Projeto Gráfico e Diagramação Caderno Guabiruba 57 Anos

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57anos

Destinos traçados na maternidade

de Guabiruba
Pág. 21 a 24 Guabiruba Ano 9 Edição Especial Não pode ser vendido separadamente 10/06/2019 GUABIRUBA ZEITUNG www. jornalguabirubazeitung .com.br FOTO VALCI SANTOS REIS
Caderno Especial Conheça a história de Francisco Wippel e Larissa Montibeller , que dividem a data de aniversário com Guabiruba em 10 de junho Fatos e Fotos Breve histórico sobre os 57 anos de Guabiruba

Editorial Sumário

Estamos de aniversário. Eu, você e os quase 23 mil habitantes de Guabiruba. A cidade comemora seus 57 anos cheia de saúde, de vida. Com muito potencial ainda a ser explorado, mas com inúmeras conquistas até aqui. Para comemorar, o Guabiruba Zeitung leva até você uma pesquisa histórica sobre o município mesclada com a trajetória de vida de dois guabirubeses que nasceram no dia 10 de junho. Francisco Wippel, que veio ao mundo em 10 de junho de 1962, e Larissa Montibeller, que comemora 25 anos neste 10 de junho de 2019. É uma leitura gostosa, que você vai se impressionar com tantos detalhes históricos. Também há os artigos do pesquisador histórico Roque Luiz Dirschnabel e do padre Eder Celva. Esse Caderno Especial é uma forma de homenagear a cidade. De dizer muito obrigada pelas oportunidades quem tem dado a cada um de nós. Pela acolhida.

E de agradecer a todos que colaboraram para que esse caderno de 24 páginas se tornasse realidade. Aos anunciantes e colaboradores do Zeitung. Cada um é peça importante para essa engrenagem funcionar.

Ao completar 55 anos, um vídeo institucional da prefeitura trazia uma poesia para homenagear a cidade. Com ela, nós também queremos homenagear a doce e linda Guabiruba neste 2019.

De onde vem essa energia

Que encanta e contagia

Quem te escolhe pra viver

Pra crescer, ou conhecer

No Vale do Itajaí, você exibe sua beleza

Em meio a tanta natureza, de riqueza exuberante

E paisagem deslumbrante

Foi neste pedaço de chão

Que o imigrante desbravador

Mostrou o seu valor

Construiu seu lar, prosperou

E seu legado de amor deixou

Cidade tão querida, por quem mora

Ou quem visita

Tua fama acolhedora, já é muito conhecida

Na arquitetura e gastronomia

Nas tradições e festas típicas

Foi a terra do tecelão

Da indústria e da modernização

Honrando sempre a tradição

Com o trabalho que te faz crescer e desenvolver

Aqui e em todas a vizinhança, todos levam na lembrança

O orgulho de sua herança

E a esperança de um futuro

Cada vez melhor

Essa alegria de viver

Que irradia meu coração

Vem da terra que cultivei

Das tradições que conservei

E do amor que guardo e para sempre guardarei

Por ti, minha terra querida.

Parabéns Guabiruba. Minha Cidade, Meu Lar.

Há 57 anos. Admirada por quem te visita

Amada por quem vive aqui

Suelen Cerbaro, diretora do Guabiruba Zeitung

Expediente

GUABIRUBA ZEITUNG

Jornal Guabiruba Zeitung

Rua Alois Erthal, 1200, Sala 3 Centro - Guabiruba

Contato jornalguabiruba@terra.com.br

Telefone: (47) 3354-3477

Jornalista Responsável Suelen Cerbaro Reg. Profissional MTB/SC 3323 JP

Textos Ideia Comunicação

Guédria B. Motta – SC-02651/JP

Ana Roberta Venturelli – SC-02182/JP

Carina Machado – SC-02484/JP

Taiana Steffen Eberle – SC-03969/JP

Parte

Caderno Especial de

Projeto Gráfico e Diagramação Level Comunicação contato@levelcomunicacao.com.br

Impressão Gráfica Soller Morro da Fumaça - SC

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Pesquisa Jornal O Município, Saulo Adami nas obras "Carlos Boos" e "Guabiruba de todos os tempos", Eder Claudio Celva na obra "História da Igreja Católica em Guabruba" e um agradecimento especial à Luciana Tomasi e o auxílio nos materiais pesquisados na Casa de Brusque

10 de Junho de 2019 Guabiruba Zeitung . Especial Guabiruba 57 Anos 2
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Aniversário de Guabiruba
57 Anos
1 Francisco Wippel
2 Larissa Montibeller Infográfico Fatos e Fotos Um dia, duas vidas 3 Emancipação / Simplicidade / Inovação 4 Trabalho / Tecelagem 6 Maioridade 7 Casamento / Família / Crescimento 8 Novidades / Fatalidade / Feliz aniversário 11 Bodas de Prata 12 Descobertas 13 Artigo: "Guabiruba: Um Breve Histórico" 14 Artigo: "Por que nossa cidade se chama Guabiruba 15 Mudanças / Crescimento 16 Independência 18 Educação 19 Hobby 20 Breve histórico sobre os 57 anos de Guabiruba 21
Parte

Um dia,duas vidas

Francisco Wippel

nasceu junto com Guabiruba: em 10 de junho de 1962

Alegria era ouvir o sorriso das crianças ecoando pela casa simples do bairro Aymoré. Depois de terminada a lida sofrida da roça, envolver-se em um abraço vindo de bracinhos tão pequenos revigorava as energias. Faltava quase tudo na casa de Alma e Paulo Wippel. Mas o amor, ah, esse era suficiente para todos! Pais de Inácio, Bernadete e Gelásio, eles aguardavam o nascimento do caçula, previs-

to para junho de 1962. Mas, enquanto o bebê não chegava, a vida seguia seu curso e começava cedo na casa dos Wippel. Pelas 6h30, dona Alma tratava de tirar todos os filhos da cama. Servia café com leite fresquinho, pão de milho com geléia. O sustento da família vinha da plantação de arroz e de aipim, insumos distribuídos em fábricas e cooperativas da região. Além disso, havia a criação de vacas, porcos e galinhas.

As três crianças da casa aproveitavam a luz do sol para viver aventuras pueris. Sem bonecas ou carrinhos, era preciso usar a imaginação para se divertir. E neste contexto valia ensaboar pedaços de madeira e se lançar sobre o material, escorregando morro abaixo. Pneus velhos também viviam rolando por ali...

Entre as atribuições da casa, o cuidado dos filhos e a própria manutenção da roça, Alma e Paulo viviam praticamente alheios ao movi

Parabé

mento social. Os dois até acompanhavam as notícias sobre a emancipação de Guabiruba. Porém, com o quarto filho a caminho, o melhor era focar no trabalho e garantir o sustento dos próximos meses.

Conforme esperado, semanas depois um choro de vida rompeu o silêncio do bairro Aymoré, que acabara de amanhecer. Era Francisco Wippel que, como Guabiruba, nasceu na manhã fria de 10 de junho de 1962.

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O então vereador, Carlos Boos, discursa na solenidade de emancipação políticoadministrativa de Guabiruba, em 10 de junho de 1962 REPRODUÇÃO “CURTO FOTOS ANTIGAS DE GUABIRUBA”
Guabirub 57 an
Parabéns Guab pelo seu aniver ficamos felizes f r rt d s Parabéns Guabiruba pelos seus 57 anos.

Emancipação

Em 10 de fevereiro de 1962, com o título “Manobras divisionistas”, o então semanário “O Município”, através de coluna assinada pelo jornalista Wilson Santos, falava sobre a discussão política em torno da criação de dois novos municípios: Guabiruba e Botuverá. Alguns alegavam que o desmembramento faria Brusque perder a influência sobre aquele eleitorado que passaria a ser atendido diretamente por um prefeito provisório, nomeado pelo governador do Estado, Celso Ramos. Tudo indicava que a escolha estaria entre as fileiras do PSD, o que poderia mudar o panorama das eleições no interior de Brusque. “O Município” cita a manobra hábil da UDN em erguer uma frente oposicionista ao projeto que, por determinado tempo “conseguiu afastar o perigo de rompimento de sua base eleitoral mais poderosa, exatamente localizada no território que seria desmembrado”, afirma o semanário.

Já em 24 de fevereiro de 1962, Wilson Santos informou que o vereador João Baptista Martins iria reunir nos primeiros dias de março os demais legisladores para retomar a discussão sobre o assunto. “Sairá desta vez?”, questiona o jornalista na edição.

Em 28 de abril de 1962, após alguns avanços e recuos, foi votada em plenário a criação dos municípios de Guabiruba e Botuverá. Vereadores oposicionistas alegavam o enfraquecimento de Brusque em razão deste fracionamento. Já os favoráveis ao projeto acreditavam na reinvenção da própria cidade, que se transformaria em célula para manter progressista toda a Bacia do Itajaí-Mirim. O projeto de lei desta sessão histórica foi de autoria do vereador Carlos Boos e o resultado da votação se deu com o empate de cinco votos favoráveis e cinco votos contrários, cabendo ao presidente da Mesa Diretora, o vereador João Baptista Martins, o voto minerva, que trouxe a independência aos dois novos municípios. Conforme narra “O Município”, esta notícia se espalhou rapidamente e provocou diferentes e contraditórios comentários. No dia 7 de maio de 1962 a Assembléia Legislativa do Estado homologou a decisão e pôs fim a um processo que era aguardado com ansiedade pela população.

A solenidade de instalação do município de Guabiruba foi realizada às 10h45 do dia 10 de junho de 1962. O evento foi presidido pelo Juiz de Direito da Comarca de Brusque, Ivo Sell e contou com a presença de autoridades do Estado e da região, além de uma expressiva massa popular. Ao meio-dia, no Salão Cristo Rei, foi servido um banquete no qual vários oradores tiveram a oportunidade de se manifestar sobre o acerto da criação da cidade. Fizeram uso da palavra o padre Matias Engel, o deputado estadual Orlando Bértoli, o vereador Carlos Boos, Dr. Raul Schaefer, entre outros. A certeza era que, entre os mais de 40 municípios de Santa Catarina criados também por aquela ocasião, Guabiruba se configurava como um dos mais importantes e desenvolvidos.

“É oportuno congratular-me com o senhor Henrique Dirschnabel, prefeito provisório e o povo de Guabiruba de um modo geral pela decorrência desta solenidade que fixa um marco da independência administrativa e política desta comuna.

Se é verdade que sob o regime de autonomia os municípios têm aumentados seus encargos para a manutenção da máquina administrativa autônoma, por outro lado, por compensação, poderão resolver seus problemas com soberania e de acordo com os recursos advindos das riquezas que são criadas pelo trabalho de seus habitantes”, discursou, na oportunidade, o juiz Ivo Sell.

De acordo com o artigo “Guabiruba – 50 anos de emancipação”, escrito pelo advogado e pesqui-

sador histórico Roque Luís Dirschnabel, publicado na edição número 59 do livreto “Notícias de Vicente Só”, o primeiro edifício da municipalidade “correspondia à residência de Leo Kormann, ocupando as dependências de sua alfaiataria,

na rua 10 de Junho, Centro da cidade. Um mês depois foi instalada no prédio da Kohler e Cia”.

O artigo ainda aborda a síntese das primeiras eleições para o cargo de prefeito e vereadores da cidade, que ocorreu no dia 7 de outubro de 1962.

Simplicidade

Após o nascimento de Francisco e a emancipação de Guabiruba, na casa dos Wippel a família voltou a aumentar, agora com a chegada da filha mais nova, Marlene. Ali, entre os quatro irmãos, a diferença etária não ultrapassava os dois anos. Por isso, eles cresciam em amizade, lealdade e fé. Em 1969, aos sete anos, Francisco passou a frequentar a primeira série na Escola Reunida Padre Germano Brandt.

Ele estudava de manhã e estava sempre acompanhado pela irmã mais velha, Bernadete. Em dias de inverno ou de verão, o uniforme do menino era sempre o mesmo: bermuda até o joelho e chinelo nos pés. “Quando estava muito frio a gente corria para se esquentar”, conta Francisco.

Inovação

A energia elétrica chegou à casa de Francisco em 1971. Ele tinha nove anos e se lembra de experimentar uma profunda alegria. O tempo de banho de bacia estava chegando ao fim! A meninada da rua acompanhou todo o processo de instalação de fios nos postes e o caminho que a energia precisava percorrer até formar a luz dentro de casa. Mas a novidade também veio acompanhada de uma verdade bem limitante: o valor da fatura no fim de cada mês. Assim, a ordem era economizar. Uma lâmpada, por exemplo, iluminava dois quartos. E o sonhado chuveiro veio apenas três meses depois, com o uso quase que cronometrado pelos pais. A energia elétrica também trouxe diversão para a lida diária: o equipamento de picar trato, cuja manivela precisava ser acionada por duas pessoas, agora

O mandato de Henrique Dirschnabel foi de 10 de junho de 1962 a 31 de janeiro de 1963, e foi sucedido por Carlos Boos, primeiro prefeito eleito de Guabiruba, com 833 votos. Também participaram desta disputa Arcênio Wippel e Aniberto Kohler.

Francisco Wippel nasceu em 10 de junho de 1962, data de emancipação políticoadministrativa de Guabiruba

Para ele, mais difícil do que caminhar até a escola ou suportar os dias de inverno rigoroso era aprender o português e a matemática. Com os pais analfabetos e sem ajuda nas tarefas de casa, Francisco lembra que foi difícil terminar o Ensino Fundamental.

Em fevereiro de 1969, quando Francisco pisou pela primeira vez na escola, o ministro das Comunicações, Carlos Furtado da Silveira, anunciava que o ano seria decisivo para o sistema de telecomunicações do Brasil. Estava prevista a inauguração da Central Terrestre de Satélite, no município de Itaboraí (RJ), que permitiria aos brasileiros assistirem aos jogos da Copa do Mundo de 1970 e outros eventos internacionais.

deslizava suave. Trabalho leve assim Francisco nunca viu! Neste mesmo ano, porém bem longe de Guabiruba, um grupo de cientistas britânicos conseguiu aperfeiçoar uma técnica para descobrir o sexo do bebê ainda em vida intrauterina, bem como identificar enfermidade mental ou física. O Departamento de Genética Humana, da Universidade de Edimburgo, disse que obtiveram 90% de êxito nos testes iniciais. O procedimento, no entanto, era diferente da ultrassonografia. Através de uma mostra de fluído amniótico colhido no útero da mulher grávida de três meses era possível identificar o sexo da criança, a presença de mongolismo, distrofia muscular e outros desajustes bioquímicos. A luz que chegou à casa de Francisco em meados da década de 1970 e iluminou a família Wippel para o início de novos tempos.

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FOTO VALCI SANTOS REIS
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Trabalho

Em 1974, aos 12 anos, Francisco conquistou seu primeiro emprego na roça de um tio. Não havia vínculo profissional, nem férias. Na verdade, não havia nem salário. Dinheiro nem passava pelas mãos do rapazote. Tudo era entregue diretamente ao pai, que aplicava no sustento da família. No ano seguinte, Francisco conheceu a vida difícil de quem trabalha na plantação de fumo. Acordava às 5h30 e iniciava a colheita. Às 8h30 era a pausa para o lanche: duas fatias de pão, uma xícara de café. Três horas depois começava a carregar a carroça com o fumo e, mal engolia o almoço, já tratava de descarregar. Depois a tarde seguia, novamente na plantação, até o sol se pôr. “Ao retornar, era responsável pelo trato dos animais. Às 19h me serviam o café da noite e às 20h eu amarrava o fumo por mais duas horas. Assim, nem voltava para casa, dormia ali mesmo para não atrasar o serviço”, recorda. Tanto na casa dos pais, quanto na residência deste vizinho plantador de fumo, Francisco tinha o hábito de acompanhar o rosário, ajoelhado ao redor da mesa, proclamando dizeres em alemão.

“Enchente relâmpago”. Foi assim que os jornais da época descreveram a enchente que Guabiruba sofreu no dia 10 de março de 1974. Das 19h às 22h as chuvas caíram com tanta intensidade que não houve tempo para providências. Casas foram inundadas, pontes arrastadas e plantações destruídas. O prefeito Ivo Fischer lamentou o episódio, especialmente porque a arrecadação pública ainda era pequena diante de tantas necessidades do município. Por isso, ele fez um apelo ao Governo do Estado para auxiliar nos reparos e reconstrução da cidade. Por iniciativa dos vereadores, foi decretado “estado de emergência”.

Na plantação de fumo onde Francisco trabalhava não havia muita opção. Restava arregaçar as mangas e voltar ao batente para minimizar os prejuízos.

O governador Konder Reis, ao lado do prefeito de Brusque, Alexandre Merico, caminhando em direção ao prefeito de Guabiruba, Ivo Fischer

Tecelagem

Apenas em 1976, quase 100 anos depois da chegada dos imigrantes poloneses e do exímio trabalho frente aos teares, é que Francisco teve a oportunidade de atuar como artesão pela primeira vez. Na casa de um amigo ele aprendeu a tecer tapetes de forma manual, o que, dois anos depois, lhe rendeu o primeiro emprego com carteira as-

sinada. “Foi o patrão que me levou até Brusque para fazer a Carteira Profissional. Nesta tecelagem, o meu grupo era responsável pela fabricação de 15 tapetes por dia, de segunda a sábado. Então, durante a semana a gente combinava de acordar cedo para adiantar o trabalho. Assim, sobrava mais tempo de diversão para ir até o mato

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57 U M A H O M E N A G E M :
REPRODUÇÃO “CURTO FOTOS ANTIGAS DE GUABIRUBA”

A primeira moto de Francisco Wippel foi comprada “de meia” com o irmão mas, devido a um acidente, foi ele quem precisou pagar o veículo

caçar passarinhos”, conta Francisco. Segundo ele, cada ave trancadinha na gaiola poderia ser vendida e render mais alguns trocados. Enquanto Francisco acordava cedo e passava o dia empenhado na confecção de tapetes, já sonhando com a folga do final de semana, Guabiruba ia se organizando e demonstrando os primeiros sinais de progresso.

Em 23 de abril de 1976, o governador Konder Reis foi recebido com festa no município. Na oportunidade, ele assinou o contrato para a pavimentação e instalação de paralelepípedos na Rodovia SC-420, que liga a cidade até Brusque em uma extensão de dois mil metros. A expectativa era pela conclusão das obras em 200 dias. “Guabiruba nunca me faltou e aqui estamos cumprindo o que prometemos depois de auscultarmos suas aspirações num questionário preenchido em 1974 e que me foi entregue. Guabiruba está recebendo o que merece”, afirmou o governador, em entrevista ao jornal O Município.

Maioridade

Antes de completar 18 anos, no início da década de 1980, Francisco finalmente decidiu buscar uma oportunidade onde a maioria dos familiares e amigos já estavam empregados: as fábricas de Brusque. Foi admitido no setor de fiação da Iresa, hoje Renaux View. “Escolhi o terceiro turno orientado por alguns colegas. Eles diziam que de noite e de madrugada os patrões não estavam e eu tinha muito medo de ir para a rua. Outra vantagem é que o ambiente estava mais fresco e mais calmo, sem ninguém para incomodar”, observa Francisco, que durante 15 anos trabalhou no local, das 22h às 5h.

Ao alcançar a maioridade, Francisco encontrou no irmão Gelásio a companhia perfeita para frequentar as canchas de bocha e botecos de Guabiruba. Juntos, os dois decidiram comprar uma moto velha, em 1982. Motorizada, a vida era diferente. Sobre duas rodas os irmãos encurtaram distâncias e viveram aventuras. Quando nada parecia mais os deter, Gelásio se acidentou e quebrou o pé. Sem qualquer amparo trabalhista, o irmão se afastou do emprego e passou cinco meses sem receber salário. Sobrou para Francisco arcar com o pagamento da moto, cujo plano inicial era de um

investimento dividido. Coisas da vida adulta! Guabiruba também completou 18 anos em 1982. Estava pronta para viver um novo momento de sua história, com outras propostas e responsabilidades. Assim, logo em janeiro, foi formada a diretoria do Centro Hospitalar, cujo primeiro presidente foi o padre Ivo José Ritter. Fundada como Associação Médico Assistencial de Guabiruba, ao longo dos anos mudou sua denominação para Fundação Hospitalar de Guabiruba e, mais recentemente, Associação Hospitalar de Guabiruba.

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FOTO ARQUIVO PESSOAL FRANCISCO WIPPEL

Casamento

Já dono de uma segunda moto e percorrendo festas pela região, Francisco não poderia prever que o amor lhe encontraria tão perto de casa. Precisamente em uma lanchonete do bairro Aymoré. Foi ali que ele conheceu Salete Maria Kormann, em 1986. Dividindo a mesma mesa, onde as moças colocavam a conversa em dia e os rapazes apreciavam uma cerveja, os dois perceberam que havia afinidade entre eles. Por isso, não demorou muito até o namoro se firmar, com a devida aprovação dos pais. E quase um ano depois, sem esperar, Salete estava grávida. “O problema não era a gente contar, mas o meu sogro correr atrás de mim”, revela Francisco, entre risos. A verdade é que as duas famílias receberam a notícia com alegria, ao mesmo tempo em que orientaram pelo casamento. “Casamos em 17 de outubro de 1987, quando a Salete estava no quarto mês de gestação. Era um sábado de noite. A celebração aconteceu na Igreja Matriz, com a presença do Padre Flávio. Já o jantar foi em uma churrascaria aqui do Aymoré e reuniu 120 convidados”, descreve Francisco, como se pudesse reviver este momento.

Em 1987 Guabiruba comemorou 25 anos de emancipação. E Francisco foi o convidado especial desta festa. Presença ilustre no desfile cívico, a princípio iria de charrete, mas insistiu para usar a própria moto, que foi decorada com flores e um cartaz. Durante o evento, Francisco ganhou uma medalha e um vale-compras no supermercado do município. Por fim, foi convidado para almoçar entre as autoridades, onde conheceu o governador Pedro Ivo Campos. Ao chegar em casa e relatar à família seu dia especial, a mãe Alma reclamou: foi ela quem trouxe o filho ao mundo e, portanto, era ela quem deveria ser homenageada. Esta lembrança até hoje provoca risos na família.

A verdade é que, na fase adulta, Francisco já não gostava de conciliar o aniversário com a data de emancipação de Guabiruba por simples logística. Como ele festeja a mudança de idade e se trata de um feriado na cidade, é muito natural que familiares e amigos comecem a chegar cedo à sua casa. E como receber as pessoas e preparar aquela carne especial se há compromissos com as festividades do município?

Família

Com a gravidez prevista para o fim de janeiro de 1988, a esposa de Francisco, Salete, continuava com suas atribuições normais. Ao lado do marido, morava na casa dos sogros e trabalhava no segundo turno da Fábrica Schlosser. O ano começou sem novidades. Na terça-feira ela acordou cedo e limpou a casa. Depois, cumpriu o expediente profissional, das 13h30 às 22h. Na manhã de quarta, conforme havia se comprometido, levou sua irmã mais nova até o dentista, em um sindicato de Brusque. Foi ali que ela sentiu um enjôo e decidiu parar no ambulatório da fábrica só para se certificar que estava tudo bem. E ali foi informada pela enfermeira que já estava em um trabalho de parto avançado, mesmo sem sentir nenhuma contração. “O mais difícil foi instruir a minha irmã sobre como ir até o terminal e qual ônibus ela precisava pegar para chegar em casa. Dependia dela levar a notícia de que eu já estava indo para o hospital. Deu

tudo certo e foi o tempo exato. Se não parasse ali, minha filha Margarete nasceria dentro do ônibus”, conta Salete. Na tarde de 6 de janeiro de 1988, Francisco conheceu sua primeira filha, Margarete. Até hoje faltam palavras para descrever a emoção. O crescimento populacional na casa dos Wippel e a oportunidade de levar em frente a história dos antepassados parece combinar perfeitamente com a visita especial que Guabiruba recebeu em março de 1988. O encontro articulado por Elfrieda Schlindwein trouxe para a cidade os turistas do Distrito de Karlsdorf, estado de Baden, Alemanha, Manfred Voelker e sua esposa Hildegard. Manfred e Elfrida estreitaram os laços entre os dois países, uma ligação profícua que permanece até hoje. E se já não se pode dizer que Guabiruba é o município mais alemão do Brasil, com certeza é possível afirmar que Guabiruba é a cidade mais badense do mundo fora da Alemanha.

Crescimento

Construir a casa própria não foi uma empreitada fácil para Francisco. Com os pais idosos e sem aposentadoria, boa parte de seu salário continuava aplicado nas despesas domésticas. Ele também não era adepto de dívidas. Preferia economizar e comprar materiais aos poucos. Quando a laje estava paga, comprava os tijolos, e assim por diante. Depois de 15 anos trabalhando na Iresa, Francisco se deparou com uma possibilidade: haveriam demissões e o encarregado passou uma lista em busca de voluntários para deixar a empresa. Ele se candidatou. O valor da demissão seria suficiente para terminar sua casa. Em 1995 os juros da poupança beiravam 80% e só com este rendimento Francisco conseguiu pagar o serviço dos pedreiros. No dia combinado lá estava ele, feliz ao retirar suas economias do Banco Bamerindus. Trouxe todo o dinheiro em um grande pacote, dentro da jaqueta, enquanto pilotava sua moto. Nos meses seguintes, Francisco ainda recebeu ligação da Iresa para retomar

ao seu posto de trabalho, mas decidiu aceitar a oferta de emprego da Fiação São José.

No dia 25 de setembro de 1995 o céu de Guabiruba amanheceu coberto por neblina. Talvez esta condição adversa tenha sido a causa de um grave acidente aéreo, ocorrido a cerca de 15 quilômetros do Centro, na Serra do Aymoré, um morro com mais de 700 metros de altura. O acidente provocou a morte do piloto e co-piloto. O avião, modelo Cessna-Caravan, estava em um vôo de treinamento e fazia a linha Florianópolis-Blumenau, operado pela Companhia TAM. O Corpo de Bombeiros teve acesso ao local e fez o resgate das vítimas, que morreram carbonizadas.

Naquela segunda-feira trágica, o silêncio conduziu as obras de construção da casa de Francisco. Entre a colocação de um tijolo e outro, restava o inconformismo diante de um acidente tão inesperado.

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ARQUIVO PESSOAL FRANCISCO WIPPEL
Francisco Wippel é casado com Salete Maria Kormann e, da união, nasceram Margarete e Bianca
10 de Junho de 2019 Guabiruba Zeitung . Especial Guabiruba 57 Anos 9 Acesse unimedmaisqueumplano.com.br e faça já o seu. ANSnº 348244
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Novidades

Quase 10 anos depois, o coração de Francisco voltou a acelerar. Com quais cores se colore o dia de quem descobre que será pai pela segunda vez? Um sentimento de profunda alegria invadiu a casa dos Wippel e a família estava novamente em festa. Desta vez, a previsão de parto apontava para meados de junho e todos começaram a fazer suas apostas. Estaria este novo bebê destinado a, como o pai, dividir a data de nascimento com o aniversário de Guabiruba? Foi por pouco! Bianca nasceu às 2h do dia 11 de junho de 1998... Mas quem se surpreendeu com a chegada da menina foi mesmo a irmã Margarete. Sem acesso aos exames de ultrassonografia, o sexo do bebê era um mistério até o dia do nascimento. E o pai Francisco, cheio de graça, voltou para casa dizendo que se tratava um menino. Só quando a mãe cruzou a porta com a delicada bebê foi que Margarete viu seu sonho se tornar realidade: era uma irmãzinha! “Minhas duas filhas sempre foram muito ligadas ao pai. Bianca, por exemplo, pedia a mamadeira para o Francisco. Porém, certa vez, ela disse que havia um gosto estranho. Ao invés de açúcar, ele colocou sal no leite”, entrega Salete.

Em 1998, enquanto Francisco vivia a novidade da segunda filha, Guabiruba se movimentava em torno da novidade dos Jogos Comunitários, promovidos pela primeira vez entre os dias 8 e 13 de junho, no estádio Carlos Nuss, de propriedade da Sociedade Esportiva 10 de Junho. Nesta primeira edição, participaram cerca de 200 atletas, que disputaram as modalidades de bocha, canastra, dominó, futebol suíço e sinuca. Desde então, os Jogos Comunitários de Guabiruba apresentam 33 modalidades e estão na sua 22ª edição.

Feliz aniversário

Acordar com serenata no dia do aniversário: só para quem tem o privilégio de nascer bem no dia de fundação de sua cidade

Fatalidade

Em setembro de 2004, Francisco já trabalhava na Buettner. No dia anterior, inclusive, havia participado de um treinamento com o Corpo de Bombeiros na empresa. Mas naquela manhã de segunda-feira ele ainda estava em casa, compenetrado no uso da serra circular. Era um serviço que geralmente fazia na companhia do pai ou da mãe, porém, sem encontrar nenhum dos dois em casa, decidiu continuar o trabalho sozinho. A filha caçula, Bianca, brincava ali perto e chamou a atenção do pai. Queria ração para tratar os peixinhos. Foi assim, em um segundo de descuido, que Francisco perdeu três dedos da mão direita. Do acidente, ele lembra pouco. Instintivamente tirou a camisa e enrolou na mão para estancar o sangramento. Já estava nas proximidades do bairro Guarani, se deslocando para o Hospital Azambuja, quando encontrou com o Corpo de Bombeiros vindo na sua direção. Ali apagou. O acidente adiantou a aposentadoria e, mesmo sem jamais desejar algo assim, Francisco é grato: po-

deria ter sido muito pior.

Um ano depois, para afastar qualquer resquício de tristeza que o acidente ainda tinha deixado, Francisco encontrou na cultura de Guabiruba mais uma razão para sorrir. Uma tradição que existe na cidade desde a época da colonização ganhou o reconhecimento que lhe é devido: no dia 6 de dezembro de 2005 foi fundada a Sociedade do Pelznickel. Com o objetivo de preservar, cultivar e ativar a cultura centenária trazida pelos imigrantes europeus, a entidade realiza encontros, eventos, desfiles pela cidade e pela região e organiza a Pelznickelplatz. A Sociedade do Pelznickel, inclusive, já foi destaque nacional e se transformou em notícia nos grandes veículos de comunicação do país, como na Folha de São Paulo e em programas da Rede Globo (Ana Maria Braga). Isso porque, mesmo atrás da fantasia assustadora, nada pode ser mais bonito do que uma cultura que permanece viva. Atualmente, a cultura é slogan do município: Guabiruba – A terra do Pelznickel.

Quando mais um aniversário se aproxima, Francisco se alegra por dividir a data de nascimento com Guabiruba. Ali, na tranquilidade do bairro Aymoré, não dá para saber ao certo quem é mesmo de quem: Francisco é tão de Guabiruba, da mesma forma que esta cidade ainda se parece tanto com ele. São destinos verdadeiramente traçados na maternidade, como outrora cantou Cazuza. Filho desta terra que nasceu junto com ele, Francisco nunca teve planos de deixar o município. Ao contrário, estufa o peito de alegria e vive na paz de um lugar que ama. Hoje, às vésperas de receber felicitações por mais um ano de vida, ele já permanece na expectativa por uma serenata que nos últimos anos virou tradição. A orquestra da cidade, antes de embalar o desfile cívico, passa na sua casa e o acorda com melodias: 10 de junho é mesmo um dia especial!

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Francisco Wippel é feliz por nascer, crescer e compartilhar com a família a vida pacata de Guabiruba
FOTO VALCI SANTOS REIS
FOTO DIVULGAÇÃO / ARQUIVO PESSOAL

Bodas dePrata

Larissa Montibeller comemora 25 anos neste 10 de junho

No dia 10 de junho de 2019 a guabirubense Larissa Montibeller completa 25 anos de vida. Assim como Guabiruba, ela nasceu com ares de independência e, desde muito pequena já tinha a coragem de firmar sua opinião. Filha de Tecla e Genuário Montibeller, Larissa cresceu vendo a data do seu aniversário estampada na placa bem na frente de casa: Rua 10 de Junho.

“Casamos em 22 de dezembro de 1990, mas engravidei apenas três anos depois. Na última ultrassonografia o médico confirmou que a data prevista para o parto era até 15 de junho de 1994 e como eu já tinha 38 anos, ele recomendou uma cesariana. Com a proximidade do nascimento, o médico perguntou se havia alguma data especial por aqueles dias e eu não tive dúvidas: marquei a cesárea para 10 de junho, dia do aniversário da minha cidade”, conta Tecla, toda orgulhosa.

Mãe de primeira viagem, ela preferiu se internar na Maternidade Cônsul Carlos Renaux já na noite anterior, pois não queria cruzar com o início dos preparativos para o Desfile Cívico. Ainda assim, garante que não dormiu naquela madrugada, tamanha ansiedade pela chegada da filha. Com o feriado no dia seguinte, Genuário também sentiu muita tranquilidade para acompanhar a esposa no hospital. E quando o rufo dos tambores anunciava o início do ato cívico, um pequeno coraçãozinho já batia aqui do lado de fora.

Além do nascimento Larissa, o ano de 1994 foi repleto de boas notícias. Começou lá em 8 de fevereiro, quando Guabiruba recebeu a visita do

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Larissa Montibeller, essa menina de olhos azuis e cabelos claros, nasceu no aniversário de Guabiruba, em 1994 FOTO ARQUIVO PESSOAL / LARISSA MONTIBELLER

Secretário de Segurança Pública do Estado, Sidney Pacheco. Na oportunidade, ele fez a entrega de CR$ 8.121.909,46 para a construção da nova Delegacia de Polícia da cidade. O projeto previa a construção de 141,75 m² na Rua José Fischer. Até então, a Delegacia funcionava num espaço reduzido ao lado de um bar. Ainda em fevereiro, foi inaugurada a ponte Alois Wippel, localizada na rua Carlos Boos, bairro Aymoré, com oito metros de vão. Ela substituiu uma antiga ponte de madeira que estava em condições precárias de uso.

Descobertas

Em 1995 Larissa descobria o mundo a sua volta, sempre registrado com muito carinho pela mãe. Tecla tem anotações sobre cada passo da menina. Por isso, é possível contar com certeza a primeira vez que Larissa movimentou as mãozinhas em sinal de tchau. Outros detalhes também são importantes, como a bolacha que ela comeu sem ajuda, na casa da tia Neide. Ou o passeio de Jujuba, feito na companhia da mãe, pelas ruas de Guabiruba. Por tudo isso, familiares e amigos da família Montibeller se reuniram no dia 10 de junho para comemorar o primeiro ano da menina. Perto dali, as festividades de emancipação do município também aconteciam. Em 1995, Guabiruba contava com aproximadamente nove mil habitantes. Havia 232 micro e médias empresas instaladas, a maioria no setor têxtil, absorvendo a mão de obra de

mais de 70% da população economicamente ativa. A agricultura estava fortalecida nas culturas de milho e arroz, que alcançavam juntas, uma produção de 1.500 toneladas ao ano. A piscicultura se desenvolvia como fonte alternativa

de recursos: eram 180 lagoas, que produziam um total de 60 toneladas de peixe. Em parceria com a Epagri, a Prefeitura abriu mais 26 açudes, distribuindo 96.550 alevinos, entre 21 criadores de diversas comunidades.

Comemorar o aniversário de Larissa sempre foi tradição na casa dos Montibeller

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FOTO ARQUIVO PESSOAL / LARISSA MONTIBELLER

ARTIGO

GUABIRUBA: Um Breve Histórico

A partir de 1860 chegaram a Guabiruba os primeiros colonizadores na maioria imigrantes alemães do Grão Ducado de Baden, seguidos de italianos e poloneses, para construírem um novo lar em terras desconhecidas. No início, desbravaram a floresta densa, dedicando-se à lavoura e à extração da madeira, formando novas comunidades.

Dentre os pioneiros, alguns artesões, como carpinteiros, marceneiros, oleiros, transformaram as pequenas propriedades familiares em oficinas e pequenas indústrias manufaturando a matéria prima produzida. Muitos trouxeram em sua bagagem a profissão de origem, dentre eles artesões, carpinteiros, marceneiros, oleiros, transformando sua produção para o consumo próprio e para a venda.

Ainda hoje encontramos no interior do município, engenhos movidos à água, olarias ou alambiques que produzem os derivados da cana de açúcar, como cachaça, mel e vinho. O artesanato também se faz presente com a fabricação de vasos, jarros, entre outras peças decorativas feitas de barro.

Guabiruba possui um relevo geográfico formado por pequenos vales, com belas paisagens naturais, cercadas por verdes montanhas e lindas cachoeiras praticamente inexploradas. Ademais, o Parque Nacional da Serra do Itajaí abrange 39% do seu território.

Lugares de origem

Ao ocupar seu lote colonial os imigrantes passaram a denominar os lugares de sua região de origem, fazendo parte da história cultural de Guabiruba, que traz os traços característicos dos primeiros colonizadores, onde cada bairro ou localidade leva o nome do lugar de origem com suas características e peculiaridades. Nas comunidades mais distantes ou relativamente isoladas pelo seu relevo acidentado, constatamos a existência de dialetos, senão sotaques, costumes e expressões próprias da colonização europeia.

Dispositivo legal veda a alteração das denominadas localidades tradicionais e vias públicas hoje existentes: Alsácia, Grünerwinkel, Holstein, Lageado Alto/Baixo, Lorena, Planície Alta (Hochebene), Pomerânia (Pommertrasse), Russland, Schieferbruch, Sibéria, Spitzkopf, Sternthal, Aymoré (Weiherstrasse), Rua São Pedro (Peterstrasse) e Guabiruba Sul (Langestrasse).

Locais de Visitação

Destaca-se a existência de vários “pesque-pague”, como o Parque “Lá nas trutas”, Paulo Dirschnabel e Vicentini. Colinas ou morros

de visitação, como o Santuário Santo Antônio, Oratório São José e o conhecido “morro do parapente”, entre outros atrativos que convidam para a prática do ecoturismo.

No interior do município encontramos pequenas propriedades familiares com os seus engenhos e atafonas em volta, oficinas de charutos, a produção de vinhos, derivados do leite, e a fabricação de um doce de frutas, pastoso, o “Muss”, como é chamado. Antigamente, a produção excedente era trocada com os proprietários de casas comerciais, conhecidos como vendeiros. Posteriormente, alguns lavradores vendiam seus produtos de carroça nos centros maiores. O desenvolvimento da economia registra o aparecimento de pequenas fábricas e fecularias, com o surgimento dos primeiros empreendedores.

Início da Industrialização

No início do século XX, com a evolução do comércio local e a decadência da lavoura deu-se o início da indústria têxtil, com teares de madeira manufaturados por alguns artesões conhecedores da técnica de tecelagem. A lavoura ficou sendo uma atividade secundária, embora de subsistência para muitas famílias. Dessa forma, as famílias começaram a trabalhar um período na fábrica e outro período na lavoura. A industrialização trouxe ao lavrador uma série de vantagens, a suplementação da renda familiar, direitos previdenciários e fundo de garantia. Assim, o vendeiro se transformou em empresário no ramo da indústria e o lavrador desfrutava de um rendimento extra, para garantir a manutenção e conforto de sua família.

Depois dos primeiros comércios e indústrias têxteis, foi aberto o caminho para a modernização, com o início das fábricas de malhas, confecções, tinturarias e metalurgia, o que se deu a partir da década de 1970. O espírito empreendedor dos pioneiros propiciou o desenvolvimento da indústria, principalmente no ramo têxtil, colocando o município de Guabiruba numa posição de destaque. Por recomendação da Câmara Municipal de Vereadores, em outubro de 1993, Guabiruba passou a adotar o slogan: “Terra do Tecelão”, tendo em vista a chegada dos tecelões de “Lodz” provenientes de uma antiga região industrial alemã, na época sob o domínio da Prússia, hoje pertencente a Polònia, que se estabeleceram na linha Sternthal, Guabiruba Norte Alta (Aymoré), em 1899. Os imigrantes de “Lodz” em sua maioria possuíam conhecimentos rudimentares na fabricação de teares de madeira, contribuindo substancialmente para o desenvolvimento da

indústria têxtil, o que motivou a criação do lema adotado pelo município.

Diante do expressivo desenvolvimento econômico, Guabiruba passou a acolher famílias e cidadãos de vários cantos do Brasil, tornando-se uma cidade atrativa e boa de viver.

Aspectos Socioculturais

Nem tudo era só trabalho, as relações sociais faziam parte da vida colonial do imigrante. O povo de Guabiruba é festivo e alegre. A partir de 1915, já existiam clubes, sociedades de cantores, bandas formadas pelos próprios lavradores que se apresentavam em festas, casamentos e solenidades. A instituição mais antiga é a Sociedade de Caça e Tiro (Schützenverein) que anualmente congregava a maior parte dos colonos numa grande festa. As pequenas comunidades do interior também se reúnem nas tradicionais festas das Capelas, mantendo suas tradições e costumes. Atualmente a Stadtplatzfest (Festa na Praça da Cidade) é uma das principais festas de Guabiruba que deu sequência às festas tradicionais que ocorrem desde a colonização alemã. Também a Festa da Integração veio para reunir as diversas culturas aqui existentes num verdadeiro espírito de confraternização. A tradição religiosa mais importante é o dia de São Nicolau que acontece anualmente no dia 6 de dezembro, considerado o patrono das crianças, pois pela lenda popular era acompanhado de um criado que distribuía presentes, chamado “Ruprecht” (Roberto), que era apelidado de “Pelznickel” (Nicolau, Papai Noel), com seu traje de peles.

Nestes últimos anos, Guabiruba se tornou conhecida como a “Terra do Pelznickel”, tendo em vista que esta antiga tradição germânica se mantém viva com a encenação do verdadeiro papai noel do mato, como é conhecido, atraindo milhares de visitantes durante as festas natalinas.

As casas de enxaimel ainda existentes e em estilo burguês, com características germânicas, marcam a presença da colonização europeia. Desse período contamos com diversas propriedades típicas que lembram a tradição, a arquitetura, a culinária, os costumes e hábitos dos primeiros imigrantes.

Na comunidade guabirubense existe um bom relacionamento entre as famílias, especialmente com os vizinhos e amigos mais antigos. Em festas familiares, os vizinhos mais próximos têm o privilégio de ser convidado em primeiro lugar, o que é um antigo costume. Os padrinhos de batismo, crisma, e casamentos são escolhidos entre os parentes, vizinhos e pessoas de destaque na comunidade ou região. É importante destacar que os encontros nesta comunidade são realizados com a participação de todos e sem distinção de classes sociais.

Gastronomia

Encontramos em Guabiruba pratos típicos da cozinha alemã, como spätzle, “um macarrão alemão”, utilizando-se trigo, ovos e água: “Só que a

massa não é dura e sovada, mas fluída, e escorre para dentro da água fervente, formando gotas”. Chucrute (Sauerkraut), Sauerbraten, Bratäpfel (Batatas assadas no forno), Lebkuchen (Doce de Natal ou pão de mel), Schwarzsauer (Marreco ao molho pardo), Wellfleisch (Miúdo de porco cozido no taxo), Schwartmagen (queijo de porco), além do Sülze (Geléia de porco), Schinken (espécie de salame alemão), hacker-peter (prato servido cru, a base de carne nobre, sem gordura, picadinho ou moído, acrescido de uma série de ingredientes e curtido com conhaque, acompanhado de pão de centeio ou preto). Lembramos ainda que o marreco com repolho roxo (ente mit rothkohl) é um prato típico da região de Guabiruba, e que deu nome à Festa Nacional do Marreco (Fenarreco), realizada anualmente em Brusque, desde 1985.

Emancipação político-administrativa

A criação oficial dos municípios de Guabiruba e Botuverá ocorreu por meio do Projeto de Lei nº 93/62, de autoria do deputado estadual Raul Schaefer, Bahia Bittencourt e outros, mediante a promulgação da Lei nº 821, de 7 de maio de 1962, que ratificou os termos da Resolução nº 238, de 28 de Abril de 1962, aprovada pela Câmara Municipal de Brusque, com o voto de independência do seu presidente João Baptista Martins.

A instalação oficial do município ocorreu em sessão solene, realizada no dia 10 de junho de 1962, às 10h45, no edifício da municipalidade, onde o Juiz de Direito da Comarca de Brusque, Ivo Sell, empossou Henrique Dirschnabel para governar o novo município. Assim, Guabiruba deixou de ser um subdistrito de Brusque para conquistar sua emancipação político-administrativa.

Destaques

Guabiruba foi reconhecida como cidade coirmã de Karlsdorf-Neuthard pela Lei nº 1217, de 8 de outubro de 2010. Em 7 de novembro de 2012, aconteceu o desfile comemorativo dos 150 anos de imigração de Baden-Alemanha a Santa Catarina – Brasil (1860-2012). No dia 15 de maio de 2012, a Prefeitura de Guabiruba lança o selo e carimbo alusivos aos 50 anos do município, em parceria com os correios. O relacionamento entre as cidades de Guabiruba-SC e Karlsdorf-Neuthard-Baden Wuertemberg, através das associações: Badisch-Südbrasilianische Gesellschaft e. V. (BSG), da Alemanha, e Associação Catarinense de Intercâmbio e Cultura (ACIC), de Guabiruba contribuíram para a vinda da gigante alemã BMW (Bayerische Motoren Werke (Fábrica de Motores da Baviera) para Santa Catarina. Durante a atual administração municipal, verifica-se a continuidade do intercâmbio de estudantes, com o envolvimento da Fundação Municipal de Cultura.

Guabiruba: de um povo ordeiro e trabalhador, seguirás na vanguarda, construindo uma cidade feliz e acolhedora.

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Por que nossa cidade se chama Guabiruba

Na escola primária, é ensinado que o nome Guabiruba foi dado pelos imigrantes, na junção de duas palavras indígenas: Guabiroba/Gabiroba (árvore) e Guabirupé (peixe). Mas essa versão carece de embasamento histórico. Sabe-se que é uma palavra indígena - Tupi, com sua significação também em duas vertentes etimológicas: Guabiru = rato; Uba = pai, irmão, estar deitado, jazer . Então traduziríamos: Pai do rato, irmão do rato, rato deitado, onde jaz o rato. Outra versão é de que Guabiruba derivaria de uma árvore denominada “pau de rato”, possivelmente abundante na região. Etimologicamente: Guabiru = rato + Yba = planta, árvore, pau.

Outros autores remetem guay, significando indivíduo, pessoa, associando biriba, curto, baixo. Ou seja: indivíduo de baixa estatura. Referência aos indígenas Guaianazes que perambulavam por aqui. Muitas são as versões, explicações, ainda sem fundamentadas conclusões.

O embasado é que o nome Guabiruba foi utilizado documentalmente, pela primeira vez, pelo próprio Barão Maximilian von Schneeburg – em agosto de 1860 - ao se dirigir ao Presidente da Província, solicitando a limpeza do rio Guabiruba: “o desembaraçamento do Rio Guabiruba foi feito em tempos de chuva; agora, porém, com águas baixas, que são mais frequentes, é preciso limpá-lo novamente, em certos lugares, tirar árvores, e mesmo cortar algumas das muitas serpentinas, que tornarão a sua navegação, com canoas menores, muito difícil, mesmo perigosa”. Então, Guabiruba é primeiramente o nome do nosso rio. Como o Barão chegou a este nome? Será que era assim que os índios chamavam aquele rio? A Colônia Itajahy-Brusque nasceu conjugada com o rio Guabiruba e, em suas margens foram assentados os imigrantes badenses. Ele foi a “primeira estrada”, meio de comunicação e transporte. Por isso era preciso limpá-lo. Desde o início do adentramento de imigrantes, o rio Guabiruba e seus afluentes foram sofrendo sucessivos cortes. O documento citado continua: “mandei alargar e melhorar, pelos colonos, o trânsito da picada de Vicente Só ao Rio Guabiruba, pelas águas estagnadas nos lugares baixos, e pela passagem do gado se achou impraticável, assim como mandei prolongá-la, estivar e fazer pontes provisórias nos lotes 98 e 97”. A passagem de gado pode ser referente aos primeiros bovinos adentrados em Brusque ou uma costumeira rota de cargueiros, para fazer os transpor-

tes necessários, o que parece mais convincente. A dificuldade na navegação obrigou a abrir caminho pela mata, geralmente seguindo o rio, que precedeu as estradas.

Na altura da atual ponte que separa os bairros Guabiruba do Sul e Imigrantes (atual Marmoraria dos Leoni), os rios, na foz, receberam os nomes de suas direções, braço Norte do Rio Guabiruba e braço Sul do Rio Guabiruba. Assim, as respectivas localidades herdaram o nome do rio que entrecortava suas terras. O atual Aymoré, por ficar acima de Guabiruba do Norte, ficou sendo Guabiruba do Norte Alta. O bairro Imigrantes, muito pouco povoado em épocas passadas, era a Guabiruba Norte Baixa, ou apenas, Guabiruba Baixa.

Foi certamente o Barão de Schneeburg, a dar o nome de nossos rios, mas foste tu, oh rio, a dar o nome à nossa cidade!

A Padroeira de Guabiruba

Muitos guabirubenses talvez não saibam ou não considerem, mas nosso município tem uma padroeira: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O berço da devoção está na Alemanha, terra originária dos pioneiros. Os imigrantes badenses, dado o clima de dificuldades e incertezas que sentiam em seus corações, intuíram que a primeira ermida edificada já nos inícios de 1861, em Guabiruba, devesse ser dedicada a Maria Hülf, ou seja, Maria da Ajuda, ou do Socorro.

O título mariano da padroeira de Guabiruba começou a encontrar variações quando vai sendo referido em documentos, tanto pelo poder Imperial, quanto nos livros paroquiais. No livro nº I de casamentos da Paróquia de Brusque, o Padre Gattone descreve geralmente a nossa padroeira como Nossa Senhora da Boa Ajuda. No outro caso, em ofício ao Governador da Província (1872), o título é documentado como Nossa Senhora do Bom Socorro. O documento do visitador eclesiástico (1892), Padre Boegershausen, a descreve como Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos. Os títulos são divergentes e até há mesclas de títulos marianos. O que interessa observar é que, na verdade, todos querem referir-se a essa Mãe especial que guarda, ampara, protege, auxilia, que é boa, que não abandona, enfim, que é Mãe do Perpétuo Socorro.

Inicialmente para a veneração havia um quadro, em alguma moldura, trazido por algum imigrante. Infelizmente não se sabe detalhadamente que figura estava impressa sobre a dita estampa. Se houve

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alguma estátua, não se pode nem deduzir o seu destino, quando chegou um quadro que a substituiu.

O livro de tombo da Paróquia de Guabiruba, em 29 de novembro de 1981, historiando um fato, registra que, em 1881 foi benzido um quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Cem anos depois, realizou-se uma missa, que recordou o centenário da bênção do quadro, ocasião em que foi substituído o de proveniência alemã. Acredita-se que o dito quadro de 1881 ainda exista e que se encontra na sacristia da igreja matriz. Por sua legenda, indica que foi encomendado em Roma aos redentoristas da igreja de Santo Afonso, por intermédio de algum padre. Ou foi levado para casa pelo velho professor João Boos. Este belo quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ainda existe e está na casa de um dos descendentes em Aymoré.

Sobre o ícone

No século XV a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi representada em ícone na

ilha de Creta. Versões históricas dizem que o ícone foi roubado, tendo longo caminho, até que foi para Roma com um mercador. Em 1499, é apresentado publicamente. Os padres agostinianos o depositaram na igreja Santa Maria, ainda em Roma, caindo no esquecimento.

Em meados do séc. XIX, o Papa Pio IX chamou os redentoristas para assumir o antigo Convento dos agostinianos. Assim, o quadro foi reencontrado juntamente com documentos enaltecendo sua fama de “milagroso”. Em 1866, o ícone foi conduzido a seu santuário atual, no Monte Esquilino. O Papa pediu que os redentoristas divulgassem a devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em todo o mundo. Desde 1866, cópias autênticas do ícone original passaram a ser enviadas às igrejas que os encomendassem, e assim, deve ter chegado a Guabiruba. Em 1893, os padres redentoristas chegaram ao Brasil, e a devoção conheceu boa divulgação em todo o país.

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ARTIGO
Hino inédito criado por padre Eder com o saudoso Padre Ney para o cinquentenário de Guabiruba

Mudanças

O ano de 1999 foi importante para Larissa, que começava a se despedir da primeira infância. Graças ao capricho da mãe, ela tem acesso a informações importantes desta fase da vida que, sem a devida anotação, ficariam no esquecimento. É o caso do seu primeiro dentinho de leite, que caiu em 9 de dezembro daquele ano, logo depois do almoço, enquanto a menina brincava na sala de costura. Já no Natal de 1999, como que um presente do Papai Noel, Tecla encontrou o primeiro dente da segunda dentição de Larissa. E para quem pensa que tamanho zelo beira ao exagero, pode ficar impressionado ao descobrir que esta mãe ainda guarda todos os dentinhos de

leite da filhota.

Exatamente na virada do século, Larissa chegou à escola pela primeira vez. Como a mãe não dirigia, era responsabilidade do pai levar e buscar a menina no Colégio João Boos, onde permaneceu até concluir a oitava série do Ensino Fundamental. Larissa não viveu grandes problemas de adaptação. Era uma menina que gostava de interagir com adultos e crianças, o que se justifica pelo trabalho da mãe, que mantinha o serviço de facção em casa, sempre com a presença de muitas pessoas.

Na educação, o ano 1999 foi profícuo para Guabiruba. Nos dias 19 a 20 de julho, um grupo com 75 educadores esteve reunido na Escola Ar-

Em 10 de junho de 2002, Larissa comemorou seu aniversário de oito anos. Neste mesmo dia, Guabiruba completou quatro décadas de emancipação. As festividades iniciaram na semana anterior, através da abertura do V Jogos Comunitários, realizado no estádio João Augusto Köehler.

thur Wippel para participar de um Ciclo de Estudos promovido pela Fundação Educacional de Brusque (FEBE) que apresentou o Projeto Político Pedagógico e Avaliação. Na mesma semana, a escola Padre Germano Brand, no Aymoré, entrou para a era da informática, ao receber um computador novo, entregue pelo prefeito Luiz Moser ao diretor Norberto Weber.

E por falar em mudanças, a virada do século também foi marcada por uma decisão que persiste até hoje: o espetáculo “Paixão e Morte de Um Homem Livre” passou a ser apresentado apenas nos anos ímpares e estava consolidado o novo palco do teatro, na comunidade São Cristóvão.

Crescimento

No piso inferior da casa de Larissa funcionava a confecção da mãe. Foi ali que certa vez ela viu um brinquedo curioso. Era uma caixa-surpresa que, ao ser aberta, revelava uma cobra de plástico, algo bastante divertido para uma menina de sete anos. O brinquedo pertencia a uma das costureiras do local que, gentilmente, emprestou a caixa para Larissa, super empenhada em assustar seus pais. Sem pestanejar, a menina correu escada acima, já alardeando novidades. O objetivo, no entanto, não foi concluído com sucesso. Larissa tropeçou e machucou com certa gravidade o cotovelo. Precisou, inclusive, ser levada ao Pronto-Socorro. Mas,

Entrega de um computador para a Escola Germano Brand em 1999

felizmente, o osso apenas trincou. Alguns dias de gesso e pronto: um braço novinho em folha! Em 10 de junho de 2002, Larissa comemorou seu aniversário de oito anos. Neste mesmo dia, Guabiruba completou quatro décadas de emancipação. As festividades iniciaram na semana anterior, através da abertura do V Jogos Comunitários, realizado no estádio João Augusto Köehler. Na programação constava a inauguração da Capela Mortuária, erguida com esforços do Rotary Clube de Guabiruba. Jogos Municipais do Idoso, Missa de Ação de Graças e Alvorada Festiva também faziam parte do evento, além do tradicional desfile cívico.

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FOTO ARQUIVOS HISTÓRICOS / CASA DE BRUSQUE
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Nesta foto

Larissa conseguiu unir dois elementos que assustaram sua mãe, Tecla, durante seu crescimento: bicicleta e o parque Beto Carrero World

Independência

Uma peraltice sem precedentes Larissa cometeu aos 13 anos, embora até hoje ela não considere algo tão grave assim... Mas basta ouvir a narração do episódio pela voz da mãe, Tecla, para

ficar evidente o alvoroço provocado pela menina. Larissa estava na sexta série e fazia um cursinho de informática perto de casa. Assim, em uma noite de sábado, ela apenas comunicou que no

dia seguinte iria para o Beto Carrero em uma excursão organizada pelos professores do cursinho. Sua passagem, inclusive, já estava paga, com as economias recebidas do pai pela limpeza regular do rancho da família. Tecla contestou, disse que não iria autorizar a viagem e assunto encerrado. No dia seguinte, ao amanhecer, Larissa não estava em casa. Seus pais ficaram preocupados e passaram a buscar informações da filha pela vizinhança. “Então um conhecido disse que ela havia entrado no ônibus da excursão para o Beto Carrero. Fiquei com o coração na mão durante o dia inteiro. De noite, ao chegar em casa, ela simplesmente disse que foi ao parque e que já estava de volta. Simples assim, bem dona do seu nariz”, comenta Tecla. Larissa não dramatiza muito o episódio. Para ela, o acontecido é realmente simples: comunicou que iria ao passeio e foi. Dois anos depois, em 2008, Larissa deu mais uma amostra de sua independência. Desta vez, o fato que movimentou a família foi uma festa de aniversário próximo de casa. Já mocinha, ela decidiu ir à comemoração de bicicleta e ouviu com atenção as recomendações da mãe: deveria voltar até às 18h. Uma hora e meia depois do limite combinado, Tecla não teve dúvidas: pegou a Fiorino abarrotada de malha da facção e partiu atrás da filha, afinal, mãe preocupada tem mais habilidade de investigação do que o FBI! Larissa foi encontrada sã e salva, ao lado de alguns amigos, no início da rua Imigrantes.

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Educação

Em 2009 Larissa viveu pela primeira vez uma realidade fora de Guabiruba, com a mudança de escola. Até porque planejava continuar os estudos, ela e a família chegaram à conclusão de que seria bom investir em um colégio particular. O contexto era outro e a diferença entre as condições de vida foi algo que chamou sua atenção. Inevitável também foi se tornar alvo de brincadeiras relacionadas ao fato de morar no município vizinho. “Eles me apelidavam de ´Alemoa da Guabiruba´. Também me provocavam com palavras erradas, embora eu não falasse daquele jeito”, conta Larissa, que sempre levou isso na brincadeira.

Os três anos em colégio particular prepararam a guabirubense para o Ensino Superior. Larissa lembra que transitou por muitas ideias, mas acabou decidindo pelo Tecnólogo em Produção Têxtil na Unifebe, iniciado em 2012. Foi também o ano que começou a trabalhar, intimada pelos pais. Admitida em um escritório de contabilidade em fevereiro, no mês seguinte já tinha dinheiro suficiente para pagar a mensalidade. Um ano depois veio o convite da mãe para ajudar na confecção da família. Larissa não acreditou que aquilo poderia dar certo, mas aceitou o desafio. E justamente no primeiro dia do novo emprego acabou sofrendo um acidente de moto em Guabiruba, no qual machucou o joelho. “Quando vi o osso exposto fiquei desesperada. Lembro de gritar que não queria aparecer daquele jeito no site de notí-

cias da rádio. Já no Hospital Azambuja cogitaram a possibilidade de fazer cirurgia e aquilo realmente me assustou. Felizmente não foi necessário”, recorda.

Ainda em 2013 Larissa se interessou por uma vaga na Quimisa. Foi admitida e permanece na empresa até hoje. Por lá já atuou no controle de

qualidade, no laboratório têxtil e agora trabalha no setor de vendas técnicas, exatamente a área em que se formou, em 2015. Formada no Ensino Superior, Larrisa acompanhou os protestos relacionados às melhorias em sua antiga Escola João Boos. Em 9 de março de 2015 mais de 300 estudantes paralisaram o trân-

sito na rua central de Guabiruba para expor os problemas de infraestrutura do colégio. Havia goteiras em sala de aula, faltavam fechaduras nas portas do banheiro e o ar-condicionado, prometido por lideranças políticas, permanecia sem instalação porque a fiação da escola era antiga e não suportava o consumo do equipamento.

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FOTO VALCI SANTOS REIS
Larissa é filha de Tecla e Genuário Montibeller, que puderam escolher a data do seu nascimento: 10 de junho

Uma das paixões de Larissa é a fabricação de cerveja artesanal, algo que só conseguiu investir após o término da segunda faculdade, o Tecnólogo em Química. Apesar de alguns experimentos em 2017, ela passou a encarar a possibilidade de forma mais séria a partir de

2018. Como é sua característica, sem perguntar nada para os pais começou a organizar a garagem de casa. Viu naquele espaço o potencial para se transformar em um pequeno laboratório cervejeiro. Investiu nos equipamentos sozinha, mas contou com a parceria da amiga

Caroline Dietrich nesta empreitada. Hoje, no local, até a churrasqueira tem formato de barril. Para todos os lados há garrafas personalizadas com a marca da sua própria cerveja, a Beller Bier. E, para os apreciadores, sempre estão disponíveis pelo menos quatro estilos

diferentes de cerveja no local. “O que eu faço questão é de priorizar Guabiruba. Esta é a minha identidade. Por isso aqui está exposta a bandeira do município e o mapa da cidade. No banner de divulgação da cerveja tenho orgulho de dizer que sua fabricação é guabirubense”, enfatiza Larissa.

Exatamente em 2018, a guabirubense Andreza Groh venceu o 2º Concurso Engenheiro Cervejeiro, promovido pelo Crea-SC, em 3 de agosto. A jovem começou a se interessar pela fabricação de cerveja artesanal por influência do irmão e de um primo que trabalhavam na indústria de bebidas. Envolvida com aspectos químicos e biológicos, ela tratou de fazer suas próprias receitas, agora premiadas em Santa Catarina.

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Hobby
FOTO VALCI SANTOS REIS
Em 2019 Larissa comemora 25 anos de vida, exatamente quando Guabiruba completa 57 anos de emancipação

Fatos e Fotos

Breve histórico sobre os 57 anos de Guabiruba

Em 13 de fevereiro de 1963 “O Município” noticiou a realização da primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Guabiruba. Em pauta havia assuntos urgentes aguardando deliberação, como a elaboração do código tributário, o regimento interno do Legislativo e uma série de leis e regulamentos para disciplinar a vida administrativa do município. Mas, de acordo com uma fonte ligada ao semanário, já nos primeiros instantes de reunião os vereadores se puseram a discutir acaloradamente ao analisar medidas adotadas para a cobrança de tributos municipais. Com os ânimos exaltados, a sessão chegou ao fim sem nenhum entendimento. Porém, na circulação de 9 de março de 1963, “O Município” publicou na íntegra uma nota enviada pelo Legislativo de Guabiruba, informando que o artigo publicado anteriormente não condizia com a realidade, já que a primeira sessão da Câmara transcorreu normalmente, sem nada que perturbasse a ordem, a tranquilidade e a cordialidade entre os vereadores. “Quem estará faltando com a verdade?” questionou, por fim, o editor do jornal.

ARQUIVO

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No dia 29 de outubro de 1966, o governador Ivo Silveira visitou a cidade de Guabiruba para inaugurar a rede de energia elétrica concluída na localidade de Guabiruba Norte Alta. “Continuai trabalhando nestas terras, lavradores de Guabiruba, pois sem o vosso trabalho as cidades não viverão. Continuai trabalhando que um futuro bem próximo saberá recompensá-los”, disse o governador na ocasião.

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Uma das datas que por muito tempo acompanhou o calendário festivo de Guabiruba foi a celebração do Dia do Colono, tradição iniciada em 25 de junho de 1963, pelo prefeito Carlos Boos. A data consagrada ao homem do campo, em sua primeira edição, foi marcada por um ato cívico, com a presença de lavradores, autoridades e estudantes. O chefe do Executivo, em discurso desdobrado nos idiomas de português e alemão, externou louvores aos colonos, citando os nomes de várias famílias pioneiras nesta atividade, vindas da Europa. Ao fim, Carlos Boos deixou um apelo para que o Dia do Colono seja comemorado anualmente. / RADIO DIPLOMATA
Em junho de 1964, o prefeito Carlos Boos foi elogiado publicamente pelo modo efetivo que vinha conduzindo a administração pública. “O dinâmico prefeito não poupa sacrifícios no sentido de tornar Guabiruba um município com as melhores estradas da região. Agora, em esforço elogiável, conseguiu melhorar a estrada do Lajeado tirando curvas, alargando trechos e deixando-a em condições excelentes de trafego, como nunca fora antes”, destaca um artigo de O Município.
A ligação entre os municípios de Guabiruba e Blumenau ganhou um reforço expressivo em maio de 1965, quando o vereador Érico Mueller, do município vizinho, fez uma indicação destinada à Assembleia Legislativa destacando a importância da obra, que reduziria a distância entre as duas cidades em 20 quilômetros. No documento, o vereador pede que a estrada ligue as localidades de Ribeirão Jordão e Sibéria Alta, cuja extensão se somaria em 10 mil metros.

A tromba d´agua que caiu em Guabiruba no dia 25 de fevereiro de 1967 provocou prejuízos. Em Guabiruba Baixa uma ponte foi completamente destruída, assim como em Guabiruba Sul, onde quatro bueiros também foram danificados. No Centro houve registro de queda de barreiras. Da mesma forma acabaram atingidas as localidades de Guabiruba Norte Alta, Greunerwinkel, Rusland, Sibéria, Sterntal, Holstein, Beco Albrecht, Lorena, Alsácia, Pomerânia, Gaspar Alto, Lageado Alto, Lageado Baixo e Planície Alta. As inundações tomaram conta das plantações e a violência da água destruiu o leito das estradas e arrancou pontes, pontilhões e bueiros.

Autoridades e expressivo número de populares compareceram à instalação do Colégio “Prof. Carlos Boos”, de Guabiruba, em sessão solene realizada no salão Cristo Rei, dia 27 de março de 1968. O colégio era mantido pela CNEC – Câmara Nacional de Escolas da Comunidade, setor de Guabiruba.

No ano de 1981 o então secretário dos Transportes e Obras de Santa Catarina, Espiridião Amim, realizou a assinatura de Cr$ 8 milhões de cruzeiros investidos na pavimentação da rodovia Brusque e Guabiruba (SC-420), dando continuidade à colocação de paralelepípedos.

Em 17 de dezembro de 1983 foi registrada uma das maiores enchentes da cidade, com a interdição de 16 pontes. Na área central, o volume de água atingiu dois metros de altura. No detalhe desta foto é possível conferir os prejuízos na olaria da família Rothermel, em Guabiruba Sul. Já em agosto de 1984 a tragédia se repetiu. Mas, desta vez, a cidade mais castigada foi Brusque.

Em um combate duro contra a febre aftosa, o Governo de Santa Catarina esteve em Guabiruba em 1972. Na época foram visitadas 914 propriedades e vacinados 1.693 bovinos dos 1.897 existentes. A campanha foi realizada também em Brusque e Botuverá.

No mês de março de 1973, as máquinas da prefeitura continuavam executando um importante trabalho nas divisas dos municípios de Brusque e Guabiruba. Os trabalhos foram intensificados na famosa curva do ‘Germer’ para tornar o trecho seguro e com maior visibilidade.

Já em 10 de março de 1974, Guabiruba sofreu os efeitos do que foi classificado como uma “enchente relâmpago”. Das 19h às 22h as chuvas caíram com tanta intensidade que não houve tempo para providências. Casas foram inundadas, pontes foram arrastadas e plantações destruídas. O prefeito Ivo Fischer lamentou o episódio, especialmente porque a arrecadação pública ainda é pequena diante de tantas necessidades do município. Por isso, ele fez um apelo ao Governo do Estado para auxiliar nos reparos e reconstrução da cidade. Por iniciativa dos vereadores, foi decretado “estado de emergência” na ocasião.

Fundado em 30 de maio de 1975, a Sociedade Recreativa Aymoré divulgou seu estatuto na edição de 26 de março de 1976 do Jornal O Município. Nos cinco capítulos do documento estavam listadas características da entidade, dos sócios, da administração e reuniões do projeto, além das disposições gerais e transitórias. O presidente da época era Edmundo Keller, tendo Carlos Kohler como vice-presidente. Ainda faziam parte da diretoria Atanásio Kohler, Arthir Krempel, Gerson Seubert, Marcelino Kohler, Euclides Keller, José Carlito Boos e Mário Kohler.

Em 20 de março de 1977 foi fundada a Comunidade Evangélica da Lorena e, em 9 de outubro deste mesmo ano foi lançada a pedra fundamental que deu início à construção da igreja. Muito vinculado à Comunidade Evangélica de Brusque, a evangelização iniciou através de estudos bíblicos na casa de Edgar Habitzreuter. A capela foi inaugurada em 29 de outubro de 1978, no terreno doado pelos irmãos Evaldo e Alfredo Misfeldt.

Guabiruba foi sede da II Plenária da AVIMTI no dia 31 de março de 1985. O encontro contou com a presença de autoridades do Estado e grande número de vereadores. Diversos pleitos foram apresentados na oportunidade e a expectativa era alguma providência vinda do governador Esperidião Amin.

Foi realizado no dia 27 de abril de 1986 o Recadastramento dos Eleitores residentes no município de Guabiruba. Em 23 postos de atendimento, 4.401 eleitores fizeram seu Recadastramento Eleitoral.

Representantes da cidade de Guabiruba estiveram reunidos com o então governador Pedro Ivo para apresentar uma série de reivindicações em 1987. Entre elas, ‘como medida urgente’ a abertura da ligação GuabirubaBlumenau; ampliação e nova central telefônica; construção de hospital em local apropriado; construção de estádio de futebol; além da melhoria e expansão da rede de ensino estadual; calçamento nos bairros São Pedro, Guabiruba Sul e Aymoré; entre outras.

Em março de 1988 Guabiruba recebeu uma importante visita do Distrito de Karlsdorf, estado de Baden, Alemanha. Manfred Voelker e sua esposa Hildegard. Manfred e Elfrieda Schlindwein foram os responsáveis por este elo formado entre os dois países. O laço leva em consideração a descendência, já que Guabiruba pode não ser o município mais alemão do Brasil, mas, com certeza, é a cidade mais badênia do mundo.

Na segunda semana de julho, em 1990, todas as crianças de Guabiruba receberam a aplicação de flúor em gel, que fazia parte de um programa estadual de combate a cárie. As crianças da rede escolar de Guabiruba tiveram acesso ao conhecimento da escovação diária, bochecho com flúor, aplicação de selante uma vez por ano e aplicação de flúor gel duas vezes por ano.

A coleta de lixo doméstico chegou às regiões mais afastadas do Centro de Guabiruba em fevereiro de 1991. Isso foi possível porque a prefeitura adquiriu um caminhão coletor/compactador, com o investimento pago através de consórcio. Desde então, a rota compreende toda a cidade, incluindo as localidades rurais.

Em maio de 1992 a cidade de Guabiruba recebeu a visita do professor alemão Horst Burmeister, coordenador de ensino da Língua Alemã em Santa Catarina. O objetivo foi a continuidade da língua alemã para alunos do 1º ao 4º ano e a implantação da mesma para alunos do 5º ao 8º ano.

Foi realizada na sala de reuniões do Salão Cristo Rei, em 6 de janeiro de 1980, o primeiro encontro para formar a diretoria do Centro Hospitalar de Guabiruba. O prefeito João Baron estava presente e o padre Ivo José Ritter fez a leitura dos estatutos. Na reunião seguinte, prestigiada por mais de 60 pessoas, foi eleita a diretoria da Associação Médico Assistencial de Guabiruba, da qual o padre Ivo José assumiu a presidência. Ao longo dos anos, a denominação da entidade foi alterada para Fundação Hospitalar de Guabiruba e, hoje, Associação Hospitalar de Guabiruba.

Os vereadores passaram a discutir a necessidade de maior fiscalização no trânsito da cidade em fevereiro de 1993. A proposta foi a criação de um convênio entre a prefeitura com a Secretaria de Segurança Pública para implantar na cidade o ‘patrulhamento de trânsito’.

Em agosto de 1994, a Associação Cultural e Coral Cristo Rei organizou o Encontro de Corais, coordenado pela Liga de Corais do Vale do Itajaí, um evento que se repetiu em Guabiruba no ano de 2003. Fundado em 1877, pela comunidade italiana do bairro Lageado Alto e reativado na década de 1920, o Coral Cristo Rei só recebeu essa denominação em 10 de dezembro de 1962. Desde então o grupo já se apresentou no Brasil e no exterior, tendo como marco a presença no 61º Festival Internacional de Corais na Argentina, em 2000.

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REPRODUÇÃO ARQUIVO / CASA DE BRUSQUE REPRODUÇÃO ARQUIVO / CASA DE BRUSQUE REPRODUÇÃO CURTO FOTOS ANTIGAS DE GUABIRUBA FOTO DIVULGAÇÃO REPRODUÇÃO CURTO FOTOS ANTIGAS DE GUABIRUBA FOTO DIVULGAÇÃO FOTO DIVULGAÇÃO

O ano de 1996 começou com planos de asfaltamento das ruas que ligam o Centro aos maiores bairros da cidade. Os trechos somavam sete mil metros de extensão e estavam nos planos do prefeito Orides Kormann, em seu último ano de mandato. Na oportunidade, além da inadimplência do IPTU, a preocupação também vinha do Fundo de Participação dos Municípios, que registrou uma queda de 30% no ano anterior.

Em março de 2000 iniciou em Guabiruba o Programa de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que passou a ser ministrado nas escolas da cidade por policiais militares. Depois de alguns encontros, os estudantes passam por uma cerimônia de formatura, na qual se comprometem em manter distância de todos os tipos de drogas.

Uma reunião em 19 de março de 2001 marca o início dos trabalhos do Departamento de Assistência Social do Município, que tinha como meta a implantação de uma Fundação Assistencial. A expectativa era pela realização mensal de eventos, como cafés nos bairros, com palestras sobre assuntos diversos e de interesse comunitário. Integravam o grupo a primeira dama Bernadete BoosKormann, a vereadora Maria Goréti Debatin e outras senhoras da sociedade guabirubense.

REPRODUÇÃO CURTO

No dia 30 de setembro de 2003 foi realizada a primeira edição do Encontro de Gaiteiros, na chácara Alcides Seubert, no bairro Aymoré. O evento surgiu a partir de um curso de acordeão. Nas aulas inspiradoras do professor Sidnei Locatelli, de Jaraguá do Sul, as notas musicais entoavam a alegria tão característica do povo de Guabiruba. Foi por esta razão que Seubert e o amigo João Antônio Covastky idealizaram o evento.

Em 2004 foi fundado do Parque Nacional da Serra do Itajaí que integra mais de 57 mil hectares de florestas e visa preservar áreas contínuas de Mata Atlântica em estado avançado de regeneração. Além de Guabiruba, formam o Parque os municípios de Apiúna, Ascurra, Blumenau, Botuverá, Gaspar, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos.

A mãe do tenista Gustavo Kuerten, Alice, visitou a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Guabiruba em 12 de março de 2005. Na ocasião ela formalizou o repasse de R$ 19.993,40 à entidade através de Instituto Guga Kuerten. “Todas as diretorias merecem reconhecimento. Inclusive um dos meus filhos, portador de necessidade especial, chegou a frequentar a instituição em um curto período de tempo”, disse Alice.

No dia 10 de outubro de 2006, durante a sessão da Câmara de Guabiruba, foi aprovado em segunda votação o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável no município. Necessário para a expansão equilibrada das cidades, a elaboração do documento recebeu apoio da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (AMMVI), e da comunidade local, que participou desta elaboração através de reuniões em bairros.

Primeiro lugar em São João Batista. Primeiro lugar em Indaial. Primeiro lugar em Umbuía. O ano de 2006 reservou boas surpresas para a Fanfarra Anna OthíliaSchlindwein, de Guabiruba, que conquistou o título de campeã em todas as competições que participou. São 10 anos embalando pessoas ao toque de tambores e pratos. Depois de regulares ensaios, disciplina e muito trabalho, a fanfarra colhe os frutos de uma história traçada com amor. A banda compreende 50 elementos. Do total, 12 meninas integram o corpo coreógrafo, também campeão. Ensinar através da música, lições para uma vida inteira, é o objetivo da fanfarra, de acordo com seu presidente Wilson Jordão.

A Secretaria de Estado da Infraestrutura, através da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Brusque, firmou um convênio com o município de Guabiruba no dia 25 de maio de 2007. O prefeito Orides Kormann assinou o repasse, que foi aplicado em obras na rua Orlandina Vicentini, que liga os bairros Guabiruba Sul e Lageado, em um total de 1.853 metros.

A Casa da Cidadania foi inaugurada em Guabiruba no dia 30 de maio de 2008, através de convênio entre a Prefeitura e o Tribunal de Justiça do Estado.

A solenidade de instalação contou com a presença da comunidade e de diversas autoridades, entre elas, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Francisco Oliveira Filho. O espaço visa integrar a comunidade ao propósito de humanizar a justiça, garantir cidadania plena e incentivar a democracia participativa.

“A informação existe, só não está sendo registrada”. Para suprir uma demanda natural de mercado e, mais do que isso, eternizar a história de uma cidade, o jornal Guabiruba Zeitung circulou pela primeira vez em 4 de setembro de 2009. Depois de quase uma década, o empreendimento da jornalista brusquense, Rita de Cássia Barg, agora está sob a direção da também jornalista Suelen Cerbaro, que já trabalhou no jornal Município, Unifebe e na comunicação da Prefeitura de Guabiruba. Fiel à sua vocação, o Zeitung acompanha o guabirubense no café da manhã de sexta-feira e estampa em suas páginas notícias construídas com ética e responsabilidade.

Um das notícias mais chocantes da história de Guabiruba foi registrada pelo Zeitung em 14 de novembro de 2009. O incêndio no Posto de Combustível São Lucas, bairro Guabiruba Sul, até hoje provoca tristeza e inconformismo quando é lembrado. Naquela manhã, uma equipe de Barra Velha realizava a manutenção em um dos tanques de combustível quando o acidente aconteceu. Os três trabalhadores não resistiram aos ferimentos e faleceram no hospital. O guabirubense Ricardo Sandri que estava no local no momento da tragédia, apesar de ter queimaduras em 70% do corpo, sobreviveu ao acidente.

Mas nem só de histórias tristes se faz um semanário em cidade de interior. Comprometido em narrar histórias de sua gente, o Zeitung se alegra sempre que aparecem fatos como os dois pés de abóboras gigantes do senhor Paulo Deichmann. Foi ele quem estampou a capa do jornal no dia 26 de fevereiro de 2010, exibindo com orgulho os mais de 500 quilos do legume da sua horta. Sem fazer uso de qualquer agrotóxico, Paulo garante que o sustento das abóboras vinha da terra fértil da Pomerânea. A família é que se deliciou com a colheita: abóbora cozida, temperada com orégano e queijo ralado!

Bi-campeão! Bi-Campeão! Esse era o grito de guerra que ecoava com força na cidade de Franca (SP), durante o XVIII Concurso Nacional de Bandas e Fanfarras, em 23 de outubro de 2010. Guabiruba tinha uma representante no evento, a Banda Das Lebenslied, que fez bonito durante a apresentação e levantou o troféu de segunda colocada. A recepção dos 32 músicos na cidade foi festiva, com direito à desfile pelas ruas centrais em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros. “Isso só vem confirmar aquilo que é feito durante todo o ano com alunos e no envolvimento dos pais e de todos que ajudam a banda”, disse ao jornal o regente da banda Das Lebenslied, Sidnei Ernane Baron.

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O governador do Estado, Raimundo Colombo, visitou Guabiruba no dia 19 de julho de 2012, quando assinou um protocolo de intenções, na presença do prefeito Orides Kormann, demais representantes do poder público e a classe empresarial da cidade. Ali foi firmada a parceria entre o Executivo Estadual e a empresa Guabifios. A obra de pavimentação entre Brusque e Guabiruba tem 1,78 mil metros de extensão e estava orçada em R$ 6 milhões.

Uma autêntica cidade alemã tem apreço pela cultura cervejeira. Por esta razão, em 22 de março de 2014, foi realizada a primeira edição da Kolonie Bier Fest, a Festa da Cerveja de Guabiruba. Mais de 30 tipos da bebida estavam expostos na Chácara Alcides Seubert, sendo que algumas das combinações eram de cinco produtores locais. A gastronomia escolhida para a festa também era típica, assim como as atrações musicais e apresentações culturais.

Depois de 840 dias da enchente de 2008, Guabiruba voltou a contabilizar prejuízos pela força das águas em 12 de março de 2011. Poucas horas de chuva já foram suficientes para alagar diversas localidades, com ênfase na Rua 10 de Junho. O escoamento veio logo depois, mas não foi suficiente para amenizar o rastro de destruição entre as empresas e residências pelo caminho. Ainda no sábado, os moradores iniciaram o árduo trabalho de limpeza, que se estendeu pelo decorrer da semana.

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Guabiruba é uma terra de campeões e estas são sempre as histórias preferidas para se contar. Como a da pequena Julia Maiara dos Santos que, em novembro de 2011 tinha apenas 10 anos. Foi ela quem trouxe para cidade uma medalha de ouro direto do Campeonato Brasileiro de Caratê Interestilos, sediado em Fortaleza (CE) naquele ano. Além dela, foram mais três medalhas de prata e três de bronze apenas para Guabiruba.

O ano de 2012 encerrou com uma boa notícia na área de segurança pública para Guabiruba. Desde o dia 14 de agosto, a Delegacia de Polícia passou a funcionar 24 horas, com a chegada de três novos agentes. Na imagem, uma das primeiras sedes da Delegacia de Guabiruba.

Uma das exposições mais tradicionais de Guabiruba foi promovida entre os dias 11 e 13 de setembro de 2015, no Salão Cristo Rei. A 13ª Exposição de Orquídeas e Plantas Ornamentais é uma realização da Abapo, que reúne apreciadores da cidade e de toda a região.

Alguns caixotes de madeira colorida, quatro rodinhas e um caminhão de fofura que conquistou o Brasil. A idéia das professoras Fabíula Boos Oliota e Carolina Kistner, da Escola de Educação Infantil Edite Bozano Alves de Souza, do bairro Aymoré, foi publicada despretensiosamente nas redes sociais em 2016 e viralizou! Em três dias a postagem atingiu 2,6 milhões de pessoas e acumulou mais de 100 mil curtidas. Só com esta notícia, a página de Facebook da prefeitura, que tinha seis mil seguidores, aumentou para 19 mil. Além da repercussão na cidade e no Estado, as professoras participaram ao vivo do programa Encontro e conversaram com a apresentadora Fátima Bernardes.

Guabiruba é uma cidade de momentos inesperados. Como a neve que caiu por lá, em 23 de julho de 2013. O fato, considerado raro, cobriu de branco localidades como Planície Alta, Lajeado Alto e Aymoré. Tão logo a informação repercutiu em rede social, centenas de curiosos da cidade e da região buscaram os pontos mais altos para ver de perto o fenômeno. Não faltaram registros fotográficos deste acontecimento.

Guabiruba foi destaque no Parajasc de 2016. O atleta Wellington Mafra Ramos trouxe para casa três medalhas de ouro nas modalidades de corrida de 100 metros, salto em distância e lançamento de dardo. Morador da localidade de Alsácia e, na época, aluno da Escola Carlos Maffezzolli, ele praticamente se tornou celebridade. Um exemplo no desafio e superação dos próprios limites.

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