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TEREZA PORTO

Por Tereza Porto

Anjos são seres etéreos, que de vez em quando assumem a forma humana. Ora são luzes, ora se revestem de matéria, outras vezes vagueiam pela estratosfera, ou param e esperam a hora de agir, de cumprir a missão que receberam.

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Tal qual pastores na colina, observam o movimento do rebanho a pastar nas encostas verdejantes, atentos a qualquer ação ou reação de suas ovelhas. Apenas pastoram e guardam, mas estão sempre prontos a correr em seu socorro.

Cada anjo tem sua missão. Missão de ajuda, missão de proteção e de defesa. Como Anjos da Guarda, eles são a mão de Deus na Terra. E com essa mão que o Pai lhes empresta, eles são o resgate da esperança quando tudo parece perdido, são a cura nas enfermidades, são o alento no desespero, são unguento na dor. Sempre que necessário, também são bússolas na falta de rumo, faróis nos oceanos revoltos, são luzes em momentos de escuridão, são abrigo nas tormentas, são refúgio nas tempestades, são amparo nas quedas, são abraços no desalento, são a paz que se segue à guerra.

Recentemente, eles foram convocados em massa. Uma terrível crise de saúde caiu sobre a humanidade, fazendo-a atravessar um período de isolamento e de medo. E isto foi palco para a atuação de muitos anjos, que se reuniram em grupos para enfrentar com coragem a morte. Doaram suas vidas na luta pela vida de pessoas que arfavam desesperadas na busca de algo tão acessível a todos os habitantes do planeta: o ar que se respira, fonte da vida terrena. Com os pulmões invadidos por um vírus recém-descoberto, enfermos suplicavam por um fio de ar que somente uma máquina, ligada a um tubo, podia respirar por eles. E assim permaneciam em lenta e insuportável espera pela recuperação da vida, que caminhava em compasso declinante rumo ao fim. A morte virou uma estatística cruel, revelada em números crescentes a cada noticiário, provocando pânico.

Diante de situação tão extrema e tão extensa, quis Deus que um time de anjos surgisse em socorro dessas centenas de seres contaminados. Estes anjos usaram máscaras, vestiram jalecos brancos cobertos por capas de proteção e, de forma incansável, enfrentaram uma luta silenciosa, travada em leitos dispostos lado a lado nos amplos espaços frios e higienizados, ou no interior de UTI’s, lugar onde a vida e a morte realmente travaram um combate silencioso.

De forma abnegada, e numa entrega solidária e plena de compaixão, mergulharam em hospitais montados às pressas, percorreram corredores sem fim, tentando segurar as vidas que se esvaíam, mesmo cientes do risco que suas próprias vidas corriam. Com dedicação e foco total, abriram mão de suas rotinas e do convívio familiar para salvar vidas nessa maratona macabra. Mas cada vida salva era um troféu que compensava todo esforço e todo o suor derramado.

Nesse território de incertezas, nessa arena em que a arma mais poderosa era a fé, os anjos de jaleco atuaram como soldados de Deus, usando a ciência e exercitando sua capacidade de vencer o impossível. Não mediram esforços em sua tarefa sobre-humana de resgatar a saúde mesmo diante de quadros considerados desesperançados.

O mais emocionante acontecia no final, quando cada paciente recuperado revertia um

pouco as expectativas negativas e provocava um clima raro de satisfação no time. Então, era lindo ver esses anjos perfilados no corredor aplaudindo a vitória da vida sobre a morte, numa vibração intensa em homenagem a cada pessoa que conseguia sobreviver. Alegria de anjo é lindo de ver.

Portanto, a homenagem importante que também deve ser feita é a todos esses anjos profissionais da saúde que, no mundo inteiro, estiveram na frente de batalha durante a pandemia de 2020. São médicos, enfermeiros, técnicos e funcionários administrativos das instituições de saúde que abdicaram, por um longo período, de sua vidas cotidianas para cuidar dos que foram infectados pela doença. Muitos anjos também foram atingidos por esse vírus mortal, e alguns até sucumbiram nas trincheiras do combate, mas, como foram todos ungidos por Deus em sua missão, jamais arrefeceram. Por isso, merecem as mais vibrantes homenagens e a eterna gratidão de todos.

Os Anjos de Jaleco foram os heróis dessa horripilante batalha que surgiu na segunda década do século XXI e que, por certo, vai marcar a história do mundo para sempre. Por isso, sinceras homenagens a eles, e nossos profundos agradecimentos por tudo o que eles fizeram pelo bem da humanidade. Mulher viril, mulher coragem Enfrenta de forma sutil sua guerra, sua personagem de mãe, irmã e filha. Defende seu espaço, seus mares e protege seu lar, sua ilha.

Mulher profissional, mulher atuante O mundo é desigual, uma batalha constante, em busca de um feliz final. Um sonho bem distante da dureza da vida real.

Mulher esposa, mulher Maria. De noite na cama, no tanque de dia. O romance já virou drama, uma novela sem alegria, e com muita solidão na trama.

Mulher madura, mulher idosa, é toda ternura, mas a vida ociosa termina sendo dura. Até que um dia parte silenciosa e só sua lembrança perdura...

MULHER DE MUITAS FACES

TEREZA PORTO

Mulher menina, Mulher criança Cedo a vida te ensina a viver de esperança. E logo te destina Um ponto no palco, Um lugar na dança.

Mulher coquete mulher felina, Por certo já descobriu, faceira e ladina, que seu corpo

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