Uma ode às mulheres negras

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AMANDA RODRIGUES DA SILVA TEIXEIRA

ANA MEIRE TIBURCIO MARIA CLARA DO VALE

PEDRO ALVES DE SOUZA NETO

TATIANA SILVA DE LIMA (ORIENT.)

ANCESTRALIDADEMUSICALIDADE, E

FESTIVIDADE:

uma ode às mulheres negras

TEMAS CONTEMPORÂNEOS: RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS RITMOS DA HISTÓRIA

CURSO: HISTÓRIA

DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL II

6 BRASIL, CHEGOU A VEZ DE OUVIR AS MARIAS, MAHINS, MARIELLES, MALÊS!¹

7 ENTRE BATUQUES E TAMBORES: O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NO CANDOMBLÉ

8 O QUE É QUE A TIA CIATA TEM?

9 EU SOU O SAMBA, A VOZ DO MORRO SOU EU MESMO, SIM SENHOR!: CLEMENTINA DE JESUS E DONA IVONE LARA

11 DO CÓCCIX AO FIM DO MUNDO: AS RESSURREIÇÕES DE ELZA SOARES

13 O CANTO QUE VEM DAS ÁGUAS: LIA DE ITAMARACÁ E DONA ONETE

14 XICA MANICONGO QUE DESTRAVE SUA LÍNGUA!

15 BAGUNCEI A DIVISÃO: AS MULHERES NO RAP NACIONAL CONTEMPORÂNEO

16 AS DONAS DO MAINSTREAM BRASILEIRO: NEGRA LI, IZA E LUDMILLA

17 OUTRAS ARTISTAS PIONEIRAS PARA CONHECER

19 OS ECOS DE TIA CIATA

22 ORAÇÃO À ANASTÁCIA LIVRE

24 UMA ODE À ROSANA PAULINO

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CRÉDITOS DE IMAGENS

26 NOTAS E REFERÊNCIAS

SUMÁRIO

BRASIL, CHEGOU A VEZ DE OUVIR AS MARIAS, MAHINS, MARIELLES, MALÊS!¹

Uma ferida colonial, causada por uma herança escravocrata, marca o Brasil em seus diversos âmbitos: o silenciamento e apagamento de mulheres negras. Com esse trabalho, subvertemos isso fazendo uma louvação à essas mulheres e revelando o que se cala.

"Mil nações moldaram minha cara / Minha voz uso pra dizer o que se cala / O meu país é meu lugar de fala" (DEUS É MULHER/2018). É com esse trecho que Elza Soares começa a cantar "O Que se Cala". Nessa música, Elza expõe o fato de que o Brasil foi formado por pessoas de múltiplas nações, principalmente pelos diversos grupos étnico-linguísticos trazidos de África. "Nunca é demais lembrar que o Brasil recebeu, entre meados do século XVI e meados do XIX, aproximadamente quatro milhões de cativos, 40% de todos os africanos transportados através do Atlântico entre os séculos XV e XIX" (MAMIGONIAN, 2009, p. 213). Esses cativos advinham de diversas regiões de África: vinham trazidos dos portos da região centro-ocidental (Angola, Congo), da Costa da Mina, do Golfo do Benin, de Bissau, do arquipélago do Cabo Verde na Senegâmbia e de Moçambique. Mas, é preciso atentar-se que esse processo de constituição de uma nação brasileira, iniciado no período imperial, não foi em algum momento harmonioso. O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravização, criando articulações, a partir de interesses de uma elite escravocrata, para manter a mão de obra escrava até o quanto fosse possível. E, mesmo após a abolição, nenhum tipo de assistência foi concedida a essa população recém-liberta. Esses ex-escravizados foram jogados às margens da sociedade. Ao mesmo tempo, como bem diz Ângela Alonso em seu artigo "O abolicionismo como movimento social" (2014), lhes era imposta à exaltação de sua suposta redentora: a branca Isabel. Mas essa liberdade não veio do céu nem das mãos de Isabel. Foi uma luta árdua. Essa ideia da Isabel salvadora é mais um método violento para apagar figuras negras da história, principalmente mulheres negras, que foram importantes na luta pelo fim da escravização e na constituição desse país. Esse trabalho tem o intuito de romper com isso, invocando uma memória ancestral por meio da música e dos festejos. É uma ode às mulheres negras. Ou seja, uma canção e uma louvação à elas. Afinal, o que você sabe sobre as manifestações religiosas e culturais de matrizes africanas? Sabia que o candomblé nasceu em meio ao protagonismo de mulheres negras? E quantas mulheres negras você escuta no seu cotidiano? E elas estão presentes em suas playlists? Já é tempo de celebrar essas mulheres.

Essa obra faz referência ao assentamento da cultura africana, que foi violentamente transportada ao Brasil e, ainda assim, consegue refazer-se e enraizar-se nesse território.

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ENTRE BATUQUES E TAMBORES: O PROTAGONISMO DAS MULHERES NEGRAS NO

CANDOMBLÉ

Quando decidimos utilizar essse produto didático para falarmos de mulheres negras na História do Brasil, não pensávamos em fazer apenas uma singela homenagem. Queríamos que quem tivesse acesso a esse material conhecesse o quanto essas figuras negras e esses nomes são imprescindíveis quando falamos da resistência da população negra e da construção da nossa identidade enquanto brasileiros(as). Dito isso, escolhemos abordar em um dos primeiros tópicos, a questão religiosa e como as mulheres dentro de uma das religiões de matrizes afro-brasileiras contribuíram para essa construção. Em primeiro lugar, é importante entender a influência da herança africana, isso porque no continente africano as mulheres não estavam condicionadas aos afazeres domésticos, elas tinham uma vida pública, negociavam no mercado, lideravam povos, eram funcionárias de palácios e exerciam uma representação feminina muito diferente do padrão europeu, em que as mulheres eram mantidas na privacidade doméstica. Sendo assim, mesmo quando foram cruelmente tiradas dos seus lares, suas vidas e funções para ser escravizadas aqui no Brasil, a feminilidade africana as acompanhava e isso se refletiu também na religião. Utilizaremos aqui o exemplo do candomblé, que incialmente era praticado de forma velada, visto que o Estado brasileiro ainda não era laico. Mas, graças as mães de santo que resistiram em suas comunidades, no final do século XIX, mesmo sob uma realidade que o Historiador Sidney Chalhoub intitula de “liberdade precária”, pois apesar da população negra conseguir a alforria, ainda viviam um constante estado de insegurança. É preciso lembrar que o “sistema escravista foi muito mais do que um sistema econômico e social: moldou condutas, definiu desigual-

dades sociais, fez de raça e cor marcadores de obediência e criou uma sociedade condicionada pelo paternalismo e por uma hierarquia muito estrita" (SCHWARCZ, 2019, p. 27- 28). Mas isso não impediu essas mulheres de lutarem. Enfrentando um sistema racista e paternalista, que gerava a marginalização da religião, dos costumes e da identidade de modo geral de pessoas pretas ex-escravizadas, elas conseguiram ganhar notoriedade na sua luta para proclamar a sua fé e crença, sem violência da população e da polícia. Assim começaram a aparecer nos jornais, sempre nas figuras de liderança. Também utilizaram de muita astúcia na luta e na resistência, isso era visto quando chamavam intelectuais e políticos para visitarem os terreiros. Depois criaram uma instituição de cargos para esses que frequentavam a comunidade, mas claro que nunca abriram mão da liderança, pois carregavam com muita responsabilidade e afeto o papel que desempenhavam. Com essa breve contextualização, fica claro portanto que as mulheres africanas e afrobrasileiras tiveram um papel importantíssimo para a resistência, para as lutas pelos direitos que hoje parecem básicos, mas que por muito tempo foram negados àqueles que mais precisavam que fossem assegurados. Por causa da criatividade das mães pretas, até para resistir e existir, hoje os tambores e batuques do candomblé podem soar para anunciar boas novas, paz e esperança.

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Figura 2: Imagem de Iemanjá ao fundo.

Sabe aquele pagode ou rap que você acaba de colocar na sua plataforma digital e que não sai dos seus ouvidos? Pois é, a existência deles só foi possível devido a grandes personagens da nossa história. Um deles é Tia Ciata, mulher importantíssima, que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do Samba, gênero que derivou outros como o pagode e o rap que você escuta. Hilária Batista de Almeida, imortalizada pelo apelido de Tia Ciata, nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, localizada no Recôncavo Baiano, região que é considerada o berço do samba de roda. Tia Ciata teve sua iniciação no candomblé através do pai de santo Bangboshê Obitikô, que era africano, tornando-se mãe de santo, sendo confirmada como Ciata de Oxum. Nesse período os terreiros de candomblé na Bahia sofriam constantes perseguições policiais, "visto que desde 1805 o Brasil classificava rituais religiosos diferentes do catolicismo como feitiçaria e os criminalizava" (VIEIRA, 2020). Por conta disso, aos 22 anos de idade, Tia Ciata migra para o Rio de Janeiro ao lado de outras mulheres baianas de sua geração como Tia Amélia do Aragão, Tia Presciliana, Tia Veridiana e Tia Fé da Mangueira, em um processo que ficou conhecido como diáspora baiana. E um fato é inegável: os

espaços do Rio de Janeiro desempenharam um papel relevante na vida desses recém-chegados. É em terras cariocas que se tem a formação de uma região, batizada pelo nome de Pequena África, que abrangia a zona portuária do Rio de Janeiro. "A região ficou conhecida como Pequena África depois que o comércio de escravizados se tornou ilegal no Brasil em 1831 (ainda que a abolição da escravatura só viesse a acontecer 50 anos depois)" (BARBER; MACKAY, 2016). Essa comunidade foi formada pelos africanos trazidos pelo tráfico diretamente para o Rio e que se juntaram aos negros baianos libertos que migraram para cidade. Em 1888, ocorre a promulgação da Lei Áurea na praça da República. É nesse cenário que Tia Ciata tornase uma das principais figuras de resistência negra pós-abolição. Em sua casa, na praça Onze de Julho, e que é considerada a capital da Pequena África, ela "exerceu uma função de catalisadora de atração dos bambas. Sua casa se dividia em três camadas. Na mais profunda, que era o terreiro, aconteciam as batucadas de capoeira e candomblé. Na intermediária, havia o samba de partido-alto, que ficava nos fundos da casa. Na parte externa, de frente para a rua, eram feitos os bailes na sala de visitas. Dos três, apenas os bailes não eram proib

proibidos pela polícia, embora necessitassem de uma licença da chefatura para se realizar. Mas Ciata contou com uma proteção a mais, em comparação com as outras tias que também gerenciavam pensões" (MACHADO, 2014). Foi em sua casa que também aconteceu a gravação do primeiro samba no Brasil, "Pelo Telefone", de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, filho de Tia Amélia. Esses fatos evidenciam que o ambiente do samba sempre foi marcado pela força e atuação feminina, e fazem com que Tia Ciata seja reconhecida como a matriarca do samba. Ora yê yê ô!

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QUE É QUE A TIA CIATA TEM?²
Imagem atribuída à tia Ciata, matriarca do samba e sacerdotisa de Candomblé. Figura 3:

EU SOU O SAMBA, A VOZ DO MORRO SOU EU MESMO, SIM SENHOR!³: CLEMENTINA DE JESUS E DONA IVONE LARA

Clementina de Jesus (Quelé)

Você sabia que uma das protagonistas e pioneira no resgate dos cantos negros africanos e responsável pela popularização do samba foi uma mulher? Seu nome era Clementina de Jesus, também conhecida como “Quelé”. Clementina, que nasceu em 1901 no Quilombo de Carambita, no Estado do Rio de Janeiro, veio de uma família de pessoas pretas e desde muito cedo nutria uma relação de afeto com a música, sempre cantava e participava de eventos musicais na sua comunidade. Quando adulta frequentou as famosas rodas de samba na casa de Tia Ciata, Porém, foi em 1963, quando cantava na festa de uma padroeira local, sua voz ecoou e Herminio Bello de Carvalho (produtor musical) a ouviu cantar. Naquele instante ele procurou informações sobre a dona da

da voz. Em outro momento ele convidou Clementina de Jesus para gravar sua voz e sua música, ela aceitou convite e foi até a casa de Herminio. Chegando lá deram início a uma linda parceria. Depois desse episódio, Quelé realizou sua estreia em um show conhecido como “Menestrel”, que tinha a intenção de fazer uma mistura da música clássica de um músico importante com a de Clementina. O espetáculo foi um grande sucesf

so, afinal aquilo era novidade, “era a primeira vez que uma voz ancestral, marcadamente negra em seu repertório, ecoava nos teatros burgueses do Rio de Janeiro” (RIBEIRO, 2019). Assim, a carreira de Clementina tomou proporções gigantes. As cantigas de criança, cânticos religiosos, os pontos e toda uma linguagem própria dos afro-descendentes e Quilombolas, alcançou os mais diversos lugares. Dessa forma, a rainha Quelé, com lk

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Figura 4: Clementina de Jesus, 1977.

sua voz que despertava sentimentos únicos naqueles que a ouviam, encantou muitos e democratizou o samba, os cantos do povo preto e uma linda herança para a identidade cultural do Brasil.

Dona Ivone Lara (A dama dourada)

E se te contassem que uma enfermeira e assistente social negra, foi central para uma verdadeira revolução da figura feminina no samba? Dona Ivone Lara nasceu em 1922 no Rio de Janeiro, em uma família que a música sempre esteve presente: o pai era violonista e desfilava no bloco dos africanos; já a mãe era cantora. A primeira canção que ela compôs foi aos 12 anos, intitulada “Tiê-Tiê”. No entanto ao crescer ela estudou enfermagem e serviço social, mas sempre frequentava as rodas de samba na casa do seu tio. As rodas contava com presenças ilustres do samba, como Pixinguinha e Jacob do Bandolim. Já em 1945, quando começou a frequentar a escola de samba “Prazer Serrinha”, Dona Ivone Lara que continuou compondo, mas por receio, que era consequência do machismo, ela não mostrava suas canções. Então, con-

versando com seu primo pediu para ele apresentar os sambas como se fossem dele. Depois desse episódio casou-se com o presidente da “Prazer Serrinha”, e assim a dama do samba passou a fazer parte mais assiduamente da escola. Mas, em 1947 dona Ivone Lara ajudou a fundar uma escola de samba, a “Império Serrano”. Nesse momento ela realmente conseguiu um feito extraordianrio: passou a integrar a ala de compositores da escola, também foi a primeira mulher a com

compor um samba enredo, intitulado “Os cinco Bailes da História do Rio", que foi a estreia da “Império Serrano” em 1965. Depois disso a carreira da eterna Rainha Ivone Lara decolou: ela foi a protagonista de 17 Cds. A dama dourada seguiu cantando e encantando, e depois da sua partida se tornou semente e inspiração para as mulheres, não só no samba ou na música, mas em todos os espaços.

Figura 5:
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No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Clementina de Jesus e Dona
Ivone Lara: Dona Ivone Lara, 1992.

DO CÓCCIX AO FIM DO MUNDO⁴: AS RESSURREIÇÕES DE ELZA SOARES

Elza Gomes da Conceição nasceu no ano de 1930 na cidade do Rio de Janeiro. Na infância, recebeu uma profecia de São Jorge. Em meio a um sonho foi despertada por uma visita do santo e lhe fez um pedido: fizesse com que seu pai parasse de batê-la. Ele profetizou que ela ainda apanharia muito pela frente. São Jorge se referia à vida, e não ao pai de Elza . Em 1953. participou de um show de calouros na Rádio Tupi. Tentando intimidá-la, o apresentador Ary Barroso perguntou: "De que planeta você veio, minha filha?". Ela rebateu: "Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome." A resposta desarmou o apresentador que ao final da apresentação de Elza, disse: "senhoras e senhores, nasce uma estrela!". E assim nascia a estrela Elza Soares, uma das maiores cantoras do Brasil, com uma carreira marcada por altos e baixos, que se manteve inabalável até a década de 1980, quando problemas pessoais começaram a afetar o processo criativo de Elza, tirando-a de cena. Em 1984, Elza Soares, teve um retorno triunfal depois de passar anos longe da música e dos palcos. Foi dan0

dando voz ao refrão da música “Língua”, do amigo Caetano Veloso, que Elza reapareceu: "O que quer, o que pode esta língua?”. Usando sua voz, ela mostrou o quer e o que pode sua língua materna, que não é o português: é o pretuguês (um termo criado pela intelectual Lélia Gonzalez para se referir à influência que os dialetos africanos tiveram sobre o português falado no Brasil). Em Língua, Soares mostrou o poder de sua língua materna e da sua voz. Entretanto, mal sabia Elza que essa volta era só a primeira de muitas que aconteceriam em sua carreira, que é marcada por um constante vaivém. Mas ela nunca se permitiu cair em ostracismo. No ano de 2002, após uma fase de escassos lançamentos de inéditos e de limitações criativas por parte de sua gravadora, Elza lança Do Cóccix até o Pescoço, um divisor de águas na sua carreira. O álbum que tem faixas como “Dura Na Queda” e a música de sucesso “A Carne”, marcou a reinvenção artística de Elza, em que ela transitou do samba soul, passando pelo funk até o rap. Logo depois veio o álbum experimental “Vivo Feliz”, do ano de 2004, quede

que não teve o mesmo sucesso que o anterior e foi o último lançamento antes de Elza Soares entrar novamente em um jejum musical, esse de 11 anos (o mais longo de sua carreira). Mas, em 2015, a mulher que sempre é dura na queda sacudiu a poeira e deu a volta por cima: Elza surgia como a Mulher do Fim do Mundo. Esse retorno talvez seja o mais triunfal da carreira da artista. O projeto que tinha como objetivo inicial ser apenas de releituras de sambas clássicos cantados por Soares, acabou sendo um álbum de músicas inéditas e ganhou o prêmio de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira no Grammy Latino 2016. Desde então, a voz do milênio nunca mais saiu de cena e cantou até o fim. Elza Soares faleceu em 2022, mas se encontra viva e imortalizada através de sua voz singular.

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Figura 6: A mulher do fim do mundo, 2015.

O CANTO QUE VEM DAS ÁGUAS: LIA DE ITAMARACÁ E DONA ONETE

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Nascida no interior do Pará, Ionete da Silveira Gama, conhecida pelo nome artístico de Dona Onete, é a figura mais representativa do carimbó no cenário brasileiro atual. Enquanto isso, nascida na Ilha de Itamaracá (Pernambuco), Lia de Itamaracá, nome artístico de Maria Madalena Correia do Nascimento, fica a cargo de ser a maior referência da música de ciranda nos dias de hoje. Uma nortista, a outra nordestina, cada uma em uma extremidade do Brasil. Entretanto, as histórias de vida de Lia de Itamaracá e Dona Onete entrelaçam-se. São duas mulheres negras com uma relação muito simbólica com as águas, sendo as principais representantes de importantes movimentos culturais de suas regiões de origem e que foram descobertas tardiamente. Lia só lançou seu primeiro álbum aos 33 anos de idade, “intitulado 'A Rainha da Ciranda', pelo qual recebeu apenas 20 exemplares para distribuir e nenhum centavo. Mais de duas décadas depois, foi redescoberta, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, em 1998, onde fez grande sucesso e tornou-se conhecida em todo o Brasil” (NOVABRASIL, 2023). No caso de Dona Onete, seu primeiro álbum, batizado por Feitiço Caboclo, só foi lançado em 2012 quando tinha 73 anos. Antes mesmo de despontarem no cenário musical brasileiro, as duas já eram consideradas estrelas em suas respectivas regiões. E elas extrapolaram as fronteiras desse estrelato, conquistando reconhecimento a nível nacional e reivindicando um espaço que até então lhes era negado, sendo figuras centrais na luta pelo reconhecimento de artistas negras. Desde então, os ritmos do Norte e Nordeste tem ocupado os cinco cantos deste país através das vozes de Dona Onete e Lia de

No QrCode abaixo você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Elza Soares No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Karol Conká, Drik Barbosa, Mc Soffia, Negra Li, Iza e Ludmilla: No QrCode abaixo você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Elza Soares
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Itamaracá. Vida longa a elas! Figura 7: Lia de Itamaracá, 2022. Figura 8: Dona Onete, 2019.

XICA MANICONGO QUE DESTRAVE SUA LÍNGUA!⁵

Linn da Quebrada abre seu álbum Trava Línguas, lançado no ano de 2021, com a faixa “Amor, Amor”, que diz: “Deu meia noite / Era quase meio dia / Xica Manicongo que destrave sua língua”

(BRASILEIRO, 2021). Com essa fala, Linn invoca uma figura ancestral: Xica Manicongo (considerada a primeira travesti brasileira). É a partir dessa personagem histórica que Linn canta e eleva sua autoestima. Além do álbum de Linn, 2021 foi agraciado com álbuns de outras duas importantes artistas: Indigo Borboleta Anil, de Liniker (que venceu a categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira no Grammy Latino 2022); e Ojunifé de Majur. Tanto Linn da Quebrada quanto Liniker já vinham de trabalhos anteriores, marcados por tons abrasivos, em que suas dores, feridas e fúrias misturavam-se com a indignação. Enquanto isso, Majur fazia sua estreia no cenário musical. Entretanto, além de ser três mulheres trans negras, seus trabahos encontram-se em meio a uma encruzilhada por conta de um fato: são três mulheres negras cantando sobre afetos e autoestima. Em meio a um processo de regressão, elas invocam sua memória ancestral negro-brasileira, para que o eu do passado possa fazer as pazes com o eu do presente. São mulheres que, mesmo sob um sistema e um “cis-tema” que violenta seus corpos diariamente e as coloca em situações degradantes e subalternas, estão reivindicando, em alto e bom tom, pelo direito de se ter seu amor-próprio.

No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Linn da Quebrada, Liniker e Majur:

No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Karol Conká, Drik Barbosa, Mc Soffia, Negra Li, Iza e Ludmilla:

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Figura 9: Linn da Quebrada, 2021. Figura 10: Liniker, 2021. Figura 11: Majur, 2021.

Drik Barbosa: Adriana Barbosa de Souza, mais conhecida como Drik Barbosa (pronúncia Drika Barbosa), nasceu em São Paulo e compõe desde os 14 anos. Drik relata que a música sempre foi muito presente no seu cotidiano em uma ocupação na periferia: seus pais e tios ouviam Hip-Hop e passaram o amor e o conhecimento das batidas. Drik começou nas famosas batalhas de rima, e hoje é uma das maiores na cena do Rap feminino Nacional, tendo cantado com grandes nomes, como Emicida, Rincon Sapiência e Karol Conká. Outro ponto importante, é que Drik sempre tenta levar a mensagem de representatividade e de que é possível para outras mulheres pretas. Ela sempre traz nas suas letras referências ao empoderamento feminino, principalmente das mulheres negras, como em “Liberdade”, “Camélias” e “Quem Tem Joga”, essa última foi selecionada como trilha sonora para a produção do filme “Esquadrão Suicida”.

MC Soffia: Soffia Gomes da Rocha Gregório Correia, mais conhecida como Mc Soffia, nasceu na zona oeste de São Paulo, é uma Rapper conhecida por músicas como “Meu Lugar de Fala” “Minha Rapunzel tem Dread” e “Lady da Quebrada”. Atualmente tem 19 anos e tem despontado no cenário desde 2016, quando cantou na abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro ao lado de Karol Conká. Soffia foi criada em torno dos movimentos sociais, vem de uma família de mulheres negras muito fortes e com uma história luta, como sua mãe a produtora musical e empresaria Kamilah Pimentel, que é do movimento negro desde a adolescência. Apesar dessas influências, Soffia afirma que sofreu racismo na Escola. Com apenas 12 anos, revelou em uma entrevista para a BBC, que o ambiente escolar precisava melhorar muito para combater o racismo. Atualmente, Mc Soffia faz sucesso com sua música, sua representatividade e empoderamento.

Karol Conká: Karoline dos Santos Oliveira, mais conhecida como Karol Conká, nasceu na periferia de Curitiba e quando criança tinha muitos sonhos, como ser cantora, apresentadora e bailarina. Aos 16 anos Karol entra para o mundo do Rap e depois lança um álbum com sete canções juntamente com o grupo Agamenon, do qual ela fazia parte, ficando assim mais conhecida. Porém, aos 19 anos Karol Conká, se afastou da música depois que teve seu filho João e só voltou aos palcos em 2011, quando começou a ter notoriedade por causa das suas músicas, ganhando o prêmio Multishow em 2013, na categoria “artista revelação”. Já em 2014, Conká lançou o seu single “Tombei” e ganhou visibilidade no Brasil inteiro com ele. Desde então Karol Conká se tornou consagrada no cenário, sendo uma referência muito importante para o Rap feminino nacional. As canções de Conká encontram abrigo nos mais diferentes públicos e também contribuem para o empoderamento de pessoas pretas.

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BAGUNCEI A DIVISÃO⁶: AS MULHERES NO RAP NACIONAL CONTEMPORÂNEO
Figura 12: Drik Barbosa, 2017. Figura 13: Mc Soffia, 2022. Figura 14: Karol Conká, 2018.

AS DONAS DO MAINSTREAM BRASILEIRO: NEGRA LI, IZA E LUDMILLA

Negra Li: Liliane de Carvalho, mais conhecida como Negra Li, é uma cantora, rapper, compositora e atriz brasileira. Formada em música pelo coral da Universidade de São Paulo (USP), sendo considerada o principal nome feminino do rap do país. Conhecida pelas músicas “Você vai Estar na Minha"," Tudo de Novo", "Guerreiro, Guerreira" e "Raízes". A rapper traz nas suas músicas os obstáculos e preconceitos que a comunidade negra sofre diariamente e mostra também o empoderamento feminino preto. Em uma entrevista Negra Li diz que quando ainda estava no RZO sentia a necessidade de se proteger dentro e fora do palco, passando a se comportar como seus parceiros do RZO. Ela também fala como às vezes sentia como era difícil falar sobre racismo em suas letras.

No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Karol Conká, Drik Barbosa, Mc Soffia, Negra Li, Iza e Ludmilla:

No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Karol Conká, Drik Barbosa, Mc Soffia, Negra Li, Iza e Ludmilla:

No QrCode abaixo você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Elza Soares

No QrCode abaixo você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas de Elza Soares

Iza: Iza é o nome artístico de Isabela Cristina Correia de Lima Lima, que nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 3 de setembro de 1990. Lançou seu primeiro álbum “Dona de Mim” em 2018. Seu estilo musical é predominantemente R&B e pop, com mistura de reggae, soul e elementos da cultura afro-brasileira. A cantora, que tem muita fé, canta o empoderamento feminino. Para ela é essencial utilizar do seu poder de influência no mundo da música, a qual transmita uma mensagem com identificação e representatividade: "É importante as pessoas se enxergarem nos lugares para se sentirem parte de alguma coisa". Iza não limitou os seus sonhos apesar do racismo, o qual sempre fez parte da sua vida: "Acho que devemos fazer o que quisermos porque quando fazemos aquilo que queremos a nossa mensagem é transmitida". Iza não desistiu de procurar o seu lugar e hoje inspira outras mulheres, as quais sentem-se observadas, cobradas, desrespeitadas e excluídas a também serem "Donas de si".

Ludmilla: É uma cantora e compositora brasileira, nascida em 24 de abril de 1995, na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A artista, desde sua infância até os dias atuais, recebe muitos comentários depreciativos. Na escola, escutava comentários desrespeitosos acerca do seu cabelo crespo, remetido ao "cabelo de bombril". Hoje, não basta o racismo, mas enfrenta também comentários desconfortáveis referentes a sua bissexualidade e por ter escolhido um estilo musical marginalizado por parte da sociedade: "A fama e o poder não me livraram do racismo". Contudo, Ludmilla tem a sua importância. "Ela apenas não tirou o funk da favela e o colocou nos grandes centros, mas também se tornou símbolo de liberdade entre as funkeiras." A cantora teve uma postura vanguardista, a qual advém do preconceito.

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Figura 15: Negra Li, 2022. Figura 16: Iza, 2021. Figura 17: Ludmilla, 2020.

OUTRAS ARTISTAS PIONEIRAS PARA CONHECER

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Figura 18: Alcione, 2022. Figura 19: Alaíde Costa, 2022. Figura 20: Leci Brandão, 2020. Figura 21: Eliana Pittman, 2020.

No QrCode ao lado você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas das artistas expostas na página anterior (17) e nesta página (18).

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Figura 22: Margareth Menezes, 2022. Figura 23: Sandra de Sá, 2018. Figura 24: Juçara Marçal, 2021.

OS ECOS DE TIA CIATA

No QrCode abaixo você terá acesso a uma playlist com músicas selecionadas das artistas expostas nas páginas 19 e 20:

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Figura 27: Mel Gonçalves, 2021. Figura 25: Larissa Luz, 2022. Figura 26: Tássia Reis, 2022. Figura 29: Mc Tha, 2020. Figura 28: Mahmundi, 2015. Figura 30: Urias, 2019.
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Figura 31: Luedji Luna, 2022. Figura 34: Jup do Bairro, 2021. Figura 32: Gaby Amarantos, 2022 Figura 33: Xênia França, 2017. Figura 35: Tasha e Tracie, 2021.

ORAÇÃO À ANASTÁCIA LIVRE

Festa dias 12 e 13 de Maio. Comemora-se todos os dias 12 e 13.

Se você está com algum PROBLEMA DE DIFÍCIL SOLUÇÃO e precisa de AJUDA URGENTE, peça esta ajuda a Anastácia Livre.

ORAÇÃO

Vemos que algum algoz fez da tua vida um martírio, violentou tiranicamente a tua mocidade, vemos também no teu semblante macio, no teu rosto suave, tranquilo, a paz que os sofrimentos não conseguiram perturbar.

Isso quer dizer que sua luta te tornou superior, conquistaste tua voz, tanto que Deus levou-te para as planuras do Céu e deu-te o poder de fazeres curas, graças e milagres mil a quem luta por dignidade.

Anastácia, és livre, pedimos-te ... roga por nós, proteja-nos, envolve-nos no teu manto de graças e com teu olhar bondoso, firme e penetrante, afasta de nós os males e os maldizentes do mundo.

MONUMENTO À VOZ DE ANASTÁCIA

YHURI CRUZ, 2019

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Figura 36: Rosana Paulino, 2018.

À ROSANA PAULINO

Esse texto contém trechos retirados do site Géledes (Rosana Paulino: a mulher negra na arte por Jonas Pimentel); e do site Cenpec (Rosana Paulino: a arte da representatividade étnico-racial por Tamara Castro)

As obras que revestem a capa, as páginas iniciais e as finais deste presente trabalho, e o nome que batiza esse folheto de "Atlântico Vermelho" são de autoria da artista plástica Rosana Paulino, paulistana nascida no bairro da Freguesia do Ó no ano de 1967. Bacharel e doutora em Artes Plásticas pela ECA / USP, além de ter especialização em gravura pelo London Print Studio, de Londres, a trajetória pessoal de Paulino aparece por várias vezes em suas obras por meio de retratos de família, memórias do bairro em que nasceu, patuás, escapulários, bordados, cerâmicas, estandartes religiosos, entre outras referências.

“Trazer o bordado, a cerâmica, minhas experiências com a cultura popular, o terreiro, as matrizes africanas foi uma escolha intencional. Não vou deixar minha gênese para trás”, Rosana Paulino.

Entrelaçar biografia e história parece ser o foco das obras que apresentam não apenas a vida privada da artista através de suas referências, mas principalmente o plano social e político mais amplo. Em suas obras, a artista discute o racismo estrutural do Brasil, os resquícios da escravidão que ainda se fazem presentes, os padrões de beleza feminino e, sobretudo, a condição da mulher negra na sociedade brasileira. A combinação das questões de gênero e de etnia aparece de maneira explicita e coloca em xeque o machismo/racismo estrutural que oprime, silencia e apaga milhões de mulheres negras no Brasil. A proposta da arte e do trabalho de Rosana Paulino têm tudo a ver com este trabalho. Em exposições como “Rosana Paulino: a costura da memória", el

ela usa a arte para invocar sua memória ancestral e dar voz as mulheres que foram e são silenciadas pela história oficial deste país.

“Ao se ver representadas na arte, essas mulheres podem enxergar-se como pessoas no mundo, sujeitos de direitos, reconhecer seu papel na sociedade e lutar por mudanças”, Rosana Paulino.

Em 2017, Paulino recebeu os Prêmio Bravo e ABCA - Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na modalidade Arte contemporânea. Além disso, Rosana Paulino foi a primeira mulher negra a ter uma exposição exclusiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no ano de 2018. Possui obras em importantes museus tais como:

MAM - Museu de Arte Moderna de São

Paulo (São Paulo), UNM - University of New Mexico Art Museum (New Mexico, USA) e Museu Afro-Brasil (São Paulo).

Viva Rosana Paulino!

UMA
ATLÂNTICO VERMELHO 24
ODE

CRÉDITOS DE IMAGENS

IMAGEM DE CAPA (1ª CAPA): Rosana Paulino, Sem título–coração. Impressão digital sobre tecido e costura 29 x 58 cm, 2017 (detalhe). Esta obra foi parte da exposição Atlântico Vermelho - Acervo Rosana Paulino.

MAGEM DA 2ª CAPA:

p.1:

Rosana Paulino, Sem Título. Impressão sobre tecido, ponta seca e costura 58 × 89,5 cm, 2016 (detalhe). Esta obra foi parte da exposição Atlântico Vermelho - Acervo Rosana Paulino.

IMAGEM DA 3ª CAPA:

p.28:

Rosana Paulino, Musa Paradisíaca. Impressão digital sobre tecido, recorte, tinta e costura, 2018 (detalhe)Acervo Rosana Paulino.

IMAGEM DA CONTRACAPA (4ª CAPA):

Rosana Paulino, Sem Título. Impressão sobre tecido, ponta seca e costura 58 × 89,5 cm, 2016 (detalhe). Esta obra foi parte da exposição Atlântico Vermelho - Acervo Rosana Paulino.

IMAGEM DO SUMÁRIO:

p.3-4: Rosana Paulino, Parede da memória. Tecido, microfibra, xerox, linha de algodão e aquarela 8 x 8 x 3cm cada elemento, 1994/2015 (detalhe) - Acervo Rosana Paulino.

IMAGENS DO MIOLO

p.5:

Rosana Paulino, A salvação das almas? Impressão digital sobre tecido e costura, 29 x 58cm, 2017 (detalhe) - Acervo Rosana Paulino.

p.6:

Figura 1: Rosana Paulino, Assentamento Instalação: impressão digital sobre tecido, desenho, linóleo, costura, bordado 180 x 68 cm, 2013 - Acervo Rosana Paulino.

p.7:

Figura 2: Pierre Verger / Fundação Pierre Verger

p.8:

Figura 3: Wikimedia Commons

p.9:

Figura 4: Walter Firmo / Acervo IMS

p.10:

Figura 5: Walter Firmo / Acervo IMS

p.12:

Figura 6: Sérgio de Castro / Acervo Itaú Cultural

p.13:

Figura 7: Carol Ito / Acervo Itaú Cultural

Figura 8: Walda Marques / Instagram

p.14:

Figura 9: Wallace Domingues / Instagram

Figura 10: Caroline Lima / Instagram

Figura 11: Marcos Florentino e Kelvin Yule (MAR+VIN) / Instagram

p.15:

Figura 12: Daryan Dornelles / Instagram

Figura 13: Rodolfo Magalhães / Instagram

Figura 14: Marcio Simnch / Instagram

p.16:

Figura 15: Thi Santos / Instagram

Figura 16: Rodolfo Magalhães / Instagram

Figura 17: Rodolfo Magalhães / Instagram

p.17:

Figura 18: Gabriela Schmdt / Vogue Brasil

Figura 19: Ênio César / Instagram

Figura 20: Greg Salibian / Folhapress

Figura 21: Murilo Alvesso / Instagram

p.18:

Figura 22: Raquel Carvalho / Instagram

Figura 23: Marilia Cabral / O Globo

Figura 24: Aline Belfort / Instagram

p.19:

Figura 25: Kevin Oux / Instagram

Figura 26: Sthefany / Instagram

Figura 27: Fernanda Liberti / Revista Balaclava

Figura 28: Eduardo Magalhães / Coleção Particular

Figura 29: Francisco JR / Vogue Brasil

Figura 30: Guilherme Nabhan / Vogue Brasil

p.20:

Figura 31: Edgar Azevedo / Glamour Brasil

Figura 32: Rodolfo Magalhães / Instagram

Figura 33: Tomas Arthuzzi / Instagram

Figura 34: Rodrigo de Carvalho / Coleção Particular

Figura 35: Steff Lima / COLORSxSTUDIOS

p.21:

Yhuri Cruz, Monumento à voz de Anastácia. Afrescomonumento à voz e distribuição de santinhos de Anastácia

Livre, 2019.

p.23:

Figura 36: Isabella Matheus / Revista TPM

Todos os esforços foram envidados no sentido de garantir o devido crédito aos detentores de direitos autorais. No caso de um detentor se identificar, faremos com prazer constar o crédito.

NOTAS

1 Trecho retirado do samba-enredo "História para ninar gente grande", apresentado pela Estação Primeira de Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 2019, com o qual a escola conquistou o seu 20º título de campeã;

2 Trocadilho com a canção "O Que É que a Baiana Tem?", de Dorival Caymmi;

3 Alusão a canção "A Voz do Morro" de Zé Keti;

4 Referência ao capítulo do livro "Do cóccix ao fim do mundo: dois tempos de Elza Soares" de Regina Machado, presente no livro "As Bambas do Samba" organizado por Marilda Santanna;

5 Trecho retirado da canção "Amor, Amor" de Castiel Vitorino Brasileiro, cantada por Linn da Quebrada em seu álbum Trava Línguas;

6 Alusão a música "Tombei" de Karol Conká.

REFERÊNCIAS

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Disponível em: https://catracalivre.com.br/samba-em-rede/luta-e-resistencia-de-hilaria-batista-dealmeida-tia-ciata/. Acesso em: 31 mar. 2023;

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CARVALHO, Márcia. Diva do carimbó, Dona Onete prepara novo disco e dá lição de empoderamento. Correio Braziliense. Brasília, 2022. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2022/08/5031675-diva-do-carimbo-donaonete-prepara-novo-disco-e-da-licao-de-empoderamento.html. Acesso em: 28 mar. 2023;

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