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Guabiruba contada nos livros

Saulo Adami é um dos escritores responsáveis por documentar a história da cidade para as próximas gerações

Oescritor Saulo Adami nasceu em Brusque (1965). Escreveu a primeira literatura aos nove anos, montou a primeira peça teatral aos 10 e lançou o primeiro livro aos 17: “Cicatrizes” (1982), de poesia, conto e crônica. Em 40 anos de carreira como escritor, publicou outros 140 livros de literatura, biografia, história e ensaio, sendo que 20 deles têm Guabiruba como tema, personagem ou cenário, em obras como: Carlos Boos Nunca Soube Dizer Não! (2005) e Guabiruba de Todos os Tempos (2010). É casado com a psicóloga paranaense Jeanine Wandratsch Adami desde 2011, quando foi morar em Curitiba. Confira abaixo um resumo do bate-papo que tivemos com Saulo, em que ele conta sobre sua relação com Guabiruba ao longo dos anos:

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Como conheceu Guabiruba e por quanto tempo morou na cidade?

Conheço Guabiruba desde a infância, mas a partir da década de 1980 fui repórter das sucursais de Brusque dos diários O Estado, Jornal de Santa Catarina e A Notícia, percorrendo Gua- no Aymoré, do final de 2005 até junho de 2011, num chalé que eu projetei para ser o estúdio da pequena editora de livros que criei. Lá, escrevi livros por encomenda e minha própria literatura. Só saí de lá quando me divorciei, em 2011, quando fui morar em Porto Belo. Lá, fui assaltado: levaram carro e ferramentas de trabalho, mas não roubaram minha determinação em continuar produzindo livros, sob encomenda ou escritos a partir da inspiração. mesmo tempo me ajudasse a realinhar as velas. Telefonei para o industrial Matias Kohler e o supermercadista Ivan Luiz Tridapalli, os primeiros a apoiar e incentivar o projeto. Em seis meses pesquisei, escrevi, busquei patrocinadores diretos, editei e lancei o livro, paguei minhas contas e segui em frente. Foi um dos momentos mais significativos da minha carreira em relação a este município, inesquecível e emocionante o engajamento da comunidade em prol do livro. Sou grato a todas as pessoas, entidades e empresas que acreditaram no meu trabalho e fizeram daquela obra de 504 páginas um presente de aniversário para Guabiruba e sua gente. biruba e outras oito cidades em busca de notícias, de 1984 até 1992. Morei na rua Sternthal,

Quando fala de Guabiruba, qual sentimento transborda?

Gratidão. Pelas pessoas que conheci, pelas boas coisas que construímos juntos em prol da cidade e da preservação da sua memória histórico-cultural. Guabiruba está em mim assim como Brusque, minha terra natal, e Santa Catarina, estado que se tornou meu particular canteiro de obras e permanente fonte de inspiração e pesquisas.

Você é responsável por registrar parte da história da cidade. Além dos livros, também atuou em um jornal da cidade?

Pesquiso e escrevo sobre Guabiruba e suas personalidades desde os tempos de repórter, quando produzi reportagens ou cadernos especiais. Em 1987, fui convidado pela empreendedora Ligia Maria de Oliveira para ser redator e editor do primeiro jornal local, Folha de Guabiruba, que só deixou de circular quando de sua partida, em 2017. Escrevi mais de 20 livros tendo Guabiruba como cenário, personagem ou tema principal, obras nas áreas de literatura, biografia e história.

Qual dos seus livros sobre Guabiruba você considera mais relevante, historicamente?

Guabiruba completa 60 anos de emancipação político-administrativa. Ao longo desta história, quais momentos você destacaria?

Todo livro tem sua importância e é escrito por uma razão. Considero Guabiruba de Todos os Tempos (2010) o mais relevante, por várias razões. O ano de 2009 foi complicado para mim, do ponto de vista financeiro. Precisava criar um projeto atraente para a comunidade e que ao

Guabiruba nasceu muito antes de 1962. Cem anos antes já era parte de Brusque, que por sua vez fora parte de Itajaí, devemos considerar que o território de Santa Catarina tem a idade do Brasil. Até sua emancipação, Guabiruba deu a Brusque profissionais e políticos, ajudou a desenvolver o comércio e a indústria, os esportes e a cultura, uma usina hidrelétrica fez acender a primeira lâmpada em 1913. Gastou anos até se emancipar, mas hoje é uma cidade próspera e independente, com comércio e indústria fortes. Mas, não pode descuidar de outras áreas: meio ambiente, recursos renováveis e memória histórico-cultural.

Precisa urgentemente de um arquivo histórico para concentrar a memória que ainda resta, valorizando seus antepassados, para que estes sejam conhecidos pelas novas gerações. Porque um povo sem memória perde a identidade.