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O Sorriso e a alegria contagiantes de Max Kohler

Logo depois da emancipação de Guabiruba, ele recebeu a incumbência de ser o novo juiz de paz, função que ainda desempenha

Marcelino Kohler (79) nasceu em casa, no início da rua Pomerânia. Conhecido por Max, ele conta que na infância ia com a sua enxadinha junto dos adultos para as plantações, embora seu pai tivesse serraria, além de produzir tapioca.

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Aos 10 anos tomou a primeira comunhão, aos 13 foi para o seminário e estudou durante 14 anos para se tornar padre. Aprendeu entre um seminário e outro a decorar igrejas, adquiriu bons conhecimentos e um senso de justiça que mais tarde lhe renderiam as atividades profissionais.

Max conta que em 1968 decidiu ser um bom cristão ao invés de se tornar padre, mesmo após as insistências dos padres no seminário de Azambuja. “Já tinha até batina”, comenta ele que descobriu, próximo dos 30 anos, que o sacerdócio não era sua vocação.

Um ano depois de iniciar um estágio como professor no seminário em Corupá, começou a lecionar em outros colégios em Brusque. “Eu era um quebra galho, quando precisavam de um professor rápido era eu. Até quando o Merico sofreu acidente, o padre veio atrás de mim para eu dar aulas de matemática no seminário Azambuja”, comenta.

Ele fala que depois começou a lecionar em escolas estaduais em Blumenau, porque em Guabiruba não tinha vaga. “Pela manhã em uma escola e a tarde em outra. Depois de mais de três anos consegui remoção para cá, por conta da aposentadoria de uma professora”, relata, comentando que também foi professor de colégios particulares.

Depois de sair do seminário e apesar de já conhecer a futura esposa, foi por causa da atividade de decorador, que aprendeu no seminário, que ficou mais próximo dela. Maria Imhof Kohler (84), a Lily, cuidava da igreja matriz, no centro de Guabiruba e lá foram ficando próximos até se casarem em 1974. Da união nasceu o único filho, Maciel Luiz (42).

Max e a esposa Lily começaram a fazer decorações de casamentos juntos aos finais de semana.

O senhor sorridente conta que a rotina era bastante intensa já que exercia a docência e atuava como decorador. “Era um corre-corre toda vida”, emenda contando sobre sua outra atividade.

Logo depois da emancipação de Guabiruba, Max recebeu a incumbência de ser o novo juiz de paz, função em que ainda atua. Ele relembra que Anselmo Boos, dono do primeiro cartório na cidade, teve de enviar 10 nomes para a capital catarinense, para que fosse escolhido quem seria o novo juiz de paz, então veio seu nome. “Escolheram certamente porque estudei no seminário”, acredita.

O aposentado diz que não conhece mais as pessoas na Guabiruba e que pensa que mais da metade são de fora. Noutro dia, pela manhã perguntando nos casamentos, relatou que tinham gaúchos, paranaenses, baianos e roraimenses. “Interessante, de todos os estados eu já fiz casamentos em Guabiruba”, disse.

Emancipação

Assim como a sua família comentava na época, ele acredita que a emancipação de Guabiruba não era necessária, já que a nova cidade era tão perto. “Hoje é uma cidade só e que tem o morro no meio”, frisa.

Para Max, a cidade deveria ter permanecido um bairro de Brusque. “Para que fazer isso? São mais despesas, mais cargos. Na Alemanha, por exemplo, em determinado local têm duas cidades e um mesmo prefeito. Elas são divididas pela linha férrea”, argumenta ele, que em 2013 viajou para o país e viu de perto o lugar de onde recebeu a herança cultural.

O professor aposentado nos anos 2000 observa que Guabiruba progrediu bastante nesses 60 anos. “A população quase triplicou. Se fossemos só guabirubense mesmo, seríamos de oito para 10 mil. Estamos com praticamente 25 mil. E depois quantas empresas se instalaram aqui. Interessante que antes o pessoal da Guabiruba trabalhava em Brusque. Era uma cidade dormitório, como se diz. Hoje é o contrário. O pessoal de Brusque vem trabalhar aqui”, conclui.

Max sorri contando a própria história e contagia pela alegria. “Eu estou sempre sorridente. Sou da filosofia da minha mãe. Ela foi aos 99 anos, sempre sorridente, nunca reclamou de nada. Sempre feliz. Tristeza? Fora. O negócio é alegria”, ressalta ele, que está construindo a árvore genealógica da família.