Revista ANTRAL nº 201

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Nota de Abertura

Nem tudo o que parece é! Estamos todos recordados da enorme e injusta campanha que foi ampliada pelos meios de comunicação social, após a chegada dos alegados novos modelos de negócio das plataformas digitais a Portugal, no ano de 2014. Injusta porquanto, nunca se pode confundir a árvore com a floresta, nunca se pode catalogar o geral a partir do particular pois, exceções há em todas as classes… Era aliás, uma campanha que repetia o argumentário já utilizado em outros países visando o mesmo fim: denegrir o transporte em táxi e a imagem dos profissionais do Sector, para facilitar a estratégia de implementação do alegado novo modelo de negócio dito da “moda”. Era a digitalização como algo que o táxi ignorava. Pura mentira pois, o táxi já se vinha preparando com uma aplicação que hoje é só a melhor aplicação nacional que verdadeiramente tem natureza universal e preocupações de servir indistintamente lugares de grande densidade populacional como de baixa. De nada valeram as inúmeras tentativas do Sector para desmontar a grande encenação, a campanha logrou obter o alto patrocínio da política e levou de vencida! A verdade é que hoje, experimentado que está o modelo da “moda” a apreciação dos ditos factores diferenciadores que agora, se tornam reais, pode começar a fazer-se, para se poder ver afinal que do que se trata é apenas, de mais uns quanto “concorrentes” comerciais, cuja máscara, introduzida pelo efeito de considerar automaticamente bom o que se apresenta como alternativa ao mau, começa a cair. Em primeiro lugar, o argumento da falta de concorrência pode hoje, ser visto efetivamente como falta de concorrência equilibrada e justa, quando as plataformas organizadas em cartel, e donas de um poder financeiro imenso, podem usar a sua capacidade de deslocação a nível nacional e de crescimento das frotas, (Os operadores de TVDE são agora 8.880, enquanto estão certificados 29.543 motoristas, sendo 58 as entidades

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ANTRAL

José Monteiro

formadoras autorizadas – Fonte AMT) (e jogar com a adequação dos preços até ao “dumping”. “Concorrência investiga preços abaixo de custo na Uber e na Bolt Autoridade vai investigar se as plataformas eletrónicas estão a promover "preços predatórios" e se há cartelização no setor. A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) desconfia que o transporte de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica (TVDE) está a violar a concorrência, através de práticas concertadas de cartelização e abuso de posição dominante. As suspeitas foram enviadas à Autoridade da Concorrência, que deverá avaliar indícios do crime.” (…) Os TVDE andam à frente do regulador", afirmou o presidente da AMT … (Jornal de noticias de 23.05.2021 – Erika Nunes). Importa referir que nada disto espanta pois, só pode apanhar desprevenidos aqueles que nunca leram os relatórios da entidade reguladora. Em segundo lugar, os factores de qualidade propalados têm vindo a ser seriados pela comparação das reclamações onde, no ranking das últimas comparações, o táxi aparece com 10 reclamações e as plataformas digitais com 208. (AUTORIDADE DA MOBILIDADE E DOS TRANSPORTES Relatório sobre as reclamações no Ecossistema da Mobilidade e dos Transportes - 2.º semestre de 2020 – Março 2021). Esta é a prova de que nem tudo o que parece é e que a verdade pode tardar a aparecer mas, nunca deixa de vir à tona. O problema é se o remédio virá a tempo de salvar o doente ou, se, quando aparecer, aquilo que foi propalado como a doença do táxi não se transformou já em pandemia matando, indiscriminadamente, uns e outros!


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