Revista Comunidades Maio 2022

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LUSOFONIA

INCANHA INTUMBO - DIRETOR EXECUTIVO DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE LÍNGUA PORTUGUESA (IILP)

“A FORMA MAIS FÁCIL DE ACEDER À RIQUEZA NATURAL, CULTURAL E TECNOLÓGICA DOS MERCADOS LUSÓFONOS É ATRAVÉS DA LÍNGUA PORTUGUESA” ENTREVISTA CONDUZIDA POR MARIA JOÃO COSTA

O português afirma-se, cada vez mais, como uma das línguas globais de futuro. Estima-se que em 2050 o número de falantes de português ultrapasse os 400 milhões e que, até ao final do século, chegue aos 600 ou 700 milhões. O crescente interesse pela língua portuguesa tem-se apresentado como um dos grandes desafios que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e todos os estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) têm de enfrentar. Incanha Intumbo, Diretor Executivo do IILP, falou com a Revista Comunidades sobre os desafios no contexto desta evolução, tendo revelado que a prioridade do Instituto passa, neste momento, por conseguir “dar resposta a esta procura, em todas as latitudes geográficas, não só nos estados-membros, mas também noutros países com tradição linguística diferente”. Revista Comunidades (RC): A língua portuguesa, que esteve na génese e é matriz identitária da CPLP, reafirma o seu peso enquanto meio privilegiado de ligação cultural e económica entre os seus estados-membros, mas também entre países de tradição linguística diferente. Neste contexto, como caracterizaria a realidade da língua portuguesa e quais os desafios que se apresentam ao IILP? Incanha Intumbo (II): A língua portuguesa é de facto a língua da nossa comunidade, é ponte que liga os nove países situados em diferentes latitudes geográficas. Porém, não é a língua materna de todos os falantes, é língua oficial de uns, língua materna de outros e é essa a realidade da língua portuguesa atualmente. Nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), o português é língua materna, mas a maior parte desses países são falantes também de outras línguas, especialmen-

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te línguas africanas e os crioulos de base portuguesa. É um desafio que todos temos de enfrentar, e as prioridades passam, neste momento, pela melhoria da qualidade do ensino da língua portuguesa nos estados-membros da CPLP e também, da parte do IILP, dar resposta à crescente procura da língua portuguesa em todas as latitudes geográficas, não só nos estados-membros, mas também noutros países, outros Estados de tradição linguística diferente. Estamos atualmente a assistir a uma enorme procura da língua portuguesa e o ILLP tem este desafio, de responder a esta demanda, através de equipas técnicas específicas preparadas para os projetos que vai desenvolvendo em colaboração com os países ou as instituições que o solicitam. RC: Sendo a melhoria do ensino da língua portuguesa uma das prioridades do IILP, que esforços que têm sido

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feitos para concretizar esse objetivo, nomeadamente no espaço da CPLP? Houve recentemente uma reunião dos ministros da Educação dos países da CPLP e, verificou-se, que todos os países estão empenhados atualmente, com todas as limitações que a segurança sanitária impõe, em desenvolver o melhor possível o seu sistema de ensino, sobretudo o que tem a ver com a língua portuguesa, transversal a todo o processo de desenvolvimento. Assisti, nessa reunião, a um interesse, uma motivação crescente e um empenho na melhoria do sistema do ensino em geral e especificamente no ensino da língua portuguesa. O número de falantes da língua portuguesa, o número de cursos de língua portuguesa, o número de inscrições em cursos de língua portuguesa está a aumentar. Não só nos nossos estados-membros, mas também nos países com tradição linguística diferente. Por exemplo, no Senegal, contabilizam-se


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