Caderno Especial de Natal 2022 - Guabiruba Zeitung

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Aqueles que contiNuAm a tradição do PelzNiCkEl

Guabiruba é conhecida como a Terra do Pelznickel o ano inteiro, mas é no Natal que essa tradição é celebrada através das gerações. Conheça algumas das pessoas por trás da tradição do Papai Noel do Mato.

OFERECIMENTO 16 DE DEZEMBRO DE 2022 Caderno Especial de Natal NÃO PODE SER VENDIDO
SEPARADAMENTE

CADERNO ESPECIAL - AQUELES QUE CONTINUAM A TRADIÇÃO DO PELZNICKEL

Encarte da edição 656 do Jornal Guabiruba Zeitung Não pode ser vendido separadamente

EDITORA ZEITUNG EIRELI

CNPJ: 11.061.382/0001-80

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DIREÇÃO GERAL E FOTOGRAFIA

David T. Silva

Reg. Profissional JP/SC 2394

EDIÇÃO

Thayse Helena Machado

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REPORTAGEM

Társila Elbert

COLABOROU COM ARTIGO

Fabiano Siegel

CONTATO (47) 99172-1801 jornalismo@zeitung.com.br comercial@zeitung.com.br

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Level Comunicação

IMPRESSÃO

Gráfica Soller

CIRCULAÇÃO

Guabiruba e Brusque

Agradecimento especial a Sociedade do Pelznickel, que indicou os entrevistados e permitiu que as entrevistas fossem realizadas na Pelznickelplatz.

Aqueles que contiNuAm a tradição

Guabiruba é conhecida como a Terra do Pelznickel o ano inteiro, mas é no Natal que essa tradição se ilumina e ganha ainda mais espaço no dia a dia das pessoas, de geração em geração! E isso só é possível porque muitas pessoas se unem voluntariamente a cada ano no mês de dezembro, para dar vida a PelznickelPlatz. E é sobre elas que falamos neste Caderno de Natal: as pessoas por trás da tradição do Pelznickel.

Ao todo, mais de 100 voluntários mantêm os costumes de Natal trazidos pelos imigrantes na Sociedade do Pelznickel, fora outras pessoas que incorporam o personagem em todos os bairros da cidade. De uns tempos para cá, as próprias crianças já gostam de usar trajes e máscaras de Papai Noel do Mato também.

As entrevistas e a produção das fotos que você vai ler e ver nas próximas páginas começaram a ser agendadas no mês de outubro e foram realizadas em dois fins de semana, na sede da Pelznickelplatz. Foi na Casa do Pelznickel, que cada um à sua maneira falou da vida e da tradição que aprendeu a amar.

Esperamos que você goste de ler tanto quanto gostamos de contar essas histórias! Temos certeza que em algum momento você já disse ou ouviu alguém se referir a um Pelznickel da seguinte forma: aquele que usa máscara com uma língua grande vermelha, aquele com a roupa mais cheinha, aquele que tem um ursinho na ponta do cajado…. Neste especial de Natal, contamos sobre aqueles que continuam a tradição!

Boas festas e ótima leitura!

sumário

Editorial: Aqueles que continuam a tradição

Página 2

Artigo: Tradição de Natal

Página 3 Fabiano Siegel

Aquele que é o primeiro da cidade

Página 4 . Osnildo Fischer, o Nilo

Aquela que ensina bondade

Página 5 . Aline Siegel

Aquele que não gosta de dar susto

Página 7 . Luiz Ervino Fischer

Ceia de Natal na Pelznickelplatz

Página 9

Aquele que coleciona chupetas

Página 11 . Ademir Klann

Aquele que só usa barba de velho

Página 13 . Everton Gamba

Aquele que cuida dos outros Pelznickels

Página 15 . Marino Fischer

2 16 de Dezembro de 2022 Caderno e special de Natal Acesse nosso portal guabirubazeitung .com.br
Que a Magia do Natal renove os nossos corações para fazermos o ano de 2023 ainda mais próspero e feliz.
expEdieNtE editoriAl

ARTIGO

trAdição dE Natal

A história do Pelznickel em Guabiruba do tempo dos imigrantes aos dias atuais

POR FABIANO SIEGEL

Em 1860 nossa cidade foi colonizada por imigrantes vindos da Europa, mais precisamente do Sul da Alemanha, que trouxeram em sua bagagem apenas umas mudas de roupas, documentos, muitas lembranças e tradições. Dentro das tradições trouxeram a do Natal, que neste tempo tinha um personagem chamado Pelznickel. Imagino naquele tempo como fizeram para dar vida a este personagem, creio que usaram o que tinham: folhas de palheira, barba de velho e uma vara com galhos de árvores. Estava pronto o Pelznickel. Tinham de costume visitar as casas nos dias 6 de dezembrodia de São Nicolau e às vésperas do Natal dia 24. E esta tradição perdura até nos tempos de hoje.

Guabiruba, uma cidade cheia de tradições, conservou a tradição por décadas e nos tempos de hoje temos a Sociedade do Pelznickel.

Nos anos de 2000, a tradição estava com pouco apelo popular, sendo que no ano seguinte teve apenas um Pelznickel nas ruas do Bairro São Pedro, causando preocupação das pessoas que a faziam.

Com a preocupação que a tradição poderia se acabar, um grupo de pessoas teve uma ideia de montar uma Sociedade, que deram o nome de Sociedade do Pelznickel. Após a formação do grupo, a tradição se fortaleceu muito a partir do ano de 2005, que teve em seu principal objetivo preservar a tradição de natal na cidade de Guabiruba. Hoje ela conta com mais de 100 pessoas que ajudam a preservar a tradição.

Em 2012, teve a iniciativa de fazer a Pelznickelplatz com o intuito de trazer as pessoas a Guabiruba e ainda mostrar a tradição de uma forma tradicional.

Segundo Fabiano, que interpreta o Homem do Saco, a Sociedade do Pelznickel nasceu da preocupação que a tradição poderia acabar

A Pelznickelplatz é um sucesso desde seu início, chegando a 17 mil visitantes no último ano. Neste evento, há um circuito com vários personagens da tradição: temos São Nicolau que é o precursor dessa tradição, local para as crianças escreverem suas cartas de natal, presépio Vivo com um cenário real do Nascimento de Jesus dentro de uma estrebaria, Christkindl que é bondade pura que abraça todas a crianças que passam por ela e recebem um doce de Natal caseiro. Temos a casa onde vivem o Sackmann, O Opa e Oma, que contam histórias sobre o Pelznickel e no final podem encontrar o Pelznickel, que vive na mata. No local também tem um palco de apresentações artísticas, venda de bebidas, comidas e loja de conveniências do Pelznickel.

Queremos assim, deixar nossos mais sinceros agradecimentos a Prefeitura Municipal de Guabiruba através da Fundação Cultural, aos corais, grupos e artistas que se apresentam no palco durante os dias do evento, ao Presépio Vivo, aos membros da Sociedade, que de forma voluntária sempre estão a serviço da cultura, a todos os parceiros que de alguma forma sempre contribuem e em especial aos visitantes, que por mais uma edição vieram nos prestigiar.

Muito Obrigado e desejamos a todos um Feliz Natal em um Ano Novo cheio de Paz, Alegrias e Realizações.

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“Imagino naquele tempo como fizeram para dar vida a este personagem”

Aquele que é o primeiro dA cidAdE

Nilo estreou a figura do São Nicolau em Guabiruba

Àprimeira impressão, dizer que um dos padres mais benevolentes da igreja criou um monstro do mato para assustar criancinhas, parece contraditório — mas na Terra do Pelznickel, todos conhecem essa história. Tão importante na religião católica quanto para o Natal alemão, ele é São Nicolau de Mira, bispo e santo benevolente de 300 d.C. e que foi base de criação para o Papai-Noel vermelho, uma essência natalina em boa parte do mundo, porém, não tanto em Guabiruba. Na cidade, o destaque é do São Nicolau original, aqui carinhosamente chamado de Nilo, um homem de 60 anos que cultiva aipim e batata doce na horta de casa.

Osnildo Fischer, o Nilo, representa o São Nicolau guabirubense há mais de uma década. Ele foi o primeiro a assumir o cargo, hoje dividido entre três responsáveis, e é quem acumula a maior experiência. Antes de compartilhar a tarefa, participava integralmente de todos os eventos do calendário, começando pelo Desfile de São Nicolau, depois seis noites na PelznickelPlatz, e por fim, o Desfile do Presépio Vivo. “Tem horas que não dá pra tomar um copo d’água. Eu até brinco “para com a roleta, deixa dar uma aliviada porque São Nicolau precisa respirar um pouquinho” diz ele, sorrindo. O Desfile de Natal era, e ainda é, a única folga do personagem, mas é só São Nicolau quem não aparece. No dia, Nilo marca presença vestido d’ele próprio. A rotina movimentada não é para qualquer um, mas logo se vê que ele não é qualquer pessoa.

Nilo é o retrato fiel de um avô amoroso. Agora aposentado, é casado há 37 anos e dedica ao posto de São Nicolau o mesmo carinho que dá aos familiares. Nos Fischer, família e tradição andam juntas, passando de pai para filho, irmão para irmão e Pelznickel para Pelznickel, há quatro gerações. “Está no sangue, é de anos.

Meu pai já se vestia. Esperava anoitecer, botava uma roupinha bem velha, um saco na cabeça e vinha entregar os presentes”, relembra. Quando foi convidado para interpretar São Nicolau, Nilo já estava envolvido nas festividades há bastante tempo. “Surgiu na casa, ‘vamos fazer o São Nicolau’ e o Fabiano (Siegel) me convidou. Minha reação foi ‘meu Deus, e agora?’ Fiquei pensando mil e uma coisas porque era muito tímido, e sou até hoje”, diz ele. Na época, a esposa Gisela Fischer trabalhava como costureira, e tinha um espelho grande, dos pés à cabeça, que era usado pelos clientes. Nilo decidiu vestir a roupa de São Nicolau e encarar-se no reflexo, ainda incerto sobre aceitar, ou não, a responsabilidade. “Quando me vi, apontei e falei, em voz alta: ‘És tu mesmo!”, lembra. A memória tem mais de dez anos e o papel lhe serve como uma luva, desde então.

No costume germânico, o Pelznickel é um ajudante de São Nicolau e as tarefas são divididas. Enquanto o bom velhinho presenteia quem é obediente, o bicho-do-mato castiga os malcriados. “Um aterroriza e o outro vai na bondade, são parceiros”, diz Nilo. Na prática, essa parceria acontece na PelznickelPlatz, mas a postura com os visitantes é bem diferente. “Alguns têm muito medo, então aqui o Pelznickel tem um limite”, fala.

Ele também conta que a entrega dos presentes tem o apoio da comunidade, tornando o momento ainda mais especial. “Quando as crianças me visitam na casinha de São Nicolau, elas fazem pedidos. A gente escreve tudo, com o endereço, igual uma cartinha, e pendura”. As cartinhas com pedidos ficam expostas ali mesmo, junto com ele, e quem quiser, pode acolher. “Nos dias 24 e 25 de dezembro as pessoas procuram essas crianças e levam os presentes. Pessoas de fora ajudam também, dá gente de todo lugar”.

Dos desfiles à PelznickelPlatz, o trabalho é grande, mas Nilo diz que a gratificação é maior ainda. “Muitos perguntam “Fischer, tu não cobra pra ser o São Nicolau?” Só que nem tudo é dinheiro. Tem coisas que valem mais, como dar um abraço”, conclui.

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“A alegria que o pai passava pra mim, eu tô passando pros outros”

Aquela que eNsinA bondade

Aline é professora e leva a tradição também para sala de aula

muito mais do que assustar crianças, o Pelznickel é sobre aprendizado. Valores como gentileza, honestidade e respeito à família e ao próximo estão entre os principais ensinamentos da tradição. No costume, essas lições são o trabalho da Christkindl, uma mulher vestida de branco que entrega doces e orienta os pequenos sobre a importância do bom caráter. Em Guabiruba, quem ensina é a professora Aline, e as aulas acontecem tanto na escola, quanto na PelznickelPlatz.

O Pelznickel sempre fez parte da vida de Aline Siegel, 28 anos. Ela conta que a figura do Papai-noel do Mato está presente desde a infância morando na rua Pedro. “Desde que me recordo, o Pelznickel ia nos visitar no dia 24 de dezembro. A gente tinha uma roça de milho ao redor de casa, então quando o milharal começava a se mexer nesse dia, todo mundo já sabia que o Pelznickel tava chegando”, explica.

A longa história com a tradição não é somente como espectadora, é também como personagem. Aline é uma das mulheres que in-

terpreta a Christkindl, a figura feminina que representa a bondade do Natal. Christkindl, no dialeto alemão badense, significa “Menino Jesus”, e Aline veste a roupa branca desde os 13 anos de idade. “Muita gente diz que é a Mamãe Noel mas não é isso. Cada personagem carrega consigo uma finalidade. O nosso, como Christkindl, é falar sobre o bem”, diz ela.

Aline conta que começou a vestir-se como Christkindl por acaso, quando o papel era de Vaneida Siegel, esposa do tio Fabiano e foi ele mesmo quem fez o convite. “Ele me ligou na casa da minha vó e disse que a Vaneida não ia poder ir, aí perguntou ‘não quer ir junto comigo hoje a tarde, passando nas casas e tal?’ e eu aceitei. Foi uma coisa que sempre gostei,” lembra. Ela fala que na época, a imagem da Christkindl ainda não era tão conhecida e quem acompanhava o Pelznickel, era o Papai-Noel vermelho, para amenizar o medo das crianças.

“Era o Papai-Noel vermelho quem chegava primeiro e fazia esse meio de campo, então eu nunca tinha pensado em participar porque a fi-

gura feminina não era tão evidenciada naquele tempo”, relata. De lá para cá, já são quinze anos como Christkindl.

Assim como Aline, a tradicional roupa branca da personagem também evoluiu com o tempo. “A primeira que eu usei, da Vaneida, era só uma túnica branca e um um capuz com abertura para os olhos. A boca se desenhava com batom vermelho e tinha uma luva com um dedo mais largo que o outro, até. Era tudo bem simples”, descreve. O traje mudou e hoje é assinado por Marcelo Carminati, mas a simplicidade continua a mesma. “Não tem isso de cordão dourado e muita alegoria porque é pra ser algo mais voltado pro mato, pra manter a essência”, justifica. Aline ressalta que toda a lenda baseia-se em coisas modestas, como a barba-de-velho na roupa dos próprios Pelznickels, então o processo foi cuidadoso em conservar a cultura. Como professora, ela diz que a vivência em sala de aula ajudou na maneira de conversar com as crianças, por entender como cada faixa etária reage diante de um personagem, e revela que recebe muito apoio dos pais dos alunos.

“Durante o ano, como já sabem, os pais falam ‘ó, ela é amiga do Pelznickel’ e isso é importante porque ajuda a divulgar o trabalho e continuar a tradição na cidade. A maioria vem pro Natal na PelznickelPlatz”, afirma.

No evento, Aline é Christkindl em quase todas as noites, mas conta que passou a priorizar um dia “longe da personagem”, onde ela faz o caminho da PelznickelPlatz junto com os familiares. “Passei anos vindo só trabalhar e não conseguindo ver além da minha casinha. Hoje, eu venho com a minha família e é muito bom participar estando do outro lado também”, explica.

Das lembranças favoritas, Aline destaca, emocionada, a visita de uma menina vestida como Christkindl, e das senhoras que lhe agradecem por valorizar a memória local. “Elas falam ‘eu era a Christkindl’ e ‘achei que ia morrer sem ver isso de novo’ e não existe coisa melhor porque o que a gente faz, é isso. É manter viva a história”, finaliza.

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“É uma forma da mulher participar, é bem importante por isso”
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Aquele que não gosta dE dAr susto

Luiz Ervino carrega a tradição de um jeito diferente

Avião sem asa, fogueira sem brasa, futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola. Se Claudinho e Buchecha fossem guabirubenses, a música sobre coisas praticamente impraticáveis com certeza incluiria um Pelznickel que não assombra. O que poucos sabem é que a tradição só chegou ao que é hoje graças a uma figura exatamente assim, que prefere a conversa, ao susto.

E bastam cinco minutos ao lado de Luiz Ervino Fischer para entender o porquê. O homem é a paz em pessoa. Fala mansa, sorriso leve e bom coração. Da troca de olhares carinhosos com a esposa, Maria Dorli Fischer, à barba-de-velho feita em casa, no pé de goiaba, ele se preocupa com a qualidade do que faz. “Tem que fazer bonito. Tem que fazer a coisa bem feita”, diz, referindo-se, principalmente, a preservar a cultura de Guabiruba, lugar onde nasceu, cresceu e constituiu família.

Aos 14 anos, em 1997, Luiz vestiu-se como Pelznickel pela primeira vez. Na época, o costume era receber a visita da criatura em casa. Uma casa cheia, diga-se de passagem! Na família de Ervin Fischer e Regina Groh, casados por 64 anos, havia quatorze filhos e dois netos. Além do nome, o caçula Luiz Ervino herdou do pai o amor pelas memórias locais. Ervin Fischer tinha orgulho de ser um dos primeiros Pelznickels da cidade. Com 22 anos, Luiz seguiu o pai e o Papai-Noel do Mato tornou-se um compromisso anual.

No início, usava roupas e trapos velhos com uma máscara feita de lata de tinta, encapada por isopor. A fantasia definitiva foi

criada só anos depois, quando a Sociedade do Pelznickel começou a se formar. Luiz conta que a motivação veio compartilhada com outros amigos, como Fabiano Siegel, atual presidente do grupo.

“Chegou um tempo que o Pelznickel deu uma parada, então eu pensei ‘poxa, a gente precisa fazer isso de novo’. Aí falei com o Ivan, meu primo, e ele falou com o Fabiano. Combinamos de sair entre a gente. Depois disso, no dia 24, já andamos juntos como Pelznickels”, explica. Os três movimentaram a fundação da sociedade.

Na época, Luiz já estava na empresa de fiação e tecelagem que trabalhou por quase três décadas. Também foi nesse período em que ele e a esposa, Maria Dorli, se conheceram. Dorli conta os detalhes: “Era uma tarde dançante. Conheci o Luiz como ‘irmão do Vitor’, marido da minha prima, mas eu achava que todos os irmãos do Vitor eram casados. Eu ainda perguntei ‘por que não tá em casa com a mulher?’. Quando soube, Vitor fez questão de explicar à Dorli. “Ele falou pra mim ‘sim, eu tenho um irmão solteiro’ e depois disso eu já não via a hora a de ver o Luiz de novo”, diz a esposa, sorrindo. O casal está junto há 35 anos.

Maria Dorli sempre apoiou o marido, incentivando-o a continuar a tradição. No Natal, diverte-se dizendo “essa noite eu vou dormir com o Pelznickel”. Ela e os filhos também trabalham nos eventos da sociedade e toda a família participou da construção da PelznickelPlatz. O primogênito Jocimar, 30 anos, faz parte da diretoria da associação. Assim como Luiz, ele e o irmão Ueslei, 18 anos, caminham por Guabiruba cobertos de barba de velho, porém, as semelhanças ficam só nisso. Ao contrário dos filhos, o pai foge do tradicional e talvez seja o único Pelznickel que apesar da roupa assustadora, não gosta de dar sustos.

“Dizem que não é bom assustar tanto e também não acho certo. Algumas crianças sofrem muito, acho que dá pra pegar de leve” expli-

ca, abaixando as sobrancelhas em um olhar tão bondoso quanto o do próprio São Nicolau. “Gosto de dar barba de velho pras crianças colocarem no pinheirinho de casa, gosto de conversar. Não dou grito, eu quero educar”, diz. Hoje, com 59 anos, Luiz é jardineiro. Inclusive, plantou várias das árvores no caminho da PelznickelPlatz. “Eu tenho meu cantinho, escondidinho e fico lá. A gente nem vê a hora passar, é bom demais.”

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“A gente fica com o coração apertado porque são crianças”
Luiz Ervino é Pelznickel há 46 anos

A cozinha da Pelznickelplatz é pensada para mostrar aos visitantes como era o Natal dos antepassados

Ceia dE Natal nA PelzNiCkElPlAtz

No coração da Casa do Papai Noel do Mato está a cozinha da Oma, onde tudo é preparado para a celebração em família

depois de cumprimentar o São Nicolau, contemplar o Presépio Vivo, receber o carinho da Christkindl e passar pelo Sackmannhomem do Saco, os visitantes são acolhidos na cozinha da oma, que é o coração da casa.

O cheirinho de café recém passado, da linguiça e da banana no fogão são um convite para sentar à mesa e voltar no tempo, pois tudo no espaço foi pensado para recriar a noite de Natal dos nossos avós e bisavós.

“No começo era uma casa menor e mais simples. A cada ano buscamos um aprimoramento para receber ainda melhor os visitantes. O objetivo da Casa do Pelznickel é mostrar a nossa tradição

desde a figura do Pelznickel, os seus trajes, mas também o São Nicolau, a Christkindl e o espírito natalino por meio do presépio. Mas aqui dentro da casa, que é simples e de madeira, queremos mostrar como era o Natal dos nossos antepassados. Mostramos na mesa como era o Natal deles, que tinham somente o pão branco na noite de Natal, o docinho, uma cuca que era servida apenas nesta noite especial e não habitualmente como fazemos hoje. Então, esse é o nosso objetivo, que o turista que vem até aqui conheça esses costumes”, explica o voluntário Marcelo Carminati.

Para ele, que de tempo em tempo convida alguém do público para tomar um café na co-

zinha da oma, o mais especial da Casa é a possibilidade de sentir a vida do lugar e interagir com os personagens.

Daniel Lorenzon dos Santos e a esposa Morgana levaram os filhos Antônio (6) e Laura (1) para passear na Pelznickelplatz. A família tomou café com a oma e contou como conheceu a tradição. “Chegamos em Brusque em 2013 e a partir daí passamos a ouvir sobre o Pelznickel, algo totalmente novo para nós. Com o nascimento do Antônio em 2016 passamos a explorar essa cultura local, trazendo-o para conhecer os personagens. Voltamos esse ano para apresentar a Laura”, contam.

O SACKMANN

Uma das novidades deste ano na Pelznickelplatz foi a presença de cinco Sackmann recebendo o público antes de chegar na cozinha da oma. A proposta é que o personagem interaja com os visitantes, em especial as crianças, e explique a tradição e a relação do Pelznickel com o Natal.

A estratégia deu certo. Tanto que a pequena Joana (3) decidiu entregar sua chupeta para o Homem do Saco, logo depois de passar pelo caminho da neve. Os pais Juliette e Glaucio Dzioba comemoraram a coragem da filha. “Eu fiquei surpresa por ela entregar. É a primeira vez que viemos e só conversamos com ela aqui”, conta a mãe.

Os irmãos Rafael e André Riffel, desde o ano passado, dividem além da profissão de advogado, também a tradição de dar vida ao Homem do Saco. André iniciou há três anos e convidou o irmão em 2021. “Desde muito pequeno ouvimos nossos pais falando do Pelznickel e da tradição. No dia 24 de dezembro, a gente sempre aguardava eles na beira da estrada. Quando eu fui convidado para ser o Sackmann, quis proporcionar para as pessoas os momentos que eu vivi. Um dia quem sabe meus filhos possam continuar também”, conta André.

Para o presidente Fabiano, o Sackmann está presente em muitas cidades. “Ele é aquela pessoa que gosta muito das crianças, porém elas às vezes têm um pouco de receio. Ele é rígido e brabo, pois creio que foi educado severamente, mas é uma pessoa muito boa”, explica ele, que interpreta o Homem do Saco há 11 anos, desde o início da Pelznickelplatz.

Que neste Natal as luzes do amor e da paz brilhem em sua vida, e que o novo ano traga muitas felicidades e dias prósperos.

A Prefeitura de Guabiruba deseja a todos um feliz e abençoado Natal e um Ano Novo cheio de luz.

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Natal Mágico 2022
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Aquele que colEcioNa chuPetas

Em um ano, Ademir recolheu 32 bicos na entrada do circuito do Pelznickel

Quem vem a Guabiruba em dezembro, não esquece o que vê. Conhecer as tradições natalinas da cidade é como provar uma iguaria rara, daquelas que existem em poucos lugares do mundo. Aqui, a especialidade chama-se Pelznickel e é servida na PelznickelPlatz, onde cada um possui tempero próprio. Para alguns é noite de susto, para outros é brincadeira, e há os que só querem alimentar-se de cultura. Em meio a tudo isso, escondido nos caminhos da Platz, está Ademir Klann, um pintor de 50 anos. Para ele, a noite é de caçada.

Ademir cresceu sem saber do Papai-Noel vermelho. Na casa onde morava, sem luz elétrica ou água encanada, o Pelznickel era a única figura. “Era só Papai-Noel do Mato e quando ele chegava, era um desespero porque a gente era levado, e ele vinha cobrando obediência”, conta. Na família Klann, a visita gerava correria: “ia um pra baixo da cama, outro pra trás da porta, mas não adiantava. O pai nos puxava de lá e dizia ‘esse não obedeceu, pode bater’. Dá até um nervoso de lembrar”, diz, esfregando os braços para afastar um arrepio.

E não é à toa que uma das principais características de Ademir, como Pelznickel, venha da infância. “Joguei meu bico fora. Nunca esqueci”, e descreve a cena como se estivesse revivendo-a: “a mãe lavava louça na janela de frente aos pés de banana. Não tinha torneira, era só uma tábua com balde d’água. Eu joguei o bico dessa janela, por causa do Pelznickel. Joguei longe, lá no meio das bananas, e não usei mais”. Hoje, pegar chupetas e mamadeiras é a parte favorita dele nas noites da PelznickelPlatz. O objeto é a caça, e Ademir é o caçador. “Se veio de bico, eu tiro. Pra passar no corredor, precisa me entregar, e quando tô na ponte, já puxo logo com a vara. Tenho mais de vinte bicos no meu cajado” diz, orgulhoso.

A aparência original também é herança de

memórias, só que dessa vez, não de Ademir. São memórias de uma época mais antiga, dos próprios imigrantes, que ao reproduzir a tradição do Pelznickel substituíram o conjunto de peles por uma versão com folhas de geonoma gamiova, árvore brasileira da família das palmeiras.

Mais do que dar sustos e colecionar chupetas, Ademir acredita que todo Pelznickel deve preservar a cultura regional e fala sobre outro uso da planta: “Ela tem folhas grandes e que seguram a água. Num tempo sem telhas de barro, era o que tampava a casa das pessoas”. A prática do traje da gamiova foi passada de geração em geração, e chegou até Ademir pelos irmãos mais velhos. Ele tinha 13 anos quando fez o primeiro modelo, e desde essa época, todos os anos, ele e os irmãos se reúnem para renovar a vestimenta.

“É igual linha de produção”, explica, e inclui amigos. Um separa as folhas, outro corta o pecíolo e regula os tamanhos, o próximo faz o gancho da amarração, o seguinte amarra e assim por diante. Ademir garante que nenhuma árvore é arrancada no processo. “Não precisa, é só fazer o corte certinho. Ano que vem, o que tiramos agora já vai ter crescido, porque é assim todo ano. Pelznickel tem que cuidar da natureza”. Abundante em Santa Catarina, a geonoma gamiova está na Lista das Espécies Ameaçadas da Flora do Rio Grande do Sul, de acordo com o último levantamento da Sema, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado.

Usar gamiova tornou-se a marca de Guabiruba Sul, enquanto trapos e barba-de-velho descrevem o estilo do bairro São Pedro. Nos dois lugares, o objetivo é o mesmo: manter o espírito natalino e perpetuar os costumes da região. Esse pensamento une as comunidades e é um dos pilares da Sociedade do Pelznickel.

Aperfeiçoada por quase quatro décadas, a roupa de Ademir carrega história e mais de 250 folhas, que pesam de oito a 10 kg. “Não é fácil, até emagrece, mas nunca vou desistir. Enquanto tiver gente pra ver, eu vou ser Pelznickel”, finaliza.

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“O traje pesa de oito a 10 kg e tem mais de 250 folhas”
O
medo anda de mãos dadas com o respeito

Desejamos um

São os votos dos vereadores de Guabiruba

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Wagner
Repleto de realizações para todos que vivem aqui
Alexandre Cristiano Jair Simone Ricardo Ronaldo Vilmar Waldemiro

Aquele que só usa bArba dE vElho

Everton é cuidadoso e se envolve na montagem do traje por vários dias

igual à pessoa que o faz, cada Pelznickel tem características únicas. As roupas são feitas de folhas, palha, ou a tradicional barba de velho, que reveste a maioria. Alguns mudam a aparência todo Natal, outros só a aperfeiçoam. Os modelos são variados e a criação fica por conta de cada um. Para Everton Gamba, 26 anos, a montagem do traje é um processo fascinante, detalhado, e que leva mais de uma semana para ser concluído.

Everton é jovem na idade, mas já acumula muita experiência como Papai-Noel do Mato. Ele vive o personagem desde os 11 anos, uma parceria que surgiu com o amigo Denilson Goulart e se mantém até hoje. Simpático, Everton tem um sorriso cativante, daquele que te faz sorrir junto, e conta as histórias como Pelznickel em meio a gargalhadas. Uma presença tão divertida que fica difícil imaginá-lo assustando alguém. Mas ele assusta, e como!

Quando Everton montou a primeira roupa, a Sociedade do Pelznickel tinha uma média de dez a 15 membros. “A gente sempre gostou da tradição, então eu e o Dede fizemos uma roupa e passamos a sair na rua. Aí o Ivan, que é da sociedade, soube e nos convidou para participar”, relata. Ele e Denilson entraram para o grupo um ano antes da abertura da PelznickelPlatz e também contribuíram para a construção da casa. Atualmente, a sociedade conta com quase 60 Pelznickels, pelo menos quatro vezes mais do que naquela época, e desde lá, Everton é um dos mais cuidadosos com a composição do traje.

O processo começa em novembro, um mês antes do evento, quando ele reúne todo o material que irá usar. O amigo Denilson participa junto e monta a própria roupa, mas a técnica de Everton, é só dele. São sacos e sacos cheios de barba de velho, que depois de tratadas e separadas, transformam-se no figurino. “Todo ano eu refaço a roupa praticamente do zero. Eu tiro as barbas de velho que estão secas, separo penca por penca e depois ajeito as barbas de velho novas” explica. Falando assim, parece tranquilo, mas a atividade dura vários dias.

Para começar, Everton separa a barba de velho em pencas, como ele mesmo chama, e pendura todas, uma a uma, no varal. Ele molha e arruma as pencas diariamente, por mais ou menos, uma semana, para que fiquem uniformes e “assentem” bem na roupa. “O processo é chato e demorado, mas eu faço para ficar bonito”, ele justifica. Nesse meio tempo, os elementos da máscara também recebem reparos. “Eu colei o chifre com Durepoxi anos atrás e ele ainda fica bem rígido. Acho que devia ser propaganda da marca porque esse chique já deu cada paulada…”, relembra, entre risadas.

Depois da barba de velho pronta, começa a amarração. Everton prende as pencas em uma espécie de colete, distribuindo-as para que ele fique coberto da cabeça, aos pés. Nessa hora é um alinha o comprimento daqui e ajusta a estrutura de lá que leva o dia todo, até chegar ao resultado que ele deseja. Então, com tudo feito, é só esperar pelo dia do evento para vestir os mais de 20 kg que o traje pesa no final. “Aqui, o Projeto Verão chama Projeto Pelznickel. Precisa pegar no tranco para correr com essa roupa”, fala.

Everton ressalta que a produção é diferente para outros Pelznickels, e que cada um faz da forma que se adapta melhor. “Tem pessoas que se reúnem, mas a montagem é sempre à mão, bem artesanal. Quem entra na Sociedade, já tira diploma de artesão junto”, diz. E todo esse trabalho, ele justifica do jeito mais simples: “é para manter a cultura da cidade”, revela.

Fora do Pelznickel, Everton é um apaixonado por fotografia e transformou o hobby em profissão. “Sempre gostei de fotografar, de olhar o mundo em forma de paisagem. Gosto de viajar, gravar momentos, acho importante registrar a história,” diz ele. Palavras certeiras de um Pelznickel que ficará para sempre registrado na memória de Guabiruba.

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Aquele que cuida dos outros PelzNiCkEls

Diferente da maioria, Marino já criou diversos trajes do personagem

Entre personagens de roupa branca, barba de velho ou gamiova, uma coisa é certa: dar vida à PelznickelPlatz é um trabalho de muitas mãos. A preparação começa meses antes e cada membro da Sociedade do Pelznickel representa um pedaço importante do processo, desde a manutenção do espaço, até os cuidados na cozinha. Nessa lista está Marino Fischer, de 35 anos, que desempenha um papel fundamental. É ele quem inspeciona as roupas, orienta novos integrantes, e cuida da segurança e bem-estar dos Pelznickels nos eventos de Natal.

Criado na rua São Pedro, Marino, assim como muitos vizinhos, teve a infância marcada pela figura do Papai Noel do Mato, um personagem interpretado por diversas pessoas da família. Ele também entrou cedo para a sociedade e fez o primeiro traje aos 16 anos, com a ajuda do pai que já tinha experiência. Antes disso, até os 15 anos, Marino admite que sentia calafrios ao pensar na criatura.“Quando eu estava vestido e fiquei cara a cara com outro Pelznickel pela primeira vez, foi complicado, mas eu pensei ‘eu sou Pelznickel agora, não posso ter medo’, e continuei. Mas foi engraçado”, lembra. Mesmo com a vivência em comum, tem algo que o difere dos colegas de bairro: enquanto a maioria aperfeiçoou o mesmo figurino, Marino escolheu criar versões distintas ao longo do tempo. Ele explica que a rotina como Pelznickel é puxada, são horas e horas movimentando-se com roupas pesadas, então as mudanças aconteceram para amenizar o desconforto. “Já fiz uma roupa que só o capacete pesava oito

kg, era sufocante. Teve outra, de pêlo de animal, que eu usei no sol e quando a gente colocou o termômetro, tava 42º. Não tinha condições de manter, aí eu fui adaptando”, diz ele. Hoje, Marino usa um macacão de tecido mais leve, similar à camuflagem dos atiradores de elite, em que pendura trapos e barba de velho. Segundo ele, o traje pesa, no máximo, cinco kg, mas ainda é difícil usá-lo no verão. “Nos desfiles, o sol é de rachar. Se juntar com a casa que são quatro horas por dia, direto naquele calor, no final a pessoa tá morta, tá exausta! Até emagrece, sem mentira. O pessoal que faz, é guerreiro”, justifica.

A preocupação de Marino com o bem-estar estende-se a todos os Pelznickels. Ele faz parte da diretoria da sociedade, e é responsável por organizar os integrantes que encarnam o personagem. “Estamos com 58 Pelznickels agora, o grupo suporta 60. A gente mantém esse número por causa da interação na casa. Se colocar 22 Pelznickels no mesmo dia, é muita coisa, não tem espaço para se mexer, então a gente divide em escala”, afirma.

Marino também é o encarregado pela iniciação dos membros novos. Ele conta que todos passam por um ano de experiência e são avaliados, geralmente, em janeiro. “Quem está sendo avaliado, vai participar da PelznickelPlatz, vai ajudar nos desfiles em outras cidades, vai ser chamado pras reuniões, tudo igual. A gente precisa ver o engajamento da pessoa e se o grupo achar que é bom, convidamos para entrar. Hoje, a fila de espera para entrar a sociedade, é grande.”

Como Pelznickel, na PelznickelPlatz, Marino revela que gosta de manter-se trabalhando. “Vou lá, coloco lenha no fogo, bato o sino, pego madeira, puxo água... Eu quero que as pessoas vejam que o Pelznickel trabalha”, defende. Para ele, a ideia reforça aos visitantes que é uma casa e existem moradores ali. Quanto aos desfiles, ele fica mais atrás e não interage tanto com as pessoas, mas se é criança, sempre pergunta sobre bom comportamento.“O meu personagem é mais calado, mas das crianças

eu cobro muito a educação. Pergunto se tá rezando, se tá indo bem na escola, se respeita os pais e os irmãos, se escova os dentes, se reúne os brinquedos, tudo”, fala.

Marino vê o Pelznickel como uma influência positiva na própria criação, por isso faz o mesmo com a criação do filho. “Eu dou educação. Na minha visão, essa é a essência do Pelznickel. É utilizar a cultura para educação”.

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