Caderno Especial Guabiruba 60 Anos - Jornal Guabiruba Zeitung

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Sessenta anos Não pode ser vendido separadamente e infinitos motivos para comemorar CADERNO ESPECIAL . 09 de Junho de 2022

EXPEDIENTE

Sumário

Editorial: Sessenta anos e infinitos motivos para comemorar página 3

CADERNO ESPECIAL - GUABIRUBA 60 ANOS

ENCARTE DA EDIÇÃO 629 DO JORNAL

GUABIRUBA ZEITUNG

NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

EDITORA ZEITUNG EIRELI

CNPJ: 11.061.382/0001-80

Rua Brusque, 142 - sala 303

Edifício Teonila - Centro - Guabiruba (SC)

CEP: 88.360-000

DIREÇÃO GERAL

David T. Silva

Reg. Profissional JP/SC 2394

EDIÇÃO E REPORTAGEM

Thayse Helena Machado JP/SC 3248

COLABORARAM COM ARTIGOS

Juscelino Carlos Boos

Marcelo Carminati

Roque Luis Dirschnabel

Rosemari Glatz

CONTATO (47) 99172-1801

jornalismo@zeitung.com.br comercial@zeitung.com.br

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Level Comunicação

IMPRESSÃO

Gráfica Soller

CIRCULAÇÃO

Guabiruba e Brusque

Dona Trude: a mãe do prefeito página 5

O Sorriso e a alegria contagiantes de Max Kohler página 7

O primeiro prefeito da cidade página 8

Carlos Boos e Guabiruba em dois momentos páginas 10 e 11

Seis décadas de história páginas 12 e 13

Os 60 anos e a economia de Guabiruba

página 15

Cultura Guabirubense

páginas 16 e 17

Saudades da dona Claudia

página 19

Histórias de Cecília e Érico página 21

Guabiruba contada nos livros

página 22

60 anos e 12 gestores

página 23

Guabiruba 60 anos

A Açopeças tem orgulho de fazer parte desta história

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EDITORIAL

Sessenta anos e infinitos motivos para comemorar

Guabiruba comemora 60 anos de história neste 10 de junho, com uma trégua da pandemia de Covid-19 e uma extensa agenda de comemorações organizada pelo Poder Público. Entre shows locais e nacionais, desfiles, caminhada, distribuição de mudas nativas e o retorno da Festa da Integração após três anos, o que chama atenção é a união das pessoas e entidades, tanto para fazer os eventos acontecerem, quanto para participar e festejar.

Guabiruba tem infinitos motivos em todas as áreas para comemorar suas seis décadas, mas sem dúvida, as pessoas que aqui vivem é que fazem o município se destacar dos demais. O guabirubense, de nascimento ou coração, tem orgulho de suas raízes e tradições. O guabirubense tem vontade de escrever e reescrever sua história. Ele pensa no futuro, sem perder os ensinamentos do passado e vive o presente com dedicação e amor em tudo o que faz.

É por isso que o caderno comemorativo dos 60 anos do Guabiruba Zeitung tem as pessoas como foco. Traz a história da emancipação do município contada pelo

olhar do neto de Carlos Boos, Juscelino Carlos Boos.

Conta sobre o primeiro prefeito da cidade Henrique Dirschnabel, após o ato de emancipação político-administrativa, pelas palavras do neto Roque Luis Dirschnabel.

Faz um relato sobre as manifestações culturais da cidade, em diversas áreas, sob a ótica do escritor, ator e dramaturgo Marcelo Carminati. Assim como fala da economia de Guabiruba, sob olhar da escritora e vice-presidente da Associação Visite Guabiruba (Avigua), Rosemari Glatz.

Nas próximas páginas, você também vai conhecer pessoas que não participaram diretamente das questões políticas da cidade, mas que ajudaram a construir sua história com suas famílias, seus trabalhos e suas tradições.

Você vai conhecer a história do professor aposentado Max Kohler e do casal de agricultores Cecília e Érico Pontaldi.

Vai saber um pouco mais sobre Maria Gertrudes

Zirke, a dona Trude, que é mãe do atual prefeito de Guabiruba e trabalhou com quase todos os demais chefes do Executivo, ao longo dos anos.

E assim como nós, vai se encantar com Claudia Fischer Carminatti, que não teve tempo de ver esta edição impressa, pois se despediu deste plano alguns dias depois de nossa entrevista. Temos certeza que de onde ela estiver está comemorando conosco os 60 anos da cidade, que ela ajudou a desenvolver.

Nesta edição, você vai conferir também a entrevista com o escritor Saulo Adami, que tem Guabiruba presente em diversos livros que escreveu ao longo da carreira.

Orgulho de fazer parte

O Jornal Guabiruba Zeitung também faz parte da história de Guabiruba, com a missão de contar e registrar diariamente no digital e semanalmente no impresso todas as conquistas da cidade e do seu povo!

Nossa gratidão a todos os guabirubenses que como fontes e leitores nos ajudam a escrever e contar sobre a cidade! Viva Guabiruba, viva todas as pessoas que nasceram ou escolheram esse lugar encantador para viver!

Que sempre tenhamos infinitos motivos para comemorar!

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Dona Trude: a mãe do prefeito

Por mais de 30 anos ela trabalhou na prefeitura, sem imaginar que o filho seria eleito chefe do Executivo

No primeiro dia de trabalho na prefeitura de Guabiruba, Maria Gertrudes Zirke (86), a dona Trude, jamais podia imaginar que o filho caçula, Valmir Zirke, no futuro seria o chefe do Executivo. Foram quase 36 anos dedicados a manter limpo e com um bom café, o prédio público mais importante da cidade.

“Eu comecei a trabalhar na prefeitura com o primeiro prefeito eleito, que foi o Carlos Boos. Era no Paulo Kohler, só um quartinho, uma salinha. Antes eu morava na Águas Claras, com meu marido e filhos. Eu vim domingo de muda e na segunda-feira meu pai foi lá perguntar para o prefeito se tinha um emprego para mim. Ele disse: vai ter, porque a dona Landa vai para o grupo (Colégio João Boos). Na terça-feira já comecei a trabalhar e fiquei até o tempo do Orides (Kormann)”, conta. “Esses dias, no aniversário do Valmir, fui lá na prefeitura e vi as fotos. Quantos prefeitos eu passei. Quase todos! (risos)”, emenda.

Segundo ela, antigamente tinha pouco emprego e quando o marido Nildo (in memorian) não negociava animais, não tinha ganho nenhum. Por isso, antes de trabalhar na prefeitura, ela vendia toalhas e roupas de bicicleta, batendo de porta em porta. Lembra dessa época com carinho, pois diz que costumava ganhar cafés e almoços na casa das clientes.

Depois de iniciar o trabalho na prefeitura parou com as vendas. “Engravidei e quando acabou o resguardo fui obrigada a trabalhar, porque não era como hoje em dia, que ganha licença”, frisa ela, que dependia das filhas de 12 e 11 anos para cuidar dos bebês gêmeos. “Meu irmão ajudava a limpar pra eu não ganhar a conta. Entrava 7h30 e ficava até às 11h, depois voltava 13h30 até às 17h”, detalha.

Para dona Trude, todos os prefeitos com quem trabalhou eram bons. “Eram todos bons comigo, mas igual ao Carlos Boos não tinha. Ele era como um pai. Ele tinha pena da gente, porque éramos pobres. Então, se tinha alguma coisa ele dava para mim. Depois, veio o Vadislau Schmitt e achei que ia ganhar a conta, porque tinha mudado de partido. Todos eles depois eram de partidos diferentes, mas nunca deram a conta”, ressalta ela, que se aposentou na prefeitura e ainda trabalhou no local por mais alguns anos.

A aposentada conta que seu marido não queria que o filho mais novo entrasse para a

política, mas se orgulha da trajetória de Valmir, que com o irmão gêmeo, nasceu em Guabiruba. “Agora sou a mãe do prefeito!”, comemora. “Eles nasceram aqui, só os dois, o restante na Águas Claras. Primeiro nasceu o Leomir, depois o Valmir, que é o neném da casa. Naquele tempo, a gente não fazia exame, então não sabia que eram dois. Eu ia trabalhar de bicicleta todo dia. Sexta-feira trabalhei e ainda fui buscar trato. De madrugada nasceram”, recorda.

Dona Trude, que hoje mora no mesmo terreno da filha Denise, conta sobre a infância e sua família. “O primeiro carro da Guabiruba era do meu pai. A primeira prefeitura foi na sala dele (Leo Kormann). Era grande, porque ele era alfaiate. Pediram se ele alugava, então falou que não queria nada e podiam usar”, relata.

A aposentada explica que nasceu em Guabiruba (então bairro de Brusque) e sentiu muita falta daqui quando foi morar no bairro Águas Claras, após o casamento. “A casa dos meus pais era onde hoje é a Câmara de Vereadores. Ali era tudo terra do meu pai. Nós éramos 10 irmãos. A minha mãe era de Brusque, a família dela veio da Alemanha e do pai, da Itália. Morei 10 anos lá em cima e deu uma saudade da Guabiruba, porque sempre fui acostumada aqui”, afirma.

Segundo ela, sua infância foi muito feliz e os costumes eram outros. “Meu pai era um homem bem de vida. Nós tínhamos muitas terras. Antigamente, até as crianças usavam terno,

Para dona

Trude, todos os prefeitos da cidade foram bons, mas diz que Carlos Boos foi como um pai para ela

então ele tinha serviço o ano todo. Lá do Aymoré, Guabiruba Sul, rua São Pedro, vinha todo mundo na igreja do centro e de terno. Eu ia à missa com a minha prima. Nós tínhamos sapatos para os domingos, mas dia de semana a gente tinha tamanco para ir para a escola. Era frio, a sorte que era pertinho de casa. O professor era o Arthur Wippel, quando pai não podia vir, vinha o filho, que nem era professor. Era boa a nossa turma”, lembra.

“Nós tínhamos roupa para sábado, para domingo e dia de semana. Aos domingos, Deus o livre se não ia na missa. Quando eu casei e fui morar na Águas Claras eu estranhava tanto, porque era uma vez por mês só a missa. Pra mim, não era domingo se não ia”, afirma. “Na saída da missa quando pequena, o pai dava um dinheirinho e nós íamos na cooperativa comprar bala e doce. Depois brincávamos na minha tia ou lá em casa de esconder, fazia roda e cantava na varanda. Eu tinha uma boneca, que coloquei o nome de Claudete. Depois minhas filhas brincaram com ela”, emenda dona Trude, que sempre adorou dançar.

Hoje em dia, com problema no joelho, ela utiliza uma bengala para evitar uma possível queda, mas não dispensa uma boa dança nas comemorações em família. Mãe de sete filhos - quatro meninas e três rapazes -, dona Trude tem 14 netos e oito bisnetos. Uma família grande para levar adiante seus legados de amor e trabalho.

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SILVA
FOTO DAVID T.

Guabiruba 60 Anos

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O Sorriso e a alegria contagiantes de Max Kohler

Logo depois da emancipação de Guabiruba, ele recebeu a incumbência de ser o novo juiz de paz, função que ainda desempenha

Marcelino Kohler (79) nasceu em casa, no início da rua Pomerânia. Conhecido por Max, ele conta que na infância ia com a sua enxadinha junto dos adultos para as plantações, embora seu pai tivesse serraria, além de produzir tapioca.

Aos 10 anos tomou a primeira comunhão, aos 13 foi para o seminário e estudou durante 14 anos para se tornar padre. Aprendeu entre um seminário e outro a decorar igrejas, adquiriu bons conhecimentos e um senso de justiça que mais tarde lhe renderiam as atividades profissionais.

Max conta que em 1968 decidiu ser um bom cristão ao invés de se tornar padre, mesmo após as insistências dos padres no seminário de Azambuja. “Já tinha até batina”, comenta ele que descobriu, próximo dos 30 anos, que o sacerdócio não era sua vocação.

Um ano depois de iniciar um estágio como professor no seminário em Corupá, começou a

lecionar em outros colégios em Brusque. “Eu era um quebra galho, quando precisavam de um professor rápido era eu. Até quando o Merico sofreu acidente, o padre veio atrás de mim para eu dar aulas de matemática no seminário Azambuja”, comenta.

Ele fala que depois começou a lecionar em escolas estaduais em Blumenau, porque em Guabiruba não tinha vaga. “Pela manhã em uma escola e a tarde em outra. Depois de mais de três anos consegui remoção para cá, por conta da aposentadoria de uma professora”, relata, comentando que também foi professor de colégios particulares.

Depois de sair do seminário e apesar de já conhecer a futura esposa, foi por causa da atividade de decorador, que aprendeu no seminário, que ficou mais próximo dela. Maria Imhof Kohler (84), a Lily, cuidava da igreja matriz, no centro de Guabiruba e lá foram ficando próximos até se casarem em 1974. Da união nasceu o

único filho, Maciel Luiz (42).

Max e a esposa Lily começaram a fazer decorações de casamentos juntos aos finais de semana.

O senhor sorridente conta que a rotina era bastante intensa já que exercia a docência e atuava como decorador. “Era um corre-corre toda vida”, emenda contando sobre sua outra atividade.

Logo depois da emancipação de Guabiruba, Max recebeu a incumbência de ser o novo juiz de paz, função em que ainda atua. Ele relembra que Anselmo Boos, dono do primeiro cartório na cidade, teve de enviar 10 nomes para a capital catarinense, para que fosse escolhido quem seria o novo juiz de paz, então veio seu nome. “Escolheram certamente porque estudei no seminário”, acredita.

O aposentado diz que não conhece mais as pessoas na Guabiruba e que pensa que mais da metade são de fora. Noutro dia, pela manhã perguntando nos casamentos, relatou que tinham gaúchos, paranaenses, baianos e roraimenses. “Interessante, de todos os estados eu já fiz casamentos em Guabiruba”, disse.

Emancipação

Assim como a sua família comentava na época, ele acredita que a emancipação de Guabiruba não era necessária, já que a nova cidade era tão perto. “Hoje é uma cidade só e que tem o morro no meio”, frisa.

Para Max, a cidade deveria ter permanecido um bairro de Brusque. “Para que fazer isso? São mais despesas, mais cargos. Na Alemanha, por exemplo, em determinado local têm duas cidades e um mesmo prefeito. Elas são divididas pela linha férrea”, argumenta ele, que em 2013 viajou para o país e viu de perto o lugar de onde recebeu a herança cultural.

O professor aposentado nos anos 2000 observa que Guabiruba progrediu bastante nesses 60 anos. “A população quase triplicou. Se fossemos só guabirubense mesmo, seríamos de oito para 10 mil. Estamos com praticamente 25 mil. E depois quantas empresas se instalaram aqui. Interessante que antes o pessoal da Guabiruba trabalhava em Brusque. Era uma cidade dormitório, como se diz. Hoje é o contrário. O pessoal de Brusque vem trabalhar aqui”, conclui.

Max sorri contando a própria história e contagia pela alegria. “Eu estou sempre sorridente. Sou da filosofia da minha mãe. Ela foi aos 99 anos, sempre sorridente, nunca reclamou de nada. Sempre feliz. Tristeza? Fora. O negócio é alegria”, ressalta ele, que está construindo a árvore genealógica da família.

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Para Max, Guabiruba deveria ter permanecido um bairro de Brusque
FOTO DAVID T. SILVA

O primeiro prefeito da cidade

Henrique Dirschnabel ficou no cargo de 10 de junho de 1962 a 31 de janeiro de 1963

Por Roque Luis Dirschnabel (neto do ex-prefeito)

Henrique Dirschnabel teve o compromisso de conduzir a recém emancipada Guabiruba em 10 de junho de 1962 depois de sessão realizada em uma das salas da (antiga) marcenaria da atual empresa Kohler & Cia, localizada na época na rua 10 de Junho. A sessão coordenada por Carlos Boos contou com a presença de autoridades comunitárias, como Leo Kormann, Paulo Kohler, Erico Truppel, Ewaldo Debatin, Erico Kohler, Arnaldo Batschauer, entre outros.

A decisão do Conselho Representativo foi levada ao então Governador do Estado de Santa Catarina, Celso Ramos, que nomeou Henrique Dirschnabel para exercer a função de prefeito com um ordenado mensal de Cr$.10,00.

As principais realizações à frente do Poder Executivo de Henrique Dirschnabel foram a instalação da Prefeitura Municipal no edifício onde ficava a empresa Kohler & Cia, com a aquisição de móveis e equipamentos necessários ao funcionamento da administração pública, incluindo a aquisição da primeira máquina de escrever. Ele também realizou a manutenção e a abertura de novas vias, aquisição de um caminhão caçamba junto ao Departamento de Estradas e

Rodovias (DER) e transferiu o acervo patrimonial dos proprietários de terras de Guabiruba, cadastrados no município de Brusque, para fins tributários e urbanísticos.

O 10 de junho de 1962

A instalação oficial do município ocorreu em sessão solene na manhã do dia 10 de junho de 1962, sob a presidência do juiz de direito da Comarca de Brusque, Ivo Sell, que convidou o vereador de Brusque, Alexandre Merico, para secretariá-la.

Entre as autoridades que assinaram o termo de compromisso e posse do novo prefeito, estava o juiz Ivo Sell; o secretário designado, vereador de Brusque Alexandre Merico; o capitão Luiz Gonzaga de Souza, representante do Governador do Estado (Celso Ramos); o advogado Raul Scheffer, subchefe da Casa Civil; deputado Orlando Bertoli, representante do Presidente da Assembleia Legislativa (João Estivalet Pires); João Batista Martins, presidente da Câmara Municipal de Brusque; vereador de Brusque Carlos Boos; Francisco Augusto Koerich, prefeito de Vidal Ramos; Padre Pedro Mathias Engel; Otto Schaefer; professor Mário Dirschnabel; Elvídio Boos; Valdir da Luz Macuco; Jor-

ge Rietzmann e o jornalista Wilson Santos.

A cerimônia ocorreu no edifício da municipalidade, que correspondia à residência de Leo Kormann, ocupando as dependências de sua alfaiataria, na rua 10 de junho.

Ao meio-dia, no Salão Cristo Rei, foi servido um banquete no qual vários oradores se manifestaram sobre a emancipação. Fizeram uso da palavra o padre Matias Engel, o deputado estadual Orlando Bértoli, o vereador Carlos Boos, Raul Scheffer, entre outros.

Na ocasião, o juiz Ivo Sell falou da importância do momento. “É oportuno congratular-me com o senhor Henrique Dirschnabel, prefeito provisório e o povo de Guabiruba de um modo geral, pela decorrência desta solenidade que fixa um marco da independência administrativa e política desta comuna. Se é verdade que sob o regime de autonomia os municípios têm aumentados seus encargos para a manutenção da máquina administrativa autônoma, por outro lado, por compensação, poderão resolver seus problemas com soberania e de acordo com os recursos advindos das riquezas que são criadas pelo trabalho de seus habitantes”, discursou.

Biografia

O filho de Joseph (José) Dürrschnabel e Anna Clara von Schörner nasceu na localidade da Planície Alta, na época município de Brusque, no dia 17 de dezembro de 1900. Estudou na Escola Particular Alemã, tendo aulas com o professor Carlos Scharf.

Dirschnabel se casou com Maria Wippel no dia 13 de novembro de 1926, com quem teve oito filhos: Orlanda, Envino, Mário, Tarcísio, Hilmar, Aleixo, Solano e Edelmira. Foi marceneiro e carpinteiro em oficinas de sua propriedade, instrutor na construção de engenhos e serrarias, com especialidade no sistema de polias e engrenagens (Getriebe), chegando a exercer seu ofício nas cidades de Itajaí e Jaraguá do Sul. Instalou uma pequena fábrica de (xales e) bordados em sociedade com o imigrante alemão Karl Mutscher, bem como foi o dono da primeira fecularia do município.

Também foi comerciante no ramo varejista de secos e molhados, e na área industrial atuou no ramo têxtil, adquirindo os primeiros teares na região da marca “Ribeiro”, de procedência da Tchecoslováquia, para a Fábrica de Tecidos Santa Catarina S. A.

Henrique Dirschnabel faleceu no dia 8 de fevereiro de 1982. Possui uma escultura instalada na Praça Theodoro Debatin e dá nome à Biblioteca Municipal de Guabiruba.

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Posse do primeiro prefeito de Guabiruba. Na foto, o capitão Luiz Gonzaga de Souza (representante do governador Celso Ramos), Ivo Sell (juiz da Comarca de Brusque), Henrique Dirschnabel (prefeito empossado), dr. Raul Scheffer (chefe da Casa Civil do Governo Estadual), e Pe. Pedro Mathias Engel (pároco da Igreja Matriz de Guabiruba).

PARABENIZA GUABIRUBA

São 60 anos de história, 60 anos formando cidadãos orgulhosos de sua casa. Hoje, de maneira especial, queremos parabenizar nossa amada cidade de Guabiruba compartilhando com alegria do mesmo sentimento que une a população na celebração dos 60 anos de emancipação política de nossa cidade. Nos sentimos orgulhosos de sermos GUABIRUBENSES e de fazermos parte desta história.

A GuabiVet clínica veterinária surgiu fruto de um sonho da médica veterinária Maiara Cristina Becker no ano de 2008 e, durante estes 14 anos tivemos o privilégio de vermos a nossa empresa crescer juntamente com a nossa cidade, sempre tendo o objetivo de proporcionar aos nossos fiéis companheiros um atendimento diferenciado, com conforto e segurança aos tutores de pets de Guabiruba e região, priorizando a saúde, o bem-estar e a ética animal.

A empresa possui uma equipe especializada em cães e gatos, oferecendo atendimentos clínicos, procedimentos com finalidade diagnóstica, consultas, cirurgias, internamento, além de contar com um moderno banho e tosa, hotel e pet shop. Com uma infraestrutura de excelência para os cuidados necessários, concede saúde de qualidade aos animais através de um trabalho desempenhado com muita seriedad e. É com muito orgulho que a equipe da Clínica Veterinária GuabiVet faz parte da história de Guabiruba e parabeniza a cidade pelo 60° aniversário.

“Meus sinceros parabéns à todos os que construíram e constroem aqui suas vidas, assim como eu que vim de Belo

“A cidade onde nasci e cresci como pessoa completa 60 anos. Hoje, a ela eu faço a minha homenagem, parabenizando cada cidadão que fez e faz dessa cidade um lugar conhecido por seu povo honesto e batalhador. Que saibamos que o coletivo constrói histórias bonitas e duradouras, como a nossa própria. E que a cada ano,

a cada nova página dessa história, nossos cidadãos não meçam esforços para que continuemos superando as dificuldades e fazendo nossa Guabiruba um lugar ainda melhor para as futuras gerações. Parabéns Guabiruba!”

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Horizonte – Minas Gerais com 7 anos de idade, entrelaçando sentimentos de amor e histórias de vida à história de Guabiruba.” Médica Veterinária Maiara Cristina Becker

Carlos Boos e Guabiruba em dois momentos

De bairro de Brusque a cidade emancipada. Conheça a história do sonho que virou realidade

Por Juscelino Carlos Boos (neto do ex-prefeito Carlos Boos)

Tão logo fui convidado para escrever algumas linhas sobre a nossa querida Guabiruba, me vi na obrigação de nelas incluir a pessoa de Carlos Boos e dividir esta linda história em dois momentos distintos: num primeiro momento, farei um apanhado da situação de Guabiruba na qualidade de simples bairro do município de Brusque e, num segundo, a abordagem versará sobre a emancipação e as consequências daí originadas.

Como ainda acontece com certa frequência, os mandatários municipais não davam muita importância aos seus bairros. Com Guabiruba, não foi nada diferente. Ruas em péssimas condições, pontes por construir e reformar, ruas por serem abertas, rede elétrica insuficiente que só chegava ao centro de Guabiruba, mesmo assim de forma precária, sem serviço telefônico e outras tantas melhorias que já eram reivindicadas pela comunidade local a qual sequer era ouvida.

Descontente com toda esta situação, o professor Carlos Boos, pessoa muito atuante em sua comunidade, morador da localidade de Guabiruba Norte Alta, hoje Bairro Aymoré, empreende-

dor no ramo de fecularias, olarias e alambiques e sócio fundador da Cooperativa de Consumo dos Agrários do Município de Brusque, com sede no centro de Guabiruba, ainda na década de 1940, resolve tentar mudar toda esta situação de penúria pela qual passava sua amada Guabiruba.

Para que efetivamente houvesse alguma alteração no cenário Guabirubense, ele se envolve na política buscando uma vaga para vereador. Contando com o apoio maciço dos moradores de Guabiruba, Carlos Boos é eleito pela primeira vez como vereador de Brusque, cuja eleição ocorreu no dia 23 de novembro de 1947, obtendo 449 votos. Em 3 de outubro de 1950, foi eleito pela segunda vez como vereador obtendo na oportunidade 368 votos.

Na sua terceira eleição, ocorrida em 3 de outubro de 1954, 322 eleitores o reelegeram. Houve ainda uma quarta eleição ocorrida em 1958, oportunidade em que novamente foi reeleito com 483 votos. Foram ao todo quatro legislaturas como vereador, onde Carlos Boos sempre participou das mesas diretoras e, em 1960, ano do Centenário de Brusque, foi o presidente da Câmara de Vereadores.

Enquanto vereador de Brusque, Carlos Boos

sempre procurou resolver os problemas que encontrava no dia a dia em Guabiruba e também em Brusque, fato facilmente constatado nos anais da Câmara Municipal onde estão registrados seus pleitos, lembrando que grande parte do acervo da Câmara foi destruída pelas enchentes ocorridas em diversas oportunidades.

Mas, Carlos Boos com sua visão futurista, não se conteve em apenas ser vereador de Brusque. Ele buscava algo maior para a sua Guabiruba. Desde que chegou à vereança, não escondeu de ninguém que seu objetivo maior era buscar a emancipação de Guabiruba, chegando a ser chamado de “louco”, ainda mais que, muitos dos vereadores de Brusque e até mesmo moradores de Guabiruba com certo status, eram radicalmente contra este pleito, já que não vislumbravam nenhum futuro para a Guabiruba emancipada.

Todo este pessimismo em relação à emancipação de Guabiruba, em nada fez Carlos Boos desistir do seu objetivo. Ao contrário, ele foi buscando o apoio de alguns vereadores mais ligados a sua pessoa, até que, seu nome surge para ser candidato a Prefeito Municipal de Brusque, servindo como o “fiel da balança” nas eleições de 3 de outubro de 1960, isso porque, a UDN de Cyro Gevaerd precisava que o PSD de Carlos Boos lançasse candidato próprio para poder vencer as eleições. Mas, como isso não aconteceu, já que o PSD se aliou ao PTB, seguindo orientação nacional do partido, os políticos da UDN convenceram Carlos Boos a se candidatar pelo PRP (Partido da Representação Popular) vislumbrando com seus votos ajudar na vitória de Cyro Gevaerd, mas para isso, segundo os comentários, ele deveria obter mais de 2 mil votos.

Chamado de candidato do povo, obteve 2.481 votos, enquanto que Cyro se elegeu com cerca de 4.200. Destaque-se que, a participação de Carlos Boos naquela eleição, não só foi muito desejada pelo candidato Cyro Gevaerd, mas também foi muito bem recebida pelo candidato Francisco Roberto Dall’Igna do PTB. Prova disso, é que os dois apoiaram o projeto de emancipação de Guabiruba e Botuverá, proposto por Carlos Boos, inclusive o vereador Francisco Roberto Dall’Igna votou favoravelmente pela emancipação.

Encerradas as eleições municipais de 1960, Carlos Boos volta a falar da emancipação de Guabiruba e cobrar o que lhe fora prometido. Após diversas tratativas, em 28 de dezembro de 1961, o ainda vereador Carlos Boos e o vereador João Baptista Martins apresentam o Projeto-Lei 533 que cria os municípios de Guabiruba e de Botuverá.

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No dia da instalação do município de Guabiruba, Carlos Boos, teve seu pronunciamento transmitido pela Rádio Araguaia

Após muita discussão no plenário da Câmara Municipal de Brusque, em sessão solene realizada em 28 de abril de 1962 foram emancipados os municípios de Guabiruba e Botuverá com o voto minerva (voto de desempate) do vereador João Baptista Martins, presidente da Câmara de Vereadores. O projeto aprovado pelos legisladores foi encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, que ratificou a decisão da Câmara Municipal de Brusque, através da Lei Promulgada nº 821 de 7 de maio de 1962. O sonho de Carlos Boos finalmente se concretizou sendo motivo de muitas comemorações no ainda bairro Guabiruba. Pois bem, agora Guabiruba não é mais um simples bairro de Brusque, mas município. Alguns desafios, como: onde vai ser a prefeitura? Quem será seu prefeito provisório? Quem participará das eleições municipais como prefeito e vereador que ocorrerá em outubro de 1962? Questões que precisavam ser resolvidas imediatamente, já que a instalação do município estava programada para o dia 10 de junho de 1962, ou seja, praticamente um mês depois. Como Carlos Boos foi vereador em Brusque, por quatro legislaturas, o natural seria ele ser indicado como prefeito provisório, contudo, não era esta sua intenção.

Primeiro prefeito eleito

O seu desejo maior era novamente participar de mais uma eleição, não de uma eleição como as outras, mas sim, de uma eleição muito especial para ele, a primeira eleição para Prefeito do Município de Guabiruba. Seu desejo, era ver o povo de Guabiruba novamente votando na sua pessoa, não mais como vereador de Brusque, mas sim, como candidato ao cargo maior do novo município que, graças ao seu projeto de lei, foi emancipado.

Respeitada a sua vontade foi formada uma comissão composta de várias pessoas influentes de Guabiruba, para que fosse escolhido o nome de quem iria governar a cidade de 10 de junho de 1962 até 31 de janeiro de 1963, quando assumiria o prefeito eleito. Esta Comissão, presidida por Carlos Boos, escolheu o nome do Sr. Henrique Dirschnabel como Prefeito Provisório, bem como, foi escolhida a casa do Sr. Léo Kormann como sede da primeira Prefeitura de Guabiruba e ainda, escolhidos alguns nomes para ocuparem os cargos de Delegado de Polícia, da Escrivania de Paz, da Coletoria e outros. Também, nomes para concorrerem ao cargo de Vereador. A primeira eleição municipal de Guabiruba ocorreu no dia 7 de outubro de 1962, tendo

como candidatos Carlos Boos, Arcênio Wippel e Aniberto Kohler. Na oportunidade, Carlos Boos foi eleito com 833 votos, alcançando mais de 51% dos 1620 votos válidos.

Ao assumir a prefeitura em 31 de janeiro de 1963, o novo Prefeito encontrou um cenário, como já esperado, com muitas dificuldades, como por exemplo, a falta de maquinário (caminhões caçambas, patrola e outros). Mas isso não foi motivo para desânimo, ao contrário, foi feita a contratação de um caminhão particular e de funcionários visando de imediato restaurar as estradas do município. Tratativas foram ocorrendo perante o Governo do Estado visando o recebimento de recursos materiais e financeiros, já que até então, quase nada se arrecadava, mas as despesas estavam acontecendo.

Graças a amizade que Carlos Boos teve com o Governador Ivo Silveira, muita coisa mudou em Guabiruba, como as inaugurações das redes de energia elétrica nos bairros Aymoré, Guabiruba Sul e São Pedro. A abertura de novas estradas como a atual rua Antônio Fischer (travessia Gandolfi, que liga o centro ao bairro São Pedro), a travessia entre os bairros Aymoré e Pomerânia (atual rua Vereador Wilson Antônio Gums) dentre outras.

Aos poucos, Guabiruba ia tomando ares

de cidade, claro que ainda dependia muito de Brusque, principalmente dos empregos nas empresas centenárias e do comércio. Porém, este cenário, com o passar dos anos foi mudando e hoje, muitas pessoas que moram em Brusque, trabalham nas empresas de Guabiruba, que cresce a cada dia, principalmente no setor de malhas com inúmeras empresas, a maioria de propriedade de guabirubenses.

Claro que Carlos Boos não foi o único responsável por todo este crescimento e riqueza gerada no nosso município. Os prefeitos que o sucederam, os empresários e a população em geral, também deram sua contribuição neste sentido, mas com certeza, a persistência dele em emancipar Guabiruba, foi imprescindível para que acontecesse o que estamos vivenciando na atualidade.

Para reflexão de todos, fica a pergunta: O que seria da nossa querida Guabiruba se ela ainda fosse um bairro de Brusque?

Parabéns Guabiruba. Parabéns a todos os guabirubenses e aos que adotaram Guabiruba como sua cidade, pelos 60 anos de emancipação político-administrativa.

Guabiruba, ontem um sonho e hoje uma realidade.

11 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
A primeira sede da prefeitura foi a residência de Leo Kormann, pai de dona Trude (ver página 5)

Seis décadas de história

Confira o depoimento de autoridades e representantes de entidades de classe de Guabiruba e Brusque sobre a comemoração de aniversário

“Fico feliz que no ano em que Guabiruba completa 60 anos, eu sou o décimo quinto prefeito em exercício. Temos que reconhecer e agradecer as pessoas que nos antecederam e deram a sua contribuição por essa cidade. Temos um povo trabalhador, onde as pessoas realmente ajudam a fazer com que a cada dia, nós guabirubenses possamos nos orgulhar da cidade em que moramos. E aqui eu digo aos prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e tantas pessoas que contribuíram e contribuem na nossa cidade, porque hoje Guabiruba é reconhecida nacionalmente pelo bom trabalho, pela nossa estrutura, e isso se deve a todos. Não é só a administração, são as pessoas que realmente abraçam causas tão bonitas e contribuem para a construção de uma cidade ainda melhor. Eu tenho que agradecer, nessa administração do Zirke e Cledson, onde nós também abrimos para que as pessoas possam nos ajudar a fazer com que cada vez mais, continuemos a fazer obras tão importantes em nossa cidade. E aqui fica o meu agradecimento, para todos os ex-prefeitos, muitos deles aqui não estão mais, mas para todos seus familiares que fazem com que a nossa cidade venha a crescer, e crescer organizada. E esse é um desafio que nós temos que abraçar e manter essa organização que temos em nossa cidade. Parabéns, Guabiruba.”

Valmir

- prefeito de Guabiruba

Desejamos parabéns e muito sucesso, nestes 60 anos de Guabiruba. É uma cidade com um povo trabalhador, honesto, próspero e com uma economia pujante. Somos testemunhas desta transformação ao longo do tempo, e que hoje orgulhosamente mantém os setores da indústria, comércio e serviços fortalecidos. Também quero deixar registrada a atuação do Núcleo de Empresários de Guabiruba e o quanto eles são pioneiros em muitos aspectos, sempre trabalhando ao lado do poder público, em parceria com a Prefeitura e a Câmara de Vereadores. Todas as bandeiras defendidas – muitas delas já concretizadas – apresentam demandas pertinentes e direcionadas ao progresso do município.

Rita Cassia Conti - presidente da Associação Empresarial de Brusque, Guabiruba e Botuverá (ACIBr)

Nestes 60 anos de Guabiruba, parabenizo a todos aqueles que diariamente cumprem sua missão, e desta forma, contribuem com o desenvolvimento desta valorosa comunidade. Aos que sempre buscam novos projetos e aceitam o desafio de fazer mais e melhor. Assim, mostram que não existem fronteiras ou limites para alcançar objetivos e atender aos anseios locais e da região, pois unidos, somos mais fortes e nos desenvolvemos com mais estrutura e solidez. Parabéns, guabirubenses!

Ari Vequi - prefeito de Brusque

Falar de Guabiruba é falar da nossa vida. Afinal, quem nasce nesta terra, aprende a ser solidário, sabe se respeitar e valoriza tudo o que produz, mantendo viva as tradições de nossos antepassados.

Na área da cultura, na qual estamos mais envolvidos, através da Associação Artística Cultural São Pedro, existe o compromisso de não se perder as raízes que mantêm esta linda história, há 60 anos. Destacamos a atuação de nossos grupos folclóricos, o italiano Tutti Buona Gente, e o alemão Alle Tanzen Zusammen. Além disso, mantemos o espetáculo “Paixão e Morte de um Homem Livre”, temos grupos de aulas e cantos em alemão, e sem esquecer do bom trabalho do grupo Pelznickel.

Parabéns, Guabiruba! Parabéns, povo guabirubense! Que possamos continuar firmes nesta caminhada, em um município que é feito de sonhos e de grandes realizações!

Marcelo do Nascimento - presidente da Associação Artística Cultural São Pedro

“A Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr) tem grande orgulho de ser uma entidade que representa também as empresas do município de Guabiruba: cidade pujante, com um povo ordeiro e que nos orgulha não só nos aspectos econômicos, mas sociais e culturais. Parabéns Guabiruba pelos 60 anos de história e sucesso! Contem sempre com a Ampe!”

Sandra Werner - presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr)

Guabiruba 60 anos, parabéns cheio de muitas tradições. A Sociedade do Pelznickel nasceu e cresceu em Guabiruba respeitando suas antigas tradições, levando o nome da cidade 60 vezes mais longe, temos um orgulho imenso de fazer desta cidade a terra do Pelznickel.

Agradecemos e felicitamos o povo guabirubense por respeitar e cultivar nossa tradição.

Fabiano Siegel - presidente da Sociedade do Pelznickel

Quero parabenizar todos os guabirubenses pelos 60 anos da nossa Cidade! Agradecer a todos que nos antecederam nessa linda história dos 60 anos dessa cidade que tanto amamos! Que temos um orgulho imenso em dizer que somos Guabirubenses! Cidade de um povo muito trabalhador! De um povo acolhedor!! Onde o crescimento acima da média em todos os âmbitos da nossa cidade representa tudo aquilo que nosso povo tem em qualidades!! Que continuemos sendo uma cidade e um povo FELIZ!! Parabéns Guabiruba!! 60 Anos de uma linda história!! São os votos da Câmara de Vereadores de Guabiruba.

12 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
Cristiano Kormann - presidente da Câmara de Vereadores de Guabiruba

Guabiruba e seus habitantes estão de parabéns, por mais um ano de uma existência de progresso e de busca de bem-estar de seu povo. Desde o seu nascimento como município, Guabiruba vai se constituindo num exemplo para muitas cidades do Brasil, erguida com os braços fortes de suas cidadãs e cidadãos e com seus corações acolhedores, recebendo todos de forma fraternal. Enaltecemos a dedicação e investimentos na educação, cultura e nas tradições históricas da Cidade e de seu povo, preservando para futuras gerações, além de estar motivando a vinda de tantos visitantes à cidade e região. Os associados, colaboradores, conselheiros e diretores da Associação Amigos de Brusque - SAB, mantenedores do Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim - Casa de Brusque desejam a todos os habitantes de Guabiruba um crescimento contínuo de bem-estar e que seus gestores públicos atuem sempre pensando na melhoria da Cidade e de seu povo, garantindo a cada cidadão e

Saudamos nossa admirável vizinha Guabiruba por seus 60 anos de história e o legado de realizações e conquistas que a sociedade guabirubense tem alcançado. O Poder Legislativo brusquense se lisonjeia em assistir, ao longo das seis décadas desde a emancipação de Guabiruba pela nossa Câmara Municipal, em 1962, ao desenvolvimento de uma cidade onde prosperam os negócios públicos e privados, a arte, a cultura, a educação e todas as demais áreas que convergem para o bem-estar de seu povo, a qualidade de vida e a felicidade coletivas. Parabéns, Guabiruba!

Nestes 60 anos de história, Guabiruba se desenvolveu e prosperou em todas as áreas. O comércio, com certeza é uma delas. Neste sentido, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Guabiruba - CDL sente-se honrada por acompanhar e contribuir com este crescimento nos últimos anos. Nossa entidade se orgulha de ver a cada dia novas empresas abrindo suas portas no município, novos postos de trabalho sendo criados e, acima de tudo, novas oportunidades para o povo guabirubense, que escreve sua história com os olhos no futuro, sem esquecer suas raízes e tradições. Parabéns,

PARABÉNS GUABIRUBA

PELOS 60 ANOS DE HISTÓRIA!

ORGULHO EM

FAZER PARTE

DO CRESCIMENTO

DA NOSSA CIDADE.

13 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos

Nos últimos anos, a empregabilidade tem registrado saldo positivo de novos trabalhadores, o que é um indicador de crescimento da cidade

Os 60 anos e a economia de Guabiruba

Com economia desenvolvida essencialmente em torno da indústria têxtil, turismo é caminho a ser explorado pela cidade

Guabiruba é um dos 295 municípios de Santa Catarina, e foi colonizada por imigrantes alemães a partir de agosto de 1860, aos quais se somaram os italianos em 1875, e alguns poloneses a partir de 1889. Guabiruba nasceu junto com Brusque, e a instalação do município se deu no dia 10 de junho de 1962. Cerca de 80% da população se declara Católica Apostólica Romana. Em 2022, a população está estimada em 25 mil habitantes, sendo que 93% vive na área urbana e sua economia gira principalmente em torno da indústria têxtil.

Índice de Desenvolvimento Humano

Com cerca de 25 mil habitantes, Guabiruba é o terceiro município mais populoso da região de Brusque, que inclui os municípios de Botuverá, Brusque, Canelinha, Guabiruba, Major Gercino, Nova Trento e São João Batista. Guabiruba possui um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado alto.

O IDH é uma medida importante concebida pela Organização das Nações Unidas – ONU, para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população, e é resumida em três dimensões básicas: saúde, educação e padrão de vida. O IDH varia entre 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total), revelando que, quanto maior a proximidade de 1, mais desenvolvido é o país.

O IDH do Brasil é de 0,755, o de Santa Catarina é de 0,774, o terceiro maior do país (só

perdendo para o Distrito Federal e São Paulo), e o IDH de Guabiruba é de 0,754, considerado alto, ocupando a 88ª posição no Estado. Em relação aos dados de Guabiruba nas três dimensões básicas utilizadas para determinar o IDH, temos os seguintes indicadores: padrão de vida (renda): 0,750; educação: 0,653, e saúde (longevidade): 0,876.

Produto Interno Bruto – PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia durante um certo período. O PIB nos ajuda a avaliar se a economia está crescendo e se o padrão de vida está melhorando. Quanto maior o PIB, mais esse país é desenvolvido. Os países são classificados entre países pobres, em desenvolvimento ou ricos. O Brasil é considerado um país em desenvolvimento, com um sistema político-econômico vinculado ao capitalismo, que possui um padrão de vida entre baixo e médio, uma base industrial em desenvolvimento, e um IDH variando entre médio e elevado (0,755).

Quanto mais rico o país é, mais seus cidadãos se beneficiam. Segundo o IBGE, em 2019 o PIB per capita de Guabiruba foi de R$ 42 mil, valor inferior à média da região de Brusque (R$ 43,5 mil), valor bem menor que a média da grande região de Blumenau (R$ 51,9 mil) e menor que a média de Santa Catarina (R$ 45,1 mil), porém maior que o PIB per capita do Brasil (R$ 40,7 mil).

Do PIB per capita de Guabiruba, 42,5% do valor advém da indústria (principalmente a

têxtil); na sequência aparecem as participações dos serviços (42,5%); da administração pública (14,4%); e da agropecuária (0,6%). A baixa participação da agropecuária é facilmente justificável, visto que apenas 7% da população vive na zona rural.

Crescimento econômico

Do total de trabalhadores formais, as três atividades que mais empregam em Guabiruba são: fabricação de tecidos de malha, confecção de peças do vestuário e administração pública em geral. Também se destacam as atividades de fabricação de tecidos de malha e alvejamento, tingimento e torção em peças do vestuário. Nos últimos anos, a empregabilidade tem registrado saldo positivo de novos trabalhadores, o que é um indicador de crescimento. O segmento de acabamento em fios, tecidos e artefatos têxteis e a confecção de artigos do vestuário e acessórios são os destaques positivos em termos de admissões. Dos empregos com carteira assinada, a ocupação predominante dos trabalhadores é a de tecelão de malhas, seguido de alimentador de linha de produção, e de costureiro em máquina na confecção em série.

Turismo: Potencial Econômico

O fato de a economia de Guabiruba girar essencialmente em torno da indústria têxtil é fator de preocupação. Talvez esta seja uma herança dos mais de 120 anos em que a cidade foi o celeiro de mão de obra qualificada para as indústrias de Brusque. Mas é indispensável, fundamental e urgente que a cidade diversifique a sua economia. É necessário que a população se qualifique, que uma parcela maior da população faça curso superior ou cursos técnicos profissionalizantes, e que se passe a investir em outras áreas de negócios.

Atualmente, Guabiruba já começa a se destacar no turismo, principalmente no ecológico e de aventura. Mas, para crescer neste segmento, é preciso enxergar o turismo como negócio, fixar uma imagem turística. A cidade precisa investir em opções de alimentação, como restaurantes, cafés, meios de hospedagem e educação para o turismo. Guabiruba é repleta de belezas naturais, tem um povo trabalhador e acolhedor, fortes tradições e uma rica cultura. É preciso criar infraestrutura adequada, aprender a viver mais o turismo local e ‘empacotar’ melhor nossos produtos turísticos para conseguir ganhar mais dinheiro com isso. O momento está propício e as oportunidades estão postas.

15 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos

Cultura Guabirubense

Com um povo forte, capaz e talentoso, a cidade mantém e renova suas tradições

e reconhecidos. O Grupo de Danças Alemãs da Associação Artístico Cultural São Pedro, nasceu em 28 de agosto de 1993 e em sua trajetória contou com diversos trajes diferenciados. Também já foi premiado e se apresentou internacionalmente. Ambos os grupos sempre foram destaques nas festas da região e por onde passam, encantam!

O Artesanato então é de uma singularidade peculiar e elogiável. As casinhas de passarinhos pintadas de modo incrivelmente realístico por Wanneida Luizelita Lourenço Pereira Siegel, são referência premiada e de beleza ímpar, assim como os diversos trabalhos de pintura que faz. Marilise Teixeira é professora de pintura na Fundação Cultural e se dedica a esta atividade com talento e profissionalismo invejável. Claudia Rieg Baron, artista reconhecida, também se destaca na pintura de óleo sobre tela e nas esculturas. Rogéria Maria Becker Fischer já se dedica a pintura de modo diferenciado, alinhada ao trabalho de ornamentos com fitas nas toalhas que são disputadíssimas nas feiras realizadas e nos trabalhos em madeira.

ACultura Guabirubense é de uma riqueza e qualidade indiscutíveis. Tudo o que aqui se faz é referência pelo capricho e pelo talento de nossos artistas. Falo de cada área da cultura, pois nossos artistas são incomparáveis.

Trazida pelos nossos colonizadores, a cultura guabirubense foi aperfeiçoada e relida para que se criasse algo com o nosso jeito. Respeitando tradições e costumes, foram assimiladas as bases históricas para que ela tivesse ainda mais credibilidade.

Assim, nossos músicos se destacam. O Coral Cristo Rei, que neste ano celebra seus 60 anos de existência, sob a maestria do excelente Eusébio Kohler é destaque por onde passa. Já se apresentou acompanhado de orquestras e em diversas cidades, estados e países. Por onde passou deixou sua marca e a impressão de um trabalho realizado com o máximo esmero. Os grupos vocais da Igreja Adventista do Sétimo Dia também são reconhecidos pelo seu talento

indiscutível. O Quarteto Primus, o Grupo Mensageiros e outros que agora me fogem o nome à memória, encantam pela paixão com que realizam seus shows e apresentações. Edio Polheim, Jailson Pollheim, Cristiano, Levi e Bernardino deram um imenso show ao realizar sua “live” em tempos de pandemia e são constantemente convidados a viajar pelo Brasil para abrilhantar momentos religiosos.

Outros grupos também têm destaque. Na Dança típica o nosso município é reconhecido pelos Grupos de danças folclóricas italiana e alemã. O Gruppo Folkloristico Tutti Buona Gente veio celebrar e homenagear a alegria, a tradição e os costumes italianos trazidos pelos nossos colonizadores “oriundi”. Nascido em 13 de março de 2009 já foi premiado em diversos concursos, eventos e festivais pelo Estado de Santa Catarina e teve o reconhecimento do Gruppo original italiano da região de Trento (Itália) quando se apresentou na Piazza San Marco. A qualidade da confecção do seu traje, sua alegria natural e o esmero na execução dos passos de dança foram observados, aplaudidos

A tradição da Maibaum (árvore de maio) foi uma tradição que foi inserida no município por Fabiano Siegel, que valoriza imensamente esta cultura. Dedicou-se grandemente à frente do grupo folclórico alemão por diversos anos e com isso também idealizou e realizou grandes atividades culturais que envolvessem esta etnia. A primeira Maibaum foi erguida em 1 de maio de 2008 e além de mostrar uma parcela importante da nossa cultura, ela também é um maravilhoso ponto turístico. Tem o objetivo de mostrar, de modo cultural, as empresas que se destacam nos mais diversos ramos dentro do município de Guabiruba. Outra tradição que tem como incentivador principal o artista Fabiano Siegel é a tradição do Pelznickel.

Nosso jeito de celebrar o natal ao estilo alemão já foi apresentado nacionalmente no programa Danilo Gentili na noite de natal de 2021. Ali o Brasil conheceu o Sackmann, a Christkindl, e as diferentes características do Pelznickel, pois temos os que são revestidos de pêlos, os que têm barba de velho e os que são feitos de folhas. Tudo para que o natal da nossa cidade seja sempre marcante, especial, diferente e encantador. Em 2012 iniciou-se o trabalho de juntar todos os grupos de Pelznickel que havia na cidade para se formar a Pelznickelplatz, onde anualmente pessoas de todas as cidades da região, de algumas regiões do Brasil e até de algumas partes do mundo vem conferir este trabalho.

16 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
Em meio a diversas manifestações culturais, o Pelznickel retratou Guabiruba para todo o país Marcelo Carminati (Calígrafo, artista plástico, ator e dramaturgo)
FOTO DAVID T. SILVA

Na literatura também temos grandes publicações. São romances, livros de canto, de culinária tradicional e da história do nosso povo. Como por exemplo, Eder Claudio Celva, hoje padre, que se dedicou imensamente a registrar a colonização italiana de modo singular e seu trabalho serve como fonte de pesquisas para contar a história do nosso povo. Mas o ponto alto da literatura foi a criação da Academia de Letras de Guabiruba, presidida pelo excelentíssimo Roque Dirschnabel. Essa academia em breve lançará um livro onde se faz um grande apanhado da história político-social-cultural do nosso querido município. Muito há de se mostrar e conhecer nesta incrível obra de arte do mundo das letras.

Mas falar de cultura guabirubense e não falar de teatro seria inconcebível. Desde as apresentações escolares até o maior trabalho da arte cênica realizado no município, observam-se grandes talentos. Apesar de não haver escola de teatro há muito tempo, nosso povo gosta de encenar e se dedicar a esta arte. Diversas peças de teatro já foram apresentadas e muitas delas tendo a Associação Artístico Cultural São Pedro como principal incentivadora e realizadora.

Nascida em 27 de janeiro de 1991 esta en-

tidade sempre se destacou pela qualidade dos seus trabalhos. Seu primeiro presidente foi o Sr Francisco Odisi, que teve a visão de profissionalizar o talento do povo da nossa cidade. Paixão e Morte de um Homem Livre é uma prova desta visão. Nascida em 1981 como um belíssimo musical que integrava todos os grupos de jovens da cidade, esta peça foi apresentada de 1981 a 1984 no Salão Cristo Rei de forma única com músicas e coreografias que enriqueciam cada cena. Deste trabalho falo com carinho imenso. Vi este trabalho renascer em 1986 e desde lá atuei como ator, diretor e dramaturgo. Quando se ama o que se faz, se fala com carinho e com propriedade. Renascido em 1986 foi inserido nas celebrações religiosas até 1987. A partir de 1988 até 1992 foi apresentado no salão São Pedro e nas escadarias da Capela São Pedro. Em 1994 e 1996 foi apresentado em forma de via sacra ao longo da Rua São Pedro e a partir de 1997 foi transferido para o bairro Aymoré para oferecer mais conforto, visibilidade e qualidade. Sempre crescendo, é um trabalho que merece todo respeito, consideração e aplausos pelo modo como acontece. A cada edição vem crescendo e se solidificando como um dos es-

petáculos teatrais mais lindos deste gênero em todo o Brasil. Foi assim que Júlio Rocha foi convidado em 2015 para viver Herodes Antipas, Francisco Cuoco, em 2017, emprestou toda sua experiência, sabedoria e humildade para dar vida ao Sumo sacerdote Neftali. No ano de 2019, Luciano Szafir esteve em Guabiruba, interpretando Poncius Pilatos de forma magistral, e Mônica Carvalho, nesta última edição do trabalho, em 2022, vivenciou o papel de Maria, a mãe de Jesus. São atores e atriz contratados que participaram desta peça para trazer mais visibilidade ao trabalho realizado.

Nosso povo é forte, caprichoso, capaz e talentoso. Existe muito ainda a ser falado, destacado e registrado, mas no momento temos que nos restringir a este espaço. Podemos até voltar a falar de tudo isso em outra oportunidade, pois a cultura por aqui é tratada com respeito pelo poder público e pelo público, que prestigia a cada edição artística que se realiza. Até mesmo pelo dragão que povoa o histórico cultural de Guabiruba e que é marca registrada do nosso folclore.

Quer aprender a fazer cultura? Quer conhecer artistas, produções e eventos incríveis? Viva Guabiruba!

17 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos

GUABIRUBA

_10 DE JUNHO Parabéns, 60 ANOS

Saudades da dona Claudia

Com 36 anos a mais do que a cidade, aposentada dizia que sua família prosperou com muita união e trabalho

“Guabiruba tem 36 anos a menos do que eu”. Essa afirmação foi feita por Claudia Fischer Carminatti (96) na tarde de 12 de abril, em sua casa no bairro São Pedro. “Já tinha minha primeira filha. Ela já fez 70 anos. Minha primeira filha é 10 anos mais velha do que a cidade e eu já sou uma velha coruja”, emenda.

Dona Claudia conta que ela e o marido Oswaldo não acompanhavam de perto o cenário político do município, pois estavam sempre ocupados com o cultivo da terra, os afazeres com os animais, a cancha de bocha, a produção de queijinho e nata para os fregueses e, claro, os cuidados com os cinco filhos - quatro mulheres e um homem.

Oma de 12 netos e seis bisnetos, dona Claudia diz que se recorda de algumas visitas do então prefeito Carlos Boos. “Todos os prefeitos foram bons, mas ninguém nunca nos ajudou. Tudo sempre foi fruto do nosso

trabalho”, afirma.

Já da vida em família, ela lembra de todos os detalhes. Quando pequena era o “xodó dos pais”, que além dela tiveram mais oito meninos e três meninas. Estudou até a quarta série e já aos 14 anos começou a trabalhar na fábrica da Büettner. Diz que em casa tinha pouco serviço e que começou a trabalhar mais depois de casar.

Ia para a escola a pé e descalça. “Naquele tempo não tinha nada. Mal tínhamos um casaquinho para colocar. Era um tempo pobre. Há 90 anos não existia nada. Mudou. Esse tempo de agora é melhor”, acredita.

Foi casada por 74 anos, até ficar viúva há cinco, quando em suas palavras, o marido teve uma morte bonita. “Tava na cama um pouco doentinho. Não chegou a ir para o hospital. Ele estava nesse quarto mais perto da cozinha. Eu fiquei em pé na frente dele, que

se virou para mim e deu uma risada. Pensei, nossa está ficando bem melhor. Então, ele se virou e morreu”, relata.

“Meu Deus do Céu! Parece que aquilo eu vejo sempre na frente dos meus olhos. Eu chorava muito. Ele era um querido. Uma pessoa boa. Nunca ofendeu ninguém. Ele gostava de ver gente. Se alguém reclamava que estava com fome ele vinha aqui e dizia: Cláudia faz um prato de comida para este homem”, recorda.

Dona Claudia conta que ela e o marido se conheceram no casamento de uns primos. “Ele olhou um pouco para mim. Eu olhei um pouco para ele”, diverte-se ela, enquanto mostra a foto do casamento dos dois na Igreja Matriz de Brusque, guardada com outras lembranças em uma caixa de sapato. O vestido de noiva foi costurado por uma das irmãs.

A aposentada se orgulha de ter construído uma família unida. Diz que todos ganharam um “pedação de terra” e ficaram contentes. Fala das visitas frequentes que recebe dos familiares, já que mora com uma cuidadora.

Dona Claudia também destaca a saudade das duas netas, Bárbara e Ana, que moram na Alemanha. O sentimento só não é maior do que o sentido quando uma das filhas foi morar no país, há vários anos. “Naquele tempo não tinha telefone. Esperava uma carta uma vez por mês. Eu sou uma pessoa muito mole. Eu rezava para esquecer um pouquinho e com tanto serviço que tinha, às vezes, até conseguia”, diz.

Ela também lembra dos tempos em que acordava por volta das 4h para trabalhar na roça, sem deixar para trás os afazeres da casa. “Eu cozinhava sempre para a família toda. Matava um franguinho na mesma hora que fazia, porque não tinha geladeira. Também não tinha gás, era tudo no fogão a lenha. Macarrão eu também fazia na hora. Esticava com uma garrafa”, detalha.

Ao contar sobre o cuidado dos filhos e netos, dona Claudia transborda amor e saudade pelos olhos claros. É pura emoção!

Ela não teve tempo de ver sua entrevista impressa nesta edição. Lúcida até os últimos momentos, se despediu da família no primeiro dia do mês de maio. Agora, ela é quem deixa saudades.

19 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
Para dona Claudia, o tempo de agora era melhor do que o antigo
FOTO DAVID T. SILVA

Guabiruba 60 Anos

20 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL

Histórias de Cecília e Érico

Casal que nasceu e sempre morou no Lageado Alto inspira pela simplicidade e tradições da vida no interior

Há 60 anos, Guabiruba se dividia de Brusque, enquanto Érico Pontaldi (88) e Cecília Suem Pontaldi (84) somavam suas vidas por meio do matrimônio. O casamento foi realizado na Paróquia São Luiz Gonzaga. Criados no Lageado Alto, os dois se conheceram ainda crianças, mas começaram a namorar quando ele tinha 25 anos e ela 22. “A gente namorava janela com janela”, conta ela.

A união se multiplicou e tiveram seis filhos: Lúcia, Domingo, Zenilde, Maria, Antônio e Valmir, que morreu em um acidente de moto, aos 33 anos. “Ganhei todos os filhos em cima da minha cama. Só a Maria nasceu em Azambuja, no hospital. Eu também tive outro filho, que sofri um aborto”, relata dona Cecília.

Os dois comentam que o acesso do Lageado Alto para onde hoje é o centro da cidade era difícil e se fazia o trajeto a pé. “Na primeira eleição de prefeito da Guabiruba, eu fui até lá na entrada, na Olaria do Westarb para votar. Não tinha rua aberta como agora. Era um carreiro ruim. Fui descalço”, conta seu Érico, que ainda hoje não é fã de sapatos. “Para Brusque, nós também ia e voltava de pé. Tinha alguma car-

roça, mas era pouca”, completa.

Dona Cecília diz que mais tarde, quando “arrancou” os dentes, o marido a levou de bicicleta até o bairro Aymoré.

Ela sempre trabalhou com seu Érico na roça. “Eu vinha lá de cima perto das 11 horas para fazer o almoço. Andava grávida com um saco de aipim nas costas. Uma vez caí de barriga para baixo carregando trato. Antes não era como agora, a gente trabalhava até que nascia a criança”, explica. Segundo ela, uma vizinha ajudava nos partos.

O trabalho com a terra, seu Érico diz que é de família. “Com 10, 12 anos eu trabalhava com meu vô na roça. Ele ia lá para dentro, levava um pouquinho de comida e trabalhava”, recorda ele, que é filho único.

“Eu nunca fui empregado, sempre trabalhei na roça”, completa seu Érico, que diz que já plantou de tudo: milho, feijão, aipim, cana de açúcar, fumo, entre outros. “A gente plantava para o gasto”, explica.

Ele lembra dos tempos em que se fazia fogo no chão na casa do avô para fazer polenta na panela de ferro . “Ficava uma casca que era boa para comer. A panela era pendurada com uma

corrente”, descreve. “Força (energia elétrica) não tinha. Naquela época, os porcos eram mais magros do que eu”, diverte-se.

O casal conta que há alguns anos o Lageado Alto era bastante povoado. “Moravam quase 160 famílias aqui. Nós estudamos só até o terceiro ano, que era o que tinha. Mas os filhos estudaram mais, pois chegaram a ter três escolas no bairro”, comenta dona Cecília.

Enquanto muitas famílias se mudaram, eles permanecem no mesmo terreno de quando casaram. Construíram uma nova casa, ao lado da antiga, que segundo dona Cecília ainda não caiu, pois os cupins estão segurando.

Bem-humorados, falam da rotina de casados. “A vida de casado até agora é boa (risos). A gente precisa brincar, né!?”, diverte-se dona Cecília, contando que pela manhã, sempre levanta da cama antes do marido.

“Eu faço café primeiramente, depois ele come e eu fico fazendo o meu serviço. Eles, às vezes, dorme um pouquinho mais, pois fica vendo televisão. Eu levanto primeiro para acender o fogo. Até descasco o ovo pra ele, ele não pode reclamar. Eu sirvo o café também, mas se eu quero tomar café preciso me servir sozinha”, fala dando risada.

Os dois também conversam sobre o futuro. “Até que a gente possa se virar ficamos aqui. Quando for só um, não sei. Se ele partir antes eu não fico sozinha aqui”, avisa dona Cecília. “Se ela vai primeiro, eu não saio daqui”, emenda seu Érico, que adora o lugar onde nasceu e não dispensa uma boa pescaria com cerca de 20 anzóis. Os peixes ele limpa no ribeirão e traz para a esposa fritar.

É na simplicidade da vida no interior, que dona Cecília e seu Érico construíram sua história, que faz parte da história de Guabiruba, muito antes de se tornar uma cidade!

O casal construiu uma nova casa ao lado da antiga, onde foram morar quando se casaram

21 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
Cecília e Érico com a foto do casamento realizado há 60 anos
FOTOS DAVID T. SILVA

Guabiruba contada nos livros

Saulo Adami é um dos escritores responsáveis por documentar a história da cidade para as próximas gerações

Oescritor Saulo Adami nasceu em Brusque (1965). Escreveu a primeira literatura aos nove anos, montou a primeira peça teatral aos 10 e lançou o primeiro livro aos 17: “Cicatrizes” (1982), de poesia, conto e crônica. Em 40 anos de carreira como escritor, publicou outros 140 livros de literatura, biografia, história e ensaio, sendo que 20 deles têm Guabiruba como tema, personagem ou cenário, em obras como: Carlos Boos Nunca Soube Dizer Não! (2005) e Guabiruba de Todos os Tempos (2010). É casado com a psicóloga paranaense Jeanine Wandratsch Adami desde 2011, quando foi morar em Curitiba. Confira abaixo um resumo do bate-papo que tivemos com Saulo, em que ele conta sobre sua relação com Guabiruba ao longo dos anos:

Como conheceu Guabiruba e por quanto tempo morou na cidade?

Conheço Guabiruba desde a infância, mas a partir da década de 1980 fui repórter das sucursais de Brusque dos diários O Estado, Jornal de Santa Catarina e A Notícia, percorrendo Gua-

no Aymoré, do final de 2005 até junho de 2011, num chalé que eu projetei para ser o estúdio da pequena editora de livros que criei. Lá, escrevi livros por encomenda e minha própria literatura. Só saí de lá quando me divorciei, em 2011, quando fui morar em Porto Belo. Lá, fui assaltado: levaram carro e ferramentas de trabalho, mas não roubaram minha determinação em continuar produzindo livros, sob encomenda ou escritos a partir da inspiração.

Quando fala de Guabiruba, qual sentimento transborda?

Gratidão. Pelas pessoas que conheci, pelas boas coisas que construímos juntos em prol da cidade e da preservação da sua memória histórico-cultural. Guabiruba está em mim assim como Brusque, minha terra natal, e Santa Catarina, estado que se tornou meu particular canteiro de obras e permanente fonte de inspiração e pesquisas.

Você é responsável por registrar parte da história da cidade. Além dos livros, também atuou em um jornal da cidade?

Pesquiso e escrevo sobre Guabiruba e suas personalidades desde os tempos de repórter, quando produzi reportagens ou cadernos especiais. Em 1987, fui convidado pela empreendedora Ligia Maria de Oliveira para ser redator e editor do primeiro jornal local, Folha de Guabiruba, que só deixou de circular quando de sua partida, em 2017. Escrevi mais de 20 livros tendo Guabiruba como cenário, personagem ou tema principal, obras nas áreas de literatura, biografia e história.

Qual dos seus livros sobre Guabiruba você considera mais relevante, historicamente?

mesmo tempo me ajudasse a realinhar as velas. Telefonei para o industrial Matias Kohler e o supermercadista Ivan Luiz Tridapalli, os primeiros a apoiar e incentivar o projeto. Em seis meses pesquisei, escrevi, busquei patrocinadores diretos, editei e lancei o livro, paguei minhas contas e segui em frente. Foi um dos momentos mais significativos da minha carreira em relação a este município, inesquecível e emocionante o engajamento da comunidade em prol do livro. Sou grato a todas as pessoas, entidades e empresas que acreditaram no meu trabalho e fizeram daquela obra de 504 páginas um presente de aniversário para Guabiruba e sua gente.

Guabiruba completa 60 anos de emancipação político-administrativa. Ao longo desta história, quais momentos você destacaria?

biruba e outras oito cidades em busca de notícias, de 1984 até 1992. Morei na rua Sternthal,

Todo livro tem sua importância e é escrito por uma razão. Considero Guabiruba de Todos os Tempos (2010) o mais relevante, por várias razões. O ano de 2009 foi complicado para mim, do ponto de vista financeiro. Precisava criar um projeto atraente para a comunidade e que ao

Guabiruba nasceu muito antes de 1962. Cem anos antes já era parte de Brusque, que por sua vez fora parte de Itajaí, devemos considerar que o território de Santa Catarina tem a idade do Brasil. Até sua emancipação, Guabiruba deu a Brusque profissionais e políticos, ajudou a desenvolver o comércio e a indústria, os esportes e a cultura, uma usina hidrelétrica fez acender a primeira lâmpada em 1913. Gastou anos até se emancipar, mas hoje é uma cidade próspera e independente, com comércio e indústria fortes. Mas, não pode descuidar de outras áreas: meio ambiente, recursos renováveis e memória histórico-cultural.

Precisa urgentemente de um arquivo histórico para concentrar a memória que ainda resta, valorizando seus antepassados, para que estes sejam conhecidos pelas novas gerações. Porque um povo sem memória perde a identidade.

22 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
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FOTO POSTMARK DIGITAL
Para o escritor, o livro Guabiruba de Todos os Tempos é a mais importante obra do ponto de vista histórico e também pessoal
FOTO REPRODUÇÃO

60 anos e 12 gestores

Conheça quem governou Guabiruba desde a sua emancipação político-administrativa

Prefeito atual: Valmir Zirke

Vice: Cledson Roberto Kormann

Luiz Moser

Vice: Ivan Luiz Tridapalli

João Baron

Vice: Guido Antônio Kormann

Prefeito: Matias Kohler

Vice: Valmir Zirke

Orides Kormann

Vice: Luiz Moser

Orides Kormann

Vice: Cesário Martins

Valério Luiz Maffezzolli

Vice: Egon Schweigert

Ivo Fischer

Vice: João Baron

Guido Antônio Kormann

Vice: Valério Gums

Guido Antônio Kormann

Vice: Valério Luiz Maffezzolli

Vadislau Schmitt

Vice: Arlindo Leonides Conceição

Carlos Boos

23 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL Guabiruba 60 Anos
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Henrique Dirschnabel
24 09 de Junho de 2022 CADERNO ESPECIAL
Guabiruba 60 Anos
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