Encontramos igual direcionamento apontado em Vygotskii (2018) quando atenta para que embora o ser humano em seu contexto sócio-cultural alcance estágios de significativo desenvolvimento nem sempre o mesmo se estende a sua capacidade de transpor ou explicar de forma verbal ou imagética o que vê e percebe em termos de símbolos verbais e não verbais. Esta é uma habilidade que precisa ser ensinada, estimulada haja vista não ser natural, embora a linguagem do desenho seja comum a maior parte das crianças no início da idade escolar, enquanto atividade extremamente prazerosa, reconhece-se quatro fases do desenho (esquemático, descritivo, realista e plástico) que para serem alcançadas dependem, segundo Vygotskii, de ambiente com exposição contínua e profícua de imagens além de uma prática constante do desenho enquanto força motriz para desenvolver a atividade criadora. Para comprovar a possibilidade de se avançar nas fases do desenho, Vygotskii (2018, p.115) faz uso das pesquisas de Kerschensteiner para afirmar que quando há estímulo e continuidade do estudo do desenho o que se percebe é um amadurecimento da atividade criadora: “Essa criação infantil não é mais a mesma criação espontânea e em grande escala, a que surge de modo autônomo; é a criação ligada à habilidade, aos hábitos conhecidos de criação, ao domínio do material”.
Do que pode-se concluir que a encarnação de imagens é a forma de apropriação e ampliação do repertório imagético cultural e que se constitui enquanto ensinamento clássico ii sob a perspectiva da Pedagogia Histórico Crítica. De modo sistematizado e atendendo sobretudo a um conteúdo pré-estabelecido e de modo que coaduna com o mesmo, o ensino do desenho pode promover a autoconfiança do educando sobre sua dimensão criadora servindo assim para atender aos interesses do que Saviani (2013. p, 121) denomina de aluno concreto: “Mostro o aluno concreto e apresento o concreto como a síntese de múltiplas determinações definidas enquanto relações sociais. Portanto, o que é do interesse desse aluno concreto diz respeito às condições em que se encontra e que ele não escolheu… A sua criatividade via expressar-se na forma como ela assimila essas relações e as transforma”.
Tal conceituação é determinante para entendermos que a capacidade criativa do educando não pode advir de uma gratuidade espontânea, mas ser fruto de uma prática coordenada, sistematizada de ensino, reforçamos aqui ainda que tal conteúdo seja direcionado de modo a se constituir enquanto prática libertadora do educando no que tange aos condicionamentos sociais que herdou sem perder de vista as especificidades dos conteúdos próprios de cada componente curricular. CONSIDERAÇÕES FINAIS A necessidade e importância do ensino das artes no contexto educacional aguça a aquisição de conhecimentos distintos e específicos, fundamentais para além do desenvolvimento cognitivo, motor e perceptivo do educando, permite-lhe ampliar seu