas saídas diretamente das mãos do autor. Boa leitura Valquiria Guillemin Revue Cultive - Genève

Editor - Cultive 12 Rue deu Pré-Jérôme 1205 - Genève Telefone: +41 79 616 37 93 Site web: www.institut-cultive.com E-mail: edicaocultive@gmail.com Redator chefe- Valquiria Guillemin Designer : Luciana Bodner luimperianobodner@gmail.com

Fotógrafo: Marc Guillemin Algumas fotos livres para utilização foram retiradas de sites na internete. Copyright © Toda reprodução parcial ou integral do conteúdo da revista Cultive é estritamente proibida.


SUMÁRIO

10 | SALÃO INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENÈVE CULTIVE 19| AUTORES E CONFERENCISTAS HOMENAGEADOS 38 39 40 41 42

|HELIO BERNAL JÚNIOR |SEBASTIÃO VIANNA |ELIZABETH RENNÓ |MIA COUTO |MARIA FIRMINA DOS REIS

CONVIDADOS 44 |PAULO VIEIRA 47 |ELIANA CAVALCANTI 50 |JÕAO CANDIDO PORTINARI

SARAU DA MULHER 59 | VALQUIRIA IMPERIANO 61 | NEUSA BERNADO COELHO 63 | SAMANTA CLARA DUTRA 64 | GABRIELA LOPES 65 | NAGÉSIA DINIZ BARBOSA 67 | LECI QUEIROZ - HOMENAGEM NO 1° ENCONTRO FEMININO

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| RITA GUEDES | ÓSIA CARVALHO | ACQUELINE ASSUNÇÃO | MARIA JOSÉ -NEGRÃO IRLANA JANE MENAS 76 | MARIA INÊS BOTELHO 78 | CHRIS HERRMANN 80 | ANGELI ROSE 84 | TEREZA PORTO 86 | DAYANE NAYARA ALVES 88 | MARIA SUZEL GIL FRUTUOSO: 90 | ADRIANE SALTLI 91 | DENISE MATHIAS LÍVIA OHANA GOMES 92 | MAURIENNE CAMINHA JOHANSSON 99 | ELUCIANA IRIS 101 | FERNANDES OLIVEIRA 102 | FRANCIDALVA BELFORT CORREIA CARLOS FURTADO 103 | EDIR MEIRELLES* 105 | PAULO ROBERTO MONTEIRO 106 | AMAURI HOLANDA DE SOUZA 108 | PIO BARBOSA 110 | ISOLDA COLAÇO PINHEIRO

FOCCUS 112 | ARLINDA LAMEGO 122 | LÚCIA SOUSA AS MULHERES DE TUJUCUPA 124 | CARLA RAMOS 126 | ACADEMIA FEMININA DE LETRAS DO PARANÁ 130 | GINA TEIXEIRA 131 | ESPAÇO CULTIVE 132 | PROJETO CHÁ DA VIDA 136 |ENTREVISTA COM DAUÁ PURI 139 | REGINA NAEGELI ARTES E ARTESANATO CHINÊS

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NEWS EDITORA CULTIVE 148 | REGINA NAEGELI 149 | PAULO BRETAS 150 | VALDIVIA VANIA SIQUEIRA BEAUCHAMP 151 | MARIA JOSÉ ESMERALDO ROLIM 152 | RENATA CLARK-GRAY 152 | CATÁLOGO CULTIVE

155 | NÚCLEO CULTIVE FEIRA DE SANTANA

ARTE 178 | EXPOSITION ADIEU 2020 180 | KARMEM PIRES 181 | JU PEREIRA - FOTOGRAFIA 183 | THAMYRIS SOARES 184 | ANA ANDRADE 185 | ANA TREVISAN 186 | LAIS CASTRO 187 | VIVIEN ZANLORENZI 188 | SIMONE OLIVEIRA 189 | SONI NUNES 190 | IZABEL STIEFEL 191 | GABRIELA LOPES 192 | CHRISTIANE COUVE DE MURVILLE 193 | MANOEL OSDEMI 194 | MARIA NAZARÉ CAVALCANTI 196 | AVANI PEIXE 198 | ROSALVA SANTOS 199 | LUCIANA BODNER 200 | ZEZÉ NEGRÃO 202 | NAJARA 203 | VALQUIRIA IMPERIANO 205 | II SALÃO DE ARTE DA FESTA DE SANTO ANTÃO

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INSTITUT CULTIVE BRÉSIL SUISSE Valquiria Guillemin Imperiano presidente do ICBS

Em 2016, ela contatou autores e convidou-os a colaborarem com o projeto, que contava com a participação de mais de 100 crianças. Em 2017, Valquiria Guillemin Imperiano decidiu criar o Institut Cultive Brésil Suisse - Art, Littérature et Solidarité em Genebra com o objetivo de divulgar a cultura brasileira na Europa e da Suíça no Brasil.

As ações práticas focalizam promover eventos reunindo elementos culturais representativos do Brasil, Suíça “Cultive plantando cultu- e países lusófonos, tais como a literatura, a arte, a múra para colher bons frutos numa nova era » sica e a dança. Foram realizados intercâmbio cultural entre o Brasil e a Suíça e encontros literários no Salão É uma associação cultural internacional sem fins lu- do Livro de Genebra. crativos sediada em Genebra e criada para divulgar e promover a Cultura lusófona e brasileira sem se limi- A Cultive tem sua sede na Rue du Près - Jérôme 12 tar à língua lusófona no que diz respeito à literatura e em Genebra. O espaço acontece reuniões culturais, a realizar eventos filantrópicos . lançamentos de livros, cursos de língua e acolhe uma biblioteca de língua portuguesa. Atualmente o espaço Em 2014, Valquiria Guillemin Imperiano, mentora e está funcionando parcialmente apensa para o curso de presidente do Institut Cultive, deu o nome de “Cam- língua em vista da situação de pandemia da Covid. panha da Felicidade” a uma ação filantrópica que realizava na aldeia indígena de Camurupim na Paraíba. Cultive organiza Essa ação, que realizava com o auxílio e apoio de fami- a- Projetos que proporcionam aos membros da liares e amigos, envolvia oficinas de arte, de literatura, Cultive meios para divulgarem suas obras. distribuição de brinquedos e utensílios de trabalho b- Projetos culturais nacionais e internacionais; para os adultos. c- Projetos filantrópicos; d- Projetos de integração social em Genebra. Revue Cultive - Genève

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Instituto Cultive Brésil Suisse

Comité Central Brasil

Minas Gerais

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Ceará

São Paulo

Brasilia

Rio Grande do Sul

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Pernambuco

Vitória de Santo Antão

Caruaru

Feira de Santana

Vitória da Conquista

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Paraná

Maceio

Rio de Janeiro

Paraíba

Angola

Santa Catarina

Duisburg -Alemanha

França

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EDITAL DE PARTICIPAÇÃO SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENEVE ORGANIZAÇÃO Institut Cultive Brésil Suisse Art, Littérature et Solidarité de Genève COMITÉ DE ORGANIZAÇÃO Valquiria Imperiano, Paulo Bretas, Gabriela Lopes, Eluciana Iris, Leci Queiroz, Hupomone Vilanova, Maria Inês Botelho Transmissão: Canal Cultive – youtube Plataforma : Zoom Tipo de evento: Cultural Homenageados (in memoriam) Paulo Pontes, Sebastião Vianna, Maria Firminina dos Reis, Candido Portinari; Homenageados presentes no CILCGC Helio Bernal, Elizabeth Rennó, Rosaria da Silva, Mia Couto DATA DO EVENTO DIAS 14 A 18 DE MAIO DE 2021 DATA DE INSCRIÇÃO Até o dia 20 de abril 2021 CONFIRMAÇÃO DE INSCRIÇÃO A inscrição é considerada realizada após a recepção de um e-mail de confirmação que se dará após a recepção da ficha de inscrição e do recibo de pagamento.A inscrição e o recibo de pagamento devem ser enviados pelo e-mail : salaodolivrocultive@gmail.com QUEM PODE SE INSCREVER Todo autor independente ou ligado a qualquer editora ou instituições culturais Editoras; Instituições culturais e artísticas; Academias de Letras; Escolas e universidades; Os participantes podem ser de qualquer nacionalidade POLITICA DE PARTICIPAÇÃO. Não serão aceitas inscrições de apresentação de obras que incitem o preconceito, o ódio, o racismo, a pornografia e a violência. QUEM RECEBE CERTIFICADO Todos os participantes receberão certificados de participação; Todos os parceiros recebem certificados de apoiador cultural; Todos os participantes e parceiros serão mencionados e listados no site do Salão do Livro de Genebra Cultive. QUEM PODE SER PARCEIRO Entidades culturais; Empresas apoiadoras Autores independentes.

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1° SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENEVE CULTIVE AUTORES, ARTISTAS E MÚSICOS DO BRASIL, PORTUGAL, ALEMANHA, MOÇAMBIQUE, ANGOLA, ITÁLIA, HOLANDA, GUINÉ BISSAU, CARAÍBE, EUA,SUÍÇA, SÃO TOMAS E PRÍNCIPE. UM SHOW DE TALENTO, LITERATURA, ARTE E MÚSICA. Patrocínio

Apoio

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EVENTO CULTIVE

SILCGC SALON INTERNATIONAL DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENEVE CULTIVE Organização: institut cultive brésil suisse d’art, littérature et solidarité de genève – suisse. Espalhar a cultura é o melhor meio de ajudar o próximo a desenvolver a capacidade criadora e produtiva, o senso crítico e consequentemente a melhoria da sociedade. Dedicar-se a escrever, às artes cênicas, à pintura, à escultura, às instituições culturais e sociais, ao ensino, a proporcionar o conhecimento, à história e à ciência criando, implantando e divulgando esse conhecimento ao seu redor é reconhecidamente um valor imensurável. É com o intuito de motivar esses cultivadores da cultura que o institut cultive brésil suisse, por ser uma instituição que se dedica a difundir e levar a cultura em todos os meios sociais, decidiu premiar as pessoas envolvidos/as ou divulgadores da cultura com a comenda “maître de la culture - lauréat du l'institut cultive brésil suisse”. Os inscritos que forem aprovados pelo comité para participarem do SLCGC receberão certificado e a Comenda « MAITRE DE LA CULTURE » - LAUREAT DU L’INSTITUT CULTIVE BRESIL SUISSE COMENDA. A transmissão virtual será de maneira virtual pelo canal cultive no youtube. O comité do Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive formado por Valquiria Imperiano, Paulo Bretas, Eluciana Iris, Gabriela Lopes , Hupomone Vilanova e Maria Inês Botelho, decidiu nomear as salas das conferências com nomes dos países lusófonos e francófonos prestando-lhes assim uma homenagem. O comité traz a história de autores como o dramturgo Paulo Pontes, o pintor brasieliro Candido Portinari, o músico Sebastião ao público e a primeira escritora do 12

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Brasil Maria Firmina dos Reis. Suas vidas e obras serão apresantadas pelos convidados especiais: Eliane Cavalcanti e Paulo Vieira que fizeram sua pesquisa de mestrado e doutorado sobre a vida e a obra de Paulo pontes com mediação de Lucia Sousa; Candido Portinari será apresentado pelo seu próprio filho João Candido Portinari; Maria Firmina dos Reis renascer no século XXI na fala e sendo tema abordado por escritores e escritoras brasileiras que abrirão uma discussão sobre a primeira mulher brasileira romancista que viveu na época da escravatura. Autores, artistas e músicos modernos são também homenageados e vêm mostrar sua tragétoria et obra, são eles: Hélio Bernal músico, Mia Couto - autor moçambicano; Rosária Manuel da Silva primeira autora angolana;


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Insititut Cultive Brésil Suisse apresenta 1er SALON DU LIVRE ET DE LA CULTURE DE GENÈVE CULTIVE

Comité

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Colaboradores

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HOMENAGEADOS NO SILCGC

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CONVIDADOS ESPECIAIS SILCGC

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CONVIDADA ESPECIAL

ALICE RUIZ 18 DE MAIO DE 2021 HAIKAI

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SALÃO INTERNACIONAL DO LIVRO E DA CULTURA DE GENEBRA CULTIVE AUTORES DO MARANHÃO FAZEM HOMENAGEM À PRIMEIRA ROMANCISTA BRASILEIRA,

MARIA FIRMINA DOS REIS

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Primeira romancista, mulher brasileira e negra

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INSTITUT CULTIVE BRESIL SUISSE

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CONCURSO PARA AUTORES AFRICANOS CLIC PARA O REGULAMWNMENTO

WWW.SALAODOLIVRODEGENBREA.COM Revue Cultive - Genève

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OS ESCRITORES PARTICIPANTES DO EVENTO CILCGC

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CONCURSO LITERÁRIO

relatadas criará uma aurora boreal que irá ofuscar até os cegos. Uma heroína ou um herói relata a batalha de uma heroína ou de uma Valkyrie. A perspectiva pode ser a de um personagem ou a de um narrador.

Homenagem O Institut Cultive Brésil Suisse homenageia às mulheres que se destacaram no cenário social, cultural e literário com o Prêmio VALKYRIE. Figuras do cenário nacional estão sendo selecionadas e contatadas para receberem a comenda. A cerômina está prevista para 2022. CONCURSO Os textos aprovados para Antologia As Valkyries visitam o Brasil concorrem ao Prêmio Cultive de Literatura 1º, 2°e 3° lugares prosa e poesia Menção honrosa Para participar do concurso peça o edital e a ficha de inscrição da Antologia As Valkiries visitam o Brasil, uma vez que o seu texto for selecionado, ele participa do concurso. EMAIL: cultivelitterature@gmail.com com cópia para: nutrieluseluciana@gmail.com

Antologia: As Valkyries visitam o Brasil Para registrar a história dessas mulheres estamos criando a Antologia As Valkyries visitam o Brasil. Em “As Valkyries visitam o Brasil”, a força da mulher brasileira em todas as situações da nossa sociedade será ressaltada. A vida dessas mulheres vai fervilhar na mente dos escritores que viajarão no tempo, vivenciarão os sonhos delas, libertarão A MULHER dos predadores, das regras preconceituosas, dos limites sociais. Os escritores terão a força para interagir e modificar o seu mundo, modificar a realidade a sua volta, desviar a correnteza das águas e impactar o leitor, afinal a escrita liberta os prisioneiros da alma, cria e modifica a realidade. Essa Antologia será o campo de batalha onde a luz das histórias Revue Cultive - Genève

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EVENTO CULTIVE inesquecíveis para fazer inúmeros shows, em uma turnê na Europa foi premiado com a medalha da Canção Europeia (foto1). Em 1991 entrou para a dupla |Zezé Di Camargo e Luciano, completando este ano de 2021, louvados 30 anos. Em decorrência deste trabalho com a dupla sertaneja ganhou em 2010 o Prêmio Grammy Latino Americano da Academia Latina de Artes e Ciências da Gravação como PRODUTOR do Álbum de Música Sertaneja “Double Face” Atualmente, segue trabalhando com a dupla sertaneja ZCL, em paralelo montou um estúdio para as suas produções e de outros artistas. Tem vários sonhos a realizar, não pretende parar tão cedo, a música é vida pulsante no seu dia a dia. Tem projetos particulares em andamento, e recebeu um convite para ir a Londres realizar um trabalho musical em 2022. Vamos lá que o “baile” da vida segue e a música não pode parar.

Helio Bernal Júnior,

nasceu em Araçatuba interior de São Paulo em 1954, filho de Helio Bernal e Noemi Ramos de Oliveira Bernal, irmão caçula de Carmem de Oliveira Bernal. Mudou se aos 5 anos para a cidade de São Paulo. Estudou em escola pública estadual. O contato inicial com a música se deu através do violão, aos 9 anos de idade, ainda criança, mas com ouvido atento. Na época do colégio já adolescente, começou a participar de festivais musicais tocando contrabaixo. Aos 15 anos arriscou por várias vezes e tocou nas boates de São Paulo, com muito medo do juizado especial de menores, não queria ser preso e nem deixar de tocar. Apaixonado pela música, buscou se profissionalizar e se inscreveu na ordem dos músicos aos 18 anos, a paixão corria pela veia, tinha sede de música. A partir deste momento nunca mais parou de tocar, começou a fazer bailes, casas noturnas dos mais variados estilos, até se tornar Diretor Artístico de uma destas casas. Participou de gravações em estúdio, shows pelo país e etc.. Acompanhou como músico vários artistas renomados, entre eles, o talentoso e memorável Roberto Leal. Neste contexto conheceu o mundo em viagens 38

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Um músico produtor, diretor musical e contrabaixista brasileiro. Ele recebeu o Prêmio Grammy Latino Americano da Academia Latina de Artes e Ciências da Gravação como PRODUTOR do Álbum de Música Sertaneja “Double Face” . Ele é um homenageado do Salon Internacional du livro e da cultura de Genebra – cultive.


EVENTO CULTIVE

Sebastião Vianna (1915-2009) foi maestro, flautista, compositor, pianista, acordonionista e principalmente professor da Escola de Música da UFMG e regente da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais, onde desenvolveu projeto pedagógico selecionando jovens para esta orquestra patrocinada pelo Estado. Estreou em Minas "O Uirapurú" de Villa-Lobos e a Ópera “Os Sertôes” de Ferdinand Juteaux, tendo atuado como maestro em inúmeras produções operísticas em Minas Gerais. Na década de 1950, na cidade do Rio de Janeiro, foi selecionado por H. Villa-Lobos para ser seu assistente e revisor. Entre seus ex-alunos encontram-se: Luiz Gonzaga, Benito Juarez, Márcio Mallard, Yuri Popoff, Marilena Horta, Fernando Pacífico, os filhos: Marcus, Rosane e Andersen Viana, dentre outros.

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Elizabeth Rennó Brasil. Mestre em Literatura Brasileira pela UFMG ( 1985). Presidente Emérita da Academia Mineira de Letras, da Academia Municipalista de Letras de MG; da Academia Feminina Mineira de Letras; Sócia Efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de MG; Pertence a várias Academias Literárias. Medalhas recebidas: Santos Dumont. Grau Ouro; Grande Medalha da Inconfidência: Centenário da Academia Mineira de Letras; Centenário do Palácio da Liberdade, da Académie de Sciences, Arts et Lettres, Paris; dos Poetas Aldravianistas, entre outras. Participa de várias Antologias de ensaios e poemas no Brasil, França e Portugal. Livros publicados 14, alguns premiados. De A Aventura Poética de Lêdo Ivo, pela Academia Brasileira a Quântico, em 2019.

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EVENTO CULTIVE Por sua iniciativa regressou à Universidade para estudar Biologia tendo terminado o curso em 1989. Até à data trabalha como biólogo em Moçambique.

BIOGRAFIA RESUMIDA – MIA COUTO Mia Couto nasceu em 1955 na cidade da Beira, província de Sofala. Viveu nessa cidade até aos 17 anos, altura em que foi para Lourenço Marques para estudar Medicina. Interrompeu o curso para iniciar uma carreira jornalística que se prolongou até 1985.

Publicou mais de 30 livros que estão traduzidos e editados em trinta diferentes países. Os seus livros cobrem diversos géneros desde o romance, à poesia, desde os contos ao livro infantil. Recebeu dezenas de prémios na sua carreira, incluindo - por duas vezes - o Prémio Nacional de Literatura, o prémio Camões e o prémio Neustad, considerado o prémio Nobel norte-americano. No ano de 2016 foi finalista de um dos mais prestigiados galardões internacionais, o Man Booker Price. O seu romance Terra Sonâmbula foi considerado por um júri internacional reunido no Zimbabwe como um dos 10 melhores livros africanos do Século Vinte. É membro da Academia Brasileira de Letras. No ano de 2020, com a trilogia “As areias do Imperado”, ganhou internacionalmente o prestigiado Prémio de Literatura Jan Michalski. Em Janeiro de 2021, também com a trilogia “As areias do Imperador”, foi galardoado em França com o Prémio Albert Bernard. É casado com a médica Patrícia Silva e tem três filhos, todos eles vivendo e trabalhando em Maputo.

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EVENTO CULTIVE período colonial e no início do Império. Tanto o registro de batismo como a certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito, datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. João Pedro Esteves, homem de posses, era sócio do antigo dono da mãe de Maria Firmina, a escrava Leonor Felipa. Segundo algumas fontes, seria prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte nasceu em São Luís do Maranhão, em 11 de mar- da mãe, embora se desconheça com que fundaço de 1822 mento e em que grau. . Morreu ano dia 11 de novembro de 1917 em Gui- Em 1830, mudou-se com a família para a vila de marães, no mesmo estado. Ela é considerada a São José de Guimarães, no continente. Viveu parte primeira romancista do Brasil. Por ser mulata, Fir- de sua vida na casa de uma tia materna mais bem mina dos Reis não pôde frequentar a escola públi- situada economicamente. Em 1847, concorreu à ca. Ela recebeu sua educação principalmente de cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sua tia e tio Sotero dos Reis. Tornou-se instrutora e sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, fundou a primeira Escola Mista do Maranhão, que como professora de primeiras letras, de 1847 a foi fechada logo após sua inauguração. 1881. Maria Firmina dos Reis nunca se casou.

MARIA FIRMINA DOS REIS

Juventude e família

Carreira

Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís, no Maranhão, em 11 de março de 1822, sendo batizada somente no dia 21 de dezembro de 1825, em virtude de uma enfermidade nos primeiros anos de vida. Segundo o registro, Maria Firmina foi batizada na freguesia de Nossa Senhora da Vitória, em São Luís do Maranhão. Seus padrinhos o capitão de milícias João Nogueira de Souza, e Nossa Senhora dos Remédios, nem sua paternidade, nem a data do nascimento foram informado Em 25 de junho de 1847, visando a inscrição no concurso público da cadeira de primeiras letras da vila de São José de Guimarães, então apenas possível para a idade mínima de 25 anos, Maria Firmina solicitou nova certidão de justificação de batismo, na qual informou a data de nascimento como 11 de março de 1822, e o nome de sua mãe, Leonor Felipa, mulata forra, sendo o processo concluído em 13 de julho desse ano.

Em 1859, publicou o romance “Úrsula” considerado o primeiro romance de uma autora do Brasil. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto «A Escrava», no qual se descreve uma participante ativa da causa abolicionista.

Leonor Felipa havia sido escrava do comendador Caetano José Teixeira, falecido em 1819, grande comerciante e proprietário de terras na vila de São José de Guimarães, proprietário de uma companhia comercial com avultadas transações no fim do 42

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Aos 54 anos de idade e 34 de magistério oficial, anos antes de se aposentar, Maria Firmina fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi. Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam. A acadêmica Norma Telles classificou a iniciativa de Maria Firmina como «um experimento ousado para a época». Essa ação inovadora vai ao encontro das lutas das feministas brasileiras do final do século XIX que desejam a igualdade de ensino para meninas. Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi musicista e compositora. A auto-


EVENTO CULTIVE ra era abolicionista: ao ser admitida no magistério, aos 22 anos de idade, sua mãe queria que fosse de palanquim receber a nomeação, mas a autora optou por ir a pé, dizendo a sua mãe: «Negro não é animal para se andar montado nele.». Chegou também a escrever um «Hino da Abolição dos Escravos». Descreveu-se, em 1863, como tendo «uma compleição débil, e acanhada» e, por conta disso, «não poderia deixar de ser uma criatura frágil, tímida, e por consequência, melancólica».Os que a conheceram, quando tinha cerca de 85 anos, descreveram-na como sendo pequena, parda, de rosto arredondado, olhos escuros, cabelos crespos e grisalhos presos na altura da nuca. Uma antiga aluna caracterizou-a como uma professora enérgica, que falava baixo, não aplicava castigos corporais, nem ralhava, preferindo aconselhar. Era reservada, mas acessível, sendo estimada pelos alunos e pela população da vila: toda passeata de moradores de Guimarães parava em sua porta, ao que davam vivas e ela agradecia com um discurso improvisado. Morte Maria Firmina dos Reis morreu, cega e pobre, aos 95 anos, na casa de uma ex-escrava, Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação. É a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores maranhenses, em São Luís.

«Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão, fomos amarrados em pé e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa.» Maria Firmina dos Reis, Úrsula.

No prólogo da obra, a autora afirma saber que "pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados." Por trás dessa declaração de modéstia, a escritora revelou sua condição social: o fato de não ter estudado na Europa, nem dominar outros idiomas, como era comum entre os homens educados de sua época, por si só indicava o lugar que ocupava na sociedade em que nasceu. É desse lugar intermediário, mais próximo da pobreza que da riqueza, que Maria Firmina corajosamente levantou sua voz através do que chamou "mesquinho e humilde livro". E, mesmo sabendo do “indiferentismo glacial de uns” e do “riso mofador de outros”, desafiou: “ainda assim o dou a lume”.

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EVENTO CULTIVE Paulo Pontes A ARTE DAS COISAS SABIDAS

Paulo Vieira

Paulo Pontes extraido do livro : Paulo Pontes : a arte das coisas AUTOR: Paulo Vieira

"Meus amigos, boa noite. O negócio é o seguinte..." "Conta o professor Elpídio Navarro que foi assim que começou a carreira teatral do garoto Vicente de Paula de Holanda Pontes, num dia qualquer do ano de 1956. Naquele ano, o Teatro do Estudante da Paraíba estreara a peça Beata Maria do Egito, de Raquel de Queiroz e, como era de praxe na estreia, alguém, quer do elenco, quer convidado, deveria fazer um discurso de apresentação do espetáculo para a plateia. Naquele dia, o velho teatro Santa Roza, em João Pessoa, estava lotado. Nas coxias o elenco discutia quem, dentre eles, deveria fazer o discurso de apresentação. O certo é que, tímidos, ninguém se dispunha. Foi quando apareceu o garoto magricela insistindo para que fosse ele, não outro, o orador. O professor Elpídio Navarro, na época diretor do Teatro do Estudante da Paraíba, diz que aquele rapazinho oferecido, vivia bisbilhotando em volta do grupo teatral e era considerado um chato, metediço ou, como se diz 44

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Paulo Vieira é convidado especial do Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive. Ele estará presente na mesa redonda que irá homenagear o grande dramaturgo Paulo Pontes. Paulo Vieira relata alguns detalhes da vida e a obra do dramaturgo no livro Paulo Pontes : a arte das coisas.

na Paraíba, intrometido. Vê-se que o garoto não era bem visto. Foi quando, por pura sacanagem juvenil, resolveram, um pouco também para livrar-se daquele chato de galocha, metê-lo no fogo: já que ele insistia tanto, concederam ao magricela a graça de apresentar ao público o espetáculo que ora estreava. O moço, decidido, atravessou a coxia e, no palco, fez a sua oração. O que o pessoal do Teatro do Estudante da Paraíba não esperava era que, dez minutos depois, a plateia aplaudisse o garoto desajeitado com tão grande entusiasmo que, eles próprios, antes desconfiados, fizessem fila nas coxias para abraçar aquele fenômeno de magreza e intromissão. Aquele fenômeno de magreza intromissão foi também um fenômeno de capacidade de resistência, física e cultural de alguém que, nascido literalmente pobre, soube enfrentar os desafios de uma vida interioranamente medíocre e transformar a falta de perspectiva num projeto de vida... João Pontes, seu pai, no livro que escreveu biografando a vida de Paulo Pontes, disse que Paulo, quando criança, era um garoto triste, introvertido, um tanto desligado do mundo e, às vezes, até esquecido; mas, quando adolescente, passou a ser extrovertido, comunicativo, adquiriu inclusive uma enorme capacidade de relacionamento social... Paulo Pontes, em criança, era tímido. Sobre os pés tortos via o mundo pela moldura de uma janela, e


EVENTO CULTIVE o quadro que via era a paisagem da pobreza sobre a Serra da Borborema, no interior da Paraíba, na cidade de Campina Grande, onde nascera, no dia 8 de novembro de 1940. Filho de João Pontes Barbosa, soldado da então Força Policial da Paraíba, e de Laís Carvalho de Ho- landa, enfermeira. Por força de necessidade, no ano de 1941/2, a família transferiu-se para a cidade de Mamanguape, na Paraíba e, posteriormente, foi morar em João Pessoa onde Paulo Pontes cresceu e descobriu o mundo. O mundo real, vivido nas ruas da capital, e o mundo virtual, vivido sobre as tábuas do palco do Santa Roza. Antes, a família morara um tempo na cidade de Rio Tinto, próxima a Mamanguape, onde o pai conseguira emprego para si e sua mulher, no hospital da única fábrica existente no lugar. "

1962 - Recebe o prêmio de jornalismo em parceria com Jório Machado, por uma reportagem sobre Campina Grande, Campina dos 7 instrumentos. O concurso era patrocinado pela Varig e or- ganizado pelo jornal Correio da Paraíba. - Cria, escreve e apresenta o programa Rodízio, na Rádio Tabajara da Paraíba. O programa monopolizava diariamente o horário do meio-dia. Suas histórias e personagens começavam a ser comentadas na cidade. - Assume o cargo de Diretor Artístico da Rádio Tabajara. - Hospitalizado para uma operação no pulmão, recebe a visita de Oduvaldo Vianna Filho, que excursionava pelo Nordeste apre- sentando espetáculos pelo Centro Popular de Cultura.

Cronologia

1963 - Trabalha na Campanha de Educação Popular, CEPLAR, organismo criado pelo governo Pedro Gondim, a exemplo do Movimento de Cultura Popular, criado no Recife pelo governo Miguel Arraes. Esses organizações tinham como meta promover a educação, a alfabetização popular. O MCP do Recife tinha entre seus membros o professor Paulo Freire, criador de um revolucionário método de alfabetização de adultos. O MCP foi a fonte de onde nasceu o CPC e todos os movimentos semelhantes.

1940 - Nasce Vicente de Paulo de Holanda Pontes, no dia 8 de novembro, na maternidade do Hospital Pedro I, em Campina Grande, Pb. Filho de João Pontes Barbosa e Laís Carvalho de Holanda. 1949 - Morando em João Pessoa, já frequentava a Biblioteca Pública do Estado, onde lia os seus primeiros livros. 1951 - Escreve uma carta ao Diário Carioca, do Rio de Janeiro, na qual faz um apelo para que todos os brasileiros se integrassem na Cruzada de Combate ao Câncer, empreendida pelo médico paraibano Napoleão Laureano, vítima da doença. Napoleão Laureano o havia operado anos antes de um defeito nos pés. 1956 - A sua primeira participação no teatro foi como orador, na estreia da peça A Beata Maria do Egipto, de Raquel de Queiroz, pelo Teatro do Estudante da Paraíba. 1958 - Primeira viagem ao Rio num avião da FAB. A passagem fora conseguida por seu pai. 1959 - Começa a trabalhar na Rádio Tabajara da Paraíba, em João Pessoa. 1961 - Conflitos de terra provocam morte de camponeses em Mari, Pb. Paulo Pontes e Wladimir de Carvalho vão fazer a cobertura jornalística. Paulo, em cima de um caixote, põe-se a dis- cursar na praça de Mari.

1964 - Março: Na condição de participante da CEPLAR, viaja ao Rio de Janeiro para participar de reunião no CPC. - 1o de abril: O golpe militar derruba o Presidente João Goulart. Paulo Pontes se sente impedido de voltar à Paraíba. - Dezembro: Juntamente com Vianinha, Armando Costa, Ferreira Gullar, Tereza Aragão, Pichin Plá, Denoy de Oliveira e João das Neves, cria o grupo Opinião. A estreia acontece com o show Opinião, escrito por Paulo Pontes, Vianinha e Armando Costa. 1967 - Cisão no grupo Opinião, provocando a saída de Paulo Pontes, Vianinha e Armando Costa. - Paulo Pontes volta à Paraíba. Cria o Teatro de Arena da Paraíba. - Escreve Paraí-bê-a-bá. 1968 - Janeiro, 29: Paraí-bê-a-bá estreia no Rio de Janeiro, no Teatro Nacional de Comédia, representando a Paraíba no IV Festival Nacional de Teatro do Estudante. Revue Cultive - Genève

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EVENTO CULTIVE - Fevereiro, 16: Paraí-bê-a-bá estreia em João 1975 - Escreve o show Opinião 75. Pessoa, no Teatro Santa Roza, com Ednaldo do - Dezembro: Estreia Gota D'água, escrito em parEgypto à frente do elenco. Direção de Elpídio Na- ceria com Chi- co Buarque. Com Bibi Ferreira, varro e Rubens Teixeira. Oswaldo Loureiro, Luiz Linhares, Roberto Bonfim - Através de Nádia Maria, recebe convite de Almei- nos papéis principais. Direção musical de Dory da Castro para compor a equipe de criação da TV Caymmi e direção geral de Gianni Ratto. Tupi. Paulo Pontes indicou Vianinha e Armando 1976 - Fevereiro: Participa do I Festival de Arte de Costa para juntos formarem a nova equipe. Areia, Paraíba, onde ministra curso sobre drama- Na TV Tupi cria o programa Bibi - Série Especial. turgia brasileira. Juntamente com Vianinha, escreve os textos do - Dezembro, 27: Morre no Rio de Janeiro, no Hosprograma. pital Samaritano, às 11:30 h., vítima de câncer no estômago. 1969 - Escreve e estreia o show Brasileiro, Pro- - Dezembro, 28: Enterrado no Cemitério São Franfissão Esperança, inspirado na vida, nos textos e cisco Xavier, no Caju, às 9:00 h., na quadra 55. na música de Antonio Maria e Dolores Duran. O Na noite do seu sepultamento foi lida em cena show é dirigido por Bibi Ferreira, com quem Paulo aberta, em todos os teatros do Rio, uma carta de Pontes se casa. condolências da classe teatral. 1971 - Escreve Um Edifício Chamado 200. O título dessa peça era inicialmente Barata Ribeiro 200, mas por pressão dos mora- dores do condomínio - e da censura federal - Paulo mudou o título. 1972 - Recebe o prêmio de “Autor Revelação” em São Paulo, pelo texto Um Edifício Chamado 200. - Escreve Check-up. - Escreve Dr. Fausto da Silva. - Agosto, 15: juntamente com Flávio Rangel, traduz O Homem de la Mancha, de Dale Wasserman, que estreia no Teatro Muni- cipal de Santo André, São Paulo, com a direção de Flávio Rangel. As letras originais são de Joe Darion, músicas de Mitch Leigh. Na versão brasileira as letras são de Chico Buarque e Ruy Guerra, e a direção musical de Murilo Alvarenga. Paulo Autran e Bibi Ferreira faziam os papéis centrais. 1973 - Prêmio “Governador do Estado da Guanabara” pela peça Check-up. - Escreve com Alfredo Zemma a peça Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 1974 - Julho, 16: Morre no Rio de Janeiro Oduvaldo Vianna Filho. Paulo Pontes escreveu na ocasião: “Só consigo vislumbrar, num relance, a ideia de que, diante de tanta coisa que ele ainda tinha por fazer, teria sido preferível, para mim que conheci tão bem todas as suas ilimitadas possibilidades, que, em 1974, o pulmão doente, em vez do dele, ainda fosse o meu” (programa da peça Rasga Coração, de Vianinha. Rio de Janeiro, 1980). 46

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- 1977 - Fevereiro, 8: No Teatro Carlos Gomes, Rio, a classe teatral se reúne para uma homenagem a Paulo Pontes, apresentando trechos de suas peças, shows e artigos. O ator Ednaldo do Egypto apresenta um trecho de Paraí-bê-a-bá. 1981 - A Associação Carioca de Empresários Teatrais, a ACET, cria o “Prêmio Paulo Pontes”, para homenagear os melhores profissionais do ramo, em todas as categorias da atividade teatral. ( extraído do livro: Paulo Pontes A Arte das Coisas Sabidas do escritor paraibano Paulo Vieira)


EVENTO CULTIVE Letras Produções literárias: Organizou o livro “Imagens do Íris”(1999); Autora dos livros: “50 anos de plié- Memórias de uma alabucana”( 2008), “Gota d’água- o abuso do poder e a eloquência múltipla da palavra” (2011) e “Ballet Eliana Cavalcanti - 40 anos de uma bela história” ( 2013). Participou de três antologias: “Para além da leitura”, organizado pela escritora Arriete Vilela (2012); Antologia dos 7 Pecados Capitais“ e “Antologia dos Dez Mandamentos”, ambas organizadas pelo escritor Cassio Cavalcante ( 2016 e 2019). Tem diversos contos, crônicas e artigos publicados em jornais e revistas literárias. Eliana tem três filhos e quatro netos.

ELIANA CAVALCANTI Nasceu em Maceió/Alagoas, em 20 de abril de 1950. Aos dois anos de idade passou a morar em Olinda-Pernambuco. Filha de José de Medeiros Cavalcanti e Liége Moreira Cavalcanti. Aos oito anos de idade iniciou seus estudos de ballet com a bailarina Flávia Barros, em Recife e, aos quinze anos, ensinou ballet na escola de Flávia Barros e Ruth Rozembaum, de 1966 até 1973. Atuou como primeira bailarina do Grupo de Ballet do Recife, dirigido por Flavia Barros, de 1971 a 1973. Em 1973, casou-se e passou a residir em Maceió, onde fundou o Ballet Eliana Cavalcanti, primeira escola de balé de Alagoas. Ainda, em 1973, recebeu convite para ingressar no Ballet Stagium de São Paulo e, em 74, convite para ingressar na Associação de Ballet do Rio de Janeiro. Ambos os convites foram recusados, pois sua intenção era permanecer em Maceió. Foi diretora do Ballet Íris de Alagoas (1981-2002), companhia que se destacou no cenário artístico-nacional. Tem inúmeros cursos de ballet com grandes mestres no Brasil e no exterior. Bailarina, coreógrafa e mestra com 55 anos dedicados ao ensino do balé, Eliana também é escritora, pois herdou do pai, que era jornalista, escritor e crítico de arte, o dom da escrita. É Mestra em Literatura pela Universidade Federal de Alagoas (2009) e sócia efetiva da Academia Alagoana de

Dentre seus prêmios e distinções, salientam-se: Medalha Jorge de Lima (Governo de Alagoas/ 1995), Prêmio Concorrência FIAT/1990 com espetáculo “Certas Emoções”; 2º lugar em coreografia, no II Festival de Dança do Mercosul (Bento Gonçalves - RS-1995); diploma de Benemérita das Artes (Secretaria de Cultura do Estado de Alagoas/2001); Comenda Mário Guimarães, (Câmara dos Vereadores de Maceió - 2002), Diploma de Construtores da Dança em Pernambuco (Conselho Brasileiro de Dança /2004); Membro da Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Oficial (Governo de Alagoas/2008), Comenda Senador Arnon de Mello (Instituto Arnon de Mello/ 2008); Comenda Nise da Silveira (Governo de Alagoas/2013). Eliana é uma das convidadas a participar da mesa redonda sobre o Paulo Pontes no Salon Interantional du Livre et da Littérature de Genéve Cultive.

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EVENTO CULTIVE

GOTA D’ÁGUA: O abuso do poder e a eloquência múltipla da palavra O livro Gota d’água: o abuso do poder e a eloquência múltipla da palavra, escrito pela bailarina e escritora Eliana Cavalcanti, é produto da sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal de Alagoas. Trata-se, portanto, de um trabalho acadêmico sobre a peça “Gota d’água”, de autoria de Paulo Pontes e Chico Buarque de Holanda, escrita e estreada em 1975, e que, por sua vez, é uma releitura da tragédia de Eurípedes, Medeia, datada de 431 a.C. Os autores, dois jovens conectados com os problemas nacionais, revitalizaram Medeia, transformando-a na tragédia da história brasileira. Gota d’água Gota d’água desenvolve duas histórias paralelas: uma de ordem passional e outra de ordem social. A primeira é o drama de uma mulher de meia idade que, após dez anos de convivência com um sambista com quem teve dois filhos, é traída por ele e, humilhada, trama uma vingança. Ele a deixa por Alma, filha de Creonte, o dono do Conjunto habitacional Vila do Meio-Dia, onde mora o casal com seus dois filhos. O conflito da trama é a traição de Jasão. Tudo começa a partir dessa traição. É, por48

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tanto, uma história de amor, traição, ódio e vingança. A segunda diz respeito aos habitantes da Vila do Meio-Dia, encurralados devidos às prestações de suas moradias com altos juros e correções monetárias, o que os deixa impossibilitados de honrar seus compromissos. Dessa maneira os autores de Gota d’água mantiveram o cunho amoroso do hipotexto ou texto de origem. Partindo da tragédia grega, porém sem submissão, eles são capazes de reter o fundamento trágico e realizam uma obra que assume uma postura crítica. O tema central da peça é o choque ideológico. Jasão ascende socialmente ao ser cooptado pelo sistema, representado na peça por Creonte, enquanto Joana concretiza a sua violência cega contra esses poderosos. Vale salientar que os nomes de alguns personagens foram mantidos da tragédia grega: Jasão, Creonte, Egeu, da mesma forma que Eurípedes, ao escrever Medeia, fez uso desses nomes, extraídos da mitologia grega. A heroína teve seu nome trocado por um bem brasileiro, afinal ela é a representação da tragédia brasileira. Os filhos de Joana não têm nome. As suas nomeações nada acrescentariam à trama, da mesma forma que os filhos de Medeia também não têm nome. São simplesmente os filhos de Joana, “os dois abortos”, como diz a fala da personagem Corina, no início da peça. Gota d’água tem um texto híbrido que se utiliza de muitas formas, entre elas: a comédia e o musical. Foi construída em dois atos e toda a ação se desenrola em cinco sets: o set das vizinhas , o set do Botequim, o set da oficina do Egeu, o set da Joana e o set do Creonte. As canções foram usadas no desenrolar da peça como elemento estrutural , inclusive uma delas dando título à obra.


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Guerra e Paz representam sem dúvida o melhor trabalho que já fiz… … Dedico-os à humanidade… Portinari para a Agência Reuters, 1957

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PROFESSOR JÕAO CANDIDO PORTINARI

o «Museu de Arte Moderna de Nova York possuía mais informações sobre Portinari do que todas as instituições brasileiras reunidas.»

Inicialmente ele se baseou em documentos do pai e os que herdou de sua mãe. A Varig subsidiou as viagens internacionais por 10 anos. Os primeiros MENTOR E PRINCIPAL EXECUTOR DO 25 anos foram dedicados a busca das obras do artista nacional e internacionalmente. O projeto recePROJETO PORTINARI beu apoio da Rede Globo, Correios e do Itamaraty. Foram reunidas em torno de 5,400 obras, 25 mil O Projeto Portinari foi criado para resgatar e «codocumentos e ainda um Programa de História Oral locar a obra do artista a serviço da tarefa maior de de 130 horas de entrevistas posteriormente digitabusca da nossa identidade cultural e preservação lizadas e um Catálogo Raisonné, cujo fundador do da memória projeto afirma ser o primeiro de um artista em toda a América Latina. Em 1967, após 10 anos vivendo no exterior e cuidando da sua formação acadêmica, João CandiApós a fase de catalogação, o projeto passou a do Portinari voltou ao Brasil, a convite da PUC-RJ fazer atividades educacionais, principalmente volpara fundar o Departamento de Matemática, do tadas à criança e o jovem. qual se tornou diretor no ano seguinte. Percebendo que que a memória do Cândido Portinari estava sendo esquecida em 1979 fundou o Projeto Porti- João Candido Portinari nari em um escritório emprestado por Américo JaSOBRE O cobina Lacombe, presidente da Fundação Rui Bar- ALGUNS TESTEMUNHOS bosa. Em 1980, a PUC-RJ acolheu oficialmente o TRABALHO DO PROJETO PORTINARI projeto.Neste mesmo ano, foi realizado pela Rede Globo em parceria com o Projeto Portinari um do- (todos anteriores à execução do Projeto Guerra e cumentário do Globo Repórter sobre o pintor, com Paz, 2009-2016) direção de Eduardo Coutinho. Não sei se o país, como entidade social cônscia Mais de 95% da obra de Portinari, o pintor: Um fa- de sua identidade, já se deu conta da significação moso desconhecido, como saiu no artigo do O Glo- e importância do Projeto Portinari, que se vem bo, estava fora do acesso público e não se conhe- desenvolvendo há três anos, no Rio. cia o paradeiro da maioria das obras a ponto de 50

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EVENTO CULTIVE Três mil e quinhentas obras do pintor já foram fotografadas, catalogadas e descritas segundo a técnica mais avançada para esse tipo de levantamento. Só isto bastaria para comprovar a importância cultural do Projeto. Mas ele vai além. O que pretende é, através da obra espantosamente grande e representativa desse artis- ta incomum, estabelecer um centro de cultural que seja, ao mesmo tempo, instrumento de valorização da obra dos artistas brasileiros em sua generalidade, e órgão de investigação estética, para onde confluam e de onde se irradiem preocupações, idéias e projetos de criação artística nacional. Alguma coisa que nos falta e que poderá dar grande impulso ao desenvolvimento do Brasil como oficina e laboratório de novas formas de afirmação cultural. João Candido, principal executor do Projeto, ao lado de uma equipe de museólogos e documentaristas, não pretende endeusar a figura do pai, mas antes, inserindo-a na tradição e no devir brasileiros, fecundar com o seu exemplo glorioso o meio artístico, estimulando vocações jovens. Presente e futuro conjugados na mesma determinação lúcida. Portinari continua sendo o exemplo fulgurante de realização pela arte. Este, o sentido profundo da inicia- tiva em plena arrancada, e de que surgem os primeiros frutos. Se isto não é servir ao Brasil, então não sei o que seja pensar em termos brasileiros. O medo que me assalta é que as iniciativas de fôlego entre nós costumam padecer de falta de continui- dade, à míngua de uma estrutura social que lhes assegure compreensão geral e apoio eficaz, pela consciência de que nelas está empenhado o interesse da comunidade.

Carlos Drummond de Andrade Jornal do Brasil, 10 de maio de 1980

Poucos intelectuais brasileiros estão realizando um trabalho tão importante e meritório quanto o Professor João Candido Portinari. Filho do grande mestre da pintura brasileira, matemático de méritos proclamados, figura de exemplar dignidade, o Professor João Candido vem se dedicando há quatro anos a dirigir o Projeto Portinari na Universidade Católica do Rio de Janeiro. O Projeto Portinari é um projeto pioneiro no Brasil, de importância fundamental para a conservação de nossa memória artística. Candido Portinari foi um dos momentos mais altos de nossa criação, é um dos símbolos do nosso povo cuja grandeza e cuja miséria ele imortalizou. João Candido, seu filho, complementa a obra do pai glorioso com o magnífico trabalho que sobre ele realiza com paciência, talento, conhecimento e amor. Assim sendo, todos os louvores e aplausos serão poucos para dizer da importância do Projeto Portinari e desejar que seu eminente diretor continue a levá-lo adiante em benefício do Brasil, de nossa cultura e de nosso povo. Bahia, agosto de 1983 Jorge Amado

«Nunca se fez nada tão completo, tão moderno, tão minucioso, e last but not least, tão coroado de êxito no Brasil.

O Projeto Portinari não pode ser interrompido ou retardado no cumprimento de suas três etapas. Não é tarefa para ser concluída no espaço de meses, e que renda dividendos publicitários. É empreendimento que visa ao futuro de muita gente que se encaminha para a afirmação nacional pelo enriquecimento do acervo mundial de arte.

Não existe ainda, como eu gostaria que existisse, um grande Museu Portinari, reunindo obras do pintor. No entanto, ainda que alguma catástrofe nos privasse da maioria delas, as fotos e slides delas, os esboços colecionados, os depoimentos acerca delas, as entrevistas, os recortes de jornal arquivados pelo Projeto Portinari bastariam para salvar do esquecimento a maior obra pictórica já realizada por um brasileiro.

Trabalham discretamente os executantes do Projeto, mas deve cercá-los a confiança e o carinho dos que pensam no Brasil de amanhã nascendo do espírito e das mãos dos brasileiros de hoje.

Só nos Estados Unidos e na Europa Ocidental seria possível encontrar um levantamento semelhante a esse que foi organizado por João Candido e que a PUC acolheu, na casa de Grandjean de Revue Cultive - Genève

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EVENTO CULTIVE Montigny.»

José Paulo Schiffini Gerente de Programas Acadêmicos Antonio Callado Jean Paul Jacob Gerente do Centro Científico Centro Científico «Após tantos anos de brilhantes serviços pres- Brasília Caixa Postal 853 CEP 70000 Brasília, DF tados ao Depto. de Matemática da PUC/RJ enten- Brasil do como de igual mérito o serviço que o Prof. João Candido Portinari presta à Universidade e à cultura brasileira me- diante a coordenação e implemen- «Conheci João Candido Portinari em 1977, quando tação do referido projeto nos últimos quatro anos. eu exercia o cargo de Diretor da Finep. Sua contribuição nes- se papel de coordenador do Projeto Portinari recomenda plenamente o seu re- João Candido fora àquela agência para apresentar o primeiro esboço do que viria a ser o atual Projeto conhecimento pela Universidade. Por- tinari, e o então Presidente da Finep, Dr. José Permito-me um último comentário. Durante todos Pelúcio Ferreira, pediu-me que estudasse o assunestes anos tenho tido a oportunidade de acompan- to. Mantive várias reuniões com João Candido, e har o trabalho do Prof. Portinari. Embora não seja desde o início me convenci da importância de sua um especialista é minha opinião de que se trata de proposta. projeto de características pioneiras, fundamentado em extensas pesquisas e rigorosas técnicas de Tal importância tinha um duplo aspecto. Em primeiro lugar, tratava-se de resgatar a memória, então acompanhamento de sua execução. dis- persa, daquele que foi, sem favor, o mais imAssemelha-se em tudo, no tocante à metodologia, portante pintor brasileiro deste século. a um projeto de Engenharia sumamente meticuloso. São essas qualidades que recomendaram a Em segundo lugar, ficou claro que o desenvolviuma empresa privada brasileira a iniciativa de su- mento daquela proposta permitiria, também, elagerir ao Prof. João Candido Portinari a difusão dos borar e aperfeiçoar uma metodologia de pesquisa ainda inédita no país, que poderia ser futuramente resultados do projeto no interior do Brasil» aplicada a ou- tros projetos similares.» .José Pelúcio FerreiraexPresidente da Financiadora de Estudos e Projetos Prof. Dr. Mário Brockmann Machado - FINEP Membro da Academia Brasileira de Ciên- Diretor Executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa cias «Acusamos recebimento de sua carta de 28 de julho referente ao Professor João Candido Portinari. A IBM do Brasil tem apoiado o Projeto Portinari desde suas etapas iniciais. É com prazer que realçamos a capacidade de liderança, a dedicação, o alto grau de profissionalismo, a criatividade e a inteligência técnica do Prof. Portinari, que permitiu utilizar metodologias científicas na área de artes ao mesmo tempo que di- vulgou e destacou o Projeto e a PUC no Brasil e no exterior.... Esta dedicação ao Projeto Portinari, complementada por um altíssimo senso de responsabilidade e uma habilidade e capacidade técnico-científica fazem com que não hesitemos em deixar o nosso testemunho ao Professor Portinari cuja carreira, desde o início, foi dedicada à PUC e à sua boa reputação internacional.» 52

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Sarau da mulher

I Encontro Feminino em Fortaleza «MULHER E POESIA»

por Valquiria Imperiano

Mês de março é o mês em que o mundo inteiro comemora o dia da mulher, uma celebração de conquistas sociais, políticas e econômicas. No dia 8 de março de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial mais de 90 mil mulheres russas manifestaram por melhores condições de vida e trabalho. A manifestação ficou conhecida como "Pão e Paz", sendo este o 8 de março a escolha do Dia Internacional da Mulher, mas a data somente foi oficializada em 1921. Entre vários fatos envolvendo a luta feminina pela conquista de direitos, há o incendiou de uma usina em New York onde 129 operárias mulheres morreram queimadas em 1911. A história da situação feminina submetida à violência, abuso, exploração, discriminação racial e social, mutilações, assassinatos em vários segmentos da sociedade vem de longa data. A violência contra a mulher é variada, mas vamos abordar principalmente o Feminicidio. Feminicidio Nascido da contração das palavras “feminino” e “homicídio”, formulada originalmente em inglês, é atribuída a Diana Russell, que a teria utilizado pela primeira vez em 1976, durante um depoimento perante o Tribunal Internacional de Crimes contra Mulheres, em Bruxelas. Mas o termo “feminicídio” se popularizou no final do século 20 por meio do trabalho de duas sociólogas de língua inglesa (Jill Radford e Diana EH Russell) – publicaram em 1992 -, “Femicídio: A Política de Matar Mulher”. 54

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ORIGENS E PROCEDIMENTO Embora os homens sejam as principais vítimas de homicídio em todo o mundo (81% dos homens mortos contra 19% das mulheres), as mulheres são as mais assassinadas por seu parceiro íntimo ou um membro da família. Família (64% mulheres, em comparação com 36% homens) . “Muitas vítimas de feminicídio são mortas por seus parceiros atuais ou passados, mas também por seus pais, irmãos, mães, irmãs e outros membros da família por causa de seu papel e status como mulheres.” diz o estudo do UNODC. 64% são assassinadas por membros da família, 82% são assassinadas pelo parceiro Os feminicídios estão ligados à várias causas, tudo depende do contexto sociocultural em que a vítima se encontra. Até o momento, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime identificou 11 formas de feminicídios (3): -assassinato como resultado de violência doméstica -tortura misógina e massacre - assassinato em nome da "honra" (muitas vezes cometido por famílias do Oriente Médio ou do subcontinente indiano, nota do editor) -assassinato direcionado no contexto de conflito armado -assassinato ligado ao dote de mulheres -assassinato de mulheres e meninas por causa de sua orientação sexual -assassinato sistemático de mulheres indígenas - feticídio e um infanticídio -morte como resultado de mutilação genital -assassinato após acusação de bruxaria -outras mortes sexistas associadas a gangues, crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e proliferação de armas pequenas. -outras mortes sexistas associadas a gangues, crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e proliferação de armas pequenas. A Ásia, a China e a Índia têm uma triste reputação de perpetradores de vários assassinatos de meninas no nascimento. Na África, o Senegal é considerado o país mais perigoso para as mulheres, com uma taxa de mortalidade de 87%. No entanto, “pelo menos três mulheres morrem todos os dias por espancamento de seus maridos, de acordo com as últimas estatísticas, que mostram que a violência de gênero atingiu proporções catastrófi-


Sarau da mulher cas” na África do Sul, de acordo com o diário de Joanesburgo, The Citizen.

No Brasil Maria da Penha, que nasceu no Ceará no dia 1º de fevereiro de 1945, é o símbolo de combate contra violência contra a mulher. Vítima Na América Latina, as cifras de violência feminici- de tentativa de assassinato pelo marido ela lutou da chamam atenção não apenas pelo alto número para conseguir aprovar a lei com 46 artigos distride crimes, mas também pela intensidade da cruel- buídos em sete títulos, que cria mecanismos para dade. E aracteriza-se como resultado de reivindi- prevenir e coibir a violência doméstica e familiar cações feministas, sobretudo vinculadas à pauta contra a mulher em conformidade com a Constituidos direitos humanos ção Federal. A Lei n. 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, é o principal marco jurídico na defesa da mulher. Feminicídio – no Brasil O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Na- Estamos no século 21 e muito comportamento ções Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). deve ser reavaliado. Hoje ainda vemos mulher O país só perde para El Salvador, Colômbia, Gua- sendo apalpada em pleno plenário no congresso temala e Rússia em número de casos de assassi- brasileiro, um ato que fere o respeito à dignidade nato de mulheres. Em 2016, uma mulher foi assas- humana e denigre essa casa que representa o Brasinada a cada duas horas no país. sil. Assistimos a crimes diversos envolvendo a mulOs crimes na sua maioria são cometidos por ma- her brasileira como Alana ( 2015) vítima de uma ridos e namorados das vítimas. Muitas das mul- marido ciumento e da Marielle Franco que hoje heres assassinadas por seus companheiros já completa 3 anos de impunidade. Mulheres sendo recebiam ameaças ou eram agredidas constante- estupradas ou sofrendo violência simbólica. Cada mente por eles. Os agressores se sentem legitima- ato não punido cometido sobre uma mulher abre dos e creem ter justificativas para matar, culpando precedentes para outros crimes. a vítima. A violência é um crime e deve ser visto e condeNo Brasil, as maiores vítimas do feminicídio são nado com tal. Nós mulheres temos a obrigação de negras e jovens, com idade entre 18 e 30 anos. De nos defendermos e principalmente o dever de nos acordo com os últimos dados do Mapa da Violên- abster de julgar a vítima como réu. cia, a taxa de assassinato de mulheres negras aumentou 54% em dez anos. O número de crimes Como mulheres devemos abominar toda sorte de contra mulheres brancas, em compensação, caiu agressão contra as mulheres independente da po10% no mesmo período. sição que a vítima ocupa na sociedade. Devemos acabar com: Mataram-na? Mas o que ela fez pra Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro ele? Foi estuprada porque ela provocava! Bem de Segurança Pública, a cada hora, 503 mulheres feito ela merecia! Era uma drogada... Esses coacima de 16 anos foram agredidas em 2016. Isso mentários são a expressão de aprovação do ato. representa um total de 4,4 milhões de casos. Os Temos o dever moral e ético de educar os nossos números podem ser ainda maiores, já que muitas filhos e filhas ensinando-lhe o respeito ao ser humulheres não denunciam. Segundo o levantamen- mano independente da sua condição e género. to, três em cada dez mulheres brasileiras sofreram Dessa forma protegemos o próximo e aos nossos algum tipo de violência nos últimos 12 meses. A filhos. principal delas é a ofensa verbal, seguida da ameaça de violência física. Em 61% dos casos, o agres- Mas hoje, vamos comemorar os passos que estasor é conhecido da vítima, sendo principalmente mos dando em direção a nossa liberdade e igualcompanheiros e ex- companheiros. dade com poesia. No dia Nacional da Poesia e do aniversário de nascimento de Castro Alves a poeAo menos 648 mulheres foram assassinadas no sia será a arma que comprovará a nossa soberaBrasil por motivação relacionada ao gênero no nia. primeiro semestre de 2020. O índice representa aumento de 1,9% em relação ao mesmo período, A todas as Mulheres aqui presentes parabéns pelo de janeiro a junho, no ano passado. seu dia, a todos os homens presentes a essa coRevue Cultive - Genève

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memoração nossa gratidão pelo apoio a nossa causa. Fonte: https://www.onufemmes.fr/nos-actualites/2019/11/25/feminicides-etat-des-lieux-de-la-situation-dans-le-monde https://www.calendarr.com/brasil/dia-internacional-da-mulher-8-de-marco/ http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/604390-outras-cartografias-feminicidio-na-america-latina

A comemoração do dia da Mulher do Núcleo de Fortaleza foi relizado no dia 14 de março, Dia Nacional da Poesia. Esse dia foi escolhido para homenagear o poeta brasileiro Castro Alves. Para relembrar Castro Alves um poema que fala do livro.

Ao Grêmio Literário

Castro Alves … Por uma fatalidade Dessas que descem de além, O sec'lo, que viu Colombo, Viu Gutenberg também. Quando no tosco estaleiro Da Alemanha o velho obreiro A ave da imprensa gerou... O Genovês salta os mares... Busca um ninho entre os palmares E a pátria da imprensa achou... Por isso na impaciência Desta sede de saber, Como as aves do deserto — As almas buscam beber... Oh! Bendito o que semeia Livros... livros à mão cheia... E manda o povo pensar! O livro caindo n'alma É germe — que faz a palma, É chuva — que faz o mar. Vós, que o templo das idéias Largo — abris às multidões, P'ra o batismo luminoso Das grandes revoluções, Agora que o trem de ferro Acorda o tigre no cerro E espanta os caboclos nus, Fazei desse "rei dos ventos" — Ginete dos pensamentos, — Arauto da grande luz!... Bravo! a quem salva o futuro 56

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Fecundando a multidão!... Num poema amortalhada Nunca morre uma nação. Como Goethe moribundo Brada "Luz!" o Novo Mundo num brado de Briaréu... Luz! pois, no vale e na serra... Que, se a luz rola na terra, Deus colhe gênios no céu!...

NOEME PRAXEDES Quem é Noeme Praxedes ? Perguntei à Maria Leci Queiroz, amiga e companheira de trabalho em Fortaleza: Trabalhei com ela no Detran. Ela fez parte da educação de trânsito de Fortaleza, e fez a cartilha de educação de trânsito. É uma poetisa. Sempre recita nos eventos. Algo mais sobre ela? Noeme Praxedes Morais, de Natal/RN, mas cedo veio com os pais para Fortaleza, sendo Cearense de coração. Sempre estudou em Escola Pública. É formada em Letras, pela Universidade Federal do Ceará e em Administração Pública pela Universidade Estadual do Ceará. É Funcionária Pública Concursada. Fez especialização em Teoria Literária, gosta de livros e de poesia. Considera que a Poesia deve ser recitada, declamada porque assim chega melhor aos corações. Mulher nordestina, de pequena estrutura porém grande no saber, tem sangue de lampião, mas preserva a doçura de menina sempre guardando Deus no coração. Assim descreve-se Noeme Praxedes, uma mulher forte e batalhadora que vive pela família e sabe viver bem, pois ao observar seu jeito de viver a vida percebemos a personificação do poema de Cora Coralina “Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. Isso não é coisa de outro mundo, é o que da sentido à vida, é o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura, enquanto durar”.São as palavras do seu sobrinho Mateus.


APOIADORES DO 1° SALÃO INTERNACIONAL DO LIVRO E DA CULTURA DE GENEBRA CULTIVE

BENEFICIADOS COM O SILCGC O Instituto Cultive Brésil Suisse criará a Biblioteca Cultive dentro da Associação Mão Dadas na Paraíba e o espaço Cultive na Bilbioteca Iniciativa em João Lisboa no Maranhão Dirigida por Padre Ernane

Dirirgida por Dr Roberto Diniz

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O tempo não se esvai, são as coisas é que mudam.

Valquiria Imperiano

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Sarau da mulher

O MUNDO É PEQUENO PARA MULHERES TÃO GRANDES por Valquiria Imperiano A Europa é o continente dos sonhos. Divulgada, na minha época, nos livros de história geral e nos jornais, parecia-me um mundo irreal e fantasioso. Nos bancos da escola pública, com cadeiras quebradas, mesas riscadas, descascadas e desenhadas com corações pelas meninas apaixonadas, aprendi sobre os reis de França. Imaginava as cabeças que rolaram durante a revolução francesa e as mortes das guerras encabeçadas por Napoleão. Debruçada sobre a minha carteira rabiscada viajei pela França apreciando as fotos dos Luizes e seus castelos, posicionei-me sob e sobre a torre Eifel e deslizei nas galerias do Museu do Louvre; desembarquei de um navio de sonhos no Egito, visitei as pirâmides e apreciei Ramses e Nefertiti; na Grécia antiga, cuja página era decorada com uma foto do Pantheon (templo dedicado à deusa Atena). Completei em casa, motivada por meu pai, meu conhecimento histórico viajando pela antiguidade lendo os doze trabalhos de Hercules e a mitologia grega no minha coleção de Monteiro Lobato, presente do meu pai. Fixava-me nas figuras que decoravam as páginas

do livro de história geral, mesmo que fossem em preto e branco. Gostava das histórias, mas não gostava do modo que eram apresentadas na sala de aula por um professor enfadonho e monótono que me berçava com sua fala sem vida e me fazia dormir sobre a carteira rabiscada. Falo dessa passagem lembrando do retrato dos Luizes franceses, mas não lembro da cara do professor que tentou me transmitir o seu saber. Hoje percebo que o que ficou das histórias livrescas foram as passagens que me atiraram até eles pra ver de perto o que sobrou da história da França, da Grécia e do Egito a fim de constatar aquela história que mais parecia uma fantasia. As histórias da Europa eram o centro do conteúdo da matéria escolar. Antecedida por uma insistente passagem anual sobre a história do Brasil que girou entre o descobrimento, a vinda da corte para o Brasil, pincelando sobre o perfil dos reis e rainhas que aqui chegaram e que me pareceram detestáveis. Veio o império com os Pedros, a abolição, a inconfidência, com o terror da imagem do Tiradentes decapitado que me provocou pesadelos durante dias. Mais de 400 anos de história resumidas em algumas páginas de um livro velho que passava anualmente de mãos, graças a Deus para o bem da economia doméstica e aliviando a carga de Revue Cultive - Genève

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Sarau da mulher obrigações com a educação dos 10 filhos do meu pai. Eu achava muito mais interessante a história geral mesmo relatada por um professor que me ninava. A história do Brasil era mais ou menos como o estudo da língua inglesa, anualmente estudando o verbo to Be, ou seja, uma repetição cansativa e sem charme para nos fazer perguntar: Qual a importância de estudar essa tal história? Tô lá eu sentada numa sala de aula de uma escola de João Pessoa a me perguntar silenciosamente sobre essas coisas monótonas. Precisei crescer ainda ignorante em história do Brasil, mudar de país e descobrir, movida pela saudade e pela vergonha de não conhecer a história da terra da qual eu brotei, para descobrir os homens que defenderam ideais, que produziram arte, música, teatro e para procurar saber, com interesse, quem fez e por que fizeram essa história. E nessa introdução ao conhecimento, descubro também mulheres que se arriscaram por amor à liberdade, amor a um ideal, amor ao amor, enfim foram movidas pelo amor a combaterem, e a defenderem suas ideias numa época tão resguardada para os homens. São essas mulheres que merecem minha atenção hoje nas passagens históricas do Brasil e graças a uma consciência feminina coletiva de proteger e enaltecer a mulher, elas surgem endeusadas e valorizadas, e merecidamente colocadas em destaque pelas suas posições numa época em que a mulher assume uma posição de “Ser valioso” e aprendemos a nos valorizar como pessoas. Quão difícil foi para tais representantes do sexo frágil afrontar uma sociedade machista, onde até as próprias mulheres descriminavam a mulher que ousavam empunhar um estandarte de guerreira em guerras que representaram o combate físico e o combate intelectual. Sem entrar no âmbito das causas que defenderam, cito algumas mulheres brasileiras que tiveram a audácia de defender suas ideias, motivadas pelas suas paixões e pelo desejo ardente de impor suas decisões e imbuídas pela coragem de enfrentar preconceitos, pressões e críticas. Entre elas: a índia tupinambá, Paraguaçu (1495-1583) que fundou Salvador, abriu igrejas e protegeu conventos; Anita Garibaldi – mulher guerreira; 60

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Maria Tomásia Figueira Lima(1826-1902) abolicionista; Maria Firmina dos Reis, primeira escritora brasileira e criadora da primeira escola mista no Brasil; Princesa Izabel( 1846-1821) abolicionista; Chiquinha Gonzaga (1847-1935) pianista e compositora; Narcisa Amália de Campos (1856-1924) jornalista e poeta, primeira jornalista profissional do Brasil; Tarsila do Amaral ( 1886-1973) pintora e desenhista; Bertha Lutz (1894-1976) advogada e militante feminina e educadora; Enedina Alves Marques (1913-1981) primeira negra brasileira a se formar em engenheira civil; Zilda Arns (19342010) médica fundadora da Pastoral da Criança; Maria Esther Bueno (1939-2018), tenista; Cristina Ortiz ( 1950) pianista; Raymunda Putani Yawnawá (1980) - pajé; Daiane dos Santos (1983) - Ginasta; Maria Quitéria (1792-1853) nascida em Feira de Santana, primeira mulher brasileira a entrar nas forças regulares para defender a independência do Brasil. Para completar a lista das mulheres que contribuíram e contribuem com o desenvolvimento cultural e social do país não poderia deixar de citar os nomes das literatas: Rachel de Queiroz (19102003), Clarice Lispecto (1920-1977), Cora Coralina (1889-1985), Cecília Meireles (1901-1964), Carolina de Jesus (1914-1977), (05) Zélia Gattai (1916-2008), (07) Lygia Fagundes Telles (1923- ), (08) Hilda Hilst (1930-2004), Elvira Vigna (19472017), Ana Cristina Cesar (1952-1983), Adélia Prado (1935 ), Ruth de Souza 1921 - 2019 -atriz. Nessa lista foco apenas as mulheres que já deixaram este mundo e não me estendo nas contemporâneas, porque a lista seria muito incompleta e não caberia nessas páginas. Hoje o número de mulheres que se dedica à cultura, à literatura e às causas sociais é enorme e todas são merecedoras de homenagem e respeito.


Sarau da mulher

Neusa Bernado Coelho é poetisa, histo-

riadora. Autora e coautora de obras literárias. Membro de várias confrarias à nivel nacional e internacional. Colunista no Portal Palhoça, também escreve na Revue Cultive de Genebra

los ou vassouras voadoras. Suas habilidades artísticas e intelectuais mantidas em segredo, somente reveladas em requintadas telas paisagísticas onde a vasta beleza natural e cenas cotidianas do litoral brasileiro exibiam-se em cores exuberantes. Essas mulheres, pouco valorizadas utilizam o próprio poder místico para conquistar liberdade e evoluir na igualdade de direitos na sociedade. Participam da vida comunitária, estudam, ocupam espaços no mercado de trabalho, escrevem e exercem múltiplas funções. O saber transmitido por sucessivas gerações compõe o caldo cultural brasileiro onde seus costumes originários, entrelaçados aos dos indígenas, estão presentes no cotidiano, nas celebrações, ritos, manifestações culturais e artesanais. Em algumas regiões do litoral sul-brasileiro destacam-se: Renda de bilro, cerâmica, balaios, esteiras, cantos, rezas, benzeduras, cantoria do Divino, boi-de-mamão, terno de reis, etc. A evolução tecnológica permite acessar acervos culturais e as variadas conquistas dessas guerreiras, donas de talento sobrenatural e resiliência; as mesmas que um dia foram consideradas viajantes fugitivas em suas vassouras bruxólicas. Apesar de muitos direitos serem adquiridos ao longo de séculos, cabe à sociedade a função de respeitar e ajudá-las para que possam avançar mais em igualdade e liberdade num mundo sem fronteiras. Triunfo na perseverança Sou mulher de combate altivo Com estrelas a me guiar Transmuto névoas do destino Para proezas granjear.

Foto Google - Franklin Cascaes

O PODER MÍSTICO DA MULHER

Tenho fé e esperança De meus sonhos acalantar Triunfo na perseverança: De colher o que eu plantar.

Há séculos, mulheres sábias ousaram deixar sua terra natal em busca de vida nova. Atravessaram o Atlântico Em cada vitória que alcanço acusadas de feitiçaria por cuidarem do próprio corpo Sigo na mesma conduta com ervas. Nas aventureiras fugas portavam consigo Não me entrego ao cansaço a rica cultura milenar de um povo sofrido por inter- Nem ao peso da labuta. mináveis guerras e perseguições. A viagem inusitada realizada em noites enluaradas seguia um ritual para não serem reconhecidas, pois segundo a tradição, todas as mulheres autônomas eram consideradas bruxas. Assim sendo, a comitiva deslocava-se de um lugar para outro durante as madrugadas, utilizando meios de locomoção rústicos: canoas, cava-

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Doce toque de rastreio POR Neusa Bernado Coelho Mulheres, pérolas reluzentes Do sol nascente ao poente Vista-se cor de rosa Previna-se agora Não espere a fúria vil Do câncer de mama doentio Desperte a sabedoria Enriqueça o esplendor Na magia da alegria Fuja dessa dor Para prevenção precoce Do câncer de mama Não se reprima Tenha vida sadia, É só fazer de rotina A mamografia Exalte a saúde Sábia virtude Autoexame com destreza Doce toque de rastreio Nos íntimos seios Seja amável com seu organismo Faça exercícios físicos regulares Alimentação saudável E adeus ao tabagismo Às mulheres de todas idades, raças e praças Destemor na luta com fervor Irmanadas, avante Juntas, triunfantes Prevenir-se do câncer, É um ato de amor! Fortaleça seus laços de fé Faça um hino de louvor Energia aos axés Prece ao senhor! Dê testemunho sem igual Conte uma história vivida Faça um ritual À dádiva da vida

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Vamos doar Livros A Cultive está construindo uma sala na Biblioteca Comunitária Incentiva. Envie suas obras, divulgue sua escrita. Todo tipo de obra é aceita.

Rua da Igreja n° 335 - Lagoa Verde - Imperatriz - Maranhão


Sarau da mulher

Sarau Mulher

Samanta Aquino,

Sentir medo ou duvidar. Procure alguém para te auxiliar, Especialmente um médico, Por que amigo, só apoio emocional pode dar! E não se amedronte, Entenda que muitas mulheres, Seguem firmes nesta mesma caminhada. Talvez um pouco mais machucadas, Por não ter apoio familiar ou alguém que confronte, Suas inseguranças, dizendo que tudo vai

passar, Mas saiba que como as estações, você vai se reinnasceu em Matozinhos/MG no dia 28 de ventar, Abril de 2002. Concluiu o 3º ano do Ensino Vai florir como a primavera, Médio em 2019, na Escola Estadual “Bento Vai festejar depois da espera, Gonçalves”. É acadêmica efetiva da Acade- Pela última consulta decisiva. mia Matozinhense de Letras, Ciências e Artes E vai saber então... (AMALETRAS), cadeira 25, desde 2019. Par- Que o seu inverno triste, ticipou de várias coletâneas em 2019 e 2020. Chegou ao fim Lançou no corrente ano, o seu primeiro livro: E que a alegria presenteará seu coração. “Memórias de Anne Rose.”. Neste ano, parti- Você é forte, você é corajosa! cipa da Antologia: “Fernando Pessoa e seus E já sei que sairá vitoriosa. convidados”, entre outras, pela editora: Mági- Mas para todas aquelas que não conseguiram, co de OZ. Prêmio: “Melhores de 2020”, pela Passar por este frio devastador, Associação Internacional de Escritores e Ar- Saibam que vocês coloriram a vida com muito tistas (LITERARTE), na categoria poesia. É amor. E vencer, foi tudo o que vocês conseguiram fazer, Delegué Cultive do Cenacle Jovem de BH. Deixando no coração de muitos um dever: “Fazer o bem, amar incondicionalmente... Enquanto se pode viver.”

Outubro mais rosa!

Por: Samanta Aquino.

Ame o seu corpo, Ao ponto de ver que não tem nenhum defeito, Senti-lo ao tocar direito. O que pode parecer um enigma,

Mas na verdade não há mistério. Entenda mulher, que teu poder é um ima E que com câncer não se brinca. Se não houver nada de errado, Continue se olhando com mais cuidado! Porém, se encontrou algum sinal, Não ache que é anormal,

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Gabriela Lopes Crês em Milagres? Nas perguntas realizadas por mim mesma ou pela vida houve a indagação: Crês em milagres? Pensava em silêncio. Sentada no sofá, olhava minha pele, Olhava minhas mãos... Pensei... Percorrendo anos e cenários do meu viver notei algo curioso. Quis ainda me certificar, olhei nas profundezas da alma. Demorei a alcançá-la. Demorei a compreendê-la. Demorei a respeitá-la. Lançado o olhar no fundo do inexplicável, vi estrelas cadentes, vi a imensidão do cosmos. Olhei para o firmamento, ele devolveu-me o olhar. Vi a partícula de Deus. Lançado o olhar na margem da matéria, vi e descobri... o choro do nascimento as guerrilhas humanas, o ser que se constituiu, e tudo que é transcendental... Não é invisível. Enfim, percebi. Crês em milagres? Admirei novamente minhas mãos. Nas falanges dos dedos, a divina proporção olhou-me de volta. Ali concluí: Eu sou um milagre. 64

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Gabriela Lopes dos Santos- brasileira, mineira, escritora, poetisa e artista plástica. Nascida em Teófilo Otoni-MG; Bacharel em Direito pela Faculdade UNIPAC, Campus de Teófilo Otoni. Participante em 3 livros acadêmicos com capítulos em forma de artigos científicos. Participou da 6ª edição do Luxembourg Art Prize, concurso artístico do Museu Pinacoteca em Luxemburgo. Membro da Cultive Art Littérature et Solidarite de Genebra, núcleo Minas Gerais. Escritora e autora do livro Primeiros Contos pela editora Publit, Rio de Janeiro 2019. A autora aborda com suavidade temas diversos que norteiam o nosso cotidiano e, sobre os quais, muitas vezes passamos, sem qualquer reflexão. Coautoria com escritor moçambicano Lino Eustáquio no livro “Muralha da lírica brasileira e moçambicana”. Ano 2020Sobre o livro: Eles se uniram para formar uma proposta integradora das culturas, através de um conjunto de poesias levarão os mais variados sentimentos ao coração do leitor. No livro, há desenhos feitos com lápis de carvão pela Gabriela Lopes. Cada ilustração tem uma conexão cultural para os dois povos, seja para os brasileiros ou para os moçambicanos. Em épocas difíceis em todo o mundo, adentrar na literatura será um dos antídotos para as incertezas dos corações humanos. Preencher os dias com leitura e arte é sem dúvida um bem que fazemos aos seus apreciadores. Autora da história “O baú de flores e borboletas”, ano 2020. Coautoria com escritor angolano Antônio Alexandre no livro “O desabrochar poético”, ano 2020. O ano 2020 tem sido drástico em todo o mundo por força do COVID-19. Vírus que acomete cada canto do globo, contudo, ainda é possível jogar luz em caminhos escuros. Entendemos as artes poéticas como uma contribuição nessa iluminação, almejando preencher corações. Criadora do projeto “Meninas sem fronteiras: As nuances entre Brasil e África”, ano 2020. Participação no Livro Psicologia e Pluralidade, Ixtlan, São Paulo, 2019; Participação na Coletânea Palavreiras 2019, Contos e Poemas apresentados na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) 2019, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2019.


Sarau da mulher ponente, marca presença como rainha. Sedutora, encanta as telas dos filmes. Graciosa e veloz, atua nas mais diferentes modalidades esportivas e se faz campeã em olimpíadas. Brilha como artista nos palcos da vida. Impecável, com um sorriso e alegria incomum, atende todas as demandas de mãe, esposa e profissional, numa maratona diária, incansável, despercebida a muitos olhares. A mulher não apenas lê uma poesia, ela vivencia todo o poema. Ela não apenas cultiva flores, mas se vê em cada rosa. Quando dança uma valsa, ela mais que dança, levita. Às canções ela se entrega como se fosse eternizar o momento. Ao amar, ela o faz com toda a intensidade que o verbo exige.

Nagesia Diniz Barboza

Eu gosto de ser mulher Naquela tarde, conversávamos, eu e um casal de gêmeos, duas belas crianças muito inteligentes. Tinham dez anos. Envaidecido, o menino comentava que era o mais velho porque nascera alguns minutinhos antes da menina.. O bate papo descontraído continuou e, num dado momento, fui interrogada por ele sobre qual dos dois era mais bonito. Uma resposta difícil, pois ambos eram lindos. Minha escolha seria motivo de descontentamento a um deles. Desconversei um pouquinho, mas retornaram a pergunta. Falei que era ela a vencedora do certame de beleza improvisado. O garoto quis saber o porque da minha escolha. Disse-lhe que o meu voto foi para ela porque Deus, ao criá-la, deulhe “corpinho de fada e carinha de princesa”. Este foi o meu jeitinho de abordar, de forma simples e sutil, toda graciosidade da sua irmanzinha. Evidente que, com tão pouca idade, ele ainda não estava apto a perceber toda a beleza imbuída no sexo feminino. Futuramente, descobrirá que todas as mulheres, além de belas, possuem encantamentos invisíveis aos olhos.

Um dos seus dias de glória ocorre quando, do laboratório, recebe o resultado positivo do teste de gravidez. Sai radiante, com vontade de dançar todos os ritmos, sorrir todos os sorrisos, gritar ao mundo que no seu interior projeta-se uma criaturinha linda, concebida pela graça divina, que trará um sentido mais profundo à sua vida. O bebê que acaricia na barriga envolve todo seu eu.. Alimenta-se, alimentando-o. Cuida-se, cuidando-o. Vive, vivendo-o. Quando o tem nos braços e amamenta-o, atinge o ápice da emoção de ser mãe. Jamais um pai poderá experimentar este momento de tão elevada magnitude. Ser muitas vidas em apenas uma. Ser muitos corações em apenas um. Sinto nisto uma discreta analogia ao mistério da Santíssima Trindade. Dobro meus joelhos, cruzo minhas mãos, elevo meus pensamentos e deixo minha voz agradecer ao Senhor por ter me concedido nascer repleta de carinho e amor, por haver nascido mulher. Eu, verdadeiramente, gosto de ser mulher. Salve todas as mulheres do universo!

Bibliografia Nagesia Maria Gomes Diniz Barboza, brasileira, natural de Pesqueira-PE, residente em Taquaritinga do Norte-PE, ex-professora, ex-bancária, aposentada, mãe, avó, doméstica, escreve poesias por lazer, encontrando nisto razão para ser feliz e levar felicidade aos outros..

Belíssima, ela surge no quadro de Monalisa. ImRevue Cultive - Genève

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POR DO SOL DO JACARÉ Nagesia M G D Barboza Já não há do sol o calor abrasador Surge o luar, mansinho, com amor O dia, num sutil toque de despedida Escuta a noite pedir licença à acolhida E, num toque de flauta, lhe é concedida Ao som de uma Ave-Maria enternecida Suavemente, dia e noite se cumprimentam Na plateia corações em orações em calmaria Comtemplam na natureza a poesia Simultaneamente, sorrisos amigos se misturam Olhares felizes se cruzam Sem espaço para o virtual, meio casual Lá se foi o stress habitual Transformados mar e terra em igreja Cada um encontra a paz que almeja Nessa hora só importa admirar A esplêndida beleza deste lugar Agradecer a Deus por estar lá.

O ANJO DA BAHIA Nagesia M G D Barboza

Boas vindas, benemérita e Santa Irmã Dulce Tão querida, amada, santo anjo da Bahia Ajuda-nos a cuidar, com amor, na pandemia, Dos enfermos solitários, sem companhia. Não podemos visitá-los em nenhum dia Mas estamos em preces, em sintonia. Se, antes, destemida e com determinação, Deixaste a família e seguiste o coração A cuidar dos doentes, todos teus irmãos, Sem temeres qualquer contaminação, Orai pelos médicos e por todos envolvidos Na defesa das vidas, na recuperação. Que todos te imitem no amor, na ação, Na oração pela cura e pela conversão. Que acima da vida esteja a salvação.

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Gabriela Lopes Amadurecer Assim ela ouviu: Menina, menina... Olhe para a vida. Corre que dá tempo. As brincadeiras se passaram, Digo que lamento. Estude muito e tenha disciplina, O amanhã feroz está vindo. Lhe espera na esquina. Assim eles disseram: Menina, menina mulher... Reformula tua vida, As cobranças lhe atormentam O amanhã está na porta, Creio que os medos salientam-se. A menina que tu fostes Hoje não és mais Cada espinho que pisou Renovou-lhe e libertou tua embarcação do cais. Assim ela disse a si: Mulher, mulher... Não te preocupes Os espinhos eram de rosas, Desabrocharam e sois tu. O amanhã virou presente Continuou feroz; Contudo, você, bem mais valente Tornou-se a roseira poderosa. Em qualquer porto, Teu navio estará esbanjando perfume De botão a uma rosa. Atingiste o teu cume.


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Maria Leci Queiroz A Cultive sente-se orgulhosa em ter no seu meio uma mulher valiosa pelos seus atos solidários e pelo seu envolvimento com a literatura. Todo o seu contexto de vida, contribui para que ela seja uma das escolhidas para receber o prêmio Mulher AMAZONA. Ela Nasceu no Nordeste do Brasil na cidade de Fortaleza, onde o sol brilha o ano inteiro. Seus pais imigraram do sertão para a capital. As dunas das praias do Ceará guardam em algum lugar do passado as marcas dos pequenos pés dessa criança que corria atrás da liberdade. O gosto pela leitura foi um dos seus primeiros prazeres. Embora a família não tivesse recursos para dar-se ao luxo de comprar livros, pois a prioridade era alimentar as 13 crianças, ela encontrou na casa da vizinha a biblioteca que a levaria para o mundo fantástico das letras. Assim a criança acompanhou os pensamentos de Machado de Assis, José de Alencar e Rachel de Queiroz. O interesse pela literatura, pelas artes e pela solidariedade foi cultivado dentro do convívio familiar. Os dramas da Igreja e às músicas, que cantava em família, também lhe abriram os olhos para o sofrimento alheio. A sua casa sempre foi um espaço de acolhimento para o aflito, o carente, o pobre e o necessitado, apesar da pobreza própria família. Hoje ela faz trabalhos de escrita terapêutica de forma livre e solta. Nos seus escritos a criatividade e a sensibilidade destacam-se. Costuma dizer que cada livro que publica é um filho que ela compartilha com o mundo.

Não teve filhos biológicos, mas tem um útero acolhedor capaz de acolher filhos do coração, além de cultivar amizades sólidas e douradoras. Entre as suas atividades solidárias destacam-se o projeto Guiné-Bissau, na África, realizado em Cacine, na escola chamada Betel, que atende 700 crianças e adolescentes. O projeto implanta educação nutricional e desenvolvimento comunitário e onde ela esteve 3 vezes ajudando in loco a realizar esse projeto. Em Fortaleza, ela oferece seu amor ao Projeto Social Sementes da ICA – PROSSICA, uma organização sem fins lucrativos, que atende 342 beneficiados em situação de vulnerabilidade social, entre crianças e jovens. Ela é formada em Economia Doméstica pela UFC e em Nutrição pela UECE. Ela escreveu 3 livros e é uma pessoa preocupada com o ser humano. Essa mulher tem um espírito discreto e no seu peito bate um coração gigante e muita humanidade. Por isso é com muito honra que anuncio o nome de Leci Queiroz para receber o Prêmio Mulher Amazona. Lecizinha, como a chamo, é amiga de infância e irmã de coração. Ela é positiva, alegre, compreensiva, sabe ouvir e é amável no falar. É impossível não admirá-la. É uma pessoa de muitas virtudes e nos sentimos privilegiadas de tê-la próxima a nós. Esse depoimento é da Ruthe do grupo de oração

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Mulheres além do seu tempo Como peregrina eu gosto de caminhar, de observar passo a passo o caminho percorrido. E muitas vezes eu questiono se estou indo na direção correta. E posso dizer que a experiencia tem me ajudado a ter um olhar para a estrada da vida, que são de grande significado para a minha existência. São exemplos de vida de pessoas que deixam marcas de lutas, desafios e vitórias. E hoje eu quero peregrinar na vida de mulheres que fazem diferença, que poetizam para gerar vida, que doam o melhor de si, que comparecem diante da vida de modo aberto e capaz de desfruta-la. Celebro por vidas de mulheres da cidade e do sertão, de mulheres do presente e do passado, que mostraram que somos iguais não importa o gênero, a cor, religião, idade e ideologia. Somos ser humano, somos humus, somos seres que temos na nossa essência o Amor. No mês de julho de 2019, me deparei com um folheto que falava sobre uma mulher do passado, na frente do seu tempo, que abriu caminhos para uma maior participação na sociedade, me refiro a uma escritora, educadora e poetisa chamada Nizia Floresta, nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari no Rio grande do Norte. Pense numa Mulher que caminhou na frente do seu tempo!! Foi educadora, escritora, poetisa e empreendedora. Abriu uma escola para meninas no Rio de Janeiro, numa época em que as mulheres eram impedidas de estudar. No entanto, Nizia via que as mulheres eram importantes figuras sociais, dotadas de uma identidade e fundamentais para a família e sociedade como um todo. Imagino a sua dedicação em quebrar paradigmas e modelos de dominação da época, onde o ditado popular era: “O melhor livro é a almofada e o bastidor.” Esse ditado popular não a fez calar, não foi voz que fizesse morada no seu coração, muito pelo contrário ela lutou por mudanças, pelos direitos das mulheres e de outros grupos a margem da sociedade. Ela não deu ouvido a essa fake News ou mentira. Essa mulher a frente do seu tempo deixou

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contribuições para a sociedade dos nossos dias. Mesmo muito jovem se envolveu por lutas de direitos humanos. Com idade de 22 anos de idade, publicou o seu primeiro livro intitulado: “Direitos das mulheres e injustiça dos Homens”. Nesse livro ela mostra a desigualdade que existia de direitos das mulheres da época. Onde ler ou estudar não fosse atividades de mulheres e sim cuidar de casa e fazer um “bom bordado”. O que seria da poesia sem a sensibilidade e a compaixão das mulheres? Elas conseguem tecer palavras de amor, de carinho e de alento. Além disso costuram e bordam palavras que geram vida. E Hoje, eu gostaria de agradecer a essa mulher pela coragem em dialogar sobre os direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. Por nos deixar esse legado de escrever livremente de forma leve, brincando com as palavras e exercendo a cidadania de ser gente, de não permitir que palavras ditas de forma errada ou MAL DITAS pudessem paralisar a sensibilidade feminina que traz a poesia na alma, quero agradecer por essa mulher na frente do tempo, não se permitiu ser alimentada por pensamento de dominação da época.

Olá minha alma Leci Queiroz.

Na folia de casa No desejo de viver Converso com minha alma Que hoje sentou na areia da praia para agradecer O ar que oxigena a vida, e o mar que vai e volta, A palavra semeada dentro do meu SER Seguro na sua mão E falamos do medo, da alegria e do novo olhar Que você me ensina a ter Uso máscaras de proteção Sorrio com os olhos E dou um abraço forte com a alma que cultiva a vida de solidariedade, e amor.


Sarau da mulher

Pensando no Tempo Por: Leci Queiroz.

Tempo de ter tempo Tempo de parada para reflexão Tempo de sair do individualismo Que é o berço da solidão Tempo de cuidar de quem cuida De amar e ficar em casa Tempo de conhecer melhor E ter máscaras para melhor viver Tempo de partilhar, de fazer pão De falar de receitas e da solidariedade Da empatia que sente a dor do outro Tempo de viver o aqui e agora Tempo de ser amigo do mestre da VIDA.

Tournesols Valquiria Imperiano/2020

CONGRÈS CULTIVE INTERNATIONAL CULTUREL DE LA FEMME do 26 ao 28 de 2021 - trasnmissão Canal Cultive

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fissões. Sua essência tem a fragrância do amor que oriunda de uma sensibilidade impar veste o manto multicor de abnegação, renúncia, solidariedade e competência, cultivando a árvore da vida. Minhas felicitações a essas mulheres guerreiras e ecléticas que Saudação às Mulheres se doam e com garra lutam por Rita Guedes seus ideais, realizando-se e valorizando-se como seres humanos Mulheres de todas as raças e cre- e como profissionais. dos são como árvores frondosas de raízes profundas que se rami- Como exemplo cito aqui as nosficam, produzem flores frutos e sas homenageadas de hoje. tranquilamente abriga a todos sob Maria Inês Botelho sua sombra. Maria Ósia Leite de Carvalho Noeme Praxedes Morais Como pássaros abrem suas asas Maria Leci Queroz transformando-se em anjos benfeitores abraçando a vida e o amor ao próximo. Como a lua encanta e seduz com o dom da sabedoria. Como o sol ilumina caminhos numa trajetória impar deixando rastros iluminados de cultura atravessando fronteiras batalhando em prol da arte e da literatura, abraçando as mais diversas pro70

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Doe livros para o Espaço Cultive - Clic na logo


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O Institut Cultive está organizando o Espaço Cultive na Biblioteca Incentiva em João Lisboa no Maranhão e a Biblioteca Cultive em São Bento na Paraíba. Quem desejar doar livros. Enviar para os enderêços nos afiches abaixo Os doadores terão seus nomes inscritos no portal da Biblioteca Cultive, basta enviar o nome, o título da obra, foto do endereço no pacote sendo postado.

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Ósia tem luz própria e seu brilho não se

confunde e nem se compara com outros brilhos… Ela carrega esse brilho dentro de si e o compartilha conosco todos os dias e quanto mais ela compartilha, mais ela emite esse brilho único. Ósia é admirada por todos que a conhecem porque sabe ser forte e ser meiga ao mesmo tempo. Ela sabe sorrir e fazer sorrir, mesmo quando passa pelos momentos mais difíceis. Ela é imperfeita, mas exercita a caridade e o amor ao próximo de um modo tão único, que isso a torna muito especial! Ósia sabe se abrir para a vida, e por isso a vida se abre para ela. Ela é apaixonada pela vida e é notório que a vida lhe quer um bem especial. Ela sorri das coisas mais simples porque encontra a felicidade em momentos simples e seus olhos de fada só sabem enxergar virtudes.

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GRATIDÃO Ósia Carvalho

Ósia é toda sensibilidade… Ela chora com as maldades do mundo e ela acredita ser capaz de semear mudanças por meio da semente dos seus gestos; e trabalha para que essas mudanças aconteçam!

Minha vida cercada de amigos Eu digo sempre é um jardim em flor. Aos meus filhos chamo de Corte Celeste Pelo aconchego e pelo grande amor. Quando acordo e vejo o sol brilhando Agradeço a Deus o novo dia e peço benção, Peço força para vencer os obstáculos Eis que nossa vida é um pleno desafio. Ando devagar não me apresso em nada O tempo corre cheio de incertezas O nosso amigo irmão é a nossa fortaleza. Não negue ao seu irmão o seu afeto Seja grato em toda ocasião. O sol se esvai no horizonte todo dia Volta a brilhar em cada amanhecer Deus no comando aplaina nossa estrada Só em pensar encho-me de emoção E de joelhos, minha alma é toda gratidão.

Ela se faz forte em todos os momentos e faz tudo o que estiver ao seu alcance para promover o bem; e o que não está ao seu alcance ela entrega nas mãos de Deus porque ela sabe que “Ele é especialista em realizar o impossível”.

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Ela é muito bonita, muito elegante… Não somente pelo jeito que veste seu corpo, mas principalmente pelo jeito como veste o seu coração que transborda de valores e bons sentimentos e por fazê-los seus pilares de vida…

Eu sou Sheila Mourão Nora de D. Ósia, casada com o filho caçula, Alcimar Leite de Carvalho, juntos somos pais de Nina Mourão de Carvalho, 12 anos. A neta caçula. Sou pedagoga graduada pela UECE – Universidade Estadual do Ceará. É especialista em Psicopedagogia e está finalizando o curso de Mestrado em Ciência da Educação. Trabalho na área da educação há 20 anos. Atualmente exerço a função de Supervisora de Ensino e Aprendizagem numa escola particular de Fortaleza, CE.


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POETA, O ARTESÃO DA PALAVRA.

Jacqueline Assunção CARTA PARA ELA Remetente: Jacqueline Assunção Endereço: Terra Destinatario: Maria Assunção Endereço – Terra dos Anjos Oi Mãe, tu és a casa e o vô de mil e uma borboletas... Me pergunto quem são as almas afortunada que agora desfrutam dos teus sorrisos, calma, palavras que so sua boca sabia dizer, tua força empodera um universo inteirinho. Tua comida era afago direto na alma curando... quentinha. E o café ? Ah mãe... quando passo um me aromatizo de ti. Aqui não ta fácil não, estamos vivendo dias pandêmicos. Mas aprendi contigo a plantar meu olhar na lua, lembra na calçada? Para além do tempo... Para além da dor, do medo. Te ver? Num caminho pelo mar... Abença Mãe. Sua filha Jacqueline Assunção

No garimpo das letras, o poeta extrai sonhos, belezas, espantos; sofre a dor do mundo cantando o verbo. Faz do dia a dia uma celebração da vida. No mergulho interior, ele/ela transfigura matéria bruta em sentimento profundo. Adélia Prado diz: “se você avista uma pedra e a vê pedra, então necessita esperar que seu olhar a veja como uma rosa”. Essa transmutação do real para o imaginário é o exercício constante do vate, que o faz com o que emerge da alma, do âmago do seu ser. Quanto a isso, Cecília Meireles afirma: a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Uma das molas propulsoras da vida é a poesia. Com sentimento intenso e habilidade de dispor as palavras com ritmo, sonoridade, metáforas, imagismo, entrelinhas, o não dito, o poeta transmuda o real, tantas vezes sofrido, em alegria para os leitores. A palavra é o abraço universal. Ela nos permite viajar, alçar voos inalcansáveis. Os amantes da poesia experimentam um encantamento e exercitam o gosto por essa arte, tão envolvente, degustando cada verso, cada ritmo, cada silêncio. Para rilke, “uma única coisa é necessário: a solidão; a grande solidão interior”. O silêncio. Termino parabenizando a todos os poetas do grupo, esses grandes artífices da palavra, e formulando duas perguntas: 1- Oque teria sido de nós /nesses dias sombrios da pandemia/ se não fossem os/as poetas? 2- O que seria da vida sem os/as poetas? Revue Cultive - Genève

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Maria José Negrão. NORDESTINA SERTANEJA Mulher disposta, trabalho tosco, braçal. Quilômetros andados em busca do que beber, aliviando a sua sede vai ao que comer, mas, risos nos lábios, fascínio, vamos lá. Chegando em casa, o menineiro a chorar, fazendo papa de farinha ao estômago vamos dar. No amanhã cedinho rumo estrada voltar, a sertaneja a disputar. Isto é o que é! Uma Mulher nordestina a enfrentar vida difícil! Mas o chão ardente tem sempre o que vos ofertar ... O amor ....

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Irlana Jane Menas MULHER Composição poética que se entremeia na dualidade simbólica do mundo. Emerge na materialização do pensar criativo, intensa, forte, guerreira. Mulher, objetivação da qualidade divina que acentua em versos a sabedoria, a justiça, a beleza, a perfeição. Muher, fonte em que jorra a música invisível na suavidade da alma quando emana a canção que viraliza o mundo transbordante de paixão. Mulher.


literatura

NOVIDADE Maria José Esmeraldo Rolim

et le virus

ISBN 978-2-940661-03-9

9 782940 661039

Um livro bilingue português /francês

www.editioncultive.com Revue Cultive - Genève

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Eu e o mundo onde vivo Nasci, cresci, desenvolvi-me. Fui criança, adolescente, DIA INTERNACIONAL adulta, hoje sou idosa. DA MULHER Aprendi a falar, a andar, Parabéns à todas as mulheres que batalham por a amar, momentos melhores para si e para os que estão a valorizar a vida no interior da sua teia, tecida com amor, coerência, e nela alternar coragem, ousadia, generosidade e corações vol- alegria, tados para sustentar cotidianos e novos paradig- tristeza, mas. esperança, desesperança, conquistas. Aprendi a defender valores cristãos, MULHER... o amor pela vida, o respeito à família Quem é você? e aos outros, Você é: a dividir espaços de vivências. o Encanto que conquista, Toda possibilidade a Motivação para elos surgirem, de viver palmilhando a Melodia que ecoa no universo. sobre o Bem MULHER... devo à família, Você é: escola, amigos, - Semente plantada para gerar Vida, Amores, companheiros - Encontros, Desafios, Perdão, ... - Símbolo de Envolvimento e Desafios Humanos, e outras vivências, onde as pessoas - Razão em conjunção com a Sensibilidade; - Inserção na Natureza com os seus contrastes, foram partilhas de momentos raros. simbioses, diversidades e múltiplas faces. MULHER, Você é Presente de Deus para o Mundo. Vivo enumerando estrelas, raios solares, gotas de chuva, ------------------------------------------------------------------- granizo, quando acontece. Maria Inês Botelho Delegué Cultive no Paraná Presidente do Elos Clube de Mandaguari DE-4 76

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sarau

Sou

Existo. Agradeço a quem pelo meu caminho cruzou e teceu detalhes exponenciais ao viver. Bendigo a Deus, Ser Supremo, aos meus pais o dom do viver e deixar marcas no Tempo e no coração de quem comigo tece avanços de sonhos e conquistas. Sou vida. Sou esperança. Sou amor a Deus, família, amigos, companheiros, confrades, confreiras. Vivo. Aconteço. Sou construção do verbo Ser e Amar.

ra no campo da Cultura. Destaca-se em nível de interconexão entre o Brasil, Portugal e Suiça. Há espiral que permite acrescentar elos em corrente, que tem fixidez à altura para que não se rompam a cada novo aprendizado, a cada nova associação de dados ou feitos. Permitem que assuma o aprendido em junção com a nova aprendizagem, a cada novo dia, ressaltando a presença da práxis. Realiza feitos com a junção das áreas da Educação e da Cultura. Traz no seu pensar poético, que envolve este universo fantástico em luzes, cores, números de seres humanos e de outras naturezas a concretude em livro, antologias, coletâneas, jornal, revistas diversas, redes sociais, emissora de rádio e WebTV, contatos pessoais, palestras, convenções nacionais e internacionais, conferências nacionais e internacionais, painéis, fóruns, seminários, encontros, feiras de livros e festas literárias nacional e internacional. Seus pensares poéticos também constantes em livro publicado que traz a sua trajetória no livro denominado “Perfiz de Vencedores”. Tem publicações poéticas e externa sua visão do mundo, com as devidas conjecturas, em 16 (dezesseis) coletâneas e 3 (três) antologias. Está inserida em 8 (oito) Academias de Letras com seus complementos a nível nacional e internacional, 13 (treze) instituições análogas a estas academias e 3 (três) instituições de outras categorias, somando-se em número de 24 (vinte e quatro) os compromissos assumidos.

Maria Inês Botelho É escritora, poeta, admiradora de um universo complexo que apresenta diversas e profundas vertentes, acionadas em seu viver cotidiano. Traça o seu caminhar por veredas seguras onde surge a vontade de alcançar as estrelas que brilham em seu esplendor e convidam a tecer poesia. Os registros que marcam a sua existência estão calcados em base sólida. É expressiva batalhado-

Atua também em serviços voluntários pelo Rotary Club de Mandaguari-Família, Elos Clube de Mandaguari e outros, específicos de sua escolha. Nestes também há muitas publicações literárias sobre o seu agir cotidiano e o expressar-se sobre o que estas instituições envolvem. Assim, a vida pessoal, familiar, amiga, companheira, acadêmica, envolvendo ações individual ou coletiva, em número elevado, vai sendo traçada, em capítulos, na Linha do Tempo, somando êxitos e valorizando o aprendizado. Traduz o seu Eu e o mundo onde vive através de poema constante a seguir.

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CHRIS HERRMANN Talento brasileiro na Alemanha poesia, música e grafismo

Chris, como é conhecida pelos amigos, é musicista, musicoterapeutae, escritora, poeta e tradutora carioca, web & designer gráfica, radicada na Alemanha desde 1996 onde mantém uma ditora,. No Brasil, ela estudou Letras/Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Música - Piano e Teoria Musical - no Conservatório Brasileiro de Música, Webdesign na UniCarioca. Fez pós-graduada em Musikgeragogik na Alemanha e cursou também Marketing (ESPM), Inglês (Oxford) e Administração (FGV). Trabalhou vários anos na Alemanha como web & designer gráfica autônoma. Entre inúmeras homepages, flyers trabalhados no Brasil e na Alemanha, teve o privilégio de criar a primeira homepage do Coral Brasileiro da Universidade de Colônia, Alemanha, bem como flyers e cartazes de divulgação de várias apresentações do grupo. Em 2002 recebeu seu primeiro prêmio 78

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como designer em um concurso de uma associação brasileira em Sydney, Austrália, ao criar a nova logomarca. Ela é autora de 9 livros publicados nos gêneros poesia, romance, contos e literatura infantil, tendo recebido também algumas premiações e menções honrosas em concursos. Ela edita a Revista Ser MulherArte com o selo Ser MulherArte Editorial. Em Maio de 2020 recebeu a Comenda ‚‘Excelência e Qualidade Brasil 2020‘ por Serviços Prestados à Arte, da Associação Brasileira de Liderança. A sua Revista Ser MulherArte também foi premiada pelo mesmo destaque. Desde Setembro de 2020, é membro honorária/premiada da AILB - Academia Internacional de Literatura Brasileira. Em Outubro/2020 recebeu o Troféu Yedda Maria Teixeira na Categoria Mídia Digital, da Associação dos


Embaixadores de Turismo do Rio de Janeiro. É membro da ABI Inter - Associação Brasileira de Imprensa Internacional, nos EUA, desde 2020. Chris é dàlegué Cutlive na Alemanha e faz parte do comité de organização do Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive, ocupando-se de toda a parte gráfica do salão. www.christinaherrmann.com www.sermulherarte.com

Epitáfio aqui jaz um punhado de palavras inspiradas nas flores das pedras colhidas dos caracteres da alma impressas nas folhas do temp de louros ora a ferro e fogo borrifadas com essência de jasmim

Grand Art Chris Herrmann s Muda nunca tive a certeza das árvores vi minhas raízes crescerem nômades, avançar rios, lágrimas cachoeiras sem eira nem beiras fazer cabo de força de mim entre continentes e oceanos nunca tive a certeza dos troncos mas a dos trancos e barrancos das tempestades sem fim a certeza, eu aprendi foi com a muda que teve a planta dos pés queimada

minhas músicas estão por aí em algum lugar no ar ou em ondas meus escritos na memória ou no peito de alguém que eu já nem sei e tantas outras artes que eu me joguei de cabeça, tronco e veias mas a minha maior arte a que eu agarro forte droga que me dá suporte é a de me reinventar

e as folhas arrancadas por outonos atrevidos a muda me ensinou a falar para sobreviver à próxima estação me ensinou também a ter a certeza de que tudo muda

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literatura

Angeli Rose é escritora, pesquisadora, carioca, geminiana, é cultiva-

dora, delegué RJ, Ph.D. em Educação (UFRJ), Educadora para a Paz, terapeuta holística (UNIPAZ e CIT-RJ);recentemente foi agraciada com o título de Embaixadora da Paz pela OMDDH; é membro de diversas associações e academia; idealizadora e coordenadora do “Coletivo Mulheres Artistas”; colunista do Jornal Clarín Brasil (digital),entre diversas outras atividades que exerce, sempre no campo cultural. Autora, entre outros, de Biografia Não autorizada de uma Mulher pancada. angeliroseescritora@gmail.com

evento (objeto apreciado) ou um acontecimento estético ou cultural de maneira resumida com apreciação técnica e autoral. e, no caso, preferencialmente, literária. É um convite à leitura. O termo críEstamos estreando a coluna “Estante Cultuve” tica tem sua ligação mais íntima com a etimologia. com muita alegria. Quando recebi o convite de Segundo o filósofo Emanuel Carneiro Leão (UFRJ) Valquíria Imperiano, presidente da Cultive Littera- em Aprendendo a Pensar: "Etimologicamente, crítica provém do verbo grego krinein, cujo primeiro turé, Art Solidarité sentido é ‘separar para distinguir' o que há de ca(Associação Cultive, Literatura, Arte e Solidarie- racterístico e constitutivo. Essa separação distinta dade), já imaginava o desafio que viria pela frente. se exerce, remontando à ordem dos fundamentos A Cultive, além de estar muito presente no cenário constituintes e por isso elevando-se a uma ordem cultural internacional – sua sede é em Genebra -, superior, à originária”. tem o mérito de reunir artistas e ativistas culturais de grande talento e reconhecimento internacional, Posto isso, apresentaremos o livro solo de Eluciaentão, honrar essa função de colunista para a Re- na Íris, mineira, bacharel em Direito, nutricionista, escritora e, além de cultivadora, é Vice-presidente vista Cultive só poderia exigir o melhor de mim. da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e Decidimos trilhar um caminho que tanto vai ao en- detentora de alguns prêmios literários, como o de contro dos princípios que norteiam as atividades Embaixadora da Paz pelo Núcleo de Letras e Artes na Cultive, associação, como reafirma na revista o de Buenos Aires e a Literarte, entre outros. Eluperfil construído com rigor e competência que na di- ciana também é uma ativista cultural criativa, pois vulgação de valores estéticos e personalidades do desenvolve um projeto semanal nas suas redes campo cultural, englobando todas as linguagens. sociais chamado Chá & poesia com Elas [https:// A partir disso, a coluna trará a cada edição uma youtu.be/sHE226HPyFI]. Vale conferir!

ESTANTE CULTIVE ANGELI ROSE

resenha crítica de uma obra literária de um cultivador ou cultivadora e eventualmente entrevistas exclusivas concedidas à colunista, por ocasião de pesquisas ou eventos. O gênero textual “resenha crítica” tem como objetivo principal apresentar uma obra artística, um 80

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Quanto ao livro, se intitula COMIDAS AFETIVAS & POEMAS. COMBINAÇÃO PERFEITA. Coleção Coletivo Literário. MG: Editora Ramos, 2020,87 pg. E pode ser adquirido com a autora, contatando-a em suas redes sociais. A obra apresenta prefácio, apresentação e dedicatória, agradecimentos e 4ª


literatura capa. São chancelas importantes de leitores qualificados que dão a ver a relevância da obra e na voz inicial da autora destaco as dedicatórias à mãe e à sogra, in memoriam, Maria Dorcineia Almeida e Linnéa Carvalho, respectivamente. Por quê? Porque elas conferem a força da família mineira e o legado gastronômico domesticado tão conhecido como traço relevante da brasilidade. A cozinha mineira e a intimidade que ela traz nas conversas dos almoços de domingo. “Você tem fome de quê?” Eu lhe perguntaria leitor, leitora, provocando uma reflexão antes de ler o livro da escritora e poeta Eluciana Íris, e logo de início me atreveria a resgatar de um lado a lembrança do rock brasileiro, Comida; e de outro, um título homônimo do médico Deepak Chopra de 2014. Então, a nossa autora mineira respondeu à legendária pergunta posta pelos Titãs na canção de modo elaborado que o “sumário” do volume sugere ao alternar uma receita com o título de um poema. Quanto ao livro de Chopra, vou deixar você curioso, curiosa, se ainda não o leu, mas posso adiantar que na linha de autoajuda, vale procurar por ele, porque o autor consegue aliar conquistas da ciência no campo nutricional e energético (Biovida e bioética) com os conhecimentos orientais sobre a leveza da vida e perspectivas existenciais. Capa: Montanhas de Minas, Guto Paixão. Certamente, você poderá se perguntar o que isso tudo tem a ver com o livro em questão. Eu diria que primeiro para quem é leitor sabe que uma leitura puxa a outra; e para quem escreve é impossível não puxar da memória, porque “palavra puxa palavra”, já escrevia Machado de Assis sobre o jogo criativo que é a escrita autoral. Se você tem fome de ler algo que o desperte para imagens inusitadas ou o coloque diante da possibilidade de aprender uma nova receita de gostosuras que podem lembrar a infância ou a reunião animada entre primos e amigas, por exemplo, começaria perguntando ao leitor ou à leitora, como se fizesse um convite à leitura da sabedoria das entrelinhas, a partir do jogo de alternância proposto no livro de Eluciana entre poesias e receitas culinárias. A autora instiga o nosso apetite pela vida. De um lado, com sugestivos pratos tomados de um misto de memória familiar afetiva com a cultural (receitas de mãe, irmã e filha contam!); de outro, pela lucidez

encantatória de sua saborosa poesia que se alia ao aroma das palavras bem escolhidas: “Umedeça o caminho suave, sem pressa”; sugere no poema Distante de Ti. A autora deixa entrever sua concepção de mundo, de poesia, de vida, mas caberá a cada um pelo caminho que desejar, aleatório ou não - se obedecer o sumário proposto - descobrir a dimensão holística como potência na literatura de Eluciana, entre 24 receitas de bom gosto e 32 poemas, com direito a poetas convidados para o desfrute da palavra em estado poético. A certa altura da leitura, depois do pão de queijo da Kiki (sua mãe) poderiam presumir algo mais melancólico ou ameno, mas o que chega aos olhos leitores são imagens mais potentes de uma mulher que decidiu usar cabelos vermelhos e não está nem aí para a opinião púbica a ponto de ligar o foda-se. A expressão não choca é bem vinda ao contexto do poema intitulado com a expressão forte como um bom café forte que se toma ao cair da tarde. Talvez, se preparando para ver a Orquestra na roça, outra grata leitura ainda ligada à memória da mãe. Quanto às receitas, algumas são minuciosamente estruturadas com a inclusão de “ingredientes”; ”massa”; “modo de preparo” (da massa e do recheio); e “montagem”. São recursos que substituem perfeitamente um vídeo tão comum hoje nas redes sociais. Elementos da paisagem mineira, principalmente, interiorana, constituem a plasticidade conferida aos poemas, como “trem”, “roça”, um céu estrelado, um olhar pra cima, estendido à memória familiar, passarinhos, uma “praça”, “pequena igreja”, “pão de queijo”, certo cenário bucólico (“Venham descansar, abrigarem do sol debaixo dos meus olhos floridos”). Do sentimento de brasilidade plantado e desfrutado em Pau Brasil, sombras e flores, ao lado da tecnologia e aceleração do nosso tempo com a presença metonímica da “Harley Davidson”, por exemplo, em A fome e o Relógio. E ao final, quem se dispuser a conhecer a arte poética de estreia em solo de Eluciana Íris será brindado/a com uma prosa memorialística sobre sua cidade de nascença, Campo Belo e com a qual ainda mantém laços fortes, por palavra e por familiares que lá residem, em Cidade Montesa. Campo Belo. Minas Gerais. Assim, cabe trazer para a degustação linguística Revue Cultive - Genève

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literatura algumas considerações daqueles que pensaram a literatura como alimento espiritual também: para o crítico literário Roland Barthes, o “sabor do saber” está na literatura; para o poeta também mineiro, de Itabira, Carlos Drummond, a leitura é uma fonte inesgotável de prazer; para Fernando Pessoa, ler é sonhar pela mão de outrem; já para Marcel Proust em "Sobre a leitura", a leitura está no limiar da vida espiritual. E como não poderia deixar de resgatar na memória da cultura universal, O Banquete de Platão com vários convivas (Fedro, Pausânias, o médico Erixímaco, o comediógrafo Aristófanes, o próprio anfitrião desse symposium, o poeta Agatão e Sócrates) a revelar a preciosa e perspicaz sapiência da sacerdotisa Diotima é possivelmente uma influência, consciente ou não, no belo dialógico diálogo entre Diotima e Sócrates que leva a refletir sobre o Amor, através do perfil de Eros que é traçado, no nível mais imediato de nossas sensibilidades e apetites, com ênfase no sexual, está presente de alguma maneira em Comidas Afetivas e poesia. O gênio, esse intermediário, que é o Amor, ou o “Daimond”, como os gregos o chamavam, é o mote para o pensamento reflexivo e filosófico, vo-

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cação humana, como muitos conhecem. Em o Caixeiro Viajante, por exemplo, Eluciana realiza um pouco desse apetite com a sensibilidade de poeta. Para degustação um fragmento do poema: “Pudesse eu beijar sua boca na beira do lago. Sentir o cheiro das flores das laranjeiras. Mergulhar os pés quentes nas águas geladas da cachoeira. Suas mãos, delicadas toque de seda, fazer-me um afago (...) Fecho os olhos, ainda sinto a sua emoção que ardia ao me abraçar. Conto as estrelas, tento tocar e sentir o seu rosto.” Então, como artista do seu tempo, Eluciana Iris conjuga alimento para o corpo com alimento para mente e espírito, sugerindo, através do seu livro, seu modo de ver a vida, a comida e a poesia. Senhores, senhoras, a mesa está posta! Sivam-se, por favor, de sentidos e experiências, de leituras e gostosuras!


literatura

https://institut-cultive.com/eventos/projetos e-mail: antologia@institut-cultive.com

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literatura

ANJOS DE BRANCO

Por Tereza Porto

Anjos são seres etéreos, que de vez em quando assumem a forma humana. Ora são luzes, ora se revestem de matéria, outras vezes vagueiam pela estratosfera, ou param e esperam a hora de agir, de cumprir a missão que receberam. Tal qual pastores na colina, observam o movimento do rebanho a pastar nas encostas verdejantes, atentos a qualquer ação ou reação de suas ovelhas. Apenas pastoram e guardam, mas estão sempre prontos a correr em seu socorro.

foi palco para a atuação de muitos anjos, que se reuniram em grupos para enfrentar com coragem a morte. Doaram suas vidas na luta pela vida de pessoas que arfavam desesperadas na busca de algo tão acessível a todos os habitantes do planeta: o ar que se respira, fonte da vida terrena. Com os pulmões invadidos por um vírus recém-descoberto, enfermos suplicavam por um fio de ar que somente uma máquina, ligada a um tubo, podia respirar por eles. E assim permaneciam em lenta e insuportável espera pela recuperação da vida, que caminhava em compasso declinante rumo ao fim. A morte virou uma estatística cruel, revelada em números crescentes a cada noticiário, provocando pânico. Diante de situação tão extrema e tão extensa, quis Deus que um time de anjos surgisse em socorro dessas centenas de seres contaminados. Estes anjos usaram máscaras, vestiram jalecos brancos cobertos por capas de proteção e, de forma incansável, enfrentaram uma luta silenciosa, travada em leitos dispostos lado a lado nos amplos espaços frios e higienizados, ou no interior de UTI’s, lugar onde a vida e a morte realmente travaram um combate silencioso.

De forma abnegada, e numa entrega solidária e plena de compaixão, mergulharam em hospitais montados às pressas, percorreram corredores sem fim, tentando segurar as vidas que se esvaíam, mesmo cientes do risco que Cada anjo tem sua missão. Missão de ajuda, suas próprias vidas corriam. Com dedicação missão de proteção e de defesa. Como Anjos e foco total, abriram mão de suas rotinas e do da Guarda, eles são a mão de Deus na Ter- convívio familiar para salvar vidas nessa mara. E com essa mão que o Pai lhes empresta, ratona macabra. Mas cada vida salva era um eles são o resgate da esperança quando tudo troféu que compensava todo esforço e todo o parece perdido, são a cura nas enfermidades, suor derramado. são o alento no desespero, são unguento na dor. Sempre que necessário, também são Nesse território de incertezas, nessa arena bússolas na falta de rumo, faróis nos oceanos em que a arma mais poderosa era a fé, os revoltos, são luzes em momentos de escu- anjos de jaleco atuaram como soldados de ridão, são abrigo nas tormentas, são refúgio Deus, usando a ciência e exercitando sua canas tempestades, são amparo nas quedas, pacidade de vencer o impossível. Não medisão abraços no desalento, são a paz que se ram esforços em sua tarefa sobre-humana de segue à guerra. resgatar a saúde mesmo diante de quadros Recentemente, eles foram convocados em massa. Uma terrível crise de saúde caiu sobre a humanidade, fazendo-a atravessar um período de isolamento e de medo. E isto 84

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considerados desesperançados.

O mais emocionante acontecia no final, quando cada paciente recuperado revertia um


literatura pouco as expectativas negativas e provocava um clima raro de satisfação no time. Então, era lindo ver esses anjos perfilados no corredor aplaudindo a vitória da vida sobre a morte, numa vibração intensa em homenagem a cada pessoa que conseguia sobreviver. Alegria de anjo é lindo de ver.

é por vezes escambo, moeda podre que te desatina.

Mulher viril, mulher coragem Enfrenta de forma sutil sua guerra, sua personagem de mãe, irmã e filha. Portanto, a homenagem importante que tam- Defende seu espaço, seus mares bém deve ser feita é a todos esses anjos pro- e protege seu lar, sua ilha. fissionais da saúde que, no mundo inteiro, estiveram na frente de batalha durante a pan- Mulher profissional, demia de 2020. São médicos, enfermeiros, mulher atuante técnicos e funcionários administrativos das O mundo é desigual, instituições de saúde que abdicaram, por um uma batalha constante, longo período, de sua vidas cotidianas para em busca de um feliz final. cuidar dos que foram infectados pela doen- Um sonho bem distante ça. Muitos anjos também foram atingidos por da dureza da vida real. esse vírus mortal, e alguns até sucumbiram nas trincheiras do combate, mas, como foram Mulher esposa, todos ungidos por Deus em sua missão, ja- mulher Maria. mais arrefeceram. Por isso, merecem as mais De noite na cama, vibrantes homenagens e a eterna gratidão de no tanque de dia. todos. O romance já virou drama, uma novela sem alegria, Os Anjos de Jaleco foram os heróis dessa e com muita solidão na trama. horripilante batalha que surgiu na segunda década do século XXI e que, por certo, vai Mulher madura, marcar a história do mundo para sempre. Por mulher idosa, isso, sinceras homenagens a eles, e nossos é toda ternura, profundos agradecimentos por tudo o que mas a vida ociosa eles fizeram pelo bem da humanidade. termina sendo dura. Até que um dia parte silenciosa e só sua lembrança perdura... MULHER DE MUITAS FACES TEREZA PORTO Mulher menina, Mulher criança Cedo a vida te ensina a viver de esperança. E logo te destina Um ponto no palco, Um lugar na dança. Mulher coquete mulher felina, Por certo já descobriu, faceira e ladina, que seu corpo Revue Cultive - Genève

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Sarau da mulher

Mulheres Protagonistas na Pandemia, na Política e na Moda.

emancipação feminina, pois, em muitos casos, as próprias mulheres carecem de empatia, ao julgarem umas as outras, seja pelo fracasso de seu relacionamento; por ter sido a amante de um caso extraconjugal, ou pior, culpando-se por abusos sexuais e outras violências da alma.

Por Dayane Nayara Alves Em virtude da Pandemia do ronavírus, desde março de 2020, intensificou-se a responsabilidade da mulher pela manutenção do lar, fato evidenciado, de forma similar, quando, na Segunda Guerra Mundial, vez que, neste período, a mulher teve de cumprir os trabalhos domésticos e também contribuir economicamente nas contas de casa.

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A explicação para o referido fenômeno advém do modelo de “virtudes naturais” associadas à figura feminina, o qual desenha a imagem ideal feminina como de cuidadora. Nesse paradigma, a mulher teria de “saber cozinhar”, teria de “se arrumar para seu homem” (não para si), principalmente porque as vontades e os interesses femininos seriam vistos como vitrines. Atualmente, continuasse a atribuir a responsabilidade pela gestação tão somente à figura materna. Dependendo das circunstâncias, se “o casal” engravidou, acusam-na ou elogiam-na, quando, na verdade, a tarefa de acompanhar o processo de prevenção ou de decisão sobre a gravidez seria mútua. Já, em 2021, ainda sobre os efeitos nefastos da pandemia, o patriarcado continua forte, sobretudo, frente aos novos e antigos obstáculos para a 86

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Há, ainda, as que se valem de estudos biológicos para justificarem a necessidade de distinção entre hábitos alimentares com base no gênero, teoria esta pautada sobre a diferença social que inferiorizaria um dos gêneros. Em crítica, Simone de Beavouir pontua: “Não se nasce mulher,

torna-se mulher.” Afinal, não há exatamente justificação biológica para o nascimento de uma mulher. Nesse sentido, como estudioso da filósofa, Stolke asseve ra que: “expressar as relações sociais em termos biológicos é um mecanismo ideológico para tornar fatos sociais imutáveis”. Por essa razão, faz-se necessário romper com todas as teorias que limitam a condição feminina, pois toda mulher, na dinâmica do seu desenvolvimento, pode ser e tornar-se o que quiser. Nesse contexto, exsurge-se a presença feminina em profissões antes vistas apenas para homens, em detrimento dos que insistem em atribuir ao corpo frágil, de forma sofística, a fraqueza do gênero feminino.


Sarau da mulher Ainda, no panorama da Covid-19, para além de de 2020, embora ainda não seja possível se afirsuas residências, as mulheres são verdadeiras mar em uma efetiva consolidação. protagonistas, em meio ao cenário pandêmico, tanto que, na saúde, muitas permanecem na lin- A coragem necessária para o protagonismo políha de frente pela vida e auxiliam na produção de tico remete à trajetória da teórica Hanna Arendt, itens essenciais, seja no ramo alimentício ou no que se infiltrou entre os “cabeças pensantes” nova têxtil (produção de máscaras). Mais uma vez, feliz- iorquinos, com intrepidez, conhecimento e sede mente, a prática insiste em desconstruir falsas per- por debate e, nesse aspecto, contribuiu com a vicepções, vez que a divisão social do trabalho femi- sibilidade feminina, sobretudo pela escrita e pelo nino pretendia reduzir a participação das mulheres, discurso. Embora Hanna fosse extremamente inteno que tange à produção intelectual, aos assuntos lectual, adentrou, no mundo da Moda, quando fez de moda e de beleza, associando-as a atividades a Revista Vogue em Nova Iorque publicar trechos que também, por equivocada pré-compreensão, do seu livro “Totalitarismo” em solo americano. eram vistas como “fúteis”. Interessante é que Hanna não se intitulava femiAs divisões da sociedade sempre foram mais se- nista, sobretudo porque, em outro momento de sua veras em relação ao gênero feminino. Em des- vida, havia feito a esposa de seu professor Heidegconstrução, Nísia Floresta, nordestina e altiva ger, sofrer por seu caso extraconjugal. Mas Arendt - considerada a primeira feminista do Brasil - in- contribuiu deveras para o movimento, porque lutroduziu os estudos dos direitos femininos e res- tou bravamente pelos direitos políticos femininos e significou o preconceito que envolvia a utilização pela sororidade, fatos admiráveis e bem contados do biquíni. No campo formal, influenciou a primeira no livro intitulado “Afiadas” de Michele Dean e de advogada brasileira, Myrthes Campos, a atuar e Bernardo Ajzenberg. lutar pela adequação da toga ao gênero feminino. Finalmente, importante reviver a frase de Clarice Na política, convém se utilizar do exemplo da Lispector: “Porque há o direito ao grito, então eu primeira vice-presidente da história dos Estados grito”, portanto, viva a luta pelos direitos femininos! Unidos, Kamala Harris, já conhecida pelo pioneirismo por ter sido a primeira Procuradora-Geral negra da Califórnia e primeira mulher de origem asiática Dayane Nayara Alves no Senado. Para além do seu reconhecimento in- Doutoranda em Direito Constitucional pela Unifor. telectual, tem sido conhecida por conferir um olhar Especialista em Direito da Moda pela FASM-SP. político para a Moda, por empenhar-se em se ves- Extensão em Fashion Law pela UERJ. tir com peças feitas por designers negros. Dessa forma, nota-se Kamala atribuindo discursos sociais aos seus looks, mais uma vez enfraquecendo a fragmentação falida de uma sociedade dura com a figura feminina a qual ainda tenta distanciar a mulher de assuntos políticos. Portanto, o protagonismo das personagens apresentadas suscita a necessidade de desfragmentação do conhecimento e do próprio trabalho, pois, sejam em atividades braçais ou intelectuais, há sempre a simbiose, assim como nos assuntos de moda, de política e de educação. Após mais de 30 (trinta) anos desde os debates, na formação da Assembleia Nacional Constituinte brasileira, que contaram com a participação feminina, vislumbra-se uma ascensão da representatividade, especialmente com as eleições municipais Revue Cultive - Genève

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NO TEMPO DA PANDEMIA

Maria Suzel Gil Frutuoso:

Licenciada em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos/SP (atual Universidade Católica de Santos-UNISANTOS). Especialista em Brasil Colônia (Economia e Sociedade), Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos. Mestre em História Econômica-Universidade de São Paulo-USP. Lecionou na UNISANTOS de 1983 a 2006. Membro do Núcleo de Pesquisa do LIAME-Laboratório de Informação e Arquivo da Memória da Educação-Universidade Católica de Santos. Diretora do CDME-Centro de Documentação e Memória Elista-Federação Internacional Elos da Comunidade Lusíada, com sede na cidade de Santos, SP, Brasil. Membro fundador da Academia Vicentina de Letras, Artes e Ofícios, (São Vicente, SP). Ocupa a cadeira 01 “Frei Gaspar da Madre de Deus”. Foi presidente desta Academia na gestão 2014 e 2015. Diversos artigos publicados em revistas nacionais e internacionais sobre Emigração/ Imigração Portuguesa e História da Educação em Santos/São Vicente. Participação em congressos nacionais e internacionais. Artigos e poesias publicados em coletâneas literárias. Membro do Movimento Nacional Elos Literários.

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É abril... É maio... Chego à janela. Silêncio... Apenas os passarinhos cantam na árvore do jardim. O céu está claro, num tom de azul intenso, não há nuvens. Diria que é uma manhã gloriosa, quase perfeita. Gosto do ar fresco e cheiroso da mata próxima. Não vejo ninguém. Onde estão as pessoas? Em casa, trancadas, assustadas, pensando o pior. Porque o pior se instalou. Não foi aqui ou ali, foi em toda a parte. O sentimento de perda... A falta de conexão com outras pessoas é dolorosa. Parece um mundo sem ninguém. Até os cães pararam de latir, somente os gatos observam. A ligação com o mundo vem da televisão e dos celulares. Um noticiário assustador, cenas aterradoras. Há uma onda de tristeza e incerteza. Tudo isso porque um vírus mudou o mundo. Algo tão pequeno visto apenas nos microscópios. Alguns dizem que sua passagem será rápida, quase meteórica. Outros não sabem precisar ou brincam com a situação. É uma pandemia. Uns são mais afetados do que outros, muitos morrem, outros vivem. Muitos lutam, irmanados em todos os cantos do planeta. É preciso encontrar um meio de por fim ao caos. Homens e Mulheres de branco, trabalham sem fim... Lutam para salvar seus semelhantes... Por vezes perdem a própria vida. São heróis, são gloriosos seres humanos que buscam força no humanismo. Salvar é preciso... viver é preciso. Solidariedade e Fé em tempos melhores. Somos feitos de uma matéria frágil e de um espírito forte. Somos feitos a semelhança do Criador. Por isso, somos inteligentes, criativos e criadores. Temos o dom de aprender, de acumular conhecimento. Fazemos isso desde que surgimos na Terra.


literatura Somos almas altaneiras e esperançosas. Bem ou mal avançamos na senda da vida para nos tornarmos melhores. Mesmo que não percebamos essa evolução. Temos um objetivo, a Felicidade, nossa e a do outro. No dia em que todos assim pensarem seremos uma espécie perfeita. Solidariedade e amor serão nossos traços mais marcantes e eternos. É agosto... É setembro... Tantos partiram sem um adeus. Saudade...tristeza... Ficam as boas lembranças. A ciência e a esperança andam juntas. Aguardamos. É um momento de reflexão. Um tempo diferente vivenciamos agora. E o tempo cura tudo, bem sabemos. Tempo, és lenitivo. Apaziguas nossos temores. Suzel Frutuoso. https://institut-cultive.com/eventos/projetos

https://institut-cultive.com/eventos/projetos e-mail: congresso@institut-cultive.com Revue Cultive - Genève

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literatura

Por favor, um último encontro antes de morrer Adriane Saltli Aos que me conhecem e sabem que não escrevo sobre minha vida, nem fatos correlacionados, tenho que admitir que sempre quis me dar esta história. Então, vamos lá. Vou começar com meus 20 anos. Uma retrospectiva de um grande amor: o primeiro, talvez não o principal; mas o primeiro, e que me arrebatou por muitos anos. Eu era estudante e, como qualquer jovem matriculada numa Universidade, nutria sonhos e imaginava loucuras. Estava no terceiro ano, sexto período de hoje, e uma associação ligada à minha área realizaria uma semana de estudos, dentro do próprio Campus. Claro que, sem pestanejar, me inscrevi. Estava extasiada com a possibilidade de participar de algo diferente, onde poderia ver e ficar frente a frente com professores-escritores dos livros que eu devorava. Poderia fazer perguntas! Teria coragem? Mesmo sendo uma das melhores alunas, o nível das palestras talvez fosse elevado para meus conhecimentos. A data lentamente chegou. Foram feitos os tramites de entrada, como papelada, crachá, escolha do lugar... tudo me entusiasmava! Encaminhei-me para a mesa redonda que previamente havia escolhido. Pela primeira vez o vi. Nossos olhares se cruzaram; a partir de então, ele falava fixando seu olhar só para mim. A plateia inteira notou. De tempos em tempos, uns viravam para trás a fim de saber o porquê daquela direção. Eu não escondia aquele feitiço. Quando acabou, ele veio sentar-se ao meu lado. Seus olhos da cor das florestas mudavam de tons repetidamente, seja quando falava, sorria ou quando ficava sério. Foi um tipo de amor descrito só por romancistas inveterados: Jane Austen, ou Gabriel Garcia Marques em “O Amor nos Tempos de Cólera”, e tantos outros. Saímos, viajamos e nos amamos como se o mundo parasse a cada encontro. Mas nunca ficamos juntos por longos 90

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períodos. A vida nos pregou várias peças. Estágios distantes, casamentos, separações e muitos reencontros. Posso dizer-lhes que a cada beijo o tempo se dissipava. A cada longo olhar, que precedia nossos abraços, sentia que mergulhava na amplidão de um éden. Foram 13 longos anos, onde sua respiração me acompanhava durante quase todas as noites. Mas, enfim, um dia nos separamos. Teria que acontecer: Maktub. É a roda da vida girando a fim de que alcancemos equilíbrio. Minha vida foi preenchida por trabalho e amor por outro homem. Um amor diferente, intenso... mas aos poucos, aqueles olhos que tanto me envolviam começaram a desaparecer da minha lembrança. Outra experiência “obscura e inexplicável”, como disse Descartes, havia se tornado parte de mim. Não vou negar que em muitos momentos eu o procurava em algum lugar da minha memória. Mas outros tons de contrastes me fizeram conhecer outras alegrias. Não sei como foi a vida dele. A minha foi, por muito tempo, bonita e com uma dose de magia. Excluindo a rotina, que sempre fora prazerosa para mim, procurei muitas filosofias e seitas diferentes. Achei o Akram Vignan. Consegui, numa cerimônia, ver minha luz amparando meu corpo. Tento, a cada dia, praticar desapego e não sentir aversão pelo que a natureza me impõe. Mas ano passado, o sentido da morte começou a ocupar meus pensamentos. Não, não com medo, mas como aceitação de um final absoluto, onde o sofrimento inexiste. A nós, seres humanos, nos foi dada a capacidade de adaptação e superação. E agora tenho certeza de que é mais um momento sublime da natureza. Achá-lo foi fácil. Hoje as redes sociais nos expõem. E quanto mais importantes são as pessoas, mais notificações a respeito delas são publicadas. Mandei um e-mail e aguardei. Sua resposta veio para o meu coração com melancolia e euforia. Marcamos um encontro para os próximos dias. E eu finalmente lhe vi com o mesmo olhar penetrante, o mesmo sabor nos meus lábios. Nossas mãos percorreram nossos corpos, ávidas de saudade. Deitamos na relva. Ficamos nos olhando, nos sentindo. Era tanto amor contido que senti minha respiração parando. Calmaria e paz. Uma luz forte me cegava. O sol morno foi esfriando lentamente. Seus olhos se transformaram num grande oceano translúcido... E eu mergulhei nesse mundo de amor infinito.


literatura DENISE MATHIAS BRASILEIRA, nascida em São Paulo, mas atualmente morando na maravilhosa cidade de Campina Grande na Paraíba! Amante da poesia e literatura desde a adolescência, mas somente nos últimos 4 anos comecei a escrever poesias e histórias infanto-juvenis. Participou com algumas poesias do E-book: Mulher – uma alma refletida no espelho e também da Revista Cultive – edição dezembro/2020 com a poesia OVERTRIP DO AMOR. Participações em Saraus online.

ALGUÉM

(Denise Mathias) Percebo em seu olhar a força de quem tem fome de vida A garra de alguém que já viveu uma luta aguerrida Já teve e curou muitas feridas Mas que hoje tem a alma que busca a paz Vivendo cada momento de forma audaz A cada palavra proferida tenta levar alegria E porque não um pouco de picardia Enfrenta tudo com muita valentia E transforma tudo o que pode numa linda poesia Quem é esse ser de tão alta grandeza? É alguém que vale a pena conhecer, com certeza! Campina Grande – 23/10/2020

LÍVIA OHANA GOMES

assistente jurídica da comarca de Jijoca de Jericoacoara/CE e mestranda em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará.

OS 30 SÃO OS NOVOS 20 Nossos pais casaram cedo. Precisaram, também, inserir-se cedo no mercado para prover o sustento da família. Enfrentaram dificuldades e desejaram um futuro diferente para os filhos. Ah, os filhos! Estudaram em colégios particulares, concluíram o ensino superior, tornaram-se doutores. E os 30 passaram a ser os novos 20. O jovem doutor mora com os pais, afinal os preços, no mercado, estão pela hora da morte! Exceto o da cerveja de todo final de semana. Por ser qualificado, o jovem doutor considera absurdo estar desempregado. Dispõe de pouca ou nenhuma experiência, mas recusa qualquer oportunidade que não esteja à altura. E segue deprimido, sentindo-se desvalorizado. Aguarda atendimento psicológico na ânsia de encontrar o seu propósito. Até o dia em que o jovem doutor decide se tornar adulto. Ele sabia que precisava acordar cedo, trabalhar por horas e, ao voltar para casa, cumprir afazeres domésticos. Todo dia. Na verdade, não sabia quão difícil é. O jovem doutor persiste, experimenta a alegria das pequenas conquistas e se recusa a voltar à condição de menor independência e liberdade. Ao olhar para trás, percebe que é no enfrentamento do processo de transição da vida adulta que reside o propósito que procurava, porque a trajetória não existe, ela é traçada à medida que se anda.

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literatura Vou falar desta flor-superação sensível e de pétala consistente e elástica chamada Francisca Inocência Higino Lustosa Caminha, irmã mais velha entre dez, sendo a segunda considerando-se o primogênito do casamento anterior à viuvez de seu pai, somando-se onze. Nasceu na Ininga, interior de Campo Maior, onde não havia escola e só iniciou sua escolaridade aos oito anos no Colégio das Irmãs quando morava já em Piripiri. Da Ininga ela, pequenina, tem lembranças gostosas e salutares, num cenário de horizonte ensolarado à sombra de tucunzeiros, cajueiros e carnaubeiras, onde brincava de curral e boiada com seu maninho, imitando seu papai, formoso vaqueiro de seu próprio gado, com pedacinhos de madeira e chifres imaginados bois e vacas. Também amava ir com a mamãe dela tomar banho à beira do riacho, enquanto esta lavava alguns paninhos, tal como puxar com o pequenino Heles a bota gigante do seu pai na volta da lida. Tudo divertido. Nem mesmo a lembrança do sepultamento de um irmãozinho de um aborto que ela pediu carinhosa e sinceramente para realizar com suas mãozinhas lhe deixou mal. Não, ele estava protegido em sua caixinha miniatura de INOCÊNCIA uma embalagem de mercúrio usado nos bois, onde ela o arrumou e “ele ia chorar só depois aos sete por Maurienne Caminha Johansson anos querendo se batizar”, depois de já sepultado por ela mesma, a menininha. Seus pais eram pessoas sofridas e lutadoras, bondosas, honesEla não tem nada de inocente...quando se confun- tas, criadores modestos de um pequeno gado, de inocência com um sentimento ligeiresco e mal trabalhadores em moagem de fazenda por um avaliado que vai rolando a ladeira da ingenuidade. tempo. Passaram por injustiças das subversões Porque ingênua ela não é, nem creio que tenha de classes com as resignações a que às vezes os sido algum dia. Inocente sim, quando conseguimos favores familiares condicionam. Venceram juntos ultrapassar as nossas próprias imagens da pupila como casal relativamente pobre, mas com ações e enxergar o que vem lá do fundo de seu coração, empreendedoras ainda que num plano caseiro ou, para além do eco do supetão de seus impulsos digamos, não empresarial. Milton e Maria do Carfáceis da fala e da ação no dia a dia com você. mo lutaram para que a prosperidade de seus filhos Sim, porque se ela não concorda ou o desaprova, viesse como frutos de seus ensinamentos de caráela lhe diz tranquila e francamente ou lhe joga um ter e de seu trabalho com esses dividido ao longo balde de água fria. Ah, num olhar atento, aí sim, do tempo de suas adolescências, mas por vezes você acha a inocente Inocência! Porque ela é. Pelo mais duros para uns desde a infância, sendo esses tanto que ama. os primeiros, ou mais, a primeira. Aqui em casa tem uma planta a quem vulgar e carinhosamente lhe dei o mesmo nome, pela beleza da força de sua ação diante do inesperado, pela teimosia de suas estratégias espertas por metas de existência, pelo mistério de se parecer flor e estrela do mar. Por começar a florescer no mesmo agosto de seu nascimento; pelo vermelho púrpura denotador de uma grata energia esplendorosa. 92

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Foi o caso de Inocência, que já aos oito anos devia levantar-se às quase seis horas da matina, limpar toda a casa e lavar os utensílios de alumínio (copos) para deixá-los prontinhos para o uso do dia, antes de caminhar para chegar à escola em tempo pontual com seu então único irmão, estando o mais velho sob cuidados de sua avó, após a morte da mãe, primeira esposa do Sr. Milton, ten-


literatura do sido vítima fatal de seu próprio enforcamento. por aquela pequena sociedade, esbanjando beleApós o almoço poderia até ser menos rígida a tare- za e brio. Vestia-se bem e com muito bom gosto. fa da lavagem da louça, na volta das aulas. Sen- Enfrentou intrigas e ciúmes do querido mano prido mais velha e mulher, ela era, depois de quase mogênito, desde a moradia deles na cidade, o qual uma década, a babá dos irmãozinhos que vieram anos depois seria novamente o amigão do peito . e até confeccionou seus enxovais de bebê com Em seu vestido de organza amarelo refletia a luz sua prendada mãe, que ajudava o marido como da alegria e da romântica vaidade. Por terminar um podia com suas inventivas domésticas de “boleira namoro breve com um seu aparentado, correu o e doceira” que vieram depois. Suas outras irmãs, risco de ser propositadamente atropelada por ele tendo nascido só após os oito anos da Cencinha, em revanche. Ela seguiu firme, em paz com sua aprenderam as prendas domésticas também, mas personalidade cheia de propósitos. a cobrança parecia não ter tido a mesma natureza no contexto, já que o que foi dito era um exemplo Mudou-se ela para Campo Maior e lá morou com apenas, e o tempo, já em outra fase. O dinamis- um tio e trabalhou como caixa na sua manufatureimo “natural” do acentuado machismo estrutural ra – “Fábrica de arroz”. Inocência tinha o talento de da época a punha sempre em desvantagem e a empresária. Pouco tempo depois, já estando com deixava sentida e enciumada e depois com pou- seus familiares também na cidade, conheceu um co autoestima. Estas coisas, ocultas no coração jovem militar vindo da Escola de sargentos das arda menina Inocência, marcaram-na grandemente, mas de Três Corações-MG proveniente de Ipiranga quando o afeto não era externado maternalmente do Piauí, o charmoso, competente, batalhador, o e nem alguma validação de seus esforços, e até, o galante sargento Caminha, que roubou o coração contrário. Mesmo assim, ela somava forças, tanto da moça íntegra, trabalhadora e faceira. Ele estaobedecendo como questionando quando lhe vinha va a serviço da construção da linha de ferro entre o ímpeto. Esta parte de sua intrepidez ainda mais as duas cidades citadas, e ao que nos consta, ininão lhe assegurava nenhum afago materno. Mas cialmente com uma empresa construtora cujo dono quem sabia? Quem acredita? Reproduzir isso de- era o pai do nosso querido e saudoso Chico Anísio. pois inconscientemente seria o perigo. Em termos Bem, a história da jovem se uniu à dele, tão dura, de consciente, Inocência sabe hoje que era ama- simétrica e vislumbrante de horizonte tal como a da, como sabe que ama. Sua mãe também teria ferrovia em construção, e tão forte como as vidas muito a contar sobre a sua própria infância. Uma cuja direção ela apontou na metáfora do espaço e geração pode ser vítima e prêmio da sua anterior. do tempo. Noivaram-se determinados e ela se imaO dia que vem após o outro nos reinventa para ginava na canção de sua voz melódica sussurrada melhor e a boa verdade do coração sempre vence. ao ninar o irmão caçula, o qual já se foi para a outra Só não podemos abraçar o determinismo. Pode- esfera da vida – “Branca e radiante vai a noiva” ... mos redefinir-nos! Veja aqui e depois retorne cá! Inocência não teve muitos estímulos nem amores pelos livros e as condições financeiras negativas do lar lhe atraíam para o trabalho, já que preguiça ela nunca conheceu. No seu aniversário de quinze anos, ela não se recorda tão certa, pode ter tido um almoço melhor, como lembra uma irmã, e uma sobremesa de pudim de leite condensado que sua mãe preparava com carinho tradicional para estas datas. Comerciária desde então, trabalhou em duas lojas em Piripiri, cidade em cuja época as garotas tinham a fama de ousadas para namoros mas não para estudos, e rapazes amalandrados e sem ambição ou interesse pelo trabalho. Inocência era como a garota mais linda, mais cheia de graça, admirada

(https://www.ouvirmusica.com.br/aguinal do-rayol/1335141/ ). A Cencinha deixou o emprego... Na calada da aurora e em segredo, em fevereiro de 1962 casaram-se Francisca Higino de Souza (como registrado então em certidão de nascimento) aos dezenove anos e João Borges Caminha aos vinte e seis, vindo ele também já de uma dura jornada de vida em broto, de uma infância pobre e afetivamente mais carente. Tendo os tios dela com quem morava e uma prima presentes à cerimônia, Inocência e Caminha renunciaram a uma festa que ganhariam de outro tio, e preferiram honrar aos pais com humildade - que os abençoaram depois Revue Cultive - Genève

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literatura não querendo que eles se constrangessem por não poderem assumir tais despesas de pais da noiva. Isto foi harmonioso para todos, bem mais tranquilo que as intempéries e desafios que eles tinham antes disso, incluindo preconceitos `superiores´ de “sangue azul” de alguns familiares no lado sul do estado, aos quais ela lhes retribuiu ao longo dos anos ininterruptamente com uma arma fortíssima – o fazer-lhes o bem, dar o amor que tem e ser ela mesma, sem se aviltar. Hoje a Francisca Inocência Higino Lustosa Caminha é um tesouro no coração destes e de seus descendentes e ela os ama. Os frutos atuais destas convivências que o confirmem e o WhatsApp também. No princípio do princípio de casados, o casal recebeu o primeiro mano dela para morar por um tempo consigo, e em seguida o mano dele. Assim, estávamos lá em sua casinha, meu pai, minha mãe, meu tio materno e meu tio paterno, e minha irmãzinha no ventre da mamãe, gerada quando eu era bebê de três meses. Papai e os tios estudavam à noite para concursos, na volta do dia no exército. A jornada tênue - de buscas de soluções, de desafios e sacrifícios, de crescimento espiritual e de fortalecimento de caráteres, de autoconhecimento mútuo e de superação de provas - só estava ganhando seu formato amistoso neste jogo de cinturas. O papai querendo se superar no sonho da profissão futura e ser o bom provedor ( e isto vai merecer uma outra história), meus tios ali como numa ponte também, porque precisavam de apoio, claro, naquele mesmo tempo, e minha mãe ficando lá – a dona de casa e dos filhos sendo motor e engrenagem gerais, como rezavam a cartilha e o contexto histórico que tínhamos (ainda atual para tantas mulheres). São cenas assim bizarras e estimulantes que alguns testemunham: o Caminha na bicicleta com uma cunhada áurea no varão, a Cença na garupa com a filha na perna e o outro bebê na barriga... numa pedalada feliz da vida como podia ser, para algum lugar! Por volta de sua sétima mudança de moradia, então em Teresina, a protagonista desta pequena memória já trazia seu terceiro filho e ali teve mais dois. Sua própria bagagem para lá eram dois vestidos remodelados por ela. Mais três mudanças de casa (próprias agora) viriam, no decurso do tem94

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po e dos alcances hercúleos de nosso pai, e dela, baseados em extremos sacrifícios dele, e também dela, todavia paralelos e às vezes bifurcados. A vida matrimonial não lhe estava tão sorridente, quando meu pai carregava a marca do homem mais especialmente provedor econômico da família, suposto superior ainda que inconscientemente, em termos de posicionamento de sua autoridade, e que já não tinha tempo de perceber quem era aquela ao seu lado e por trás dele. De forma diferente, o homem também pode ser vítima da sociedade que traça seu papel. Palavras duras discriminatórias e atitudes pouco esperadas e que de alguma forma à prole afetava entravam por vezes nesta relação, o que não é incomum a muitas outras famílias, especialmente quando a figura masculina de militar e intelectualizada pareciam prevalecer no perfil do papai daquele tempo, hoje tão mais sábio, humilde e flexível – eram dois diamantes de qualidade em lapidação em diferentes formatos. Hoje papai dá joias para a sua joia e compreende que ela vale tão mais. O respeito, a compreensão e a tolerância foram duramente provadas neste romance de dois corações bons. Mas seu nome é vitória e soma(m) 59 anos, com a graça de Deus e da labuta de ambos na obra linda de suas vidas. O perdão sempre gera graça e fortalece o amor e a cumplicidade. Considerando a sequência das décadas, nossos pais receberam boa parte dos irmãos maternos da mamãe para morarem conosco, como também familiares do lado do papai. E se sentem hoje muito bem e felizes por terem podido fazê-lo. Nossa família se formou assim e vivemos entre as adversidades do cotidiano (a se considerar tudo o que isso envolve) e vínculos de afetividade que cresciam simultaneamente. Apoiar foi vocábulo essencial em nosso lar e tantas vezes isto foi recíproco no contexto, ainda que mais simples e de outra maneira. A relação amigável e íntima de hoje entre estes familiares e os seguintes não surgiu do nada. Mamãe cuidou dos irmãos e dos filhos e de alguns mais ao longo de sua vida. Vários descendentes destes refletem hoje este carinho com ela ou conosco em seus contextos pessoais ou profissionais. Inocência retomou bem depois os estudos, mas seu contexto não a estimulava tanto, apesar do desejo do Caminha quanto a isto. Cursou o então ginásio (5ª a 8ª séries) no turno da noite no programa Madureza e o segundo grau por correspondên-


literatura cia, com o Curso Técnico em Contabilidade, e até presenciei um tempo em que ela sutilmente ajudava informalmente na contabilidade do escritório do conceituado advogado Dr. Caminha. Minha mãe poderia ter se formado nesta área nos estudos superiores, mas sua opção foi recusar (ou renunciar?), já que a força que lhe movia era de outra amplitude. Nunca ficou oculto seu sonho de continuar trabalhando... Mamãe foi sempre muito independente no aspecto individual e uma conta bancária conjunta lhe deu as asas que precisava para abanar melhor seu fôlego no seu espaço, depois de anos. E o que ela queria? Prover também! Caminhar ao lado, realizar sua obra de sabedoria pragmática. Não foi a esmo que tenha sido ela quase que uma ´arquiteta ´e mestre de obras das casas simples que levantou com o papai no sítio ou na praia e nas reformas da própria onde mora até hoje, com resultados surpreendentes e para a alegria de todos. Ela tem ideia clara das planilhas de custos domésticos e com criticidade. Como de tudo o que quer saber. Todas estas casas guardam lembranças alegres de convivência e festa ao natural do cotidiano. São como nossas praças! Ligando segmentos do tempo como flashes de luz ou como contas de seu terço, todos ao seu redor temos algo a mencionar do lado guerreiro desta mulher. Sem escassez de exemplos mas com mais concisão podemos ver que ela era e é um porto seguro de obstinação, e com o esposo agiam os dois com uma conduta moral edificante. Ela particularmente não media esforços para intermediar as relações positivamente, unificando a família, independente das circunstâncias. Mamãe pouco viajada na época, enfrentou viagem a São Paulo sozinha e a Fortaleza para acompanhar seu pai, doente do coração, lá nas cirurgias, como ela se lembra - com saudade dele - e ao que minha irmã Maurélia menciona bem como um de seus atos de coragem. Pôde cuidar de minhas avós e do meu avô paterno também quando vinham doentes para Teresina. Muito antes, evitou de meu pai ter sua perna amputada depois de quase um ano de erros médicos no hospital após um acidente de carro. Ela, essência de leoa e coração de pomba, desconfiou disso, discutiu o quanto pôde com o médico e o despachou, procurando novo médico e exigindo resultado. E teve.

Nós filhos, como diz meu irmão Marco Aurélio, e que eu como filha mais velha vivenciei desde mais cedo, “sabemos que a mamãe sempre tomou a frente de nossa educação escolar, com matrículas, reuniões, transporte, problemas no mais geral, grande característica reveladora de sua força”. Papai via mais o conteúdo quando podia, como bem me lembro. “(...)A manutenção da casa, a providência para consertos em geral sempre foi com ela” . Inocência tem seu “...jeitinho resolvido, cheia de soluções, com seu olhar penetrante que enxerga o outro no fundo de sua alma, independente das suas diferenças ou dificuldades”, como já disse minha irmã Maura. Claro que ela em dimensões menos visíveis também aprendeu a ter preconceito, racismo e sutilezas dele, mesmo que não se aperceba, como é mesmo o que desgraçadamente pode ter ocorrido com muitos de nós, incluindo você que lê. Quem vai atirar a primeira pedra? No entanto, D. Inocência procura desaprender e contestar estes ismos, com sua atitude. Afinal, desnaturalizar essas barbáries das sociedades e agir no combate a elas é obrigação de todos nós, como cabe a cada um, até mesmo para além do voto. O denodo desta leoa lhe dá a segurança de falar e ser ouvida. Meu irmão caçula Marco Túlio conta que, criança, numa feita dessas a acompanhava no carro, um Belina, para nosso sítio Francilândia, levando muitos materiais para a construção de uma piscina. Ela não dirige tão devagarinho. Com o carro todo lotado disso passou tranquilamente pelo Posto Fiscal da Fazenda na estrada (veja que não falei de posto de trânsito rodoviário) . Tudo bem, normal. Ninguém os parou. Na volta com o pequeno, depois de já ter descarregado o carro lá, tudo tranquilo. No asfalto já longe depois de uma curva, eles se deparam de repente com um carro completamente virado e atravessado, por sinal, do tal posto fiscal. Mamãe foi encostando o carro para entender o ocorrido, afinal não havia espaço para passarem, a não ser uma mínima margem do acostamento. Mais repentinamente ainda, do carro saiu um homem meio bambo da virada, brigando feroz com ela: _ Ei, minha senhora, está vendo o que a senhora fez? Me fez virar meu carro. Me fez sair correndo atrás da senhora pela estrada e agora tô aqui eu de carro virado. E agora, como é que a gente fica, hein? ... Ao que ela prontamente respondeu: _ O quê? Como é que a gente fica??? Revue Cultive - Genève

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literatura E eu tenho lá culpa de você ter virado seu car- Uma das melhores cajuínas do Piauí (prove uma!) ro, moço, de você não saber dirigir direito?? Que Inocência fabrica orgânica e artesanalmente e cohistória é essa, por que é que você ia me parar, mercializa em pequena escala. Partilhou seu jeito se eu não fiz nada de errado? Pode sair do meio de fazer com quem o quis, abertamente. A cajuína aí, por favor. Onde é que eu passo com este carro – o suco de caju esterilizado tipo cidra não alcooaqui? Eu é que quero saber. lizada e sem açúcar, de transparente amarelo âmbar e não gasoso, é Patrimônio Cultural do Estado Ele continuou _ Como é que a gente fica? Vamos e símbolo cultural de Teresina. Sim, a Cajuína da resolver! (E o caçulinha só olhando e ouvindo música do Caetano . Aproveite e veja aqui a hoaquela cena toda . Claro que você sabe o que o menagem que ele fez com a sua música ao amigo guarda queria, né?). Bem, nossa leoa motoris- Torquato Neto - Caetano Veloso - Cajuina – Youta decidiu-se: entrou no carro com o meu irmão, Tube . pegou a brechinha da lateral, quase adentrando o matinho, pisou forte o acelerador e se mandou. Antes disso, minha mãe realizava muitas outras peResolveu o problema do jeito dela. Absolutamente, quenas inventivas, mas sempre com certa timidez, se ele estivesse mal ela o iria socorrer, lógico. O sem meta empresarial. O prazer da existência e de caçula viu ali uma ilustração do seu lado guerrei- não se prender a uma só coisa lhe fala mais alto, e ro, “a força da mamãe em resolver problemas com os alcances profissionais persistentes de meu pai proatividade”. puderam felizmente lhe viabilizar tal coisa. É coofundadora , ex-presidente - e ainda hoje na ativa A curiosidade de nossa mãe era sempre premia- - de um grande projeto de assistência social a fada! Iniciativas não lhe faltam. Independente de mílias carentes (Clube Satélite, inicialmente de sómaiores conhecimentos teóricos, Inocência nunca cias do BB) que há já cinquenta anos contribui para se descuidou do saber necessário que a fizesse o melhoramento de vidas de crianças, na saúde, agir como cidadã, interagir, influenciar e intervir na educação, no lazer e para o apoderamento positivamente na hora h com o que dispunha e de mulheres na introdução a uma profissão ou no soubesse – não foi à toa que até respiração boca a saber produzir. Tão exemplar foi, que este projeto boca tentou fazer prontamente em uma filha grávi- hoje recebe apoio institucional econômico da preda, esta, ao vê-la imóvel na cama parecendo não feitura de Teresina, pelo seu reconhecimento de respirar. Ela não sabia nada sobre isso, mas lhe resultados. Inocência tem seu criticismo diante dos fez tossir! E como não pensar nos netos, não é? A fatos, mesmo em suas limitações, e sabe reconheesses, Inocência até os mima, e nos ajudou muito, cer com humildade quando algo não deu certo, tal aos filhos, e muito a mim, em nos socorrer quando como o contexto fracassado atual em que fomos podia em tomar de conta num ou outro dia (ao que esbarrar por exemplo, no Brasil, quando tantos vominha irmã Maurélia contribuía bastante), e pegar tos se perderam. Aquela obra social em que ela na escola em ocasiões extras específicas. E o faz atua, no entanto, persiste bem! O Caminha toma até hoje com menores se necessário. Ela simples- por empréstimo em similitude o que a própria Inomente curte muito cada um dos dez de forma úni- cência coloca em mensagem para aquele enorme ca, e não superficialmente, pois participa de suas time de trabalho social por aplicativo no telefone fases ativamente, de adversidades e alcances, tris- nesse tempo de comemorar seu sucesso, e por tezas e alegrias cotidianas, ao ponto de confundir a ocasião também de seu aniversário, no isolamenvida dela com a deles. E sente muita pena por seu to da pandemia no sítio: que aquelas qualidades primeiro bisneto morar do outro lado do Atlântico. da coragem, da garra, do esforço incondicional, Foi extremo o apoio incondicional que ela nos deu, do tempo dedicado, da função bem exercida, isto a mim e meu esposo e seus primeiros netos, quan- condensa a obra como sendo, analogicamente, do da nossa mudança para outro país, diante da ela mesma: “a obra é como a realidade dela, é ela enorme dor de nossa separação geográfica, ape- pura, o que ela diz, o que tem nela – de modo geral sar de que ela soubesse o que isto significaria nos para tudo o mais”. anos futuros. Isto se aplica também ao meu pai. Nossa protagonista, leoa com visão de águia no Nosso terraço “lá em casa” sempre foi o “point” e planejamento de seus alcances e no reconhecisua casa, nossa festa. mento de sua necessidade de renovar as penas 96

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literatura que perde - ainda que tenha que enfrentar em solidão um monte alto e seco ao longe, cheio de pedras pontiagudas - e sua fé crescente e experimentada fazem dela alguém que vê adiante e sempre espera uma resposta feliz dos céus e todos os seus santos.

como ela pode. Se imagina seu desejo, faz de tudo para lhe ajudar a realizar...”; “...vovó tem a garra de unir a família, juntar todo mundo independente das circunstâncias...”; “...vovó, muito generosa...”; “... fortaleza de coração frágil e bem humana, criativa e destemida, inspiradora, invejável, amiga... lutas de êxitos e orgulhos...”.... “Nós netos crescemos Não é fácil saber quantos foram ou são ajudados vendo isto : a vovó faz as coisas acontecerem na pela dedicação e obra desta mulher especial com casa dela – sempre ajeitando, está sempre em moa parceria de seu companheiro, sem o qual isto vimento. A forma de ela cuidar é a linguagem do seria muito menos viável. Há toda uma cumplici- amor: fazer as coisas para você, o que lhe agradade nisto, anel de dois diamantes, embora ela de- da. Desde a água de côco...em diante. Ela sempre tecte mais os alvos das necessidades e estrategie escutou muito nossos desejos, presta atenção nos um plano de ação por ajudar outros a realizarem outros, no que falam, e tenta lhe agradar com a sua seus sonhos. Bem, nem vamos saber quantos são, ação. Basta você mencionar ou ela saber que você graças a Deus! – Há muitas grandes obras que gosta. É assim que ela mostra o eu te amo, é a sua se realizam no segredo do coração e só Deus e característica sempre verbal. Acomoda tudo para quem recebe as conhece. Desde o familiar, social que as coisas fluam e não deixa pra depois. Se ao espiritual. Não é menor o apoio pragmático e não consegue fazer, isto a entristece. A linguagem financeiro de ambos a estudos de alguns que se de amor dela ela traduz nas ações dela também.”; dedicam inclusive ao sacerdócio, o que muito me/ “...Amo ! ” nos orgulha. Bem, a concisão é um desafio nesses contextos de Esta resumida memória em vida é como que escri- fortes sentimentos de laços de amor e de reconheta a várias mãos. Porque testemunha o carinho de cimento, porém mais de veracidade de fatos. Sem cada um com quem pude confirmá-la e até dos que intenção de buscar validação de sua pessoa mais não mencionaram literalmente uma palavra, e suas afora do contexto íntimo, me contento aqui com lembranças de gratitude, orgulho e benquerença, um plano mais diminutivo, mas que se confirma as quais demonstram o quanto Inocência é ama- numa extensão grandiosa nos laços sociais que a da e reconhecida como uma extraordinária mulher, mamãe criou. D. Inocência construiu seu próprio tais como... “excelente(s) irmã e cunhado, madrin- empoderamento de mulher e de pessoa mais geha de filhos, prestativa, especial...” ; “...persona- nuinamente com o aprendizado dos desafios do lidade forte e muito determinada...”; “...a opinião cotidiano na lida da vida, com temor a Deus, humildela contou muito para nossa decisão, pela força, dade, flexibilidade, abertura, braveza , perdão, aldeterminação, otimismo, entonação firme da voz, truísmo e muito amor no coração. Seu curriculum pessoa ímpar...amo...”; “...feliz em homenageá-la, vitae - bem utilizado por ela, independentemente maior respeito, consideração e gratidão por ela, de ela não gostar das vírgulas em suas mencorajosa, trabalhadora, preocupada , confidente e sagens escritas - é acrescido diariamente de ponmuito presente em minha vida...”; “... querida, dedi- tos ganhos nas constelações onde ela quer brilhar. cada, responsável, cuidadosa com todos da família, Aos 79 anos, não fora a provação da artrose intenapoiadora, incentivadora, amizade aprofundada na sa e geral que sofre, e o isolamento da Covid-19, convivência sem divergência dela nem do querido ela estaria aprontando muitas outras! Na verdade, cunhado, extensiva aos filhos, laços de apadrinha- moderna como ela é, animada e jovial, não perde mento, carinho e consideração...” “...obstinada, lu- a oportunidade de pelo celular realizar proezas e tou pela felicidade, fez tudo pelos filhos, educaram continuar sendo uma mulher participante e à frente juntos para o bom caráter e fortalecimento do lar, de seu tempo! Que esse tempo se prolongue em conduta moral edificante, satisfação íntima atual muitos anos ainda sob as bênçãos celestiais! de que valeu a pena...”; ... “aprendi com ela o amor pelo jardim, de cuidar da casa, arrumação; mulher E aqui Inocência, porque bem menor que você, de verdade, guerreira e batalhadora...” “`dona` dos fica uma minúscula honra ao mérito ! filhos”; “...não conheço ninguém de coração maior, no sentido de querer lhe fazer o bem, ajeitar a todos Revue Cultive - Genève

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literatura INVISÍVEL MULHER EXTRAORDINÁRIA por Maurienne Caminha Johansson Natureza e essência iguais Não és vegetal, nem animal Unidade mulher Beleza diversa em toda a população humana Raças diferentes? Tudo é só gente – raça humana presente em toda parte Toda ela repertório igual de genes Sem termos criminosos do Bio, porque bio é vida, não padrão de vida. MODOS de vida !.. Jeitos de ser ...extraordinariamente únicos! Nem termos secundários ordinais ao homem Mas com, ou sem ele Mulher Nem extra Nem ordinária Nem clara ou escura Ah, mulher... Sem ti o mundo não seria mundo Em todo canto és sorriso e pranto Teu espaço mítico e tua realidade empírica, significantes que te fazem uma. Quem pensa que és com teu invisível sofrer? Quem acha que és na luta desleal e cruel do teu contexto nas entranhas deste mundo ferino e injusto? És a imagem diminuta de um mundo bom e original em dinamismo. Teu valor excede o das joias ( tão intangível, oculto, incorpóreo - aos olhos da cegueira d’alma)... Porque Deus te amou por primeiro E de ti saem todos os homens Todos os exércitos que te perseguem Não têm a força do teu combate És a substanciação do amor A mesma que formou o cosmo - ordem, organização, beleza, harmonia! És a estrela e és a flor.

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literatura -Amiga, vou surtar, preciso de férias, viajar, curtir música, colocar as pernas pro ar........ Disparou a falar sem tomar fôlego. -Vamos comigo, PLEASE, HELP, SOCORRO, SOS, TE IMPLORO, NÃO DIGA NÃO. -Amiga do céu, também preciso, a qualquer hora vou pifar, igual carro sem gasolina, e que entupiou o bico injetor. -Aceito, vou com você!! Pensou em algum lugar específico? Quando vamos? Pensar, pensar, eu não pensei, vamos abrir o computador e procurar um lugar mágico, paradisíaco, encantador, que faça bem para nossa alma, corpo, mente e sonhos! Pesquisaram o mundo pela internet: Europa, América, África, Oceania e Ásia. Escolha mega difícil, tantos lugares perfeitos, depois de vasculhar destinos frios e quentes, decidiram que seria um local com praia. Nova busca pelo «google», descobriram pelo mundo afora praias sensacionais, no Brasil, litorais que as impressionaram por suas belezas naturais.

Eluciana Iris

Férias de Erika e Claire na Cidade Sol – Búzios RJ Era tarde de quarta feira, 15 de Dezembro, 2019. Érika, 40 anos, da cidade de Andorinhas, advogada há 15 anos, trabalhava exaustivamente há 4 anos sem férias. Do outro lado da cidade sua amiga Claire, 44 anos, enfermeira do Centro de Tratamento Intensivo (CTI), também trabalhava há 4 anos sem férias. Ambas estavam igual panela de pressão desregulada, prestes a explodir e fazer um estrago estrondoso. Na quinta feira, dia 16 de dezembro, às 7 horas da manhã, o telefone de Claire toca insistentemente. -Alô. Responde com voz cansada de sono, pois deixará o plantão às 6 horas.

Eis que um click, UAU encantaram com as fotos da Armação de Búzios, cidade Sol, mar com águas cristalinas, não turbulentas, piscinas naturais, de exuberância magnífica. Preparativos a mil. Chegou o dia 18 de Janeiro, malas prontas! Zarpar rumo as férias desejadas!! Os corações acelerados ainda em ritmo de trabalho rotineiro. Corpos cansados, com esperança nas entranhas de dias fantásticos, relaxantes nas praias tranquilas de Ferradura, Azeda, Tartaruga. Rogavam aos céus para ver a desova das tartarugas marinhas, momento estupendo de criação divina. Fom fom na cruzada da rua das Pedras, coração da cidade. Nos olhares das duas, via - se o brilho de encantamento com os bares, restaurantes, lojas e lojas. Bom sinal, a escolha estava dando certo logo na chegada.

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literatura O hotel que escolheram foi supimpa, acertaram na mosca, alvo certeiro. Gente acolhedora, educada, cordial.

de Búzios. Fecharam com chave de Ouro.

Água de coco para hidratar. Protetor solar, óculos Estavam as amigas em solo brasileiro. Mas ao escuros, chapéu de palha, saída de praia, máquina conhecer a praia da Lagoinha, parecia que a fotográfica a tira colo. Celular dentro da bolsa, tran- máquina do tempo as transportaram para o Himacado dentro do cofre! Na lista das férias: sossego, laia. sol, praia, mar, comer e beber. E deixaram junto no cofre, o relógio. O tempo ali era a partir daquele Praia de rochas escarpadas em camadas paraleinstante guiado pelo sol, a lua e a fome. Progra- las, piscinas naturais, parecia uma obra de arte de mação de passeio de escuna, como precavidas, pintor famoso, ouriços ali de montão, enfeitando as um remedinho para enjoo, nada podia dar errado, águas serenas e transparentes. afinal era a primeira vez na cidade. Impressionante a diversidade de contrastes, viram Muita expectativa para conhecer a praia dos Os- gansos majestosamente nadando na lagoa, donos sos, praia Brava, praia da Armação, ver os barcos do pedaço! de pescas, contornar a belíssima Orla de Bardot, mergulhar nas águas límpidas de João Fernandes, Aplaudiram de tanta felicidades!! interagir com os peixes, ouriços e corais. Impossível não encantar com os cactos de cabeça branca, incrustados nas fendas das rochas, se vê Colocar os pés na areia e descarregar toda energia a dor e o belo! dos cabos elétricos acumulados! Splash, um merErika e Claire, desfrutaram do pôr do sol, ali sentagulho para ter certeza que não era sonho. das nas rochas de formação geológica de milhões Saborear camarão frito na manteiga, ter coragem de anos. de comer ostras, e refrescar com chopp bem gelado! Seguir a programação: entrar em contato com Comentavam que nem nos seus melhores sonhos, os elementos da natureza na praia naturalista Olho sonharam que um dia estariam diante de beleza de Boi, timidez deixaram para trás. indescrítivel, inenarrável. Se pudessem ficariam ali contemplando, por muito e muito tempo. Todas as duas estavam de bem com suas curvas, sentiam se lindas, poderosas, únicas. Seus Saíram da praia com sensação de leveza, energicorpos eram perfeitos, o que eram as celulites, zadas, renovadas as baterias, o surto e a pressão estrias, gordurinhas, meros acessórios do tempo, dissolveram no mar e na energia do sol. acessórios estes que não ofuscavam o brilho e a beleza natural da mulher! Tiveram dias memoráveis e inesquecíveis. Programado as próximas férias, voltar a cidade A natureza estava em comunhão com seus pen- Sol, agora de ano em ano. Juraram de mindinho. samentos. Ali a meta era diversão, descanso, paz, OPS: AHH, deu certo a paquera, conheceram juntranquilidade, rebobinar as forças! tas aos seus Deuses a praia dos Amores e a praia das Virgens!!! Os corações já estavam em ritmo de harmonia com o sol, vento, brisa, lua cheia. Uma paquera? Boa ideia, nada mal. Deuses do Olimpo a vista, parecidos com Zeus e Poseidon. Dias intensos de passeios pelas ondas marítimas e ficaram deslumbradas ao conhecer alguns sítios arquelógicos da encantadora e sedutora Armação 100

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Um programa literário com Eluciana Iris pelo youtube


literatura

FERNANDES OLIVEIRA é integrante

do grupo Sarau Das Ostras e membro da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP é autor de dois livros de poesias e participa ativamente de eventos literários na Baixada Santista

Provoca teu semblante mil suspiros Provoca teu semblante mil suspiros Neste que ousa de longe observar-te. Teu olor vem-me trazido pelo Zéfiro Descrevê-lo não pode esta pobre arte. Incita a diversos e cálidos prazeres Este teu lascivo corpo ao meu sedente. A tua beleza esplendorosa e sui generis Várias trovas fiz todas sigilosamente. E aqui estou falando-te de peito aberto Crendo que o que faço ser o mais certo E que aceita será minha sútil sugestão. A ser teu mais querido e fiel amante Proponho-te ser a partir deste instante E que não seja meu empenho em vão.

Campanha Genbrina -Valquiria Imperiano - 2020 Revue Cultive - Genève

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literatura

CARLOS FURTADO À MINHA AMADA FABIANE.

VOCÊ Francidalva Belfort Correia Filha de EUZAMAR BELFORT CORREIA e RAIMUNDO NONATO BELFORT ,NASCIR no dia 14 de outubro de 1981,em Penalva, No estado do Maranhão. Atualmente, resido em Goiânia Goiás. Graduei-me em enfermagem pela faculdade Unopar, em 1999. O amor pela profissão me faz colher sorrisos, colecionar abraços e me inspirar nos sentimentos calorosos de meus semelhantes que com gentileza e humildade me concedem a graça infinita de poetisar. Assim resolvi escrever cada experiência vivida e foi assim que me tornei amante das letras. Um livro publicado- Por ser Mulher

Ao leitor Eu sou letras que se juntam Emoções que se afloram Desencadeiam e transbordam Turbilhão de pensamentos Que formam cada palavra Mãos, caneta e papel, Risos, lágrima, emoções Advertências, insinuações, Imaginação, comparações, Saudade, raiva, amor Eu sinto ao escrever Teu coração igual ao meu Muito amor Por um instante Conceda-me o quão grande É meu agradecer Para cada leitor, leitora Que sempre me faz feliz Com seu carinho, beijinho, Conceda-me dizer obrigado Por teu tempinho a mim Confiado Em teus mimosos instantes Eu tenho sido um poema Um verso, uma estrela. 102

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Sua voz suave e delineada; Soa como música aos meus ouvidos; Em simples palavras murmuradas; Acalma todos os ruídos. Pele aveludada como cetim; Que me sensibilizo ao tocar; O cheiro agradável é de jasmim; E o gosto, ah o gosto, é um manjar. Em meus devaneios, vem a lume; Sentindo o gosto do teu hálito; Sorvendo o teu natural perfume; Delicio-me com o teu suave tato. A escultura que é teu corpo. Deitado ao meu lado a observar; Usufruímos do calor agradável e morno; Nos permitindo do amor desfrutar.


literatura Apeou e fez de tudo. Mas, o teimoso não se movia. Para espanto dos presentes, o homem de Deus e do Enxofrudo, sacou uma garrucha de dois canos, tirada de entre a batina, ou sabe-se lá de onde e, pipocou dois tiros no pobre asno emburrador. Este se estatelou no chão, qual um saco de batatas. Gemeu, estrebuchou e morreu em seguida. O homem de fé ainda esbravejou colérico: - Bicho mau! Bicho do Diabo! Pior que certos humanos deste sertão brabo. E emendou no linguajar lá dele: Asino maledetto! Empolgou-se com os aplausos de seus seguidores mais fanáticos.

CAVEIRA DE BURRO Edir Meirelles*

Sarapitanga é uma ilha perdida nos confins do Pacífico. Nela há uma localidade de nome Potiranga. Seus habitantes lembram com espanto uma história que os mais velhos conhecem. Padre Salame foi o primeiro vigário que se estabeleceu na localidade. Homem vaidoso, à socapa, acobertado pelas vestes talares, apregoando Deus e ouvindo confissões, explorava terras e garimpos nas redondezas. Seus domínios eram rentáveis, graças aos trabalhos dos nativos escravizados, tanto na mineração, plantações, criação de ovelhas e bovinos. Tinha lá suas montarias com arreata de alta qualidade. Estribos e esporas de prata, arreios com cabeção da mesma qualidade. Contam que certa ocasião montava um burro recém-adquirido de um tropeiro. Um belo e vistoso animal. Castanho com estrela branca na testa. Deu-lhe o nome de Estrelo. Certo dia o animal empacou bem ali no espaço em frente à Igreja. Local que mais tarde foi transfor-mado na praça central. O pároco tudo fez para que o animal prosseguisse viagem. Esporeou, chibatou, espancou o animal sem resultados. Souberam, mais tarde, que Estrelo era um burro mesmo manhoso, amuava com frequência e não havia filho de Deus que o fizesse arredar do lugar. Até os vizinhos e fiéis tentaram ajudar o pároco a desempacar o bicho. O padre ficou furioso. Possesso, evocou Deus e os Santos.

– É assim que se faz queridos irmãos. E acrescentou: os fedorentos precisam ser reeducados ou então ir para o inferno, debaixo da terra. Padre Salame encarregou Jerimum, seu auxiliar e sacristão, de salvar a arreata valiosa e dar sumiço no defuntíssimo empacante. - Não quero sentir o fedor desse detestável animal aqui! Vociferou e seguiu para a casa pastoral, onde o aguardava um jantar suculento. Porém, o sacristão Jerimum, homem de pouca iniciativa, ficou numa bananosa. Não se atinava como cumprir a tarefa hercúlea. Como retirar a caracaça do burro para lugar distante!? Tivesse uma junta de bois! Mas cadê! Até que um filho de Deus, que a tudo assistia, deu uma orientação va-liosa. - Ora, rapaz! Faça uma cova aí mesmo ao lado e rola o corpo do animal para dentro da vala e bota terra em cima. Foi o que fez Jerimum. Aproveitou uma pequena vala já existente. Tirou a camisa e cavou noite adentro. Foi além dos sete palmos recomendados. Com a ajuda de amigos, rolou o corpo do animal cova adentro. Cobriu com terra. Queria assinalar o local com uma cruz, mas foi desaconselhado. A história explodiu e ecoa naquele ermo do sertão de Potiranga ainda hoje. Levada pelo vento, pelo rolar das águas e o coaxar das rãs, circula até os dias de hoje. Se verdadeira ou não, ninguém sabe Revue Cultive - Genève

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literatura decifrar. O local, mais tarde, tornou-se logradouro central da localidade. Conhe- Arrancar esta árvore centenária, ou botar por terra o Mausocida como Veneranda Praça Nossa Sen- léu do Bispo Salame seria um grande sacrilégio. hora da Paciência. Bem no centro dela está um araticunzeiro. Árvore frutífera Quem ousaria tocar no araticunzeiro para encontrar a caveibela, frondosa, cujos frutos e sombra são ra do burro!? disputados pelos sem tetos e mendigos. Em razão da bela árvore, o logradouro é também conhecido como Praça do Ara- Edir Meirelles ticum. Romancista, contista, poeta e ensaísta. Criado no campo, O tempo passa e a memória se esvai. Os natural de Goiás, Bra-sil. Vive no Rio de Janeiro onde cursou habitantes locais não sabem se a história de Direito. Engajou na luta pelo restabelecimento do estaé verdadeira ou se apenas invenção. O do de direito no país. É membro do PEN Clube do Brasil e Padre Salame, mais tarde Arcebispo de da Academia Carioca de Letras e outras entidades. É PrePotiranga, já não existe mais e raramente sidente de Honra da União Brasileira de Escritores do RJ. é lembrado. A não ser pelo rico Mausoléu Editor da revista RenovArte da UBE-RJ. Tem 12 obras puconstruído em honra ao religioso, inicia- blicadas. tiva dos devotos que ali frequentam e fazem promessas. Hoje, tudo que dá errado no lugarejo é atribuído à caveira do burro sepultado na Praça. A cidade entrou em declínio, a população foi rareando, o comércio encolheu e revoltas eclodiram. E interessante é que outras localidades da província, embora bem mais jovens, estão em franco progresso. Os moradores atuais discutem as causas da decadência de Potiranga. Os habitantes mais descrentes atribuem ao fato de haver no local uma caveira de burro enterrada. Dizem com convicção: “Tem caveira de burro enterrada em Potiranga. Por isso tudo dá errado aqui”, afirmam alguns. “Mas, qual o local exato da sepultura!?” Questionam outros. Inúmeras vezes tentaram localizar o esqueleto ali enterrado, para exorcizar o lugarejo. Celebrar uma missa e transferir a ossada para local distante. Tudo em vão. Chegou a surgir uma versão um tanto curiosa. Que no local do sepulcro de Estrelo, no dia seguinte ao sepultamento surgiu uma plantinha tenra que em pouco tempo transformou em árvore frondosa e reverenciada – o dito pé-de-araticum. 104

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PAULO ROBERTO MONTEIRO

LÚGUBRE ENTARDECER Em uma tarde fatídica, em meio às pedras por onde pisava. Um homem em meio a multidão atroz. Carregava em suas costas de carnes sangrando e expostas um madeiro pesado, mesquinho. Ninguem se apiedava daquele homem de dores. Ninguem compartilhava os seus sofrimentos. Seus algozes não os deixavam, a cruz pesada e suas dores eram só para si. A multidão esfacelada de ódio e julgamentos caminhava ao lado daquele que sagrava que caia, mas conseguia forças e se levantava em busca do lugar que seus adversários iriam terminar com seu último suspiro. Mas, esse homem sabia que sua vinda na terra em meio aos seres vivente tinha um propósito: morrer, mas morrer de uma forma diferente, de maneira que ninguém compreendia. Sua morte era vicária, era um preço a ser pago por alguém. E esse, éramos nós: Eu e Você; ou seja toda a humanidade! Seu sacrifício era para resgatar alguém que Deus tanto amou, mas estava longe do criador. Suas mãos, foram transpassadas por pregos que o cravava no madeiro a minha culpa. Ele levou sobre si nossos pecados, cada gota de sangue lavava nossas culpas e transgressões. Sua entrega foi eficaz. Nos lavou nos religou ao

nosso Deus onipotente. O véu do santuário esta rasgado de alto a baixo. Não a nada que nos separe do seu amor.

MINHA CIDADE: TERRA DE ENCANTOS MIL Toda cidade tem sua história e suas características também. A nossa cidade possui as suas, coisas que ninguém tem! Fortaleza é seu nome, que de um forte nasceu. E com o trabalho do seu povo lhe fortaleceu, como um lugar de rara beleza se nos deu. A noiva por quem o sol se apaixonou. Cidade com encantos que jamais se viu. Também conhecida como a cidade do sol, de praias e encantos mil. Suas belezas naturais são como que um cartão postal feito com muito esmero. Seu artista procurou dotar de rara beleza e zêlo. Nas lagoas, nas praias e coqueirais. Em tudo! Num pôr do sol que inebria quaisquer dos mortais. É por isso e muito mais que minha terra tem encantos que você em outro canto jamais encontrará. Revue Cultive - Genève

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AMAURI HOLANDA DE SOUZA

VOCÊ O seu amor foi um sonho Eu não merecia você O seu mundo estava longe da minha realidade pecadora Mesmo assim você insistiu em me ter, com todas as minhas infâmias Mas o meu coração, indomável, preferiu outros desejos O tempo passou Acordei, tardiamente Cheguei a conclusão que perdi um abraço acolhedor, um sorriso contagiante, um amor verdadeiro, uma amante da literatura...e uma grande mulher Estou eu na poesia escrevendo para não morrer, se é se já não morri pelo caminho da imaturidade e do arrepedimento Amauri Holanda de Souza

Mae de Amauri Holanda de Souza

(Vestindo a minha roupa de formatura do curso de Direito)

Meu Tesouro/ Minha mãe Amauri Holanda de Souza

Desde a barriga até aos 97 anos de idade, tive o privilégio de ter convivido com seu amor sem medidas. Guerreira e sofredora de cuidados de marido, nunca a ví fugir da sua cruz, da batalha diária vivida por você. Foram catorze filhos para criar. De uma máquina de costura saia o nosso sustento, por vezes farto, outras, nem tanto. Você foi sinônimo de luta, até na hora da morte você queria vencer o sofrimento, marca que carregou por todos os anos de sua existência. Teve uma vida inteira dedicada para o lar. Nunca a vi reclamar de nada, apesar do sofrimento vividos em todos esses anos, você foi forte! Mulher de vida simples, mas não escondia sua vaidade também. Generosa, amável e muito cheia de talentos para driblar as dificuldades oriundas da caminhada da vida, foi sua sina. Seu jeito singelo era puro encanto, sorte de quem teve a honra de conviver com você para experimentar sua doçura de pessoa.

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literatura Nunca presenciei um grito sequer com nós, seus alunos, de dedicação à profissão de professor e o filhos e nem com ninguém. Faltava-nos as coisas espírito solidário e o ser humano muito especial. materiais, mas o seu amor superava tudo. Fui um privilegiado em tê-la como mãe. Seu legado de A poesia retratando o homem, foi assim que aconteamor e dedicação agora se impregna em seus ne- ceu, que conheci o Amauri e me tomei de carinho tos, por nós, seus filhos. e respeito por esse apreciador da lua, amante da esposa, respeitador e admirativo da sua mãe, de Uma vida cheia de muito amor você bem plantou quem tanto falou e homenageou no seu texto: Meu em nossos corações. Crescemos e compreende- tesouro minha mãe. mos suas batalhas cotidianas. Viva, em minhas lembranças, hei de te ter pelo resta da minha vida. Apesar da distância, as palavras das mensagens Parece até que estou sentindo sua voz suave me aproximavam nossos laços. Amauri interessou-se pela Cultive, apresentei-lhe o Instituto Cultive, o perguntando como eu estava! trabalho e as ações do instituto. Ele se identificou. A morte a levou, mas sua presença marcante em Convidei-o para entrar para a Cultive. Tomou posmeu coração, não! se em setembro 2020.Tudo de maneira on-line. Nunca a distância aproximou tanto as pessoas! Obrigado mamãe por ter feito de sua vida um eterno colo para nós. Eu sei como foi grande o seu A Cultive ganhou um cultivador ativo e participante amor pelos seus filhos. Hoje, quero lhe homena- dos eventos on-line. Em seguida ele trouxe a sua gear pelos seus 97 anos de pura lucidez e amor ao esposa. As semelhanças se atraem. Descobri o nosso lado. Eu sei que você mora aqui do lado es- poema do Amauri na Sibelle, uma descrição perquerdo do peito. E se você estivesse aqui do meu feita. ladinho, eu simplesmente queria sentir sua mão fazendo carinho nas minhas, como você sempre Hoje estou escrevendo sobre esse Cultivador fazia...e eu gostava tanto de sentir seu afago!! do amor e da poesia, que está lutando pela vida contra o covid19. Nos jogamos nas orações pela Minha mãe, meu tesouro que não se acha em lugar sua recuperação e esse texto é uma continuação nenhum. E que no céu está na graça de Deus Pai. das nossas orações: o que se escreve, se pensa Obrigado mamãe, pela vida e o infinito amor que e se diz tem triplica a força. Cercamos e aprisionasempre nos deu! mos o nosso desejo: que Amauri saia vencedor da guerra contra esse vírus. Maria Erimita Holanda de Sousa, viva estáis bem aqui dentro. Que a sua consciência nos ouça, Amauri e saiba que há muitos amigos pedindo para você terminar a sua missão sobre a terra. Mas tudo depende de Deus e ele, e só ele, sabe que missão você está Nosso carinho a Amauri àaslépronto para realizar. Gostaria de escrever sobre você, sem ter que me referir à doença. InfeCONHECI AMAURI através dos anjos, sim, os lizmente não é caso. Registro o meu imenso deseanjos que inspiraram os autores da antologia Era jo que você venha logo pra casa e quando ler esse uma vez um Anjo. Ele me procurou e pediu infortexto possa até rir e dizer: Valquiria tudo isso foi mações sobre a Antologia, enviou os textos: o dele um sonho! e o da esposa, o anjo do seu texto. Nas primeiras linhas, uma declaração de amor ao anjo da sua Você vai voltar a me enviar outros poemas e nos vida. encontraremos no ano que vem, dessa vez pessoalmente. Enviou-me mais textos seus. Encantou-me o jeito apaixonado e todo sentimento que ele colocou no papel. Esse foi o começo de uma conversa poética. Valquiria Imperiano Depois ele enviou-me outras poesias para eu apreciar. Assim fui descobrindo nessa virtual amizade, facetas de bondade, de fé, de carinho pelos seus Revue Cultive - Genève

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Pio Barbosa A Pandemia da Tristeza e a Esperança que não se desfaz Pio Barbosa Neto I A natureza da tristeza torna-se visível Em tempo a vida toma seu rumo, Transformando este tempo imprevisível Em um aprendizado cujo aprumo, Precisa vencer os percalços de um futuro Cuja vivência traz Um tempo jaz, sepulto em teias de pandemia II Em meio a dor que dilacera a vida, Revelando toda nossa fragilidade, Nada parece convincente nesta lida, Em meio a tanta inverdade, A incertezas dispostas em desalinho A tolher a vida e o caminho De tantos semelhantes meus, A clamar alguns deles, sozinho Pela proteção de Deus. III Se nada mais convincente existe, Por que lembramos a tristeza, Que teima, que resiste, Que deixa na alma a solidão crua Que desata no peito num silencio tétrico A dor que dilacerada e nua Tornando este tempo, descrente e cético Quanto ao futuro que virá depois?

Existe sim uma pandemia da tristeza no mundo, Que encobre um ser moribundo Largado sob pontes e viadutos Deixado nas calçadas poeirentas À margem do que existe, A viver seus dias de luto e tormentas Sem abrigo ou teto, apenas chão Pra envolver sua existência A dura dependência De uma torpe ilusão. VI Se todos cantam a tristeza Como interpretar sua presença Se ninguém sabe ao certo o que compreender, o que falar Da dor que imensa Vive a brotar do leito da alma, Roubando a calma, Fomentando a tormenta De dias sem paz? VIII Se a tristeza é comum Seria tal sensibilidade Um aceno incomum De dias envoltos em orfandade A verter no pranto a face, Que sem disfarce Deixa um rastro amargo de solidão e estio Nalgum rosto a discorrer o pranto Como um frio e torpe manto? IX

Existirá no mundo para além de toda agonia Uma tristeza ensinada, uma fria pedagogia Que nos faça pensar , sem segredo, Na dor, no estranho medo IV Que acampa ao redor de tantos entes queridos Se a tristeza afinal gargalha, Espreitando suas vidas em degredo, Ante o frio túmulo a envolver o corpo em fria morNum banimento forçoso, qual exílio talha A banir suas vidas em torpe sentença Que dizer de tantos nomes lembrados De morte a apontar em riste seu dedo Que jamais serão esquecidos A deixar aqui uma dor intensa Que serão amados, embora da vida banidos? Que teima em doer a cada dia? Reclusos ao silencio do chão, Entregues a uma forte ruptura X Que separa da vida a criatura Eleita para viver e que sem saber Acaso existirá uma felicidade inventada Desce silente a sepultura . Em tempos de tristeza anunciada V 108

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FOCCUS Nos quatro cantos do mundo Revelando uma dura realidade Que diz em palavras vestidas de verdade O que a gente não desejaria ouvir, Nalgum segundo? XI Que dizer das manchetes que deixam o terror O lamento triste que não podemos esquecer Daqueles que clamam pela vida Em tempos de morte e pavor Tentando esquecer que um dia Uma vil pandemia Varreu do planeta um outro ser, alguém Que um dia conhecemos e que nos só fez o bem. XII Ainda existem aqueles que sustentam a esperança Mãos que se estendem em tantas procuras Semeando a vida com abastança Em tempos eivados de desesperança Em tantos lugares deste mundo Como agentes da vida, anjos enviados Enfermeiros, médicos, seres a causa devotados Em defesa da vida, soldados em um front A seguir na linha de frente Devotados a salvar vidas num amor profundo. XIII Quiçá, um dia a gente possa acordar E ver o mundo sem confinamento algum, Tendo de volta toda euforia Mesmo em meio a tanta agonia. Celebrando a vida em comunidade Revendo abraços dantes negados Por uma pandemia que nos enclausurou Em lugares tantos deserdados Andando na rua livremente Imunizados, independentes Livres da fria sentença De uma torpe presença De um vírus que anunciado, Um dia, ainda que lembrado, Será finalmente vencido, derrotado E a vida voltará a ser como antes Envolta em dias belos, em tardes contagiantes Em abraços afetuosos, intensos Em sorrisos e olhares de amores imensos A vestir o planeta de vida, outra vez. XIV Quero enfim ver de volta as ruas felizes

Gente por toda parte a sorrir Dizendo que os dias tristes Não mais teremos, Pois a pandemia que tanto tememos Pra sempre foi derrotada E a vida celebra sua volta novamente Dizendo que o tempo é de esperança E que podemos viver plenamente A fé e a certeza Que Deus é nossa Fortaleza E que hoje é possível ser feliz Como a gente sempre sonhou e quis.

Pio Barbosa é graduação em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza (1985),Curso de Ciências da Religião (2001) , Pós -Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional (2005) Pós-graduação em Ciências Políticas, Sociedade e Governo (2013) MBA - Master in Business Administration em Formação de Políticas Públicas Inovadoras (2013) MBA - Master in Business Administration em Assessoria Parlamentar (2016) Mestrado pela Universidad Politécnica y Artística del Paraguay (2011) Doutorado em Ciências da Educação (UPAP-PY - 2016). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, além de ser escritor, roteirista, poeta. Trabalha na UNIPACE ( Universidade do Parlamento Cearense ), tendo atuado na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia legislativa do estado do Ceará, como servidor do Poder Legislativo. Estou acadêmico do Curso de Direito pela UniNassau. Estou membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará, ALMECE - Cadeira nº 80 e da ACE (Associação Cearense de Escritores). Membro do CONINTER, cadeira nº 18, membro do Centro de Cultura do Ceará, cadeira nº 08. Membro de Honra da Divide Academie Françoise dês Letres Artes et Cultura. Membro da Academia de Letras Juvenal Galeno – ALJUG, cadeira nº 37. Membro da Academia de Letras e Artes do CearáALACE, cadeira, nº 39. Membro da Cultive – Associativo Internacional D’Art., Litterature et Solidarité.

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A DIMENSÃO DA LINGUAGEM EM A PAIXÃO SEGUNDO G. H.DE CLARICE LISPECTOR Por Isolda Colaço Pinheiro

mum, redigido pela escritora que inicia a narrativa com seis travessões ([...] estou procurando, estou procurando), o que indica uma possível crise existencial da personagem: a identidade de G.H. em descompasso com o mundo onde ela sempre estivera habituada, e consigo mesma, a música da sua vida não a bastava.

O que se pode reconhecer do ser da linguagem é o seu poder de transgressão em que a palavra detém o poder de criação. Na dimensão do ser e da escritura, quem sabe é a palavra como desveladora de si mesma. A literatura é o lugar por excelência em que o sujeito se cala para fazer falar a palavra no movimento da escritura. A linguagem na literatura, nesta obra, torna-se um convite ao leitor para, Clarice, “pessoas de alma formada”.

Essas reticências duplicadas permitem ao leitor atento uma interpretância de continuísmo, como se essa história houvesse começado bem antes daquele início, ou seja, aquela trajetória já começara bem antes, provavelmente, em seu interior. A personagem se encontra fora de sua construção humana, deslocada de seu mundo anterior, um mundo inabitável, assim como ela refere-se à ausência de sua “terceira perna” (uma metáfora para as situações que passamos a entulhar em 1 A LINGUAGEM POÉTICA E MÍTICA NA BUSCA nossa existência, todavia não servem para nada, DO EU EM A PAIXÃO SEGUNDO G.H. apenas para nos deixar numa zona de conforto). Sua crise a exaspera por estar completamente A obra da autora expõe uma quebra com a forma cansada, extenuada de sua máscara, a qual dava clássica da narrativa, ao utilizar traços caracterís- a ela um pertencimento de “ser” e a confirmação ticos da prosa com linguagem própria do poema, do que “era”, essencialmente, sua zona de confororiginando o que Antônio Cândido denominou nar- to e alienação, talvez uma personagem consciente. rativa poética. Antônio Candido, em julho de 1944 Na linguagem clariceana, portanto, os símbolos no artigo intitulado, com acerto, “No raiar de Clarice linguísticos utilizados estão em busca de certa orLispector”, destaca a “performance da melhor qua- dem existencial na qual a personagem, por meio lidade” da escritora. Na visão do crítico, a estreante desses, trilha incessantemente. tem uma densidade afetiva e intelectual e procura captar a essência, o ser, ao eleger as paixões e os G.H. pensa, por conseguinte, que provando daquiestados de alma, como força motriz da narrativa. lo que ela considerava demasiadamente asqueroEm A paixão segundo G.H., especialmente, a escritora extrapola o limiar da misticidade, buscando, por meio de uma narrativa sensorial, impulsiva, intuitiva e até mesmo metafísica a paixão a qual tanto almeja por meio da personagem G.H. Sua capacidade intuitiva revela-se em vários momentos da narrativa, principalmente por meio dos símbolos escolhidos, para a construção dos eixos principais da trajetória metamórfica da personagem. A arte de tocar o intocável, uma busca enlouquecida, cheia de paixão e inquietude, faz com que a personagem G.H. torne-se uma “desvendadora” de seus anseios ainda não conhecidos, mas tão desejados e, ao mesmo tempo, temidos pela autora. O estilo indagador da escritora ressalta o dilema existencial da personagem, como há também em alguns autores da Literatura brasileira, como Machado de Assis. Ainda no primeiro parágrafo do livro, encontra-se um discurso arrojado e inco110

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so e repugnante (a barata) chegaria à “redenção” de sua própria existência. Ou seja, ao próprio estado de libertação dos limites que a definiam como humana. Porém, a personagem novamente é surpreendida durante o feito. Já que ao provar a barata morta (elemento simbólico) e, em seguida, cuspe os restos mortais do animal, G.H. não sente nada; apenas uma estranha insipidez, que a remetia a coisa alguma, senão a ela mesma. Neste instante, ela dá-se conta do nada que se havia tornado, ou do que era para os outros, havia-se perdido... era um encontro doloroso, mas incessantemente necessário. No livro, “Mulheres que correm com os lobos”, a autora Clarissa Estés faz uma alusão interessante sobre esse dilema o qual G.H. passava naquele instante, relatando que a vida das mulheres têm ciclos como as estações. Há tempo de correr, ficar, envolver-se, distanciar-se e até mesmo de pe-


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CONGRÉS CULTIVE INTERNATIONAL CULTUREL DE LA FEMME «Esse é o universo feminino, mas todos podem vir reverenciá-las»

E-mail: congresso@institut-cultive.con Revue Cultive - Genève

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FOCCUS socioculturais. Na Bíblia, (Gênesis, 2:20-24; Provérbios, 19:14; Eclesiastes, 9:9;Êxodo, 20:12), a mulher é portadora da divindade de Deus. Em 2018, as mulheres correspondiam a 49,6% da população humana mundial. Em hebraico, as nomenclaturas são derivadas uma da outra, homem é Ish, enquanto mulher se traduz Isshah, tal como menino e menina, em português. Disse Adão: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne”, ou seja sou eu fora de mim, foi tirada de mim e algo lhe falta, a mulher é tomada dele. Adão fala na terceira pessoa, sem mencionar a ação de Deus. Sem consentir com a perda, a relação não é plena.

UM ENSAIO SOBRE A MULHER Arlinda Lamego Sem incorrer na evolução das espécies, a história da civilização sobre a criação do ser humano encontra-se no segundo capítulo da Bíblia hebraica, Gênesis 2:7. O símbolo do mito de origem pressupõe uma cosmogonia e uma hierofania, ou seja uma cosmogênese por revelação do sagrado. Traz sentido à história, ao inconsciente e às religiões. Deus criou o homem e a mulher no Jardim do Éden, o lugar sagrado onde o pecado não poderia habitar. Criou o primeiro homem à sua imagem e semelhança no sexto dia da criação, Adão, a partir da terra. Soprou em suas narinas o espírito divino. Segundo Gênesis 2:18-24, Deus lhe fez uma ajudadora idônea. Fez Adão adormecer, formou a mulher a partir de uma das costelas, um osso do lado protege o coração, sinônimo de alma. Fechou depois com carne. Alude à igualdade, mesma natureza e essência, espiritual e material, entre homem e mulher. A palavra mulher deriva do latim, muliere, fêmea do ser humano adulto, com distinções biológicas e 112

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Na estranheza da situação, Adão considera Eva como um bem que possui. Toma-a como sua. Coloca-se no centro. Tenta controlar o que lhe escapa. Adão não a trata como sujeito, não reconhece a alteridade da constituição da mulher Eva, em seu contraste, distinção e diferença, a situação de ser outro, não eu. Na relação com o outro o ser humano admite seus limites. O medo da diferença traz insegurança na relação com o outro, a parte que não tenho e que não sou. Lembra que não sou tudo. O outro é um mistério e cada um é um mistério para si mesmo. O outro traz o que não espero, mas se espera do outro o que se quer. Cada um será um lado, uma parte. A relação da humanidade é afetada por uma perda. Ao se inventar a alma gêmea no amor, observa-se a si mesmo no outro, no preencher das suas faltas, a sensação de não sentir mais falta de nada. O mandato espiritual foi dado a Adão. Foi responsabilizado por Deus pelo pecado de Eva. Adão culpabilizou Eva em Gn. 3:12: “a mulher que me deste por esposa”. Há um consenso de que as mulheres herdaram culpa e astúcia da bíblica Eva. Seriam naturalmente más, indignas de confiança e moralmente inferiores, amaldiçoadas a uma culpa eterna com punições de menstruação, gravidez e parto dolorosos pelo próprio Deus. Eva é culpabilizada de seu próprio pecado, do pe-


FOCCUS cado de Adão, do pecado original da humanidade e da morte do Filho de Deus. O inferno é aqui, a culpa é da mulher. Ao comer o fruto proibido, Eva diz, em Gn. 3:13: “a serpente me enganou”. Deus lhe diz: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará”. Após saírem do Éden, o terceiro capítulo do Livro de Gênesis fala que a primeira atitude foi Adão foi dar à sua esposa o nome de Eva, cujo significado é mãe, já que ela seria a mãe da humanidade. A maternidade é a mais alta dignidade que Eva recebeu de Deus. A restauração do homem e da mulher seria através de um descendente desta, que um dia pisaria a cabeça da serpente. Para purificar os seres humanos, Jesus Cristo é o descendente prometido: “Vindo, pois, a plenitude dos tempos, enviou Deus seu Filho, nascido de mulher...” As filhas de Eva eliminaram a subordinação feminina, a sexualidade e procriação diante da contracepção médica. Isso implicou em uma revolução na vida social. Há 61 anos, em 1960, foi criada nos Estados Unidos a pílula anticoncepcional. A mulher passou a exercer autonomia, poder de decisão, controle sobre sexualidade e quando ou se quiser engravidar. Isso quebrou uma das muitas peças de sustentação do machismo e poder masculinos. Após a Queda no Éden, (Gn 3.16.), Deus fez a promessa da salvação da humanidade na semente da mulher, na sua descendência. Segundo o livro de Gênesis na Bíblia todos descendem de Eva. Os homens se empoderaram ao considerar ter a primazia e serem detentores da procriação como semente de fecundação das mulheres. As filhas de Eva não são fêmeas de animais com instinto de reprodução. Entretanto, a ciência comprova a descendência feminina através de um grupo pequeno de mulheres que viveram na África há cerca de 200 mil anos, denominada Eva Mitocondrial. Dá base a análise do DNA das mitocôndrias diferentes do DNA do núcleo da célula com testes genéticos. Cada mitocôndria contém DNA mitocondrial e as sequências deste DNA revelam uma filogenia molecular. Há um orgânulo celular das mitocôndrias presente

em todas as pessoas a partir de um núcleo fundador que sofre mutações em rápidas proporções. O DNA mitocondrial é transmitido à prole apenas pela linhagem feminina. Deus tornou a mulher necessitada de proteção com uma gravidez sofrida e a colocou em posição frente ao marido para lhe conferir proteção. Observa-se um ritual ainda hoje encenado na cerimônia de casamento. O pai da moça a conduz até o noivo, a entrega ao marido com um beijo e se despede da filha, muda-se o dono. No Velho Testamento, era obrigação de a mulher chamar o marido de patrão e senhor. A tradição judaico-cristã na Bíblia impactou negativamente as mulheres. O cristianismo silenciou a mulher. O apóstolo Paulo estabeleceu que a mulher não podia falar dentro da igreja em virtude do comportamento das mulheres romanas pagãs, que falavam alto em público e no templo. Paulo diz no Novo Testamento (I Timóteo 2:11-14): “Uma mulher deve aprender em calma e total submissão. Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada. Porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora”. Agostinho, doutor da Igreja Católica, disse: “A mulher é uma besta insegura e instável”. Cristóvão afirmou: “Entre todos os animais selvagens, não há nenhum mais daninho do que a mulher”. As leis de Manu, que compilaram as civilizações antigas, designavam a mulher como incapaz: “A mulher não pode se governar por si mesma”. Na Rússia, a sabedoria popular dizia que em dez mulheres existe apenas uma alma (já tinha alma, ufa! Mesmo que pequena). Na Grécia Antiga, Pitágoras, escreveu: “Existe o princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem, e um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher”. Há passagens bíblicas em que a mulher é Revue Cultive - Genève

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FOCCUS o próprio mal. Eurípedes considerava a mulher “o mais temível dos males”.

força ativa na semente masculina tende para a produção de uma perfeita semelhança no sexo masculino; enquanto a produção da mulher provém de Confúcio, na China, consolidou o papel de sub- um defeito na força ativa ou de alguma indisposimissão e invisibilidade às mulheres, a maior virtude ção material, ou mesmo de algumas influências seria a obediência e não se enquadrava no mais externas”. baixo estatuto social. Na China, a clivagem entre o masculino e o feminino desaguou em consequên- Para Martinho Lutero mulheres não traziam becias graves. nefício, a não ser ter crianças, apesar das consequências. Não via problema em que se cansassem No Velho Testamento, em Eclesiastes 7:26-28, es- ou morressem de parto, “é para isso que estão crito por Salomão já idoso, na chamada Literatura aqui”. da Sabedoria, encontra-se: “Eu acho a mulher um pouco pior do que a morte, porque ela é uma ar- Observam-se comportamentos patriarcais desde madilha, cujo coração é um alçapão e cujas mãos os tempos bíblicos, no comportamento social de são cadeias. O homem que agrada a Deus foge Abraão e Sara. Para servir a Abraão e não perdela, mas ao pecador ela o aprisionará ... enquanto desse o casamento. A maternidade era o único eu estava procurando, e não estava encontrando, destino para a mulher, considerado dever religioso achei um homem correto entre mil, mas não en- e cívico. Abraão queria um filho e Sara deu o corcontrei uma só mulher correta entre todas elas”. po da escrava. Não era só o homem que tinha o Ainda na Bíblia, Salomão, o mais sábio dos ho- pátrio poder sobre o corpo e o trabalho da mulher. mens, tinha mil mulheres, 300 concubinas e 700 Historicamente, a mulher também subjugou outras mulheres. A escrava era seu patrimônio. princesas. A mulher era apedrejada no meio da rua se fosse apanhada com outro homem. A adúltera não morreu porque Jesus não autorizou. Tertuliano foi mais brando que Paulo e disse “às queridas irmãs” na fé: “Vocês sabem que cada uma de vocês é uma Eva? A sentença de Deus sobre o sexo de vocês subsiste até agora: a culpa necessariamente subsiste também. Vocês são a porta de entrada para o Diabo: Vocês são a marca da árvore proibida: Vocês são as primeiras desertoras da divina lei: Vocês são aquelas que persuadiram o homem de que o diabo não precisava ser atacado. Vocês destruíram tão facilmente a imagem de Deus, o homem. Por causa de sua deserção, o Filho de Deus teve que morrer". Agostinho, fiel ao legado de seus antecessores, escreveu: “Qual é a diferença, seja uma esposa ou uma mãe, ainda assim é da Eva tentadora que devemos nos precaver em qualquer mulher. Eu não consigo ver qual o uso que uma mulher pode ter para um homem, exceto a função de dar à luz crianças". Séculos mais tarde, Tomás de Aquino considerava defeito ser mulher: “Com relação à natureza individual, a mulher é defeituosa e mal feita, porque a 114

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A infertilidade para a mulher eram perdas social e emocional terríveis. Sem parir a linhagem, o homem podia se divorciar, ou tomar outra mulher. São exemplos bíblicos de infertilidade e sofrimento Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Mical, Izabel. A falta de descendência anulou casamentos reais. Como vaso que recebia a semente do homem, a gravidez da rainha era símbolo para alianças de paz. A maternidade perpetua dinastia e a linhagem, o futuro do reino, preferencialmente homens. Constava na coroação da soberana. Muitas pereceram no parto por serem recém entradas na puberdade, outras estavam esgotadas por muitos filhos e partos prematuros. A grande oportunidade do exercício do poder era ser rainha regente em nome de um filho menor de idade. As altas taxas de mortalidade infantil determinavam que as famílias tivessem elevado número de filhos, mesmo para os mais abastados. As fidalgas tinham índices de fertilidade mais baixos, com abortos naturais, por incompatibilidades sanguíneas existentes entre os cônjuges. Como exemplo da vida da mulher no século XIX,


FOCCUS a imperatriz do Brasil de 1822 a 1826 e rainha de Portugal por oito dias, em 1826. Maria Leopoldina era sexta filha do segundo casamento de Francisco 1º, imperador da Áustria. Também foi cunhada do imperador Napoleão Bonaparte, casado com sua irmã Maria Luísa. Casou-se aos 20 anos e morreu aos 29 anos, após 9 gravidezes, sete filhos e dois abortos. As causas da morte da Princesa tiveram hipóteses de infecção puerperal de um aborto após um espancamento pelo marido mesmo grávida.A humilhação de Leopoldina por ser obrigada a conviver com a amante do marido sob o mesmo teto do Palácio de São Cristóvão, por ordem de D. Pedro como dama de companhia da Princesa.Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, gerou cinco filhos de D. Pedro, mas apenas dois chegaram à vida adulta: Isabel Maria de Alcântara Brasileira, duquesa de Goiás e Maria Isabel II de Alcântara Bourbon, condessa consorte de Iguaçu. Cada mulher gerava de 8 a 12 filhos, partos consecutivos para garantir a sobrevivência da dinastia. Algumas rainhas foram bem sucedidas em exercer o poder em nome de um homem devido o marido ausência, guerra ou trabalhos diplomáticos, ou por morte ainda em nome de um filho herdeiro menor de idade na morte do marido. Virgindade não é mais requisito para a anulação de casamento da Folha de S.Paulo Os homens que se casarem a partir do dia 11 de janeiro não terão mais o direito de devolver suas mulheres se descobrirem que elas não são virgens. Essa é a principal mudança na legislação sobre o casamento introduzida pelo novo Código Civil, que elimina vários dispositivos considerados machistas no código que vigorava desde 1916. Segundo a legislação vigente, no prazo de dez dias após o matrimônio, o marido pode pedir anulação de casamento, sob o argumento de que desconhecia o fato de sua mulher não ser virgem. Isso é considerado “erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge”. O prazo de dez dias para a apresentação da ação é concedido pela lei para que os peritos possam verificar se a mulher era ou não virgem quando se casou.

Especialistas em medicina legal dizem que muitas injustiças foram cometidas em relação à anulação de casamentos, principalmente porque, segundo eles, é comum o rompimento do hímen sem ter havido relação sexual. Apesar de a Constituição de 1988 ter igualado homens e mulheres perante a lei, alguns dos maiores especialistas em direito civil brasileiro não questionam a vigência do dispositivo que permite a anulação do casamento por “defloramento da mulher ignorado pelo marido”. Com o novo código, não há mais dúvida: a virgindade deixa de ser requisito legal para que a mulher possa se casar. A lei que vigora a partir do dia 11 de janeiro prevê quatro situações para a anulação do casamento. A primeira diz respeito à identidade, à honra e à “boa fama” do outro cônjuge, podendo o casamento ser anulado, desde que o conhecimento do erro “torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”. A segunda é a prática de crime por um dos cônjuges antes do casamento, ignorada pelo outro, desde que “por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal”. A terceira trata da ignorância por um dos cônjuges de que o outro tenha, desde antes do casamento, “defeito físico irremediável ou moléstia grave e transmissível..., capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência”. A última é a ignorância por um dos cônjuges, anterior ao casamento, de que o outro tem “doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”. (ROBERTO COSSO) O papel é simbólico da virgindade feminina é componente social importante em muitas culturas. A virgindade da noiva honrava quem soube protegê-la e respeitá-la. As moças virgens eram objetos de troca entre as famílias. Outrora, dizia respeito às relações familiares e de estado. Desposar uma virgem tinha a fantasia de conjurar a morte de uma linhagem na herança biológica do sangue tido como superior, nome tradicional, bens e poderes, Revue Cultive - Genève

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FOCCUS além de assegurar a paternidade. Antes, a vinda Para a menina, o primeiro ato sexual completo é ao mundo de uma criança integrava plenamente uma “defloração”, deixa marcas em sua vagina; a esposa na família e na comunidade do marido. para o menino, é uma “iniciação”, porque não alA virgindade traz muito sobre a história das mul- tera o pênis. heres, a história do corpo, a história do gênero. Especialistas em medicina legal dizem que é comum A legislação vigente dá prazo de dez dias após o o rompimento do hímen sem ter havido relação matrimônio como “erro essencial sobre a pessoa sexual. O hímen intacto não diz tudo. Sem penetra- do outro cônjuge” para que os peritos verifiquem ção vaginal, muitas experimentaram jogos sexuais se a mulher era ou não virgem quando se casou O com um ou mais parceiros. marido pode pedir anulação de casamento sob o argumento de que desconhecia o fato de sua mulNo mundo ocidental contemporâneo, a virgindade her não ser virgem. É concedido pela lei. feminina não tem mais o mesmo significado e valor, é considerada exigência abusiva masculina. Na A Constituição de 1988 igualou homens e mulheres cultura muçulmana, ainda é importante atestado de perante a lei, mas permite a anulação do casamenvirgindade e reconstituições de hímen. A virgem, to por “defloramento da mulher ignorado pelo mari(vierge) é a menina púbere que não teve relações do”. Embora a virgindade deixe de ser requisito lesexuais completa gal para que a mulher possa se casar, prevê quatro situações para a anulação do casamento. Durante os séculos cristãos, muitas mulheres exprimiram autonomia para preservar a virgindade A primeira diz respeito à identidade, à honra e à como liberdade e poder. Dentre muitas, Genoveva “boa fama” do outro cônjuge, a prática de crime de Paris, Catarina de Siena, Joana d’Arc, Teresa por um dos cônjuges antes do casamento, a ignode Ávila, Elisabete I, rainha da Inglaterra, Palas rância por um dos cônjuges de que o outro tenha, Atena. desde antes do casamento, “defeito físico irremediável ou moléstia grave e transmissível capaz de A rica herdeira americana, Paris Hilton, célebre por pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua seus escândalos, declarou que faria uma cirurgia descendência” e a ignorância por um dos cônjuges de reconstituição do seu hímen quando decidisse de que o outro tem “doença mental grave que, por se casar. Uma estudante americana leiloou sua sua natureza, torne insuportável a vida em comum virgindade para financiar seus estudos. Antes de ao cônjuge enganado. Freud, no século XIII, Tomás de Aquino afirmava que a volúpia é irreversível. Em 1918, no artigo “O tabu da virgindade”, Freud descobriu que certos povos primitivos, um notável Na satisfação não apenas carnal, em certas so- da comunidade deflorava a noiva um pouco antes ciedades, a referência a uma mulher solteira como das núpcias, prática que provocava frigidez. mulher, pode ser suposição de não-virgindade, um insulto à moça e a sua família. A palavra debutante deriva do francês, ‘debut’, traduzido como “estreia na vida social”, ou seja, a meA virgindade foi objeto na religião cristã de trans- nina já tem condições de assumir a maternidade. figuração, idealizada como acesso à santidade. O ritual de celebração do baile de debutante, aos Em “Cântico dos cânticos”, na negação da sexuali- 15 anos, ainda hoje é pertinente. Uma menina que dade, a virgindade mística evoca na alma humana menstrua é considerada mulher e pode gerar uma o erótico. Para se dedicar a Deus, o cristianismo gravidez. inventa no feminino, uma transcendência e espiritualidade sublime como esposas do Cristo. Apesar de algo tão natural na vida feminina, a menstruação já foi e ainda é encarada de forma A dimensão do papel social entre natureza e cultura negativa e cercada de mitos. da virgindade no Código Civil elimina dispositivos que vigoravam desde 1916. Os homens tinham o O sangue da menstruação é adotado como filosodireito de devolver aos pais se descobrissem que fia e símbolo sagrado em muitas tradições. não eram virgens. 116

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FOCCUS A série da Netflix e livro do mesmo nome “Tenda Sagrada”, de Anita Diamant, mostra turbulências de ser mulher na antiguidade. É um lugar em que as mulheres se reuniam durante os ciclos menstruais. Tem Dinah como protagonista, a filha do terceiro patriarca do Velho Testamento, Jacó .

“naqueles dias”. Locais davam licença de três dias para a mulher menstruada, principalmente se fossem funcionárias públicas.

“A Tenda Vermelha” expressa o Sagrado Feminino e mergulha na sabedoria feminina .

A religião dava toque negativo às mulheres menstruadas no conceito de impureza ou potencialmente má.

O encontro das mulheres objetiva o crescimento, o aprendizado para o corpo, o autoconhecimento em um ambiente seguro, com amor e acolhimento dignos de irmãs, que passam pelo campo mental. As mulheres se expressam sobre sua vida, dificuldades, entendimentos e compartilham nesse ambiente seguro, aprender com a experiencia do outro e acolher nossas dores com possibilidade de cura. É um momento de equilíbrio do masculino e feminino em cada uma, curar feridas. A mulher sabe dores e sabores de Ser Mulher. Interessante também ver o livro Lua Vermelha, de Miranda Gray, como fonte de empoderamento sexual e espiritual na sabedoria do sagrado com arquétipos da condição feminina nas simbologias e mitos. Antes, as meninas e mulheres usavam panos dobrados e colocados entre as pernas como absorventes que, depois de lavados e secos, voltavam a ser usados. Muitas meninas menstruavam sem saber do que se tratava, pensa que está ferida. Mães não tocavam no assunto, muitas nem sabiam que poderiam engravidar e que no mês seguinte voltaria a menstruar. Era comum que passasse o sangue na saia. Embora desaparecida na maioria das culturas, a sociedade ainda atribui um tabu e mitos sobre a menstruação, para que o sangue não lhe “subisse à cabeça”. Alguns mitos inundaram e descreviam o momento sobre o universo feminino e ainda sobrevivem, como pânico e medo. Cólicas eram comuns no período e ninguém podia saber, pois disseminaram-se mitos por muitos anos. Tabus culturais estigmatizaram o período menstrual, com informações erradas sobre a menstruação e, por conseguinte, a mulher era considerada impotente

Eram usados nomes pela sociedade como boi, chica, doente, bode, bodinho.

Na sociedade patriarcal, o período menstrual era visto como algo sujo e impuro, e era o período de purificação da mulher. Desde a antiguidade, as mulheres são consideradas misteriosas e o tabu da menstruação baseia-se no obscuro feminino. Ninguém podia pisar a água da lavagem, usar perfumes, carregar peso, não se podia comer laranja, ingerir cítricos, sobretudo limões, pois o ácido deste alimento pode cortar o sangramento, não podia lavar a cabeça ou andar descalça. Sexo durante a menstruação causava nojo, embora os corpos femininos fossem inundados de sémen. Menstruação é a descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação. Essa descamação faz parte do ciclo reprodutivo da mulher e acontece todo mês. O corpo feminino se prepara para a gravidez, e quando esta não ocorre, o endométrio, que é a membrana interna do útero, se desprende. Hoje em dia, chama-se à mulher menstruada de inconstante, instável, carente, hipersensível, mal-humorada. Na esteira do preconceito, hoje se mudou o tema para TPM ou síndrome pré-menstrual, como forma clara de discriminação. Quando a mulher emite opinião contundente de que é emitida por descontrole hormonal, não legítima, ou “está naqueles dias”. Por causa dos numerosos tabus em torno do período, as mulheres, muitas vezes, se mantém afastadas de atividades sociais, evitando piadas que as envergonham no enraizamento dos tabus menstruais nas culturas, crenças e histórias. A mudança desses tabus devem ser estruturais. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o sofrimento da mutilação genital feminina tem estatísticas de 200 milhões de meninas e mulRevue Cultive - Genève

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FOCCUS heres em 30 países na África e no Oriente Médio, em alguns lugares da Ásia e da América Latina e entre populações imigrantes na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia. A prática é adotada ainda, apesar de 24 de países terem leis ou formas de proibição contra a MGF. Onde a mutilação é ilegal, como no Reino Unido, a prática tem crescido em bebês e crianças e é impossível de ser detectada, pois as crianças não estão nas escolas ou com idade insuficiente para denunciar. Em algumas culturas, a mutilação genital é um rito de passagem à vida adulta e um pré-requisito para o casamento, como meio de preservar a virgindade. O procedimento torna a mulher “casável” e amplia o prazer masculino. É tabu discutir a mutilação nas comunidades. Muitas delas passam por processo similar à circuncisão na infância, entre os 4 e os 10 anos de idade. Passa por aceitação social, religião, desinformação sobre higiene. Geralmente é feito contra a vontade da mulher, mas muitas evitam se posicionar contra, por medo de não conseguirem se casar ou serem consideradas promíscuas. Por medo de sofrer retaliações de seus futuros maridos, mulheres no Sudão são submetidas à mutilação genital antes de seus casamentos para fingir que ainda são virgens. São vários tipos: clitoridectomia inclui costura e deixa pequena abertura para o fluido menstrual e a urina; excisão do clitóris e dos pequenos lábios; Infibulação inclui todos os tipos de mutilação, como perfuração, incisão, raspagem e cauterização do clitóris ou da área genital. A sigla MGF, mutilação genital feminina, consiste no corte ou a remoção deliberada da genitália feminina externa e com frequência inclui sutura para estreitar a abertura vaginal, processo conhecido como infibulação, que se desfazem nas relações sexuais. Em muitas culturas onde a virgindade antes do casamento é valorizada, mulheres fazem cirurgias de reconstrução de hímens para esconder sinal anterior de atividade sexual. Militantes contra a mutilação genital feminina esperam que as coisas mudem, mas o país rejeitou lei restritiva de controle de ação das mulheres como 118

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se vestem em público, inclusive o uso de calças. Autoridades controlam a vestimenta da mulher oriental, com quem falam, escolha do emprego, sob pena de punição de açoitamento, apedrejamento e execução. A palavra genérica para vestimentas islâmicas é burca é, mas é apenas um tipo. No mundo ocidental, o termo burca se popularizou para se referir às vestes femininas islâmicas que cobrem todo o corpo da mulher. Há vários tipos dessas vestimentas, dependendo do país ou região. A ampla variedade dificulta a diferenciação, mas alguns termos se consolidaram. O niqab é um véu sobre uma outra vestimenta de corpo inteiro com apenas uma abertura diante dos olhos. Cobre o rosto e o pescoço. É usado na Arábia Saudita, no Iêmen, no Omã e nos Emirados Árabes Unidos. No Irã é usado o xador. Em persa, significa tenda. Cobre todo o corpo, uma espécie de capa sobre a roupa, mas deixa o rosto descoberto. Nos tempos do xá, ou antes da Revolução Islâmica de 1979, chegou a ser proibido. O governo queria modernizar o país, aproximando-o dos hábitos do Ocidente. Muitas mulheres muçulmanas usam apenas véus. O mais comum no Ocidente é o hijab, que significa véu ou cobertura. Ele cobre a cabeça e o pescoço, deixando o rosto livre. Hijabs existem nas mais variadas cores e estampas. O al-amira é uma variação do hijab. É uma espécie de touca, cobre a cabeça de forma justa, e a segunda é um véu que veste sobre a primeira, cobre o pescoço até os ombros. O khimar é mais longo, chegando até a cintura, e é às vezes usado com um niqab, que cobre o rosto e deixa apenas os olhos livres. Por fim, a shaila é muito popular na região do Golfo Pérsico. É um véu longo e retangular, às vezes transparente, envolto ao redor da cabeça e preso na região dos ombros com alfinetes. O termo hijab é designação genérica para todos os tipos de véus. Hijabs devem ser usados em público ou diante de homens estranhos, e seu uso remete à interpretação de um trecho do Alcorão. O hijab é usado no mundo muçulmano como referência


FOCCUS Paleolítico e do Neolítico. Portanto, a hipótese levantada por Campbell, de uma Deusa-Mãe presente subliminarmente e implicitamente no relato de Gênesis, não passa de uma especulação imaginada pelo próprio Campbell, sem qualquer amparo no relato bíblico; é, aliás, contrária ao que diz o A vestimenta ou véu é preconizada para privaci- próprio texto e rechaçada pelos demais textos das dade, modéstia e moralidade, para esconder os Escrituras. olhares. O hijabe é obrigatório na Arábia Saudita, na República Islâmica do Irã, governos regionais Ao longo dos anos, contra a reflexão crítica, mulna província Indonésia de Achém. heres foram perseguidas no modo de agir e de mundial das roupas femininas ou véu, a depender da escola de pensamento islâmica. Remete como nova sutura vaginal em um momento do direito de ter relações sexuais nos dias de hoje.

Na Europa, alguns países proibiram fuso do véu em público. Mulheres em diferentes partes do mundo sofreram pressões para o uso ou o não uso do véu. Simbolicamente o sexo feminino é representada pelo espelho na mão de Vénus, o símbolo abstrato de Vénus, um círculo com uma pequena cruz equilateral embaixo (Unicode: ♀). Na mitologia romana remete à deusa mitológica Vénus e à Afrodite na mitologia grega. É ligada ao amor, à beleza, à feminilidade, e ao elemento Cobre na antiga alquimia . Nas Escrituras Sagradas, quase todas são consideradas heroínas ou como amadas parceiras colaboradoras dos heróis, como companheiras de vida de seus maridos. São de extrema relevância: Ana, mãe de Samuel, Jael, Isabel, Maria, Maria Madalena Noemi, Rute, Ana, profetisa, Febe, Priscila, Débora, Sara, Rebeca, Raquel, Miriã, Raabe, Abigail, Hulda, Ester, Judite e sem esquecer de Eva. Há cerca de meia dúzia de vilãs e antagonistas: a esposa de Potifar, Dalila, Jezabel, Atalia, Herodíade, Salomé e Safira. Dalila cortou o cabelo de Sansão e o submeteu à humilhação e à morte pelos filisteus. A Bíblia celebra e reconhece o valor de mulheres virtuosas, e estabelece a submissão integral da mulher a seu marido como o padrão ideal para a vida no lar. Institui também o dever do marido de amar sua mulher mais que a si mesmo, de maneira sacrificial, e se for necessário, até com o custo de sua própria vida. Joseph Campbell diz que a criação de Eva é uma metáfora da costela de Adão criada pela tradição religiosa hebraica. Exemplificaria o distanciamento dos hebreus da religião dos povos antigos, culto à Mãe Terra, Mãe Cósmica ou Deusa Mãe, cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do

pensar. A ficção, poesia e não ficção são armas contra as desigualdades de gênero, violência e a luta por reconhecimento e mais direitos. Aponta-se a falta de equidade em áreas como a ciência ou em posições de poder, mas na literatura há também um número menor de mulheres que conseguem reconhecimento sobre suas obras. Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio Nobel de Literatura. Toni Morrison é a única mulher negra que recebeu um Prêmio Nobel de Literatura. O machismo está entranhado no seio social, atravessa a todos, sem exceção, inclusive nas mulheres, que educam seus filhos e perpetuam comportamentos costumes e modos de pensar de muitos séculos.

Estudos mostram que a mulher é interrompida ao falar mais de 130% que os homens. Estes lhe tomam a palavra para explicar o que ela está explicando de forma pessoal, embora diferente, que dizem aa mesma coisa. Presta-se mais atenção quando o homem fala em relação à mulher. É comum se dizer que a mulher está naquela reunião porque é bonita, encarar a mulher como seres inferiores, insuficiente para entender determinado assunto. Muitas das vezes ela tem formação e dominam o assunto. São formas de calar a voz da mulher. É diferente de ter um contraponto, um argumento para complementar a sua ideia. É explicar tudo que ela já falou e lhes geram insegurança. Esse hábito ou comportamento reflete a crença de que mulheres e suas vozes valem socialmente menos do que os homens. Na avaliação da professora da Harvard Francesca Gino isso se deve a preconceitos inconscientes sobre gênero. Acostuma-se pensar que homens são líderes e mulheres subordinadas. Segundo ela, essas crenças estão profundamente arraigadas e lista como combater. Reconhecer que fazemos suposições sexistas sem Revue Cultive - Genève

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FOCCUS perceber, consumir filmes e séries com representa- A partir do final do século XIX começou a luta das ções plurais de mulheres e grupos marginalizados, mulheres por melhores condições de vida e traconhecer pessoas estereotipadas, como LGBT, balho na Europa e nos Estados Unidos. As maniter empatia pelos interlocutores. festantes da época questionavam as jornadas de trabalho de 15 horas diárias, baixos salários e disAlém do mansplaining, existe o manterrupting, que criminação de gênero. são muito parecidos. O homem interrompe sem constrangimento e com confiança as falas das O primeiro Dia da Mulher foi celebrado nos Estados mulheres, não a deixa terminar e explica para Unidos em maio de 1908. Em agosto de 1910, a elas e aos presentes o que ela estava a dizer. Es- jornalista e política feminista Clara Zetkin propôs sas atitudes acontecem em todas as áreas da a realização anual de uma jornada pela igualdade vida das mulheres, seja no espaço acadêmico, no de direitos das mulheres, sem uma data específica mercado de trabalho, relacionamentos amorosos . e no ambiente familiar. No ambiente profissional, Em 25 de março de 1911, as péssimas condições mal ouvem o que fala ou a consideram agressi- de trabalho levaram a um incêndio da fábrica de va. Se o homem fala a mesma coisa, seus amigos camisas em Nova York, que mataria 146 pessoas, considera a ideia boa ou brilhante. das quais 129 mulheres porque uma porta estava fechada para impedir a fuga das trabalhadoras. Concedido por Brasil e Portugal a escritores lusófonos, o Prêmio Camões homenageou apenas O 8 de março de 1917 teve manifestação com mais de 90 mil mulheres russas por melhores condições 6 mulheres em 28 anos. de vida e trabalho, durante a Primeira Guerra MunConsidera-se violência o uso de força física, psi- dial conhecida como “Pão e Paz”. cológica, intelectual, constranger, tolher liberdade, incomodar, impedir que outra pessoa manifeste A manifestação foi o marco oficial para a escoldesejo e vontade, ameaçar, espancar, lesionar, ha do Dia Internacional da Mulher no 8 de março, oficializada em 1921. A data foi esquecida e recumatar, coagir, submeter o outro a domínio. perada com o movimento feminista nos anos 60. A violência de gênero no século XIX mostra his- A Organização das Nações Unidas, por exemplo, toricamente o direito de voto, até hoje com pouca somente reconheceu o Dia Internacional da Mulher representação no executivo, legislativo, judiciário. em 1975. Há a desigualdade no trabalho, dimensão relacional com os homens e o poder. Depois da Segunda Revolução Industrial, as fábricas incorporaram as mulheres como mão de obra Gênero pode ser confundido com sexo. Enfatiza barata. No entanto, devido às condições insalubres anatomia, aborda diferenças socio culturais, por de trabalho, os protestos eram frequentes. Nas desigualdade econômica, e política, colocando a primeiras décadas do século, as mulheres comemulher em situação inferior. çam a lutar pelo direito ao voto e à participação política. Há a prática de violência doméstica e sexual quando as partes envolvidas não cumprem papéis e Hoje, o caráter é festivo e comemorativo, mas o funções ditas normais pelo parceiro. Dia Internacional da Mulher continua como uma conscientização nas desigualdades de gênero em Desde 1970, violência de gênero é igual à violên- todas as sociedades. cia contra a mulher. É ter um comando masculino como agressor, dominador, disciplinador. O prefixo latino trans no termo mulher trans foi usada pela primeira vez em 1996. Esta definição é O Dia Internacional da Mulher é uma celebração amplamente aceita e usada no Oxford English Dicde conquistas sociais, políticas e econômicas das tionary. Quer dizer através, além, do outro lado de, mulheres ao longo dos anos, sendo adotado por que vai além, na descrição de homem para muldiversos países e pela Organização das Nações her como transgênero, transsexual. Há conotação Unidas. negativa como aberração para mulher trans. Sua 120

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FOCCUS expressão de gênero fez dela um alvo para feminicídio. Não são eventos isolados nos diferentes contextos socioeconômicos. O FEMINICÍDIO são mortes intencionais e violentas de mulheres em decorrência de seu sexo, POR SER MULHER São resultado das diferenças de poder entre homens e a manutenção dessas diferenças. A Lei do Feminicídio, de 2015, para misoginia e discriminação de gênero, pode ser de natureza subjetiva ou objetiva, isolada ou simultânea, motivo fútil e torpe, por agressão física ou psicológica, abuso ou assédio sexual, tortura, mutilação genital, espancamento e a morte em decorrência da violência. A Polícia Civil registrou aumento ano a ano cerca de 32%, em 7,5% nas tentativas de feminicídio e aumento de 1% na concessão de medidas protetivas e aumento considerável por convívio entre autor e vítima na pandemia e feriados .Se a documentação de identidade civil ou registro de nascimento, passaporte estiverem corretos, poderá figurar como vítima do crime de feminicídio.Bom frisar que nem todos os assassinatos de mulheres são considerados feminicídios. O sexo é biológico. Gênero é uma construção social. As pessoas que não se identificam e se expressam diferentemente de seu sexo biológico são chamadas pelo termo transgênero, um termo hiperônimo, que é o termo genérico ou mais geral para pessoas com variância de gênero, inclusive pessoas transexuais. Uma mulher trans ou mulher transexual é uma pessoa que nasceu do sexo ou género masculino que se identifica como pertencente gênero feminino. Chama-se transgênero o transitar em identidade de gênero e seus papéis e cisgênero é a linearidade com seu gênero. É diferente de homossexualidade. A pessoa pode sentir disforia de gênero, que é o desespero entre identidade de gênero e o sexo atribuído ao nascer. A escolha da sexualidade de uma pessoa trans transita por vários termos, heterossexual, bissexual, homossexual, assexual. As mulheres trans enfrentam uma vasta quantidade de discriminação, uma trans misoginia, um subconjunto de transfobia para emprego e mora-

dia, enfrentam violência física e sexual, inclusive crimes de ódio por parceiros ou parceiras. Procedimentos para transição de gênero com terapia hormonal e cirurgia de redesignação sexual já é legal no Brasil. Terapias hormonais para características sexuais secundárias, seios, redistribuição da gordura corporal, baixa relação cintura-quadril, estão liberadas a partir dos 16 anos. Cirurgias para mudança de sexo na rede pública de saúde do SUS, por orientação do Conselho Federal de Medicina, a partir dos 18. É um direito de mudar nome social . A discriminação de mulheres trans que pertencem a uma minoria racial é mais severa pelo maior enfrentamento da intersecção de transfobia e racismo. Em geral a identificação se dá na primeira infância, com a rejeição ao corpo e escolha de papeis, de roupas e forma de agir. Utilizam-se estratégias de enfrentamento para a família, escola, sociedade, para acolhimento, fortalecimento, evitar depressão, sofrimento, mutilação, fobia social, diminuir preconceito e discriminação. O Dia das Mulheres deve homenageá-las também. (Artigo apresentado na AJEB-SP em 8 de março de 2021) Referências BIBLIA SAGRADA SOUZA, Vitor Chaves. “A intuição do tempo sagrado: o princípio de um pensamento cósmico”. MIRCEA ELIADE e o pensamento ontológico arcaico; Imagens e Símbolos; Mito e realidade; O sagrado e o profano; . O Mito do eterno retorno; Tratado de história das religiões. TILZ. Questões sobre menstruação em Bangladesh. Premenstrual syndrome (PMS) . Office on Women's Health. Menstruation and the menstrual cycle fact sheet. Office of Women's Health. Menopause: Overview. www.nichd.nih.gov. Kristin H. Lopez (2013). Human Reproductive Biology. ABRANTES, Elizabeth Sousa. Fazendo Gênero no Maranhão: estudos sobre mulheres e relações de gênero (séculos XIX e XX). BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo LEILA MEZAN Honradas e Devotas: mulheres da colônia: condição feminina nos conventos e recolhimentos do sudeste do Brasil (17501822). DEL PRIORE, Mary. Corpo a Corpo com a mulher: Pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil. 2. Ed. São Paulo: DOLORES, Carmem. A luta. SOIHET, Rachel. Condição Feminina e Formas de Violência: Mulheres Pobres e Ordem Urbana

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FOCCUS ETERNAMENTE Nosso amor foi intenso Sem recuos, infinito, Nos momentos alegres E durante as tristezas, Também. Ela cuidou de mim. Eu, dela. Éramos presença constante Na vida de uma e da outra. Mas, ela precisou partir. Eu, aqui estou; Com tudo que ela preparou Para mim. Hoje sou o retrato dela Feito de risos. Algumas vezes de nostalgia, - Psicóloga, escritora, Espe- São marcas da saudade, cialista em História das Artes e das Religiões; é Lembranças de um eterno amor. Membro Internacional, Délégue e Jornalista correspondente em Recife-PE da Cultive-Ge- Maria, minha Maria nebra-Suíça. 1ª Vice-presidente da União Bra- Adorada mãe sileira de Escritores-UBE/PE. Eis aqui a tua filha, Eu te amo Eternamente te amarei.

LUCIA SOUSA

E-mail: congresso@institut-cultive.com 122

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As Mulheres de Tejucupapo por Lucia Sousa A batalha de Tejucupapo, ou batalha do Monte das Trincheiras como também é conhecida, deu-se no distrito de Tejucupapo na atual cidade de Goiana, um município brasileiro do estado de Pernambuco, região Nordeste do país. Encontra-se localizado no extremo norte da Região Metropolitana do Recife, fazendo divisa com a Região Metropolitana de João Pessoa. Está situado no litoral, a 62 km do Recife, 51 km da capital paraibana e 2.187 km de Brasília. Tejucupapo situava-se no litoral norte de Pernambuco, em posição dominante sobre uma colina cuja encosta leste dá acesso à praia de Carne de Vaca, era um local completamente seguro; uma fortaleza impossível de ser tomada pela força, e podia ser utilizado como base de apoio pelos colonizadores que remonta ao século XVI. Aconteceu durante as invasões holandesas do Brasil no distrito de Tejucupapo, uma visibilidade para as mulheres desta povoação. A derrota aos invasores holandeses, que graças ao desempenho das mulheres, ao lado dos homens do lugar, usando como artifícios de armamento os recursos de água fervente, pimenta, pedaços de pau e deste modo derrotaram cerca de seiscentos soldados, considerada a primeira batalha em território brasileiro. Embora esta investida contra os holandeses não seja considerada um embate importante no sen-

tido geral de guerrear, mas ficou como registro de efeito que insuflaram o espírito das mulheres de Tejucupapo, como aquelas que estas foram capazes de abalarem as tropas holandesas como averbação até os dias atuais. As residentes do lugar mantém viva a memória do fato, através do Grupo Cultural Heroínas de Tejucupapo, quando realizam no último domingo de abril de cada ano encenações baseadas sobre o ocorrido de maneira oral aos acontecimentos dos fatos, quem veem transmitindo de gerações em gerações por mais de três séculos. Existe no local dos acontecimentos, a poucos metros do povoado, um obelisco que traz a seguinte inscrição: “Aqui, em 1646, as mulheres de Tejucupapo conquistaram o tratamento de heroínas por terem, com as armas, ao lado dos maridos, filhos e irmãos, repelido 600 holandeses que recuaram derrotados”. Ainda, referente ao inesperado fato histórico foi produzido o filme “Epopéia da Heroínas de Tejucopapo” que é apresentado anualmente no teatro das “Heroínas de Tejucopapo”. As escritoras, Helena Gomes e Kathia Brienza no ano de 2011, lançaram o livro “Olhos de Fogo”, alusivo ao enredo ficcional de assassinatos ao ataque dos holandeses. Revue Cultive - Genève

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Carla Ramos1

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Cada vez que nos referimos a uma mulher como "Aquela Deu Estamos apenas repetindo algo que ocorreu tempos atrás. Na CARLA RAMOS história da humanidade, onde as mulheres faziam parte da G Deusa. Escritora, Poeta e Atriz. Apresentadora do Programa “Alkimia do Ser”, Mestre em Teoria Literária UNIANDRADE/PR, Psicóloga Junguiana sua natureza feminina. especialista em Marketing e Propaganda pela seus mais profundos desejos. ESTÁCIO DE SÁ/SC.

Sendo mais ligadas à Eram donas de si, de Viviam em grande harmonia com seus ideais. Perseguiam suas metas, escolhiam seus objetivos. Buscavam conhecer mais a natureza:

Questiona-se a capacidade; Os ciclos da Vida, o nascimento e o cultivo. Desconfia-se da fertilidade; A fertilidade e a colheita. O poder e a compreensão de sua es Negam-se os desejos.

ODE AO SER FEMININO...

Desconhecemos os nossos poderes.

Assim, todas nós somos e temos Deusas em poDe repente, Ela, 1 a Deusa, foi desapropriada de tencial a serem desenvolvidas dentro de nós, meEscritora, Poeta e Atriz. Apresentadora do Programa “Alkimia do Ser”, Mestre em Teoria seu significado.UNIANDRADE/PR, Psicóloga Junguiana diante: especialista em Marketing e Propaganda ESTÁCI Menosprezamos a sua feminilidade. E agora... a escolha de nossos objetivos, Envergonha-se da sensualidade; ao perseguir nossas metas, 124

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FOCCUS ao cultivar nossas idéias, à colher nossos desejos. Ao harmonizar, novamente, a nossa essência feminina. Nesta revista especial em celebração ao dia da Mulher. Questiono como será: Ser Lunar nesse Mundo Solar, atualmente? Para responder essa questão remete-se a época do culto do feminino da Grande Deusa, em nós: Pois, desde épocas antigas, nós, mulheres, Seres Lunares, somos chamadas assim, por sermos regidas pela Lua. A Lua rege os líquidos, os fluxos, as emoções, a maternidade, a segurança, a alimentação, o estômago, os seios, as marés, e também, as nossas marés internas: o ciclo menstrual, e as oscilações de humor. O eterno fluxo: a infância que é substituída pela adolescência, a jovem à condição de mulher, a gestante à mãe. Ainda inclui a menopausa, que essa maré interna cessa e começa outra fase na vida da mulher. O Culto à Deusa Lua foi outrora à religião dominante em todo mundo. Ela tinha várias faces: Diana, Ártemis, Hécate, Lilith (a Lua Negra, a essência do primitivo feminino em nós) A Deusa era objeto de culto, ritual e sacrifício. As mulheres lhe faziam oferendas para garantir a fertilidade e o bom parto. Algumas vezes a Lua representava a Grande Mãe acolhedora, em Outras, a Destruidora. A condenação de “bruxas” à fogueira na época Medieval foi à última destruição imposta ao Culto à Deusa. Assim, inicia a conversão ao patriarcado, a um Deus Sol e a um Mundo Solar. O Mundo Solar tem a ver com a maneira que a sociedade valoriza o sucesso, resultados e progressos imediatos, em prejuízo de emoções, instintos primitivos e necessidades pessoais. Demonstra como a vida cotidiana na atualidade exige a repressão do lado lunar de outrora, de nosso lado feminino.

da interioridade feminina – Ser Lunar ou da Loucura – Ser Lunático se dá devido ao nível de contato que cultivamos diariamente com o Mundo Interior. Quando promovemos uma separação entre nós mesmos e nosso íntimo – ao fugir dos sentimentos e ao ignorar a intuição – eles se tornam pouco familiares e ameaçadores, ao parecer até se estar próximo à Loucura Lunar. Isso ocorre quando se abandona e não se cultiva o nosso Eu Interior, não se analisa mais e só se vai jogando mais material para dentro ao acaso. Nosso Mundo Interior se transforma num armário bagunçado e abarrotado. Somente com a limpeza e a organização do armário interior se recupera o equilíbrio de nossas vidas emocionais. Nosso Lado Feminino reprimido, na maior parte do nosso cotidiano é, muitas vezes, esquecido e negligenciado por nós. E como não se tem consciência dele, ele não se apresenta de uma forma verbal e racional, nos falando do que precisa, mas sim, se utiliza do subterfúgio do corporal, ao psicossomatizar, ao falar através de nós, ao marcar sintomas em nosso corpo. Não é de se estranhar o aumento sensível de doenças ligadas aos órgãos femininos, bem como a depressão, ansiedade e pânico, que atinge um grande número de mulheres Atualmente, nesta época sombria da pandemia mundial em que vivemos. Podemos concluir que é o lamento da Lua querendo ser ouvida, ao ser atendida em sua essência feminina reprimida, nesse cotidiano Mundo Solar. Questões como essa, que nos indignam e nos faz pensar quanto o papel feminino no cotidiano, entre outras, serão abrangidas, em Março, no programa Alkimia do Ser aqui no Canal Cultive. Aguarde, desde já, essa novidade...

Porém, o Lado Feminino mesmo reprimido não deixa de existir, como muitas de nós gostaríamos de acreditar. Ele é sufocado em prol de uma aceitação neste Mundo Solar competitivo, somente ao ser utilizado nos papéis atribuídos socialmente às mulheres como: Mãe, Esposa e Filha. A diferença Revue Cultive - Genève

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Academia Feminina de Letras do Paraná

Após longo período de estudo, foi fundada a Academia Feminina de Letras do Paraná em 25 de novembro de 1970. A reunião oficial da fundação realizou-se no auditório da Biblioteca Pública do Paraná em 27 de maio de 1971. A Academia foi reconhecida de Utilidade Pública pela lei nº 4853 de 08.05.74 da Prefeitura Municipal de Curitiba e nº 6678 de 13.06.75 do Estado do Paraná. Para a AFLP, Pompilia sonhou sonhos lindos, cultivou práticas e valores para que a língua portuguesa, o culto e o estudo da língua nacional pudessem acontecer em seus múltiplos aspectos. Nossa fundadora mergulhou no passado e com ele viveu dia após dia, durante longas noites, a fim de resgatar da tradição francesa a composição, os estatutos,

por: Cassia Cassitas De uma estratégia surgida entre acadêmicos da Academia Paranaense de Letras, então composta apenas por homens, surgiu a Academia Feminina de Letras do Paraná. Pompilia Lopes dos Santos foi eleita a primeira presidente e patrona da cadeira de número 39. Alguns anos depois, ela somaria mais uma realização em sua trajetória: se tornaria a primeira mulher a ingressar na Academia Paranaense de Letras. A estratégia capitaneada pelo jornalista e escritor Raul Rodrigues Gomes, com o apoio dos acadêmicos Oswaldo Pilotto e Dr. Barreto Coutinho, foi estimulada pelo poeta Vasco José Taborda, então presidente da Academia Paranaense de Letras, e se mostrou acertada.

AFLP - presidentes Isabel Sprenger Ribas Zuleima Magaldi os regimentos que uma Academia de Letras deveria contemplar. Para que as conexões pudessem se estabelecer, se espalhar e sustentar as palavras, ela selecionou artistas, cientistas, educadoras, mulheres empreendedoras e sábias, que souberam entender o seu tempo e realizar para serem nossas patronas.

Cassia Cassitas - presidente da AFLP 126

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Pompília Lopes dos Santos exerceu a presidência por 10 anos. Em 11 de outubro de 1980 assumiu a presidência Selene Amaral Di Lenna Sperandio, tendo ocupado esta honraria por 15 anos. Em 22 de novembro de 1995, assumiu a presidência Luiza Steudel Iwersen, ficando no cargo por 9 anos. De 2004 a 2018, Lygia Lopes dos Santos, filha da presidente fundadora, dirigiu a instituição. Em 2019, recebeu o título de Presidente Emérita. Isabel Sprenger Ribas a sucedeu no ano de 2018,


FOCCUS passando o cargo a Zuleima Magaldi cuja gestão se estendeu até 2020. Em março de 2020, ano do jubileu de sua fundação, Cassia Cassitas foi eleita presidente. Março de 2020 nos surpreendeu. Então, decidimos que “Se o mundo nos quer reclusos, que seja entre palavras que encantam, confortam e edificam” e nos dipusemos a “ler, escrever, libertar as palavras guardadas para o nosso tempo”

cultura e educação, nos centros comunitários, nas universidades, nas ruas. E tudo isso com muita poesia. Cabe a nós cumprir a agenda que se impõe.

O mês de abril se foi sem reuniões, mas com muitos encontros. Entendemos que “O recolhimento pode se revelar um poderoso aliado das verdades que nos forjaram tal qual somos. Não, não basta ajudar. É preciso dividir. Opiniões, obrigações, orações. Se por todos os lados urge fazer, com amor o peso se vai, a satisfação se instala, o encontro se torna um prazer”. “Enquanto a névoa de maio relaxava nos ombros dos parques, ônibus e telhados, nos sentamos para escrever.” Afinal, “As palavras são nossas flores. Semeamos ideias para dissipar as nuances cinzas das sombras que mantêm adormecidos os sentidos, e despertar o que será.” Junho nos encontrou unidas, aquecidas pelo sol da esperança. “Ao longo da história, literatura e filosofia apoiaram a humanidade diante das impossibilidades do caminho. Nesses momentos, é preciso acreditar no impossível, no invisível, no indizível para ultrapassar as dificuldades; é preciso compartilhar pensamentos, espalhar poesias, contar estórias para disseminar o amor. A leitura nos revela o outro, e nos torna do tamanho do universo”.

AFLP Lygia Lopes dos Santos Para celebrarmos todo o trabalho que foi e vem sendo realizado, elaboramos uma agenda comemorativa que se estenderá até novembro de 2021. Literatura, cinema, sociologia, teatro, filosofia, jornalismo. Será um ano de Acadêmicas em Ação. Visite nosso site, acompanhe nossas atividades nas redes sociais, participe das lives!

Cassia Cassitas presidente Academia Feminina de Letras do Paraná Facebook: https://www.facebook.com/AcademiaFemininaDeLetrasPR Em julho, decidimos comemorar O jubileu da AFLP Instagram: @academiafemininadeletraspr ao longo do ano de 2021. Serão muitas atividades Site: https://academiafemininade7.wixsite.com/wepara celebrarmos os ideais, as realizações, as per- bsite/início sonalidades dessa história emocionante de transformação. Desde o início, o objetivo da Academia Feminina de Letras do Paraná é o culto e o estudo da língua nacional em seus múltiplos aspectos: científico, histórico, literário e artístico, através de conferências, palestras, cursos, seminários, livros, jornais e revistas. Ao longo de seus 50 anos, a AFLP vem agregando escritoras premiadas, dedicadas e realizadoras. Somos administradoras, educadoras, poetisas, cientistas, psicólogas, advogadas, sociólogas, autoras de romances, peças teatrais, produtoras culturais, atuando nas secretarias de Revue Cultive - Genève

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Editora Cultive divulgando os autores brasileiros na Europa

Publicações Traduções Diagramação Revisão Divulgação Isbn suíço Registro bilioteca Nacional Suíça Romance Contos Poesias Livros de Arte Livros Infantis Albuns personalizados Publicações comemorativas Revue Artplus Orientação aos novos escritores Revue Cultive Orçamentos sem compromisso contato: edicaocultive@gmail.com

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INSCRIÇÕES ABERTAS www.institut-cultive.com antologia@institut-cultive.com Revue Cultive - Genève

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dente e Pedro Lopes, como vice-presidente. Na sede da CCM, foram gravados para a TV Comunitária, Canal 6 da NET, o Programa Casa do Compositor Musical, que já contou com apresentadores como Messody Benoliel, Marccodyzio. Ruy Santos, Gina Teixeira, Mauricio Max, Valdeci Alamino, Lucy Ribeiro, Francisco Caldas e Pedro Lopes. Esse programa, que ia ao ar aos domingos, de 2003 a 2019 foi retirado do ar para contenção das despesas e retornará em 2021. A CASA CHEGOU A 636

HISTÓRIA DA CASA DO COMPOSITOR MUSICAL

ASSOCIADOS

A CCM oferece aula de canto e violão administrados pelos compositores Ailton Vasconcelos e Donny Paraná. Às segundas acontece o encontro das compositoras que Gina Teixeira intitulou a noite das Rainhas da Casa do Compositor onde Selma Rios lidera nas suas ausências. Às quartas, as aulas É uma sociedade civil, sem finalidade de lu- de espanhol ministradas pela brasileiro-boliviana cro, com sede provisória na R. Álvaro Alvim, Vanda Sanjines para poderem fazer versões para o 37, salas 702 e 703 – Centro – RJ. Após o idioma castelhano e após, a seresta do pernambufalecimento do Presidente Pedro Lopes a pre- cano Ivan Castanha. Às quintas, o Sarau de Poesia sidente atual é Gina Teixeira, cantatriz, poeta, comandado pela brasileiro-portuguesa, a escritofocalizadora de Danças Circulares e Auditora ra Hana Ramalho e às sextas a roda de samba é da Receita Federal aposentada. dirigida pelo paraibano Ailton Vasconcelos junto com o Maestro das Ruas Dudu Fagundes que Havia os poetas da calçada que se reuniam está Vice-Presidente. A CCM já fez lançamento na Rua 13 de Maio, no Centro da cidade, para dos seus CD´s no Clube de Engenharia, Cordão tocarem e cantarem suas composições. Hoje, no da Bola Preta, Clube Ginástico Português, Amamesmo local, há um beco chamado TRAVESSA relinho, Associação Brasileira de Imprensa, Clube POETA DE CALÇADA, em homenagem a eles. dos Subtenentes e Sargento do Exército, Memórias do Rio , Sindicato dos Químicos, Felicitá Pub, no Pedro Lopes e Barbosão, (Benedito Barbosa), cria- Bloco Confraria Boêmios da Lapa e no Palco Lapa ram na época, a Associação dos Compositores de 145. Calçada. O primeiro assumiu como Presidente e o segundo como vice-presidente. Barbosão deu Gina Teixeira e Regina Si, compositora, cana ideia do nome desta associação ser "A Casa do tora e proprietária do Palco Lapa 145 Compositor Musical", sendo inaugurada com uma CONTATOS: TELS.: (21) 2220-4911, 99621festa no Centro Cultural da Mangueira com 60 4284 (Gina Teixeira) sócios fundadores, ficando Barbosão como presiA Casa do Compositor Musical foi fundada em 07 de outubro de 2001 com a finalidade de fazer parcerias e ser um point de encontro dos compositores de 2ª a 6ª feira.

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O Espaço Cultive Espaço Cultive é um anexo da bilioteca Iniciativa situada no povoado de Bom Lugar na Cidade de João Lisboa no Maranhão. A Biblioteca faz parte da pastoral da Educação da Paróquia Santa Mãe de Deus e é dirigida, e organizada pelo padre Ernane.

Institut Cultive Brésil Suisse (ICBS) Valquiria Guillemin estará presente na cerimônia através da internete. Confirmaram presença na cerimônia os seguintes membros do ICBS: Paulo Bretas, Chris Herramann, Roberto Diniz, Maria José Esmeraldo Rolim, Maria Inês Botelho, Gabriela Lopes, Eluciana Iris, Leci Queiroz.

A cerimônia será transmitida pelo Canal Cultive às Tomando conhecimento desse belíssimo 15h30 hora do Brasil. projeto cultural, a presidente da Cultive Valquiria Guillemin decidiu patrocinar a Uma vez terminada a construção continuaremos a construção de uma sala para proporcionar companha de doação de livros para a biblioteca. atividades educacionais e orgainzar mais li- Todos os gêneros de literatura, inclusive livros tévros. O apoio e o patrocinio a esse projeto cnicos e enciclopéé um engajamento que atende os objetivos dias são bem-vindos. primordiais da Cultive. desejar A construção da sala terá inicio na próxima Quem doar livros, envie semana dia 14 de junho de 2021. A obra será dirigida e coordenada pelo Padre Ernane. para o enderêço: A/C de Maria do O Espaço Cultive à a continuidade de uma Socorro Conceiproposta estabelicida nos objetivos da Cultive: leva cultura e promover a educação nos povoados desfavorecidos do Brasil. O lançamento da pedra fundamental desse projeto em parceria com a biblioteca será realizada em cerimônia oficial nessa sexta feira dia 14 de junho 2021, com a presença, in loco, do Padre Ernane e convidados locais do povoado de Bom Lugar. A presidente do

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Foccus bas do Estado de Pernambuco Brasil e promovendo eventos em Angola, recentemente realizamos um Concurso Literário categoria “Melhor Poema Angolano” enaltecendo os poetas daquele país, bem como ações solidárias. Criamos dois Núcleos Chá da Vida Angola, o primeiro na cidade de Saurimo representado pelo Coordenador Alegria Mauro Manuel, no dia 20 do corrente mês o Lar 1° de Dezembro que abriga 67 vidas entre crianças e adolescentes localizado nesta cidade foi contemplado pelo Projeto Chá da Vida Brasil, que ofereceu um Natal cheio de felicidades com entrega de donativos, alimentos, brinquedos, sandálias e um garbo almoço para todos do Lar 1º de Dezembro. O Projeto contou ainda com a colaboração do empresário angolano Casimiro Simão Quiala que não mediu esforço em contribuir com o Projeto Chá da Vida Angola doando donativos e um piano para escolinha de música para o Lar.

PROJETO CHÁ DA VIDA BRASIL O Projeto Chá da Vida tem como objetivo promover a valorização da cultura artística literária e musical em países lusófonos através do podecast em duas versões

O segundo Núcleo está localizado na cidade de Uíge e coordenado por Moises Kudemuena. A partir de janeiro realizaremos o segundo Concurso Literário categoria “Melhor Poema Angolano” e uma outra ação solidária, dessa vez em um asilo de idosos para região de Uíge. Quanto ao Concurso Literário Concurso Literário Categoria Melhor Poema Angolano realizado na região de Saurimo Angola pelo Projeto Chá da Vida Brasil. Cantinho do Bar Espaço Literário e Cantinho do Bar em Palco. O Projeto agrega ações solidárias apoiando mensalmente como doador oficial a Organização Humanitária Médicos Sem Fronteiras; realizando ações em doações de cestas básicas para comunidades carentes da Zona Rural Cacim132

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Foram oito poetas angolanos selecionados que participaram do concurso pelo Podcast Cantinho do Bar Espaço Literário, eles deram suas entrevistas literárias apresentando cada candidato seus poemas e avaliados por uma banca examinadora


Foccus formada por três escritoras brasileiras Alda Maria né Bissau especialmente Angola. Sempre conecdo Estado de MG, Hilza Barranco do Estado de SP tados ao nosso podcast Cantinho do Bar Espaço e Carmem Soek representando o Estado do Pa- Literário. raná. ATO – 03 Quanto a premiação: Cânticos dos Hinos Cântico do Hino Nacional Brasileiro, à capela pelo 1° 17.000,00 kwanzas – Poeta Piedade Manuel Grupo Raiz Coral. 2° 10.000,00 kwanzas – Poeta Cláudia Ficale 3° 8.000,00 kwanzas – Poeta Gerlina Emília Cântico do Hino Nacional Angolano, à capela pelo Grupo Angola Avante. 1000,00 kwanzas para os demais participantes. Hupomone Vilanova Fundador do Projeto Chá da Vida

Cerimonial da Premiação dos Melhores Poemas Angolanos. Podcast Cantinho do Bar Espaço ATO - 01 – ABERTURA OFICIAL Hupomone Vilanova – Mentor do Projeto Chá da Vida – Brasil Escritora Carmem Andrea Soek – Paraná - Brasil ATO – 02 REGISTRO DE PRESENÇA Presidente da Associação Cultive – Genebra – Suíça Escritora Valquíria Imperiano. Coordenadora Chá da Vida Núcleo Portugal Região – Amadora - Helena Ferreira Coordenador Chá da Vida Núcleo Angola Região de Saurimo - Escritor Alegria Mauro

ATO – 04 Palavra da Coordenadora Chá da Vida Núcleo Portugal Região - Amadora Helena Ferreira. Palavra da Coordenadora Chá da Vida Núcleo Angola Região - Saurimo -Alegria Mauro Manuel. Palavra da Coordenadora Chá da Vida Núcleo Angola Região - Uíge - Moises Kudimuena. ATO – 05 Poema “CARTAS AO REI” de Fridolim Kamolakamwe. ATO – 06 Declamação da Reflexão Chá da Vida 455 – Somente a Fé, pela Escritora Luh Veiga (DF- Brasil) Do Livro Sozinho Mas Não Só – Hupomone Vilanova. Tradução da Reflexão Chá da Vida 455 – Somente a Fé em Kikongo pelo Escritor Moises Kudimoena – (Uíge – Angola). ATO – 07

Coordenador Chá da Vida Núcleo Angola Região de Uíge - Escritor Moises Kudimoena. Poeta do Cantinho do Bar Espaço Literário Juá Duceará – Juazeiro do Norte – Brasil. Psicóloga Junguiana Carla Ramos Apresentadora do Cantinho do Bar Alkimia do Ser. Paraná – Brasil. Senhor Casimiro Simão Quiala - Empresário da Gráfica do Leste e da Empresa de Telecomunicações C.S.T.Q. Participação dos ouvintes do Brasil, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Gui-

E-mail: congresso@institut-cultive.com Revue Cultive - Genève

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ENTREGA DE CERTIFICADOS

Poeta Teodoro Amilcar pela Escritora Hilza Barranco (SP- Brasil) Poeta Ramiro Gomes pelo Escritor Moises Kudimuena (Uíge – Angola) Poeta Jeremias Venturas pela Escritora Luh Veigas- (DF- Brasil) Poeta José Munhongo pela Escritor Moises Kudimuena (Uíge – Angola) Poeta José Nginga pelo Escritor Alegria Mauro Manuel (Saurimo- Angola) Entrega de Certificado “Amigo do Projeto Chá da Vida Brasil” Ao senhor Casimiro Simão Quiala - Empresário da Gráfica do Leste e da Empresa de Telecomunicações C.S.T.Q – Onde não mediu esforços em colaborar com o Projeto Chá da Vida – Angola na cidade de Saurimo. É de enaltecer sua magnífica doação de um piano para o lar 1º de Dezembro na cidade de Saurimo - Angola. ATO – 08 ENTREGA DA PREMIAÇÃO PARA OS TRÊS POEMAS VENCEDORES 3ª Posição Gerlina Emília - Poema “chá da Vida”. 2ª Posição Claudia Ficale – Poema “Ngola” 1° Posição Piedade Manuel – Poema “ Enre Acerto e Erros” ATO –09 Apresentação do Poema Vencedor. Lar 1º de Dezembro – Saurimo Angola

Poema Vencedor

Entre erros e acertos (Piedade Manuel) Apenas sou ser humano Que acha que gritando será ouvido Que ao impor será respeitado Sou Apenas carne e osso querendo ser compreendido O suícida Não quer acabar com a vida Apenas quer acabar com a sua dor Ele encontra na morte conforto, uma nova cor e um 134

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novo sabor O bebâdo só quer esquecer Esquecer suas misérias, suas mazelas Ele faz da bebida a única razão para viver Quando todos o viram as costas O mundo é uma droga O homem quer vitamina Mas a vida dá-lhe maconha, eroina e cocaína Para mim até a prostituta É uma linda e bela cinderela Que faz da rua sua passarela ela não vende o corpo Ela só quer vestir o osso E matar a fome que a ata até ao pescoço O que para muitos é lixo Para o mendigo é luxo O ser humano não quer muito Nem nobel ou oscares...eu sinto Que apenas só quer ser compreendido O homem apenas deseja ser amado Na verdade o homem foi à lua Pois busca fugir da sua realidade crua e nua E hoje(...) procura ir a marte Pois a todo custo, a todo vapor quer livrar-se da morte O velório é a única festa que o homem quer terminar O homem só quer parar de chorar O cemitério é o único território que o homem sonha em governar O homem só quer acordar e respirar Sorrir e correr O homem não quer muito, apenas viver. Piedade Manuel Poeta das s7te vidas A quarta divindade


Participe do Congrés Cultive Internationnal Culturel de la Femme

Do 26 ao 28 de novembro 2021 CLIC E-mail: congresso@institut-cultive.con

CONVITE O Presidente da União Brasileira de Escritores-PE, Renato Siqueira, e a Vice-presidente Lucia Sousa e organizadora da 3ª Edição da “Antologia Quarta às Quatro”, em nossa sede todas as quartas-feiras, no horário das 4 horas, convidam você, escritor, a participar dessa obra. Uma analogia ao programa Quarta às Quatro. Contatos para informações através do e-mail: antologiaquartasasquatro.ube@gmail.com

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Foccus forma eles procuravam observar as plantas mediciENTREVISTA COM DAUÁ PURI nais que podiam ser colhidas nesse período, esse Métl’on Puky contato com o conhecimento da posição das estrelas sempre vão estar muito presente na construção Eu sou Dauá Puri, daqui do Rio de Janeiro, meu da relação com a natureza e com os tratamentos povo e minha família vem dessa região da zona da de cura. Já o processo de plantio, tecnologia que mata, de Paraíba do Sul, Paty do Alferes, Avelar vem sendo desenvolvida já na atualidade com os né, essa é a região da minha origem Puri e com a Puris que mantém essa cultura lá na Serra do briminha avó que a gente aprendeu bons ensinamen- gadeiro e algumas regiões, eles voltam afirmar tos sobre a vida. que mantém a tradição dos conhecimentos dos antepassados, o que plantar, como plantar, aonde *O Povo da etnia Puri pertence ao tronco linguís- plantar né, sempre procurando compreender as tico Macro-Jê, e segundo o último censo do IBGE melhores opções de plantio tanto para alimentação (2010), foram registrados 675 autodeclarados Puri, quanto para os tratamentos. com a maior parte no Estado de Minas Gerais.   Como era a relação com a natureza? Sempre foi muito de respeito, cultuando as árvores e as ervas medicinais para tratamento do corpo, das doenças, e também como abrigo do sol no período de calor, o nosso povo geralmente não andava depois das 11 horas, ele ia para debaixo de uma árvore e procurava conversar e esperar o sol baixar. Então as árvores sempre estavam muito ligadas ao dia a dia do Puri, e mais próximo da água possível, vivendo à beira dos rios e se alimentando ali também, dormindo perto dos Córregos, dentro das cavernas, das locas de pedras como se dizia. Um respeito muito grande que nós temos, nos chega até uma história que diz que nosso povo não andava de noite na floresta, pois ele entendia que naquele momento a meia-noite a floresta dormia e as árvores precisavam descansar. Então um cultuar sempre muito intenso dessa convivência direta com a natureza que alimenta, que abriga, que cura, que acalenta, a saudação ao sol, a saudação à Lua, ao fogo, aos elementos, nos cantos ao redor das fogueiras e celebrações, de vitórias, de funeral, de nascimento e de conquistas. Como utilizavam o conhecimento empírico e a leitura do céu em suas atividades produtivas (plantio, colheita)? Com relação a esse ritual de recolhimento logo que o sol baixava, alguns rituais a beira do fogo, aonde se observava as estrelas nós temos algumas indicações que falam que os Puris acreditavam que vinham das estrelas e também vamos ter no nosso dicionário a nomeação de diferentes estrelas e das diferentes luas, lua cheia, a lua minguante, dessa 136

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Como era a divisão do trabalho entre homens, mulheres, crianças e idosos? A divisão do trabalho era sempre o homem na caça, as mulheres cuidando das Crianças, alimentação, vestuário e algum artesanato, e os idosos contando histórias para as crianças eles sempre ficavam em alguma pedra esperando que o grupo passasse, que na realidade o povo sempre estava em deslocamento com isso os idosos não acompanhavam, ficavam em alguma região e quando os outros retornaram Eles podiam manter o contato com aqueles mais velhos que Ficaram para trás Como o grupo se comportou na chegada do conquistador europeu no início da colonização do Brasil? A princípio era um despertar de interesse, de conhecer aquelas coisas diferentes que eram os europeus que chegaram aqui a curiosidade de entender, de saber como é que era aquelas pessoas brancas, daquela cor, aquelas roupas todas mas depois, com o passar dos contatos vem a grande decepção né, em função da exploração que os colonizadores tentaram impor, que na realidade tinha um contato com as ervas medicinais e cabe nos citarmos aqui a questão da poaia que é uma erva medicinal que o Puri usava e que ele colhia para trocar com os europeus e ela se tornou o primeiro produto de exportaçao aqui na nossa região Sudeste. Na realidade em todos os tratos que ele vai encontrar no seu contato ele vai se decepcionar tanto que existem várias histórias com relação a revolta dos Puris em que nunca foi respeitado os tratos que fizeram com os nossos antepassados.


Foccus Nós vamos ter a revolta de Ouro Preto, do Rio de Janeiro na construção dos Arcos da Lapa e outras tantas revoltas que aconteceram, o objetivo das expedições era fazer o contato para aprisionar os indígenas e com isso o Puri não aceitava, e quando eles conseguiam persuadir um grupo eles chegavam nesses locais que eles chamavam de Aldeia ou aldeamento prisional eles dividiam as famílias, o marido da mulher, das crianças e com isso causavam uma grande revolta do povo. Como está a situação social, econômica, de saúde e cultura desse grupo nos dias de hoje? Quando nós conseguimos realizar esse trabalho de pesquisa indo à Juiz de Fora, Araponga, Viçosa passando por Ubá também nós vamos encontrar o registro dos puris trabalhando lá no meio do campo, lá eles criaram uma sobrevida muito interessante, criaram um sindicato conseguindo desenvolver uma condição social bem mais interessante para esses remanescentes dos Puris da região e também criaram uma escola sendo que essa região vem ser um dos últimos redutos né que o povo é imigrou para poder fugir das explorações dos Bandeirantes, com relação à saúde é um povo bem cuidadoso né mantém uma tradição de uma

alimentação bem ligado às raízes, as frutas, mel e caça, então tem uma saúde boa, nós vamos ter algumas deficiências com relação à saúde mental em função desse massacre e perseguição que foi imposta ao nosso povo desde 1808 até o início de 1900 mais de 100, quase duzentos anos o povo fugindo dentro das matas, em 1808 o Governador Augusto de Vasconcelos decretou a caça aos Puris e botocudos. A situação cultural manteve-se ao longo do tempo uma tradição que foi a dança de caboclo aonde vamos encontrar essa manifestação nos grupos da Cidade de Araponga, Jurandir Puri desenvolve lá relembrando os seus pais e também os mais velhos dos tempos antigos e nós então a partir desse contato que tivemos saindo do Rio de Janeiro e indo pesquisar em Araponga podemos trazer essa língua Puri o canto para região Sudeste E aí então nos dias de hoje nós estamos produzindo arte cultura literatura canto dança histórias em já temos mais de de 500 ou mil Puris contactados tanto aqui quanto fora do Brasil e aí então nós vamos ter a página do grupo no Facebook a criação do grupo movimento de ressurgência Puri e atualmente também estamos participando do Conselho Estadual dos direitos indígenas do Rio de Janeiro.

Artplus n°2

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Viagem Histórica original. Talvez, isso explique a ampla difusão da arte de copiar dos chineses. Na China, a cópia é natural. Xue (segundo tom) é uma palavra que ilustra bem o assunto. Esse termo pode ser traduzido como estudar ou aprender, ou ainda como a ação de copiar alguém. André Cheng, no livro A Prática da China, menciona a dificuldade de abolir a cópia, pois isso implicaria condenar também o aprendizado. Em relação à pintura, conceitualmente, para o chinês ela é uma continuação da escrita e exprime aquilo que a linguagem não alcança, podendo ser classificada também como a finalização da escrita.

Artes e artesanato CHINÊS POR REGINA NAEGELI Pintura Desde a dinastia Shang, no século 16 a.C., os afrescos já decoravam as tumbas, os templos e os palácios na China. Apreciadores das artes plásticas, os chineses se interessaram por essa forma de expressão, seja por meio do papel e dos tinteiros – caligrafia –, seja com a utilização de pincéis, tintas – pinturas. O interesse pela poesia veio mais tarde. Tanto na pintura como na caligrafia, o artista reconhecido é aquele que pinta “na- turalmente”, ou seja, sem esforço, uma vez que “a arte emana das entranhas do ser”. Outro detalhe curioso é que o artista chinês jamais desenvolve seus trabalhos a partir da própria imaginação e sim da memória. Em outras palavras, considera-se que o valor do artista está na capacidade de copiar e imitar os grandes mestres antepassados. É por essa razão que, na China, vemos à exaustão os mesmos quadros de flores e paisagens por onde quer que passemos. Os quadros são os mesmos, porém com interpretações diversas. Essa técnica visa, antes de tudo, atingir a perfeição do traço. Para eles, uma imitação perfeita é apreciada por suas qualidades técnicas tanto quanto a obra

Vale lembrar ainda que o artesanato chinês não se restringe apenas à pintura. Ele é riquíssimo em variedade e espetacular pelo nível de detalhes e o grau de sofisticação com que as peças são confeccionadas, destacando-se o bordado em seda; a cerâmica e a porcelana; as esculturas e adereços em jade – pedra ornamental –; as peças em cloisonné, como aqueles vasos e pratos tipicamente chineses decorados por desenhos com vários pequenos compartimentos preenchidos com uma pasta de esmalte vitrificado; a arte da laca – espécie de verniz natural extraído de plantas –; a tapeçaria; o batique, técnica de tingimento em tecido artesanal; a arte feita em papel recortado, os chamados papercuts ou jianzhi ; as pipas; entre tantas outras formas de artesanato.

Seda A seda foi introduzida na China também na dinastia Shang, tornando-se objeto de intenso comércio entre o Oriente e o Império Romano. Os chineses conseguiram manter o monopólio do cultivo da larva da seda até o século 2 a.C., quanRevue Cultive - Genève

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Viagem Histórica do o segredo ultrapassou as fronteiras chinesas em direção à Coreia e ao Japão. Tempos depois, um monge permitiu a exportação e a difusão dessa técnica para o Império Bizantino e, a partir daí, ela ganhou o mundo. Na China, a técnica de fabricação da seda existe desde as dinastias Tang e Song, que juntas abrangeram do século 7 d.C. ao século 11 d.C., e a produção da seda con- centrava-se na região oriental, mais precisamente nas cidades de Hangzhou, Suzhou e Nanquim. Em Nanquim, há um museu, denominado Museu do Brocado, que até hoje fabrica a seda como na época dos imperadores: quatro centímetros por dia em uma jornada de oito horas de trabalho. A profissão é passada de pai para filho. Na linha de produção, ficam duas pessoas em cada tear: uma responsável pela mistura de cores e a outra pelo padrão, ou seja, o desenho que a peça vai exibir quando finalizada. Trata-se de um verdadeiro espetáculo para os olhos: de um “emaranhado” de fios de seda, surgem tecidos de pura riqueza. Também fiquei muito bem impressionada quando visitei uma fazenda de criação de bicho-da-seda. Foi uma experiência única, pelo menos para mim que não fazia a menor ideia de como se dava o processo de produção da seda. A fazenda era inteiramente rodeada por plantações de mulberry ou Sangshu – amora –, de onde provêm as folhas que servirão de alimento para os bichos- -da-seda. A amoreira cumpre a função de alimentar esses animaizinhos mágicos, os quais se acomodam em longas prateleiras para receber seu alimento favorito. Parece um grande dormitório de colégio interno, com inúmeras camas no estilo beliche.

ma não acreditaria se não tivesse presenciado. Os galpões são extremamente silenciosos, ficando apenas o zumbido da comilança. E que comilança! Depois que o bicho-da-seda atinge o tamanho desejado, ele está pronto para entrar na “linha de produção” propriamente dita. O processo é longo e complicado. Com um casulo de bicho-da-seda, é possível produzir de 600 a 700 metros de fio de seda, podendo atingir a marca de 1.300 metros. Na Índia e no Vietnã, países onde a produção desse artigo também é largamente difundida, somente se consegue produzir entre 100 e 200 metros de

fio de seda, em razão das elevadas temperaturas. O clima é tão quente nesses países, que os bichos-da-seda não conseguem alimentar-se por mais de 18 dias, ficando, assim, muito pequenos. Já na China, esse período sobe para 28 dias; em tempos remotos, graças às condições climáticas, de um único casulo era possível produzir 5.000 metros de fio de seda. Imagine o tamanho do casulo! Provavelmente, devia ser maior que um ovo de galinha. Cerâmica e porcelana

Na China, foram encontrados, às margens dos rios Amarelo e Azul, vestígios de cerâmicas que datam de 7.000 a 8.000 anos, sugerindo que a história desse artefato re- monte ao período neolítico – 5.000 a.C. a 3.500 a.C.

Enquanto os bichos-da-seda estão no período dito “de engorda”, devem ser protegidos de ruídos, exposição a odores fortes, poluição e variações climáticas excessivas. Segundo experts, se a China não parar de poluir, no futuro, infelizmente a produção de seda pura será inviabilizada. Ao longo dos anos, os chineses foram aprimorando sua técnica até chegarem à cerâmica revestida, Uma curiosidade: acredite você ou não, o bi- utilizada para impermeabilizar, e, mais tarde, tamcho-da-seda faz barulho enquanto come! Eu mes- bém empregada com fins decorativos. Jingdezhen, 140

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Viagem Histórica na província de Jiangxi, situada no leste da China, é a principal região dedicada a essa atividade.

ideal para madeira e bambu.

Os vestígios da fabricação e do uso da laca também remontam ao período Em relação à porcelana chinesa, seu comércio foi neolítico. A técnica consiste em colocar largamente difundido pe- camadas finas desse verniz natural sobre o objeto los paí- ses europeus, que que se pretende decorar e deixá-las secar em amaprimoraram ainda mais biente quente e ligeira- mente úmido. As camadas a técnica original. Um dos são sobrepostas uma a uma até se atingir o resuldestaques na China é o tado desejado. trabalho conhecido como Casca do Ovo ou Egg No fim da era dos reinos combatentes – 403 a.C. Shell. A porcelana é tão a 221 a.C. –, a laca já era utilizada para confecciofina que se torna translúcida e podemos enxergar nar caixas e pratos de extrema leveza. Mais tarde, através dela. Além disso, quando tocada, possui esses artefatos passaram a ser esculpidos com uma sonoridade semelhante à do cristal. facas, originando desenhos incrivelmente detalhaPara os chineses, “a porcelana é branca como o dos, e até hoje existem fábricas nas quais os objade, brilhante como o espelho, fina como o papel jetos de laca ainda são fabricados dessa maneira. e ressonante como a campainha”. Cloisoneé Jade O jade é a pedra chinesa por excelência e pode ser tão precioso quanto o diamante ou a esmeralda. Apresenta amplitude de tons que vão do branco ao verde, sendo en- contrado até mesmo na cor violeta. Pode atingir preços altíssimos, por isso é largamente copiado com imitações quase perfeitas. De fato, é difícil para um leigo reconhecer a pedra verdadeira de um pedaço de plástico e resina. Ao jade era atribuída a qualidade de prolongar a vida, por isso durante muito tempo somente os imperadores tinham acesso a essa pedra, o que começou a mudar a partir do século 18. Por sua importância, há um item específico sobre a cultura do jade. Laca A laca é uma seiva leitosa encontrada em algumas árvores originárias do Oriente. Por se tratar de “goma de resina” dura e impermeável, com alta resistência a tombos, ba- tidas e arranhões, é considerada a proteção

A China também é conhecida pelas peças em cloisonné, antiga técnica de decorar objetos de metal. Estes podem ser trabalhados e decorados de diversas formas, utilizando-se esmalte, fios de ouro, prata, pedras etc. A produção de objetos em cloisonné foi largamente difundida na China e atingiu seu apogeu durante a dinastia Ming, no reinado do imperador Jingtai, que durou de 1450 a 1457. Como nessa época a maioria dos objetos eram fabricados em azul, o trabalho passou a ser chamado de Jingtailan, junção do nome do imperador, Jingtai, e da expressão lan, que significa azul. Foram os franceses que ocidentalizaram o nome da técnica, passando a chamá-la de cloisonné. O trabalho dessa técnica de artesanato consiste na Revue Cultive - Genève

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Viagem Histórica colagem de lâminas meticulosamente desenhadas camadas. Além das botas de esqui, usava duas que são depositadas sobre objetos de bronze ou meias grossas. Protegi as pernas com um verde cobre. Após a finalização do desenho, os espa- dadeiro arsenal antifrio: uma meia-calça e uma ços vazios são cobertos por um esmalte especial calça colante “extra-calor”, como se fossem ceroue levados ao forno. Uma vez concluída mais essa las; uma outra mais comprida; e, por cima dela, a etapa, os objetos passam, então, pelo polimento calça de esqui propriamente dita servindo de “casfinal. quinha”. Já na parte do corpo que fica do abdome para cima, mais quatro camadas: duas daquelas Existe em Pequim, próximo ao Palácio de Verão, espécies de ceroulas “extraquentes”, duas blusas uma fábrica onde esses objetos ainda são produ- de gola alta, casacão para frio polar, além de cazidos artesanalmente. As diversas etapas do pro- checol, gorrinho e dois pares de luvas, uma de lã e cesso podem ser acompanhadas de perto por uma outra impermeável na parte superior. multidão de turistas do mundo inteiro, seguidos de guias que se comunicam em diversos idiomas e Parece até que fiquei morrendo de calor embalsaacotovelam-se tentando explicar como cada vaso, mada dentro de tudo isso, não? Infelizmente, não. cada prato e cada objeto são confeccionados. Se houvesse a mínima possibilidade de colocar umas outras camadinhas... Nem que fosse pano de prato, lenço de nariz, pano de chão, qualquer coisa que esquentasse, teria sido bem-vindo. Tudo teria sido válido! Ainda bem que sou obediente e segui ao pé da letra a recomendação da guia que dizia: “Coloquem tudo o que tiverem, porque faz frio”.

Marfim e gelo Em termos de arte chinesa, não se pode esquecer de mencionar a técnica de esculpir em marfim, que data da Pré-história, além das esculturas feitas em argila, mas, sem dúvida, uma das maiores atrações são as enormes figuras criadas tendo como matéria prima o gelo. Todos os anos, durante o inverno, ocorre na cidade de Harbin, na província de Heilongjiang, ao norte da China e próximo à fronteira com a Rússia, o famoso Festival Internacional de Gelo e Neve. Trata-se de verdadeira cidade de gelo, construída sobre blocos de água congelada, onde as temperaturas oscilam entre 20 e 30 graus abaixo de zero. Realmente, o frio é de uma escala que desafia a imaginação e tive o prazer de aventurar-me nessa terra em que até pinguim, se falasse, reclamaria do frio e do vento glacial. Quando cheguei lá, alguém viu o dia de sol e disse que a temperatura estava amena: 25 graus abaixo de zero! Eu me senti uma perfeita alcachofra: em 142

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Após a colocação das “camadas” e um breve cursinho intensivo sobre como andar, sentar, acertar o botão da câmera fotográfica sem tirar as luvas, o pânico instaurou-se: e se eu quisesse ir ao banheiro? Como sairia dessa enrascada? Para falar a verdade, não tive problemas; acho que dentro do contexto, até “aquilo” acabou congelando... Na primeira metade do século passado, inúmeros estrangeiros, entre eles russos, japoneses, ingleses e franceses, instalaram-se em Harbin para a construção da ferrovia que liga a China do Norte à Manchúria, à ferrovia Transiberiana e à Russia. A posição de destaque rendeu à cidade o título de “Paris do Oriente”. O contato com culturas diversas resultou num enorme legado, como prédios barrocos e neoclássicos, construções no estilo Art Nouveau, igrejas ortodoxas e católicas. Na atualidade, é verdadeiramente uma pena que a cidade tenha perdido o brilho e, infelizmente, nem mesmo o que sobrou dos tempos áureos possui o seu devido valor reconhecido. Segundo os chineses, o ponto alto da estada em Harbin é a visita à Ilha do Sol ou Sun Island e ao


Viagem Histórica Mundo de Gelo e Neve, o Ice and Snow World. De fato, os dois impressionam pela grandiosidade e pela genialidade.

Eu me perguntei: “Fun? Como? Aonde? Fazendo o quê? Tem um café aquecido?”. NÃOOO... Nem preciso dizer que de nada adiantou a tentativa de explicar que, por maior que fosse a boa vontade Na primeira atração, o Sun Island, inúmeras es- de nossa parte, ficava impossível conseguir um culturas desfilam dentro de um imenso parque mínimo de diversão em tais condições de clima e onde crianças escorregam em tobogãs, bandas de temperatura. Como explicar para a guia que estou música passam, casais dançam no gelo e trenós acostumada com temperaturas que variam de 30 a puxados por cães transportam casais de namo- 40 graus positivos, e não com esses mesmos núrados. As esculturas, por sua vez, são enormes meros na posição abaixo de zero. e fazem alusão a cenas da vida cotidiana, rostos de personalidades conhecidas e ilustres, temas in- Para finalizar, como dizem o franceses, “la cefantis, Buda, enfim, é possível encontrar réplicas rise sur le gateau” ou “a cereja sobre o bolo” foi congeladas de tudo! O negócio é tão sério que, o show de nado na piscina construída dentro do todo final de temporada, é realizado um concurso gelo, onde uns senhores já de idade desfilavam para eleger a escultura mais bonita e imponente. barrigadas atrás de barrigadas em um espetáculo encantador... Aos olhos dos chineses, é claro. Já o Ice and Snow World faz uma reconstituição Realmente, nessas horas percebemos que se trata em gelo de inúmeras obras da humanidade, po- de uma outra cultura. dendo-se encontrar miniaturas do Coliseu; da Muralha da China; da fachada da Catedral de São Tivemos, também, direito a uma visita ao zoológico Paulo, sediada em Macau; de um pagode – templo de tigres siberianos. Existem mais de 700 animais asiático –; da Esfinge egípcia; entre outras constru- dessa espécie espalhados em uma área situada ções lendárias homenageadas por esculturas que dentro de um parque do gênero do Simba Safari, se iluminam à noite. Para que esse espetáculo vi- em São Paulo. sual seja possível, enormes pedaços de gelo são retirados do rio Song Hua, que cruza a cidade, e Entramos em um miniônibus que nos conduziu cortados em forma de blocos ou tijolos. Em segui- pela propriedade e sempre dava uma paradinha da, são colocados uns sob os outros para compor para tirarmos fotografias de todos os ângulos. Em as esculturas. Uma rede de fios e cabos elétricos um dado momento, o motorista perguntou-nos se dispostos engenhosamente no seu interior garante queríamos comprar uma galinha, um pato ou um carneiro para darmos de alimento aos animais. a iluminação noturna. Obviamente, e graças a Deus, tivemos o bom senPor falar em rio, não posso deixa de contar o “pro- so de recusarmos assistir à carnificina. Mas um graminha de índio” do qual participei ou fui vítima conhecido contou-nos que, no dia em que estivera nas proximidades do próprio Song Hua, de onde no parque, a mesma oferta foi feita e o grupo de é retirada a maioria das pedras de gelo para a acompanhantes resolveu comprar um carneirinho. construção das esculturas. Para preencher uma la- Segundo ele, quando entrou na arena, o animalcuna entre o café da manhã e o horário do voo de zinho tremia, não se sabe se de frio ou de medo, e volta, a agencia sugeriu um passeio superinteres- a cena tenebrosa do dilaceramento da pobre presa sante às margens do famoso rio. Como havia pou- acabou por estragar a visita. cas opções, eu e meu marido resolvemos aceitar. Definitivamente, trata-se de uma outra cultura. Para variar, fazia 25 graus negativos com direito a vento. Ao chegarmos, fomos “presenteados” com Papercuts uma corrida de cadeirinha de trenó que, por motivos óbvios, terminou em menos de 5 minutos. Os chineses são peritos em fazer trabalhos artísticos com papercut ou papel recortado. Para tanto, é Perguntamos, então: “E, agora, vamos para o ae- preciso possuir destreza e imaginação. Com aperoporto?” Ao que a guia prontamente respondeu: nas uma folha de papel, uma faca ou uma tesoura, “No, just have fun”, ou seja, “Divirtam-se”. são capazes de criar desenhos impressionantes: flores, figuras humanas, paisagens, pássaros, o Revue Cultive - Genève

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Viagem Histórica que quiserem. Geralmente, após concluída a performance artesanal, eles enquadram entre duas lâminas de vidro transparente para ressaltar as linhas do trabalho. Para um especialista na arte, são necessários apenas alguns minutos para a execução da obra. Para nós, simples mortais, uma eternidade. Mais de uma vez me lancei nessa aventura, mas confesso que minha impaciência impediu o meu progresso.

ra, mas, após a invenção do papel, esse material ganhou preferência pela sua leveza. Dizem que o exército chinês dispunha de pipas tão grandes e sólidas, que eram capazes de carregar um homem fazendo as vezes de espião. De minha parte, encaro essa façanha como lenda. De qualquer forma, de acordo com o livro de recordes em eventos estranhos, intitulado Du Yi Zhi, as tropas do Imperador Wudi, durante a dinastia Liang (464 – 549), foram salvas de ataques inimigos por uma mensagem de SOS enviada em uma pipa. Na China, existem cerca de 300 tipos diferentes de pipas classificadas por seus desenhos e outras especificações: figuras humanas, peixes, dragões, animais, pássaros, máscaras etc. Elas rasgam o céu formando um colorido poético, romântico, alegre e des- contraído. Um verdadeiro espetáculo.

Pipas A introdução das pipas e a arte de empiná-las são eventos atribuídos aos chine- ses. A prática é considerada precursora do avião. No pavilhão aeronáutico do Museu do Espaço, em Washington, há uma placa que informa: “The earliest aircraft were the kites and the missils of China”, ou seja, “As primeiras aeronaves foram as pipas e os mísseis da China”. A pipa é basicamente um brinquedo, mas tem enorme importância na realização de estudos científicos e até mesmo como aparato tecnológico. Em 1782, Benjamin Franklin premiou um cientista americano que desenvolveu um estudo sobre raios e tro- vões com a ajuda de uma pipa. O artefato também pode ser instrumento utilizado por pescadores para servir de isca, ou ainda por fotógrafos, para tirar fotos de pássaros que voam em altitudes elevadas. Hoje em dia, drones (equipamento manobrado por controle remoto) também desempenham essa função. As primeiras pipas chinesas foram feitas em madei144

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Poderia passar capítulos e mais capítulos enumerando todos os tipos de artesa- nato e manifestações artísticas dos chineses, incluindo as lanternas; os bonsais – árvores em miniatura –, sem esquecer da poesia, da música, da literatura e do cinema, que, cada vez mais, tem encantado o mundo. Acrescentaria ainda a arte de fazer fogos de artifício, tema que aprofundo um pouco mais no item dedicado ao Ano Novo chinês. Por fim, cabe aqui o registro dos trabalhos artesanais executados pelas 56 minorias étnicas que vivem em território chinês e são reconhecidas pelo governo. Regina Naegeli nasceu no Rio de Janeiro, mudou-se para a França no início de 1999 e, em 2003, para China, na cidade de NANJING. A experiência e a vivência de quase uma década (2003/2010) na China alimentaram-lhe a ideia de escrever um livro exaltando o exotismo e a diferença cultural desse país, o qual ela acompanhou de perto a transformação e testemunhou situações culturais que a fizeram comparar a China ao ocidente. Dessa observação nasceram dois livros: Destino China-Arte do Tempo, 2014; e Incomparável Xuzhou - Arte do Tempo, 2018.


Viagem Histórica rambular; todavia, não se pode ficar estagnada ou perambular como zumbis em fuga, pois assim, as mulheres se desviarão de seus ciclos naturais e profundos

não pela razão, mas pela dificultosa experimentação do ser, diferenciando-se da “personagem” inútil, pela despersonalização; ou seja, o encontro da consciência (barata) com a realidade clara e última. O símbolo da “paixão”, utilizado por ClaOu seja, o estágio que a personagem G.H. passa- rice Lispector, denota a mais pura intensidade da va era de transformação e busca intuitiva de seu busca de seu eu, em detrimento da “personagem” próprio self. A narradora personagem tateia repleta a qual se havia transformado. É a narradora da de poeira do mundo o qual ela havia estado e do paixão, exaustiva, claudicante, relutante, vivaz, que se havia tornado. Os ciclos, quando ignorados sofrida, embevecida, desbravadora, inquietante, pelo ser humano, uma hora ou outra, explodem ou louca, assim como toda paixão é. G.H. necessiemudecem, causando impactos no eu consciente tava, sim, simplesmente ser, encontrar-se do que ou inconsciente. A simbologia da barata representa havia perdido; mas precisa perder-se para se eno medo, o asco, o nojo daquilo que deverá emergir contrar novamente. do fundo. Todo fundo há lodo, sujeira, água parada, bichos. Assim, é necessário imergir no grotesco, A Paixão Segundo G. H. é uma obra de profuncorajosamente, para suceder a metamorfose tão da ressonância existencialista, e ao mesmo tempo adiada, mas tão nítida e essencial à personagem portadora de um permanente exercício de esvaziaagora. A morte de um eu era necessário para a vin- mento ontológico (quanto ao futuro, apenas o ser da do eu verdadeiro, desconhecido. Até, então, ela pode planejar a autonomia, organizar-se para ela, nunca fora dona de si mesma. criá-la. E uma ação conduzida por esforço próprio, é feita pela personagem G.H.). Portanto, se lida Assim, as pessoas, como G.H. que se permitem detidamente, pode ser considerada uma obra de ser roubadas não são más. Pode-se dizer que são iluminação e de radical ajuizamento crítico sobre a um vácuo, um reservatório de outras criaturas. Per- condição humana. der-se é necessário para achar-se, pois na vida, depois da “morte” acontecerá indiscutivelmente o Isolda Colaço Pinheiro renascimento. Em vida, haverá esses ciclos em Graduada em Letras – UECE busca de entrarmos em contato com nossa ver- Pós-graduada em Semiótica - UECE dadeira personalidade. O isolamento explicita-se Pós-graduada em Psicopedagogia - UVA como iniciação da aproximação reintegrando-se

E-mail: congresso@institut-cultive.con Revue Cultive - Genève

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Anjos inspiradores E

Lançamento no 1° Salão Internacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive

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is uma antologia inspirada por anjos. Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concepção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra. Eis uma antologia inspirada por anjos. Cada autor encontra seu anjo inspirador, que lhe fornece um mote e as ferramentas para concepção e desenvolvimento de obra criativa. Sugerindo espiritualidade, o tema propicia reflexões sobre a essência da vida – transcendendo o lado físico, material – e, por extensão, leva ao reconhecimento de atitudes e comportamentos humanos benfazejos. Nestas páginas, florescem ideias, de espetacular diversidade, abrangendo desde o enfoque do anjo mensageiro divino ao sentido figurado, popular, do cotidiano, encontrado em pessoas aparentemente comuns, mas que, dotadas de virtudes especiais, revelam a capacidade de proteger, apoiar ou beneficiar alguém. Cabe aos autores o grande desafio de expressar o incorpóreo por palavras, valorizando as manifestações espirituais. O instigante tema estimula o exercício da criatividade, característica marcante desta maravilhosa obra. Ney Fernando Perracini de Azevedo Presidente do Centro de Letras do Paraná


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UMA ANTOLOGIA ESCRITA POR ANJOS DAS PALAVRAS Insitut Cultive Brésil Suisse- Art, littérature et solidarité convida-os para partriciparem desse projeto histórico que será lançado no 1° SalãoInternacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive. Antologia Era uma vez um Anjo Por que falar de anjos? Somos autores e não devemos baixar a cabeça diante da situação atual. Levantemos nosso lápis e escrevamos! Nada pode ofuscar nossa criação! Nesse livro você descobre anjos amigos, anjos médicos, anjos entregadores de pão, anjos que mantem a cidade limpa, que mantém o alimento, anjos nos bastidores, anjos que telefonam, anjos que curam, anjos que se preocupam com o próximo, anjos que fazem campanha para ajudar o próximo, nos auxiliam nos nossos afazeres, a melhorar nossa saúde, anjos que cura, que nos ajudam a levantar o moral, anjos que oram, que cantam, que pintam, que encantam, que recitam, que tocam, que se arriscam, anjos poetas, até anjos animais, anjos, anjos, anjos.... Anjos por

toda parte e em todo o tempo ou qualquer lugar sempre presentes. Para esses anjos com asas ou sem asas as homenagens escritas em forma de carta, de poema, de conto, de mensagem de amor. Nesse momento, as reflexões se acumulam. Pensamos mais sobre nós, sobre o outro, sobre a natureza, sobre o que nos afeta e à sociedade. As lembranças ficarão mais suavizadas com o tempo, porém podemos guardar nosso melhor pensamentos desse momento tão emocional que emcontra reflexo nessa antologia histórica que a Cultive publicou. Os seus pensamentos e sentimentos, que vem do passado e que aliviam o coração, uma história do presente da qual você foi protagonista ou vivenciou, ou foi testemunhou são vivências centradas num anjo servindo de apoio, coragem. A leitura é um bálsamo e força para quem se encontra abalado nesse momento de pandemia. Essa Antologia tem asas angelicais com os textos escritos por anjos das palavras. Lamçamento no 1° SalãoInternacional do Livro e da Cultura de Genebra Cultive. Revue Cultive - Genève

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NEWS Publicações das edições Cultive - Lancementos 2021

Regina Naegeli

Max

Autismo em episódios: notas de uma vida ao pé da letra

A brasileira Regina Naegeli nasceu no Rio de Janeiro, em 1960. Trabalhou em agência de publicidade e em veículos jornalísticos de grande circulação até sair do Brasil, em 1999. Morou nos Estados Unidos, na França e na China. Suas experiências na China lhe renderam dois livros: Destino China -Arte do Tempo, 2014; e Incomparável Xuzhou - Arte do Tempo, 2018. Mudando radicalmente de tema, publica agora seu terceiro livro: Max: Autismo em episódios: notas de uma vida ao pé da letra – Editora Cultive, 2020. Onde, além de abordar o mundo do autismo narra episódios do quotidiano de seu sobrinho autista. O livro Destino China é um testemunho da trajetória de uma nação que cresceu vertiginosamente e mudou os rumos do mundo.

No livro Incomparável Xuzhou ela narra a história da cidade através de testemunhos de diversos personagens locais de universos distintos e separados. São eles que trazem à tona a história local através de depoimentos tocantes e autênticos. O que torna esta obra única no gênero. A autora viveu no local durante quatro anos, no período entre 2014/2018. Já no livro Max: Autismo em episódios: Notas de uma vida ao pé da letra a Regina refaz o quotidiano de seu sobrinho Max, portador do transtorno do espectro autista. Entre lagrimas e risadas ela narra episódios desta vida diferente buscando questionar as diversas facetas desta condição dentro de nossa sociedade. Com esta obra a autora, de alguma forma, pretende mudar o olhar a respeito do autismo. E a mensagem que sobressai é a de superação: Ser diferente ou ter alguém diferente na família não é necessariamente um problema, conclui a autora. O livro Max: Autismo em episódios: Notas de

Regina escreve com base em sua vivência uma vida ao pé da letra, que est´å editado de quase uma década (2003/2010) no país. pela Editora Cultive, será lançado no Salão do Ela traça um comparativo cultural complexo e livro de Genebra no mês de abril em 2020. divertido que mostra o quanto o ditado “nem tudo é o que parece” pode ser tão preciso quanto infundado quando se trata do milenar universo de costumes chineses. 148

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NEWS “J'ai lu, relu et vu moi-même. Ça c’est de la poésie, d'une certaine manière on se retrouve dan s une partie même si ce ress entir a été vécu par l'aut re. J'ai de la cha nce d'avoir un poète à mon côté pour m'inspirer et des mots pour éveiller tous mes sentiments..” “Li, reli e me vi. Poesia é isso, de alguma forma, se enc ontrar em algum trecho "nar mesmo que vivid rado" o e sentido pelo outro. Sorte a minha de poeta para me ter um inspirar e com palavras atiç os meus sentimen ar todos tos.” Roberta Bretas

M E D I T A T I O N S

“L'expression des sentimen modération ts de l'âme et trouve la une expression la maîtrise de soi pou r apparaît dan artis tique. Ainsi Haiku, ou devenir poète qui a s l'esprit du poète. Le pouHaiucai, grands mots renoncé à la liberté d'ut voir du iliser des compris se pour s'exprimer et être plei trouve juste écrits. C’est en dehors desnement mots cette compréhentre les lignes que se trouven ension. La plus poèmes de gra nde force dest cett derr ière le non e œuvre est justemen t cachée -dit..” “A expressão dos sentimen tos da alma a moderação encontram e mar em express o autodomínio para se transforão Haiucai, na men artistica. Assim surge o Haik que abriu mão te do poeta. E o poder do u, ou da poeta para se express liberdade do uso das palavras encontra justa ar e ser plenamente ente ndido se mente fora da nas entrelinhas. palavra escr ita. Está Esta é a maio desta obra.” r força dos poe mas André Bretas ISBN 978-2940661

-04-6

Cu lti ve Editions

9 782940 66104 6

“Quand nous faisons vibrer nos éne rgies et nos émotions, nous nos connectons et nos pensées arriven t vers le cœur sur la forme de poésie.” “Quando temo s afinidades, fazemos vibrar energias e emoções, as conexões acontecem e o pensamento chega ao cora ção em forma de poe mas.” Paulo Bretas

P A U L O B R E T A S

MEDITATIONS

Une brise a sou change ma vie fflé et a

PAULO BRETA S Editons Cultiv e

Méditations: Une brise a souflée et a changé ma vie Paulo Roberto Paixão Bretas Mineiro de Belo Horizonte, 62 anos, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especialização no CEDEPLAR- UFMG e MBA em Gestão pela Fundação Getúlio Vargas – Rio de Janeiro. É professor associado da Fundação Dom Cabral e Professor de História Econômica, Economia Brasileira Contemporânea e Desenvolvimento Socioeconômico do Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte. Tem experiência nas áreas de Gestão Pública e Privada, Economia e Administração, com ênfase em Planejamento Estratégico e Finanças. Foi vi-

ce-presidente da Caixa Econômica Federal, Diretor da Casa da Moeda do Brasil e Diretor da Empresa Gestora de Ativos do Ministério da Fazenda. Foi Secretário Municipal de Planejamento de Belo Horizonte e Assessor Parlamentar do Presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Atualmente segue na assessoria parlamentar da ALMG. Paulo foi Presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais por três

mandatos mandato. Paulo Bretas também se dedica à Literatura. Dois livros de poesias, 1 haicai e 7 antologias publicados

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VALDIVIA VANIA SIQUEIRA BEAUCHAMP é uma brasileira nascida em Recife no

Nordeste do Brasil. MA em Ciências e Letras (Literatura Portuguesa e Hispânica), 1990-1992, New York University. Pós-graduação em Ciências e Letras (Literatura Medieval Espanhola), 19801982, Purdue University. West Lafayette, IN. Sorority SIGMA DELTA PI, (Capítulo Espanha), desde 1980, Purdue University. West Lafayette, IN. BA em Comunicação (Jornalismo), 1975-1978. Centro Universitario de Brasilia (UniCEUB), Brasília. Profa. Assistente (português e espanhol) Purdue University, 1980-1982, New York University, 19901992. Profa. Assistente (Teoria da Comunicação) 1978-1980 no UniCEUB. Jornalista (apresentadora internacional), para a Rede TUPI de Televisão (1976-1980) e para a Televisão Manchete e Radiobrás Brasília (1985-1989) cobrindo o Congresso Nacional e Embaixadas. Criou programa político “PRIMEIRO PLANO” entrevistando personalidades como Pres. Jimmy Carter USA (1977), Pres. Valéry Giscard d’Estaing – França (1978), Chanceler Helmut Kohl - Alemanha (1979), além de membros dos três poderes de Brasília. Foi Coordenadora Cultural da Embaixada Americana para (Casa Thomas Jefferson), Brasília. Autora de: “Stigma, saga por um novo mundo” (português e Inglês- MELHOR LIVRO DE FICCAO: Trofeu CORA CORALINA 2018); “Because of Napoleon” (português, francês e inglês); “Khatun - Gertrude Bell mentor de Lawrence d’Arabie” (francês); “My Mesopotamia notes of Gertrude Bell” (inglês); e “PARNAMIRIM, Base norte-americana nos trópicos. 1939-1945 - Uma história inclusiva” (português, alemão, francês e inglês). Participou de várias antologias. Participou de congressos e seminários na Europa, Brasil e EUA.

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PREMIOS E MEDALHAS MEDALHA DE OURO e título: EMBAIXADORA DA CULTURA BRASILEIRA. Patrocinada pela Divine Academie Francaise des Arts Lettres et Culture - (2019) Paris. TROFEU - CATEGORIA LITERARIA - Imprensa Sem Fronteira -2015-2016 - Blumenau. MEDALHA DE PRATA: Patrocinada pela: Academie de Arts, Science et Lettres - Societe Academic D’Educationet et D’Encoragement – 2012 - Paris. MEDALHA DE BRONZE - Trabalho apresentado e publicado: Congresso Internacional sobre o CISTER, 2009 - Braga. Fundadora e Presidente da EURO-AMERICAN WOMEN WRITERS, INC, NYC. Reside em NYC. www.euro-americanwomenwriters.com


NEWS

Le monde des animaux Editions Cultive

Estará nas livrarias 2021

Maria José Esmeraldo Rolim nasceu em Floriano – Piauí, Estado do Nordeste do Brasil. Maria José Esmeraldo Rolim fez mestrado e doutorado em Educação no Uruguai. Sua escrita focaliza o tema das suas pesquisas : a violência simbólica e o bullying que finalizou em uma edição traduzida para o espanhol e teve uma ampla aceitação dos educadores e em seguida publicou A violência dos laços familiares aos bancos escolares, livro destacado pela crítica, como relevante para a Educação; Possui 23 publicações conjuntas e 3 solos. Maria se lança na litartura juvenil com o livro «O mundo dos animais», O reconhecimento de seu trabalho foi feito pela Assembleia Legislativa de Fortaleza, da qual recebeu votos de louvor pela pesquisa efetuada.

et le virus

Prêmios: Madre Teresa de Calcutá- Itabira, MG. Evita Perón – Buenos Aires, Academia de Letras ISBN 978-2-940661-03-9 y Artes- EMBAJADOR DE LA PAZ - Argentina. ABL - Conab-Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil - Filósofa Imortal.9 Brasília. 782940 661039 Prêmio Cidade de Literatura. Prefeitura Municipal de São Pedro da Aldeia-RJ.

www.cultive-org.com Revue Cultive - Genève

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About the Author: Renata Clarke-Gray Brazilian, born in São Paulo, but at the age of 12 years old, has moved to the city of Joao Pessoa, capital of Paraíba State,Brazil. Where, at the age 23, she meet her husband and together went (via sail boat) to South Africa where her husband is from. In 2010, they left South Africa on another boat, Dixi-Rollar, where they live aboard for 15 years. She is an Ozone Therapist, but found her other passion in poetry. She is current located with her husband and their boat In St George’s, Grenada. The spice island, located in the magically fascinating Caribbean paradise https://shadesofclarkegray.blogspot.com @shadesofclarkegray

Lançamento do livro Sunset &Poetry no fromato e-book no 1° Salon International du Livre et de la Culture de Genève Cultive no dia 18 maio 2021.

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Saiu o segudno número da Revue ARTPLUS - livros, crônica, poesia, monumen-

tos, história, turismo, cultura Suíça, Arte,eventos culturais. O Brasil e a Suíça em foco. Revista bilingue português/francês.

Salon Internationaldu livre et de la Culture de Genève - Cultive du 14 au 18 mai 2021 transmition online - Canal Cultive

Valquiria Imperiano www.valquiriaimperiano.ch

https://editioncultive.com/ 154

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ABERTA AS INSCRIÇÕES PARA A REVUE ARTPLUS N°3 Inscrições até o dia 30 de julho

REVUE ARTPLUS Revista Artplus é um magazine cultural impresso em língua portuguesa e francesa, com registro na Biblioteca Nacional Suíça, com ISSN Suíço. ARTPLUS é um portal de valorização da cultura brasileira e Suíça e Europeia. ARTPLUS é referenciada no site da Cultive, no facebook, no publish on line, no blog Cultive. A Revue ARTPLUS é uma revista anual distribuída na Europa e no Brasil (museus, galerias, salões de literatura e de arte, salão do livro de Genebra, feiras, bibliotecas, associações, hotéis, consultório médico, escolas, universidades etc) ela alcança também os EUA, Angola e América Latina. Os participantes da Revista ARTPLUS aparecem automaticamente na Revista Cultive Online que é publicada 4 vezes por ano em língua. INFORMAÇÕES 1- REVUE ARTPLUS – capa e miolo coloridos Miolo - papel couché semi mate -130gr Capa – papel couché semi mate com película - 250gr 2- FORMATOS DA REVUE ARTPLUS - 21x29 cm 3- CONTEÚDO REPORTAGEM OU TEXTO: em duas colunas ilustrada com fotos1 ( página tipo A;B;C;D no gabarito anexo ) 4- TRADUÇÃO : por conta da edição da Revue Artplus 5- VALORES Modelos nos gabaritos A, B; C; D 1 página - 250 euros ou 1125 reais O contraente recebe - 6 revistas por página contratada *Membros Cultive recebem 10 revistas por página.

https://editioncultive.com/ Modelo no gabarito página E (1/8 de página) – 50 euros ou 230 reais cada espaço (o contraente não recebe nenhum exemplar) Modelos nos gabaritos F 1/2 página - 150 euros ou 675 reais Revue Cultive - Genève O contraente recebe - 3 revistas por meia página contratada

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Art

Exposition Adieu 2020 Canal Cultive youtube Organization Cultive

Najara Weak

Ju Pereira

Ana Trevisan

Lais Castro

Artistes www.cultive-org.com

Marcia Prata

Maria José Negrão

No Pixel

Ana Andrade

Izabel Stiefel

Simone Olliveira

Vivien Zanlorenzi

Soni Nunes

Gabriela lopes

Christiane de Murville

Manoel Osdemi

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Valquiria ImperiAno

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Karmem Pires Artiste peintre Acrylique sur toile Dedicando-se às Artes Plásticas e Poesias. Membro das Academias de Letras e Artes de Feira de Santana, Academia de Cultura da Bahia, Academia Internacional de Letras Artes e Ciências da Argentina com sede em Buenos Aires, Academia Superior Di Crescita Personale Italia.Arte Terapeuta /nome artístico “KARMEN PIRES”

Karmen Pires Jesus Acrílica Sobre Tela 1.30 X 1.20

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JU PEREIRA

FOTOGRAFIA

Natureza morta, realmente morta I

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Natureza morta, realmente morta IV

PONTO DE VISTA V 182

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Thamyris Soares

A Paisagem 40×30 oleo.

A mesa 94×94 oleo

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ANA ANDRADE

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Art

Ana Trevisan

Mar de Dentro 29,0 x 40,0 cm aquarela sobre papel 2019

Título: A Decisão 30,0 x 30,0 cm aquarela sobre papel 2020

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Art

Lais Castro

Título: Pátio de São Pedro 20 x 27 cm Litogravura 2013

Título: It’s my life Dimensões da obra(altura x largura): 27 x 33 cm Técnica Litogravura Ano de Realização: 2013 Fotos : Lais Castro

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Art VIVIEN ZANLORENZI

vz 5 perspicuo

vz 8 perspicuo

vz 3 perspicuo

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SIMONE OLIVEIRA

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Soni Nunes

SONI NUNES LENÇO DE SEDA 60X80CM OLEO SOBRE TELA

SONINUNES NATUREZAMORTA CAMINHO 80X60 CM OLEO SOBRE TELA

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Izabel Stiefel

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Gabriela Lopes

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Christiane Couve de Murville

O Pequeno Príncipe visita São Paulo

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Manoel Osdemi

Dunas do Mangue da Mata-Fome Bitupitá-CE - Brasil 80cm x 60cm Técnica: Óleo sobre tel 2015

Peixe Camurupim – Praia de Bitupitá-CE – Brasil 1.10cm x 90cm Óleo sobre tela 2015

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Exposition Adieu 2020

Maria Nazaré Cavalcanti Nasceu Recife – PE, mas reside na Europa desde a década de 70, após o casamento com um português. Artplus - o que é fazer arte e como fazer arte ? A arte é vida, é algo visceral e pulsante, é como o ar que se respira. A arte criou um universo paralelo onde os sonhos se tornam alcançáveis. São momentos ricos em sentimentos de paz e plenitude. A aceitação de um artista dentro de um conceito universal é dinâmica, com variáveis desde os limites da liberdade de expressão e a pouca valorização até o acesso ao entretenimento e à cultura. Os meus interesses na arte, foram sofrendo mutações ao longo do tempo e de forma intuitiva.

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Exposition Adieu 2020 Avani é bacherel em direito e professora de língua espanhola brasileira, mas é na arte e na poesia que ela libera suas emoções e a sua sensibilidade. Avani é membro Internacional Cultive. Pintura acrílica.

Avani Peixe

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Izabel Pecorone Artiste peintre Peinture acrylique

Sol verde

Beija flor

Sonho nho

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Rosalva santos

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Luciana Imperiano

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Zezé Negrão

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IMAGEM MARIA QUITERIA RECORTADA Revue Cultive - Genève

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Najara

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Valquiria Imperiano Pintura

L’Hindu

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II Salão de Arte DA FESTA DE SANTO ANTÃO Vitória de Santo Antão Pernambuco - Brasil

Padre Maurício Deniz mentor da Exposição ao lado de Hupomone Vilanova (Jones Pinheiro).

Pelo segundo ano consecutivo, Vernissage que se realizou no dia 11 de janeiro de 2021 Prefeito Dr Paulo Roberto O objetivo foi mostrar aos artistas que participaram

Cristina Brito - Curadora da Exposição, Artista Plástico Fernando Nascimento - Curador da Exposição, Prefeito Dr Paulo Roberto e Zózimo Alves - Curador da Exposição. desse evento, a valorização reconhecida por pessoas ilustres de culturas diversas, que prestigiam a arte brasileira. O encontro cultural contou com a participação da Orquestra Sinfônica Jovens da Vitória (CEMUVI).

Foram expostas as gravuras em Nanquim de Hupomone Vilanova ( Jones Pinheiro) – Mentor do Projeto Chá da Vida Brasil. Revue Cultive - Genève

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Dra. Ana Regina Lima

Prefeito Dr Paulo Roberto recebendo uma das obras de Hupomone Vilanova (Jones Pinheiro) – Ruinas de São Bento.

Artista Plástico Fernando Nascimento Orana Wanderley

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Clayton Paulo – Jesus Misericordioso


Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

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Cultive Art LIttérature et Solidarité

O comprador tratará diretamente com o autor pelo e-mail do mesmo que se encontra na página de cada autor. Em caso de dúvida entre no site da Cultive. www.institut-cultive.com

Comprando um livro, você ajuda quem precisa e apoia os autores brasileiros. Seja um apoiador da nossa literatura!

Association Cultive- Club International D’Art, Littérature et Solidarité 12 Rue du Pré Jérôme - 1205 - Genève - Suisse Tèl : (+41)796163793 Site : www.cultive-org.com e-mail : ascultive@gmail.com

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A Cultive promove o Natal da AFAS Associação Feirense de Assistência Social A associação acolhe 49 homens e mulheres Para a compra de Fraldas descartáveis e outros produtos de higiene.

Organizaçåo: Association Cultive Art Littérature et Solidarité Apoio: Canal Cultive Conexão Cultive Briccia Suíça Brasil Patrocinadores: Regina Naegeli Editora Cultive Doações Entre em contato pelo Zapp +41796163793 Revue Cultive - Genève

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LECI QUEIROZ

Funcionaria pública aposentada do Detran como nutricionista. Professora na área de nutrição na Universidade Vale do Acaraú. Trabalhou na implantação de projeto de nutrição no Nordeste e na Guiné-Bissau África. É presidente da Associação Mãos que Compartilham ligado ao desenvolvimento social em Cacine na Guiné-Bissau.

DISPONÍVEL:10 EXEMPLARES DE CADA TÍTULO -VERSÃO PAPEL

Esse livro narra histórias de memórias de VIVÊNCIAS À MESA, onde cheiros e sabores trazem à tona histórias da vida. Tem as receitas dos alimentos aqui narrados!!

O LIVRO A MESA ESTÁ POSTA discorre sobre escolhas e vínculos construídos a partir da Mesa. A nossa primeira mesa é o útero ou Vida!!!

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: maria-leci@uol.com.br R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL 210

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LÚCIA SOUSA Coorganizadora da obra é membro Inten-

cional, Délégue e Jornalista correspondente em Recife-PE, da Cultive - Genebra -Suíça. Membro da diretoria da União Brasileira de Escritores-UBE-Tesoureira Geral. Integra a diretoria da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB/PE, Secretária.

DISPONÍVEL:10 EXEMPLARES DE CADA TÍTULO-VERSÃO PAPEL ANTOLOGIA CARRERO COM 70 Trata-se de uma homenagem escrita em prosa, verso e crônica por vários escritores brasileiros, muitos consagrados pela crítica literária. São ex-alunos e amigos do escritor pernambucano Raimundo Carrero, que possui mais de vinte obras publicadas traduzidas em vários idiomas. Raimundo Carrero é membro ilustre da Academia Pernambucana de Letras-APL.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: lucia.1001@hotmail.com

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PAULO ROBERTO PAIXÃO BRETAS

Mineiro de Belo Horizonte, 62 anos. Professor associado da Fundação Dom Cabral e de História Econômica, Economia Brasileira Contemporânea e Desenvolvimento Socioeconômico do Centro Universitário UMA, em Belo Horizonte. Se dedica à literatura tendo três livros de poesias haicai publicados.

LANÇAMENTO Meditções: Uma brisa soprou e mudou a minha vida O LIVRO SERÁ LANÇADO EM ABRIl/2020 - FAÇA A SUA RESERVA

to n e m ça n La

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES -VERSÃO PAPEL O DOCE LIVRO DOS BEIJOS POÉTICOS - trata do cotidiano e dos pensamentos do autor ao interpretá-lo por meio de haikais que nos levam à reflexão sobre a vida e a sociedade.

Um belíssimo livro ilustrado contendo 100 haikais bilíngue: português/francês versão papel

COMO COMPRAR

Língua: Português versão papel Para adquirir o livro entre em contato

com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: paulo.roberto.bretas@gmail.com

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PIETRO COSTA:

Nascido em Brasília-DF. Autor de 4 livros. Co-autor de mais de 30 coletâneas. Membro de Academias Literárias no Brasil e exterior. Detentor de diversos títulos, comendas e honrarias.

DISPONÍVEL:10 EXEMPLARES DE CADA TÍTULO -VERSÃO PAPEL JURAS DE POESIA ETERNA

O amor em suas múltiplas nuances, declarado e exaltado, na beleza sutil da poesia. língua: Português versão papel

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: pietro_costa22@hotmail.com

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ALEXANDRE SANTOS, ex presidente da União Brasileira de Escritores (UBE) e coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural, é o curador geral da FLIPO, editor do semanário ‘A voz do Escritor’ e apresentado do programa ‘Arte Agora’.

ÁRCHIAS Romance que trata da possibilidade de redenção da humanidade e eventual transformação do mundo dos homens na terra de Deus. língua: Português versão papel

DISPONÍVEL: 3 EXEMPLARES DE CADA TÍTULO -VERSÃO PAPEL

BALTIMORE O romance fala sobre um golpe de Estado articulado na cidade norte-americana de Baltimore para interferir na política interna do Brasil. língua: Português versão papel

O LIVRO DOS LIVROS Romance que trata da velha luta do bem contra o mal. Se desenrola no entorno da tentativa de controle da humanidade a partir da criação de uma nova religião. língua: Português versão papel

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: alexandresantos@br.inter.net 214

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CHRISTIANE COUVE DE MURVILLE - Autora da trilogia A CAVERNA CRISTALINA, da série ATÉ QUANDO e do A VIDA COMO ELA É. Faz as ilustrações de seus livros e é doutora em Psicologia Clínica pela USP.

DISPONÍVEL 10 EXEMPLARES -VERSÃO PAPEL O PEQUENO PRÍNCIPE VISITA SÃO PAULO - Coletânea de ilustrações que mostra o Pequeno Príncipe passeando por locais bem conhecidos da capital paulista. Encontramos um Pequeno Príncipe universal; loiro, moreno, ruivo, cadeirante, cego, criança, adulto... Uma frase explicativa acompanha cada imagem.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: ccmurville@gmail.com incluído o frete NO BRASIL

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Editora Cultive divulgando os autores brasileiros na Europa

Publicações Traduções Diagramação Revisão Divulgação Isbn suíço Registro bilioteca Nacional Suíça Romance Contos Poesias Livros de Arte Livros Infantis Albuns personalizados Publicações comemorativas Revue Artplus Orientação aos novos escritores Revue Cultive Orçamentos sem compromisso contato: edicaocultive@gmail.com

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MARIA JOSÉ ESMERALDO ROLIM

Maria José Esmeraldo Rolim nasceu em Floriano – Piauí, Estado do Nordeste do Brasil. Maria José Esmeraldo Rolim fez mestrado e doutorado em Educação no Uruguai. Sua escrita focaliza o tema das suas pesquisas : a violência simbólica e o bullying que finalizou em uma edição traduzida para o espanhol e teve uma ampla aceitação dos educadores e em seguida publicou A violência dos laços familiares aos bancos escolares, livro destacado pela crítica, como relevante para a Educação; Possui 23 publicações conjuntas e 3 solos. Maria se lança na litartura juvenil com o livro «O mundo dos animais», O reconhecimento de seu trabalho foi feito pela Assembleia Legislativa de Fortaleza, da qual recebeu votos de louvor pela pesquisa efetuada.

PRÉ-VENDA -VERSÃO PAPEL O MUNDO DOS ANIMAIS

Lançamento

No mundo dos bichos, os animais têm um rei que os explora, tem o vírus que isola todo mundo. Mas tudo acaba bem com a descoberta de uma vacina. Um livro para ciranças e adultos. Editado pela Cultive Língua: Português Francês

LANÇAMENTO COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a editora para adquirir seu exemplar. E-mail: edicaocultive@gmail.com R$ 70,00 a unidade

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JOSMAN LIMA -

Psicólogo, Artista Plástico e Fotógrafo por hobby. Autor dos livros: Pintando a Vida, Cúmplices do Amor - Romance e As Aventuras de Bolota e Quinzinho, Literatura Infantil. Membro da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana, da Academia de Cultura da Bahia, da Academia de Ciências, Letras e Artes da Argentina.

20 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL PINTANDO A VIDA conta a história de Arthur; um jovem de classe média que depois de um acidente de carro ficou paraplégico. Trata-se de um drama vivido por milhões de cidadãos do mundo todo e nos ensina a repensar sobre o deficiente físico e a acessibilidade em todos os contextos.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com o autor pelo email e veja a disponibilidade do livro. E-mail: josmanlima@live.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL 218

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NORMA BEZERRA DE BRITO

é professora universitária de Português e Inglês aposentada. É contista, cronista e poeta. Cearense, residente em Brasília, participou de mais de 30 antologias, é membro de quatro Academias Literárias e é deleguée da Cultive em Brasília.

10 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL

A VIDA NÃO É ENSAIO -

livro de contos e crônicas apresenta escutas e olhares em direção a situações do dia-a-dia, criativamente ampliadas pela imaginação do autor configuradas em uma escrita versátil.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: normabbrito@yahoo.com.br R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL

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HUPOMONE VILANOVA

Nascido em Vitória de Santo Antão - Pernambuco Formado em Licenciatura em Letras pela FAINTVISA – Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Cursou Música pela Universidade de Federal de Pernambuco – UFPE. Músico flautista Cursou de Licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe - Aracaju Sergipe. Membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão – Pernambuco. Membro do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes – Pernambuco. Membro da Academia Vitoriense de Letras Artes e Ciência. Vitória de Santo Antão Pernambuco.

10 LIVROS DISPONÍVEIS -VERSÃO PAPEL REFLEXÕES HUPOMÔNICAS CHÁ DA VIDA. Hupomone Vilanova. Reflexões que nos fazem compreender as situações da vida, nossas atitudes, nossos relacionamentos nossos desafios e medos e como podemos vencer tudo isso.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: chadavidahupomone@gmail.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL 220

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Association Cultive Club International D’Art Littérature et Solidarité Genebra

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VALQUIRIA IMPERIANO

Escritora, Artista plastica presidente da Cultive Publicação: Espelho meu Espelho - poesia, Navegando em Ondas - poesia, Le livre des petits Mots – poesias e pensamentos, Cofre aberto – poesia, O rosa e o Azul- contos e crônicas, Southend on the sea - livro de arte, O jardim da consciência. Redatora da Revue Cultive e Artplus.

4- LIVROS DISPONÍVEIS- VERSÃO PAPEL A EFEMERIDADE DA VIDA Escritos de 53 autores em torno da efemeridade da vida: amor, felicidade, esperança, morte, alegria tristeza, fé, milagre, perdas e ganhos, saudade. Belos poemas, contos e crônicas.

2- LIVROS DISPONÍVEIS- VERSÃO PAPEL SUPERAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA Antologia Cultive reúne textos em prosa e poesia de 23 autores. Nesse livro os autores conta histórias de superação.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: edicaocultive@gmail.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL 222

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DISPONÍVEL: 2 EXEMPLARES VERSÃO PAPEL SOURIR E LEOLEÃO Valquiria Imperiano Livro infantil a partir de 1 ano língua: português/francês versão papel

LANÇAMENTO EM ABRIL 2020 -VERSÃO PAPEL ERA UMA VEZ UM ANJO Antologia Cultive reúne autores e poetas escrevendo sobre anjos língua: português versão papel

Lançamento

Lançamento Valor: 66 reais

20 VOLUMES DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: edicaocultive@gmail.com Revue Cultive - Genève

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Débora Leal Feira de Santana

Sou Pós Doutora em Docência Universitária pelo IUNIR-AR; Doutora em Educação pela - UNINTER- PY; Doutora Honoris Causa em Ciências Humanas pela EBWU- Universidade acreditada pela ANVISA, UNESCO e EBWU - Estados Unidos. Pesquisadora Emérita da Université Libre des Sciences de L’Homme de Paris.

Todas as obras de Debora são em língua portuguesa e publicados em papel CADA TíTULO TEM 2 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL

FORMAÇÃO DOCENTE UM CAMINHO PARA A INCLUSÃO é de natureza qualitativa e objetiva compreender a importância da formação docente no contexto de escolarização de educandos com deficiência. Demonstra o descortinar da educação especial no cenário educacional brasileiro.

PENSANDO A EDUCAÇÃO SEXUAL DE DISCENTES CADEIRANTES demonstra a importância do uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino de História como forma de expansão e conexão entre passado, presente e futuro.

VIVÊNCIAS PERMEIAM A HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL - A FAMILIA COMO FONTE INESGITÁVEL tem como foco destacar a importância de compreender como os familiares podem reagir em uma unidade hospitalar e como é o acolhimento das crianças internadas. DESENHO ENTRE LUZES BECOS traz como objeto de pesquisa e análise os desenhos produzidos pelos internos de uma comunidade socioeducativa de Feira de Santana, o mesmo é fruto de experiências acadêmicas.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: debora@uefs.br R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL

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CADA TíTULO TEM 2 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL

AS MARCAS DA LIBERDADE discorre sobre a Irmandade da Boa Morte, trazendo como foco a relação desta no Ensino local da Cidade de Cachoeira-BA.

NAVEGAR É PRECISO - destaca os principais traços da Herança Cultural Africana, que permanecem vivos no cenário cultural baiano.

A ARTE DE AVALIAR NOVOS POSSIVEIS A AVALIAÇÃO MEDIADORA EM FOCO busca refletir sobre a Avaliação da aprendizagem no cenário educacional a qual se constitui um dos grandes motivos das discussões para o desvelamento das ideias do processo de ensino e aprendizagem.

ENTRE O REAL E O VIRTUAL REFLEXOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA livro tem como objetivo entender os motivos pelos quais a modalidade de Ensino à Distância é vista de maneira desafiadora nas instituições brasileiras

A HISTÓRIA A UM CLIQUE demonstra a importância do uso das tecnologias da informação e da comunicação no ensino de História como forma de expansão e conexão entre COMO COMPRAR passado, presente e futuro. Para adquirir o livro entre em contato

com a autora pelo email e veja a disponibilidade do livro escolhido. E-mail: debora@uefs.br

R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL Revue Cultive - Genève

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Maria Inês Botelho é membro de diversas acade-

mias localizadas no Brasil, em Portugal e na Suíça. Tem livro, coletâneas e antologias publicados.

6 LIVROS DISPONÍVEIS - VERSÃO PAPEL A coletânea EXCLUSIVOStem participação de escritores de vários estados brasileiros escolhidos pela coordenadora Pérola Bensabath. Faço parte e sinto-me muito honrada. Realça desde o tema "Amor" à vivências em diversas ocorrências

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora e veja a disponibilidade. E-mail: mariainesbotelho2@hotmail.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL 226

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AMAURI HOLANDA DE SOUZA

Amauri Holanda de Souza. Bacharel em Direito. Psicopedagogo Clínico e Institucional. Neuropsicopedagogo. Pós graduado em Direito Processual Penal. Teólogo. Missionário. Capelão Internacional. Escritor. Atuou como Conselheiro Titular do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente do Estado do Ceará Nasceu em Quixadá/Ce - Escreve com o coração. Fala de coisas da vida e de sua visão de mundo. Quando se trata de escrever sempre vem coisas que tocam os sentimentos das pessoas.

DISPONÍVEL: 2 EXEMPLARES DE CADA TÍTULOVERSÃO PAPEL

ESQUEÇA-ME: O livro traz o talento de muitos dos autores brasileiros, na modalidade poema. É uma Antologia que traz muitos temas interessantes.

ÂMAGO POÉTICO: Antologia envolvendo autores brasileiros, com ênfase poético e conteúdos diversificados

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: email: amauri.holanda.souza@gmail.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL Revue Cultive - Genève

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Educação Anapuena Havena é empresária e escritora

cearense. Autora dos romances de época Encantos do Café e Descobrindo a Nobreza do Amor, e do livro infantil O príncipe que não sabia Brincar. É a idealizadora do Café Patriota; espaço cultural de incentivo à leitura, propagação do conhecimento e valorização da História e Cultura brasileira.

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES- VERSÃO PAPEL ENCANTOS DO CAFÉ é um romance de época composto por fortes elementos da história do Brasil, contextualizado no importante período denominado Ciclo do café.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: anapuena@hotmail.com R$ 40,00 a unidade incluído o frete NO BRASIL 228

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IVANILDE MORAIS DE GUSMÃO

Ivanilde Morais de Gusmão professora, advogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. Livros de ensaios e de poesias em português/francês/inglês; Participação em várias coletâneas; Recebeu Prêmio Literário de poesia, e de ensaios.

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES- VERSÃO PAPEL 50 exemplares disponíveis PAI Forma poética do livro. Na escuridão, o amanhã do escritor Rogério Pereira, a autora Ivanilde Morais de Gusmão expõe o conflito na relação Pai & Filho buscando na palavra o sentimento que atormenta o protagonista.

TO N E

NÇ A L

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150 exemplares disponível TEMPO PARTIDO 2020 - RESGATANDO SENTIMENTOS DE HUMANIDADE Coletânea sobre o sentimento da dor num período de reclusão em tempo de pandemia. Registro histórico para às futuras gerações. Um livro atual com 121 participantes. Esse livro é um documento histórico. Os depoimento dos parentes que receberam o exemplar a que tinha direito é algo fantástico!!! 50 exemplares disponível

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: morais.ivanilde@gmail.com R$ 40,00 a unidade. incluído o frete NO BRASIL Revue Cultive - Genève

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10 exemplares disponíveis UM CAMINHO PARA MARX: reflexão sobre a obra deste grande filósofo e sua importância na compreensão e Transformação do Mundo Humano.

10 exemplares disponíveis COMPREENDER O MÉTODO DIALÉTICO: reflexão sobre processo de investigação e exposição dos estudos marxianos da realidade social.

50 exemplares disponíveis SER SOCIAL Trabalho e Mercadoria: Estudo sobre o processo de humanização do homem produzindo seu mundo com o trabalho e sua transformação em mercadoria.

50 exemplares disponível SÚPLICA AO SOL ... ERA OUTONO Antologia em Prosa e Verso sobre o homem e sua humanização numa Sociedade em crise.

50 exemplares disponíveis MARXIANO & DESVELANDO a autora, a partir da concepção materialista da História, expõe o enigma da Sociedade, Política e Estado mostrarndo como funciona essas Instituições

TOQUE Livro de categorias marxianas em forma de Aldravia para compreender o processo histórico do homem.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail: morais.ivanilde@gmail.com R$ 40,00 a unidade incluído o frete NO BRASIL 230

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CELSO CORRÊA DE FREITAS

Criador da estrutura poética denominada OVERTRIP Participações em Feiras de livros e Festivais e eventos Literários no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Dois Córregos, São Paulo e Praia Grande-SP. Premiações literárias no Rio de Janeiro, São Paulo, Praia Grande-SP e Porto Alegre. Representações como Delegado cultural de Praia Grande-SP em São Paulo e Brasília

DISPONÍVEL: 40 EXEMPLARES - VERSÃO PAPEL VERTRIP - O livro conta a história do nascimento do Overtrip em 2011, e tem os Poemas, meus, criador dessa estrutura e dos demais Poetas brasileiros que ao longo deste tempo de 2011 até hoje, foram aderindo ao Overtrip por verem nele uma nova estrutura poética com conteúdo.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: email: celso.correadefreitas@gmail.com R$ 40,00 a unidade /incluído o frete NO BRASIL Revue Cultive - Genève

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Neusa Bernado Coelho, poetisa, historiadora. Natural de Palhoça SC. Membro de várias Academias; Embaixadora Imortal da Paz; Autora e coautora de obras literárias nacionais e internacionais.

20 EXEMPLARES DISPONÍVEL-VERSÃO

PAPEL ZILDA ARNS, médica pediatra e sanitarista. Fundadora da Pastoral da Criança nacional e internacional. Morreu em missão no terremoto do Haiti, 2010. Em processo de beatificação.

20 EXEMPLARES DISPONÍVEL-VERSÃO

PAPEL A FADINHA MARICELA foi a primeira publicação das gêmeas Elisa e Sofia. É um conto em defesa da preservação da natureza e reflete a importância da água. Publicaram o primeiro livro aos 9 anos de idade.

COMO COMPRAR Para adquirir o livro entre em contato com a autora pelo email e veja a disponibilidade: E-mail:farmaciadobetinho@yahoo.com.br R$ 40,00 a unidade incluído o frete NO BRASIL 232

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Zezé Negrão - Diplomada em Magistério pelo Colégio Estadual de Itaberaba BA, Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Nacional/MG, Doutoranda em Psicanalise junto a SPOCB em Feira de Santana BA, Terapeuta Holística junto a Associação Integrativa Bio Psíquica da Bahia com extensão a Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Bancária aposentada, Escritora, Artista Plástica e Pesquisadora

DISPONÍVEL: 20 EXEMPLARES - VERSÃO PAPEL

É um livro infantojuvenil bilíngue portugues e inglês ganhador de 4 prêmios a nível internacional. Houve vários lançamentos no Brasil e Europa. A menina que falava com o beija-flor é um conto que enobre a vivência da criança junto aos mais idoso da família e o envolvimento com a natureza, especialmente com o pássaro beija-flor.

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