UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO
LETICIA ENDRINGER OLIVEIRA
PROJETO DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA COM BASE NA ARQUITETURA DE JACOBSEN
VILA VELHA 2021
LETICIA ENDRINGER OLIVEIRA
PROJETO DE UMA RESIDÊNCIA CONTEMPORÂNEA COM BASE NA ARQUITETURA DE JACOBSEN
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado como requisito parcial à obtenção
do
título
de
Bacharel
em
Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Vila Velhas.
Orientador: Prof. Me. Luiz Marcello Gomes Ribeiro
VILA VELHA 2021
AGRADECIMENTOS
Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que fizeram parte dessa importante fase de minha vida. Portanto, desde já peço desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem estar certas que fazem parte do meu pensamento e de minha gratidão.
Agradeço aos meus orientadores: Prof.ª Simone Neiva Loures Gonçalves, pela sabedoria com que me guiou nesta trajetória, pela confiança e pelo conteúdo passado; e ao Prof. Luiz Marcello Gomes Ribeiro, pelas contribuições formidáveis ao trabalho, por me direcionar e se dispor a ajudar na pesquisa em um momento atípico.
Aos meus colegas de sala, que viveram esse desafio comigo.
E por último, às pessoas mais importantes da minha vida que me mantém digna e forte para a vida: ao Caio Lyra e Patrícia Endringer, obrigada pelo apoio permanente e pelo amor incondicional, sem eles não teria atingido o resultado final.
“A arquitetura deve estar intimamente relacionada à personalidade e modo de vida do cliente, em plena harmonia com o entorno de forma atemporal. A ideia é que a arquitetura desapareça na paisagem.”
Paulo Jacobsen
RESUMO
O escritório Jacobsen Arquitetura foi apontado em 2010 pela revista AU-Arquitetura e Urbanismo (Editora PINI) como um dos jovens escritórios representativos pelos próximos 25 anos. O objetivo central do trabalho é compreender e analisar o processo projetual de uma residência contemporânea, fazendo um comparativo com o período modernista. De modo mais específico, busca-se projetar uma residência que possua os aspectos relevantes da arquitetura contemporânea. A metodologia engloba um referencial teórico da arquitetura residencial modernista, a análise de três residências de Jacobsen pela metodologia de Clark e Pause, e por fim, um ensaio projetual de uma residência no Morro do Moreno (Vila Velha/ES). Sob essa ótica, conclui-se a influência modernista na atualidade, com certos aspectos renovados e ultrapassados. Palavras-chave: Arquitetura Contemporânea. Modernismo. Jacobsen Arquitetura. Arquitetura Residencial.
ABSTRACT
Jacobsen Architecture was appointed in 2010 by the magazine AU - Architecture and Urbanism (Pini Publishing) as one of the young representative offices for the next 25 years. The main objective of the article is to understand and analyze the design process of a contemporary residence, making a comparison with the modernist period. More specifically, it seeks to design a residence that has the relevant aspects of contemporary architecture. The methodology encompasses a theoretical framework of modernist residential architecture, the analysis of three Jacobsen residences through the methodology of Clark and Pause, and finally, a design essay of a residence in Morro do Moreno (Vila Velha/ES). From this perspective, the modernist influence is concluded today, with certain aspects renewed and outdated.
Keywords:
Contemporary
Residential Architecture.
Architecture.
Modernism.
Jacobsen
Architecture.
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Casa da Rua Santa Cruz, 1927
16
Figura 2: Casa de Roman Borges, 1934
17
Figura 3: Casa JK, 1943
18
Figuras 4 e 5: Casa de Vidro, 1951
20
Figura 6: Casa das Canoas, 1953
21
Figura 7: Casa do Arquiteto, 1964
22
Figuras 8 e 9: Casa Hélio Olga, 1987
23
Figura 10: Cais das Artes, 2011
25
Figura 11: Museu Guggenheim, 1997
26
Figuras 12 e 13: Museu Judaico de Berlim, 1999
27
Figura 14: Legenda gráfica segundo o modelo de Clark e Pause
29
Figura 15: Residência CF, 2003
31
Figura 16: Quadro Conceitual - Residência CF
32
Figuras 17 e 18: Residência CF, 2003
32
Figura 19: Residência CF, 2003
33
Figuras 20 e 21: Luz natural – Residência CF
34
Figura 22: Estrutura – Residência CF
35
Figuras 23 e 24: Volumetria – Residência CF
35
Figura 25: Circulação e Espaços de Uso – Residência CF
36
Figura 26: Simetria e Equilíbrio – Residência CF
37
Figura 27: Retícula e Geometria - Residência CF
38
Figura 28, 29 e 30: Adição e Subtração – Residência CF
38
Figura 31: Residência CMA, 2019
39
Figura 32: Quadro Conceitual – Residência CMA
40
Figuras 33 e 34: Residência CMA, 2019
41
Figura 35: Luz Natural – Residência CMA
41
Figura 36: Luz Natural – Residência CMA
42
Figura 37: Estrutura – Residência CMA
43
Figuras 38 e 39: Residência CMA, 2019
43
Figuras 40 e 41: Volumetria – Residência CMA
44
Figuras 42 e 43: Circulação e Espaços de Uso – Residência CMA
45
Figuras 44 e 45: Residência CMA, 2019
46
Figura 46: Simetria e Equilíbrio – Residência CMA
47
Figuras 47 e 48: Residência CMA, 2019
48
Figura 49: Residência CMA, 2019
48
Figura 50: Residência CAA, 2014
49
Figura 51: Quadro Conceitual – Residência CAA
50
Figuras 52 e 53: Residência CAA, 2014
50
Figura 54: Residência CAA, 2014
51
Figura 55: Luz Natural – Residência CAA
51
Figuras 56 e 57: Estrutura – Residência CAA
52
Figura 58 e 59: Residência CAA, 2014
53
Figura 60: Volumetria – Residência CAA
53
Figuras 61 e 62: Relação entre Planta e Elevações – Residência CAA
54
Figura 63: Relação entre Circulação e Espaços de Uso – Residência CAA
55
Figura 64: Relação entre Unidade e Conjunto – Residência CAA
56
Figuras 65 e 66: Residência CAA, 2014
56
Figura 67: Simetria e Equilíbrio – Residência CAA
57
Figura 68: Residência CAA, 2014
58
Figura 69: Parâmetros Urbanísticos – ZOR-A
61
Figura 70: Planta de Situação
61
Figuras 71 e 72: Vistas do Terreno
62
Figuras 73 e 74: Cortes
63
Figuras 75 e 76: Setorização
65
Figura 77: Quadro Conceitual
67
Figuras 78, 79 e 80: Fachadas
67
Figuras 81 e 82: Interior
68
Figura 83: Fachada
69
Figura 84: Deck e Piscina
70
Figuras 85 e 86: Interior
70
Figura 87: Interior
71
Figura 88: Fachada
71
Figura 89: Fachada
72
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
13
2
A CASA MODERNA BRASILEIRA
15
2.1
A CASA MODERNA BRASILEIRA DE 1900 A 1945
15
2.2
A CASA MODERNA BRASILEIRA DE 1945 A 1995
18
3
A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA
25
4
ESTUDO DE CASO: ESCRITÓRIO JACOBSEN ARQUITETURA
29
4.1
RESIDÊNCIA CF 4.1.1
Conceito e Partido
31
4.1.2
Luz Natural
33
4.1.3
Estrutura
34
4.1.4
Volumetria
35
4.1.5
Relações
36
4.1.5.1
Relação entre planta e as elevações
36
4.1.5.2
Relação entre circulação e espaços de uso
36
4.1.5.3
Relação entre unidade e conjunto
36
4.1.5.4
Relação entre repetitivo e singular
37
4.1.6
4.2
31
Ordem de Ideias
37
4.1.6.1
Simetria e equilíbrio
37
4.1.6.2
Retícula e geometria
37
4.1.6.3
Adição e Subtração
38
4.1.6.4
Hierarquia
39
RESIDÊNCIA CMA
39
4.2.1
Conceito e Partido
39
4.2.2
Luz Natural
41
4.2.3
Estrutura
42
4.2.4
Volumetria
43
4.2.5
Relações
44
4.2.5.1
Relação entre planta e as elevações
44
4.2.5.2
Relação entre circulação e espaços de uso
44
4.2.5.3
Relação entre unidade e conjunto
46
4.2.5.4
Relação entre repetitivo e singular
46
4.2.6
4.3
46
4.2.6.1
Simetria e equilíbrio
46
4.2.6.2
Retícula e geometria
47
4.2.6.3
Adição e subtração
47
4.2.6.4
Hierarquia
48
RESIDÊNCIA CAA
49
4.3.1
Conceito e Partido
49
4.3.2
Luz Natural
51
4.3.3
Estrutura
52
4.3.4
Volumetria
53
4.3.5
Relações
54
4.3.5.1
Relação entre planta e as elevações
54
4.3.5.2
Relação entre circulação e espaços de uso
54
4.3.5.3
Relação entre unidade e conjunto
55
4.3.5.4
Relação entre repetitivo e singular
56
4.3.6
4.4
Ordem de Ideias
Ordem de Ideias
57
4.3.6.1
Simetria e equilíbrio
57
4.3.6.2
Retícula e geometria
57
4.3.6.3
Adição e subtração
57
4.3.6.4
Hierarquia
58
CONCLUSÃO PARCIAL
58
5
ENSAIO PROJETUAL
60
5.1
IMPLANTAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO
62
5.2
PROGRAMA DE NECESSIDADES
63
5.3
CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
66
5.4
SISTEMA CONSTRUTIVO
71
6
CONCLUSÃO
73
REFERÊNCIAS
76
APÊNDICE A
80
13
1 INTRODUÇÃO
Em sua publicação de 2010, a revista AU-Arquitetura e Urbanismo (Editora PINI) selecionou 25 jovens arquitetos e escritórios, como a “nova geração de arquitetos brasileiros”, com a intenção de apontar uma produção arquitetônica contemporânea representativa pelos próximos 25 anos.
A revista convidou cinco arquitetos, professores e críticos: Carlos Eduardo Comas, Cláudia Estrela Porto, Fernando Lara, Mônica Junqueira de Camargo e Roberto Segre; e os convocou a fazer uma lista promissora de arquitetos em destaque. Na seleção, ganharam aqueles que possuíam mais votos, com idade inferior a 40 anos.
Foram eleitos os arquitetos promissores: Arquitetos Associados, Arquitetos Cooperantes, AUM Arquitetos, BCMF, Bernardes Jacobsen, Carla Juaçaba, DDG Arquitetura, Estúdio America, FGMF, Frederico Zanelato, Grupo SP, Mareines + Patalano Arquitetura, Metro Arquitetos Associados, MGS/MGSR, Nitsche Arquitetos Associados, O Norte Oficina de Criação, POAA, Rua Arquitetos, SPBR, SIAA, Studio Paralelo, Tacoa, Triptyque, Una Arquitetos, Yuri Vital.
Entre os 25, a maioria está em São Paulo (quatorze, ao total). O restante está dividido: cinco são do Rio de Janeiro; Minas Gerais e Rio Grande do Sul contam com dois representantes cada; um de Pernambuco e um de Brasília fecham a lista.
Bernardes Jacobsen, Carla Jaçuaba, DDG Arquitetura, Mareines + Patalano Arquitetura, Rua Arquitetos são os escritórios selecionados no Rio de Janeiro, – estado próximo ao Espírito Santo. O escritório Jacobsen Arquitetura – antigo Bernardes Jacobsen Arquitetura se destaca para a pesquisa pelo seu vasto portfólio de projetos residenciais tropicais. Por meio da leitura da produção desse escritório, e da análise de três residências referenciais, serão abordadas questões sobre aspectos relevantes da arquitetura contemporânea. De modo mais geral, a intenção de compreender quais aspectos foram renovados desde o modernismo e quais tornaram-se ultrapassados. De modo mais específico,
14
nossa intenção é projetar uma residência que possua aspectos relevantes da arquitetura contemporânea.
Para subsidiar a análise pretendida, será feita uma pesquisa bibliográfica do período do movimento moderno até o período da contemporaneidade, com ênfase na tipologia residencial. A escolha de casos referenciais para análise se baseia em alguns critérios, tais como topografia acentuada e vista para o mar; metragem quadrada inferior a 1000m², para maior assimilação com o terreno obtido para o estudo projetual no Morro do Moreno em Vila Velha/ES. Uma residência foi escolhida dentro desses critérios, no período anterior a 2010, — onde a sociedade entre Bernardes e Jacobsen ainda era vigente —, para analisar de fato a produção que chamou a atenção dos críticos convocados pela Revista AU (Residência CF). Outras duas residências foram selecionadas no período após 2010, para analisar a produção do escritório na configuração atual (Residência CAA e Residência CMA).
As Residências CF (2003), CAA (2014) e CMA (2019) serão analisadas sob a metodologia de Clark e Pause. As análises serão feitas através da leitura das plantas de implantação, plantas baixas, cortes e fachadas disponibilizadas pelo site do escritório. Os pontos abordados são: luz natural, estrutura, volumetria, as relações (planta/elevações, circulação/espaço de uso, unidade/conjunto, repetitivo/singular) e ordem de ideias (simetria/equilíbrio, retícula/geometria, adição/subtração, hierarquia).
Por fim, será apresentado um ensaio projetual de uma residência no Morro do Moreno (Vila Velha/ES), no qual serão aplicados os aspectos compreendidos como os mais importantes de serem observados em uma arquitetura contemporânea residencial.
Cabe aqui ressaltar ainda, o contexto histórico em que essa pesquisa se desenvolveu, um período de pandemia e isolamento social, onde ocorre sobremaneira a limitação ao acesso de materiais, locomoção e recursos para a pesquisa.
15
2 A CASA MODERNA BRASILEIRA
2.1 A CASA MODERNA BRASILEIRA DE 1900 A 1945
Como arquitetos, ao projetar uma residência, aprendemos que uma boa arquitetura deve sempre levar em conta o meio físico e social onde se insere. A forma, espacialidade e funcionalidade da arquitetura de uma determinada época pode reforçar a tradição cultural e manifestar a necessidade do usuário, assim como as técnicas construtivas devem adequar-se ao clima, vegetação e relevo.
De acordo com Bruand (2010) o modernismo e suas vertentes chegam no Brasil pregando seu ideal funcionalista. Porém as técnicas tradicionais para o clima tropical de outrora não desapareceram completamente da arquitetura brasileira no decorrer do século XX. As varandas e corredores externos foram renovados por espaços livres cobertos, possíveis graças às novas técnicas construtivas: térreo total ou parcialmente livre, e grandes terraços ou sacadas protegidas pelas lajes em balanço.
O emprego intensivo do pilotis se justificou como boa solução ao solo bastante acidentado, facilitando a adaptação do edifício ao terreno. O brise-soleil nasceu de uma solução funcional de combate ao excesso de luminosidade e calor, viabilizando as grandes aberturas enaltecidas pelo modernismo, e acabou se tornando uma expressão plástica da arquitetura brasileira.
O contexto físico-espacial moldou a forma com que o modernismo universal foi se materializando no Brasil, trazendo certa identidade à arquitetura brasileira, e transformando o que vinha sendo feito antes do séc. XX.
Sabe-se que o panorama arquitetônico brasileiro na época de 1900 era desanimador. A maioria das edificações recém-construídas pecavam na originalidade. Em geral, refletiam imitações medíocres do passado, ou tratavam-se de meras cópias da moda então em voga na Europa (BRUAND, 2010).
16
Bruand afirma que o manifesto ocorrido em 1922 veio como reflexo da efervescência cultural da época. A Semana da Arte Moderna marca a ruptura com o passado e a independência cultural frente à Europa.
A primeira casa moderna do Brasil, projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik em 1927, afirmava a arquitetura moderna em sua praticidade e economia, com ausência de elementos decorativos, seguindo a premissa que a forma deve seguir a função. Figura 1: Casa da Rua Santa Cruz, 1927
Fonte: ArchDaily Brasil (2013)
Fracalossi (2013) destaca que a tal obra, em total contraponto com a arquitetura feita na época (ecletismo), resultou em certos empecilhos para a execução idealizada. Os volumes prismáticos destituídos de ornamentação precisaram ser “camuflados” com ornamentos ecléticos no projeto para aprovação de execução da prefeitura, e após a conclusão foi alegado falta de recursos para “completá-la”. Mas a maior dificuldade que Warchavchik enfrentou foi a falta de recursos industrializados, precisando, então, sacrificar o princípio da economia e mandar fabricar seus próprios caixilhos e esquadrias metálicas. Por volta de 1930, iniciam-se as tentativas de reforma da Escola de Belas Artes. Porém, como cita Bruand (2010), a influência de Le Corbusier não se deu de maneira repentina, e sim progressivamente, como bem demonstra a evolução das obras modernas projetadas no Rio de Janeiro.
17
Figura 2: Casa de Roman Borges, 1934
Fonte: BRUAND, Yves (2010)
Nessa obra de Lúcio Costa em Copacabana, podemos ressaltar que a aplicação do terraço-jardim modernista de Le Corbusier, como destaca Ana Paula Zocchio Fidalgo (2012), e similaridades formais com as residências projetadas na época por Gregori Warchavchik.
A estadia de Le Corbusier no Brasil em 1936 marca um período importante na história da arquitetura brasileira. A experiência transmitida por Le Corbusier, nas seis semanas de trabalho intensivo desenvolvido com a equipe, influenciou profundamente os jovens brasileiros que dela faziam parte, modificando-os profundamente com esse breve contato.[...] As teorias de Le Corbusier, particularmente os cinco pontos da arquitetura nova - pilotis, terraço-jardim, planta livre, fachada livre, janelas na horizontal - eram do conhecimento dos jovens arquitetos brasileiros que no entanto aplicavam-nos mecanicamente, como se fossem fórmula polivalentes (BRUAND, 2010, p. 81)
Bruand (2010) também aponta a valorização que o arquiteto deu aos elementos locais: incentivava o uso de palmeiras imperiais, terraços-jardins com espécies nativas, o emprego do granito cinza e rosa extraído das montanhas que circundam o Rio de Janeiro, além de recomendação do emprego dos azulejos portugueses como revestimento.
18
Após esse período é nítida a ascensão de Niemeyer, que recebeu grande apoio de seu mestre Lúcio Costa. “Tratava-se de convincente exemplo de nova forma de expressão arquitetônica, com características de criação autenticamente brasileiras em sua flexibilidade e riqueza plásticas.” (BRUAND, 2010)
Destaca-se na tipologia residencial a Casa JK, projetada por Oscar Niemeyer em 1943. Conforme cita Cêça Guimaraens (2015), Niemeyer experimenta as suas ideias de integração e permeabilidade espacial, conservando ao mesmo tempo as exigências de privacidade da família brasileira. As paredes totalmente envidraçadas promovem a continuidade espacial entre exterior e interior. A entrada em rampa, o pequeno lago e os jardins de linhas curvas - imaginados pelo arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx com palmeiras imperiais, ipês, paineiras e bromélias -, agregam-se ao telhado em forma de asa de borboleta para evidenciar a modernidade (GUIMARAENS, 2015, s.p.)
Figura 3: Casa JK, 1943
Fonte: Vitruvius (2015)
A arquitetura deste período antes e durante a Segunda Guerra Mundial marca uma unidade de obras isoladas e muito importantes pela repercussão e caminhos abertos, como pontua Bruand (2010). A partir de 1944-1945 surge uma clientela privada mais adepta a nova arquitetura, que caracteriza uma produção em massa no mercado. 2.2 A CASA MODERNA BRASILEIRA DE 1945 A 1995
19
Nesse período não ocorre ruptura na evolução arquitetônica brasileira, mas sim uma continuidade intensificada do que vinha sendo reproduzido enquanto arquitetura. Na ótica de Bastos e Zein (2011), sob o abrigo da etiqueta “modernidade” seria possível enxergar resultados bem distintos, mas sempre com o inimigo comum: o academicismo reacionário. Dentre as várias correntes da arquitetura contemporânea do Brasil, há uma que é específica ao país e que ao menos sob a mesma forma, dificilmente poderia ter surgido em outro lugar: a tentativa de conciliação entre os princípios da arquitetura “moderna” e os da tradição local, representada pela arquitetura implantada pelos colonizadores portugueses e seus descendentes nos séculos XVI e XVII. O homem que liderou, de forma consciente ou não, foi Lúcio Costa (BRUAND, 2010, p. 119)
A partir da década de 40, Lúcio Costa assume uma maturidade formal e, como cita Marcelo Carlucci (2005), pode-se notar traços de um vocabulário projetual que se firma entre a síntese da tradição local e a nova arquitetura: telhados de telha-canal com beirais em madeiramento aparente, seguindo grandes planos inclinados formando volumes trapezoidais; aberturas com venezianas e muxarabis; varandas e galerias de circulação externa; revestimento de azulejos. Enxergamos essas soluções adotadas em casas como a Casa de Roberto Marinho (1937), Casa de Argemiro Hungria Machado (1942), Casa da Sra. Roberto Marinho (1942), Casa do Barão de Saavedra (1944), entre outras obras. O conceito da transparência, apontado por Juliana Fiorini (2014) – e explicado a fundo em sua obra – é presente em duas casas muito simbólicas na arquitetura brasileira da segunda metade do século XX. São elas: Casa de Vidro, da Lina Bo Bardi (1951) e a Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer (1955), ambas projetadas para a própria habitação.
As duas casas convergem uma relação íntima com a paisagem, com extensos painéis em vidro como vedação; assim como aplicam o uso de pilotis como técnica construtiva, com a premissa de conservar o perfil natural do terreno em questão. “A
20
casa se vê, assim, como uma caixa transparente flutuante em meio da natureza.” cita Fracalossi (2011), sobre a Casa de Vidro de Lina. Figuras 4 e 5: Casa de Vidro, 1951
Fonte: ArchDaily Brasil (2011)
Niemeyer explora a forma livre e plasticidade em sua laje plana na Casa das Canoas, criando um volume orgânico sem fundo nem frente, cercado por vidro em sua extensão.
21
Figura 6: Casa das Canoas, 1953
Fonte: ArchDaily Brasil (2011)
Neutralização dos lados negativos do relevo e utilização de suas vantagens, manutenção máxima da admirável vista pro mar logo abaixo, respeito integral ao local foram os três princípios que orientaram a composição arquitetônica. A ordem em geral adotada para uma casa disposta em dois níveis, foi propositalmente invertida: os quartos foram relegados ao subsolo, onde continuavam desfrutando da vista da baía, enquanto que a parte alta estava reservada aos cômodos de estar, que ficavam no mesmo nível do jardim e do terraço colocado em cima dos quartos” (BRUAND, 2010, p. 162)
A vertente do brutalismo paulista marca o período entre a década de 50 e 70, representado pela geração de Paulo Mendes da Rocha, Vilanova Artigas e Lina Bo Bardi. Nesse movimento destaca-se as superfícies em concreto aparente, muitas vezes com a solução formal de “caixa portante”, como aponta Maria Alice J. Bastos e Ruth Verde Zein (2011)
Um clássico que vale a pena ser citado nessa vertente é a casa do arquiteto Paulo Mendes da Rocha em SP (1964). No terreno ao lado, ele construiu uma casa idêntica para sua irmã. A junção ficou conhecida como “as Casas Gêmeas”. Sobre a casa que fez para si no bairro do Butantã, em São Paulo, Paulo Mendes da Rocha disse ter sido ela pensada como “um ensaio de peças préfabricadas”. A estrutura modulada, o detalhamento mínimo (um só caixilho para todas as aberturas, por exemplo), o sistema estrutural simples e rigoroso, com apenas quatro pilares, duas vigas mestras e lajes nervuradas, foram
22
citados pelo arquiteto como índices de uma racionalidade que se procurou imprimir ao projeto, num momento em que a discussão sobre a pré-fabricação ganhava amplitude no Brasil (NOBRE, 2007, s.p.)
Figura 7: Casa do Arquiteto, 1964
Fonte: ArchDaily Brasil (2014)
Em seu livro “Arquitetura Contemporânea no Brasil”, Bruand (2010) conclui características gerais e específicas da “Nova Arquitetura Brasileira”, englobadas em três ordens: técnica, metodológica e formal. São elas: (i) arquitetura de concreto armado; (ii) arquitetura artesanal; (iii) arquitetura racionalista; (iv) arquitetura simbólica; (v) monumentalidade; (vi) plasticidade; (vii) simplicidade; (viii) leveza; (ix) riqueza decorativa. As décadas de 70 e 80 marcam uma crise no âmbito arquitetônico chamada de “pósmodernidade”. Na visão de Bastos e Zein A crise da modernidade não foi acompanhada por sua dissolução e transformação radical, mas pela admissão de sua inerente pluralidade, parece indicar que a chamada “condição pós-moderna” é menos o encerramento de um período e mais um momento de profunda reflexão e reorientação (BASTOS e ZEIN, 2011, p. 195)
A arquitetura a partir dos anos 80 e 90 evolui em soluções estruturais, influência direta da maior gama de materiais oferecidos pela indústria. A Casa Hélio Olga (1987)
23
projetada por Marcos Acabaya comprova a adequação da tecnologia industrial de construção em madeira. A casa de Marcos Acayaba, que desenvolve com extrema competência as possibilidades
construtivas
da
madeira,
com
requinte
de
forma
e
detalhamento, sem abdicar da organização programática moderna, é demonstração clara das enormes possibilidades de uma arquitetura ao mesmo tempo sólida devido aos vínculos com a tradição, mas ao mesmo tempo aberta à novidade e à experimentação. (GUERRA, 2006, s.p.)
Figuras 8 e 9: Casa Hélio Olga, 1987
Fonte: Marcos Acabaya (s.d.)
Segundo a ótica de diversos críticos-teóricos, como Hugo Segawa, Ruth Verde Zein, Cêça de Guimaraens, Maria Alice Junqueira Bastos: o rumo da arquitetura brasileira contemporânea se coloca em continuidade ao invés de ruptura com a arquitetura moderna; “Dentro desta ideia aparece a valorização de uma coerência no fazer, em substituição à coerência formal” (BASTOS e ZEIN, 2011).
Em caráter conclusivo, o modernismo deixou um legado que é renovado diante da contemporaneidade. O delineamento inicial que condicionou as primeiras obras e consolidou a arquitetura moderna brasileira foi a busca da mescla entre os princípios modernos universais europeus com a tradição construtiva colonial brasileira. A relação do interior da casa com a paisagem exterior tropical é íntima e segue como condicionante no período pós-moderno. O uso de materiais é explorado em sua essência, como o concreto aparente, a madeira, o tijolo, o metal e o vidro. As técnicas construtivas seguem a tecnologia do tempo e se renovam com o passar dos anos.
24
A racionalidade, o teto plano, a forma autônoma, a leveza, a relação da arquitetura com a paisagem, os elementos da tradição luso-brasileira e o uso dos materiais valorizam a brasilidade da nossa arquitetura.
25
3 A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA
A força da tradição moderna ainda é visível nas obras de jovens arquitetos no início do século XXI. O período após a década de 90 traz novas correntes arquitetônicas, com tendências que tanto renovam, quanto ultrapassam aspectos modernistas. A contemporaneidade não possui uma linguagem única, é um pluralismo que envolve novas tecnologias e resgata o passado à sua maneira. A produção desta geração está mal começando. É, todavia, um despontar que se apresenta bastante promissor e que permite uma reflexão comparativa importante sobre as referências históricas das quais se nutre e as condições atuais de sua produção. Algo de interessante parece estar no ar: um modernismo revisitado, com alguns aspectos descartados e outras questões recolocadas em movimento. A arquitetura contemporânea brasileira necessita ser vista, criticada e colocada em relação com a arquitetura jovem internacional. (CAVALCANTI e LAGO, 2005, s.p.)
De acordo com a análise feita por Montaner (2016) em seu livro sobre a condição contemporânea
da
arquitetura,
permanecem
em
aceitação
algumas
das
características do movimento moderno, como a confiança na tecnologia e no progresso desde o Iluminismo e a Revolução Industrial. Isso pode ser demonstrado tanto na sobrevivência da arquitetura high-tech quanto na eclosão e continuidade da tendência minimalista, — consolidado no Brasil por obras de Paulo Mendes da Rocha. Figura 10: Cais das Artes, 2011
Fonte: ArchDaily Brasil (2011)
Algumas linhas da tradição racionalista uniram-se à corrente ecológica, surgindo o termo ecotech. Essa tendência da arquitetura intimamente ligada ao meio ambiente,
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bioclimática e holística se fortalece após a década de 1960, em um contexto pósmoderno consumista, de edifícios de climatização artificial. As formas por ela defendidas eram definidas demais, e seu vocabulário, abstrato, restringido e simplificado em desacordo com os que posteriormente se tornaram os critérios de uma arquitetura versátil e resiliente, de acordo com o meio ambiente e que, para ser sustentável, tem precisado se renovar. (MONTANER, 2016, p. 112)
O organicismo é outra vertente apontada por Montaner (2016) em continuidade do modernismo. A tendência que surgiu nas primeiras décadas do séc. XX representada nas obras de Antoni Gaudi, Frank Lloyd Wright e Alvar Aalto, perdura na contemporaneidade com a vontade de criar obras singulares, gerar resultados diferentes e extraordinários. A presença de diversas formas orgânicas e de inspiração surrealista mantêmse em alguns exemplos da arquitetura contemporânea, que vão desde as formas mais artesanais e serenas (...) aos experimentos futuristas, dinâmicos e digitais. (MONTANER, 2016, p. 36)
Figura 11: Museu Guggenheim, 1997
Fonte: ArchDaily Brasil (2016)
A mudança no processo projetual, — que passou do analógico ao digital — e o uso aliado de novas tecnologias auxiliam e viabilizam a construção de projetos com estruturas e formas complexas, como o museu de Bilbao de Frank O. Gehry.
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Uma novidade e contribuição à arquitetura foi a importância dada aos sentidos, à percepção e à experiência humana no espaço. Essa arquitetura conceituada de fenomenológica pode ser relacionada com as obras de Lina Bo Bardi, na valorização intensa da relação com o lugar, tornando-se um exemplo para a arquitetura contemporânea. Como Fracalossi (2013) cita: “a arquitetura contemporânea é o resultado físico-espacial do encontro equilibrado e harmônico entre dois mundos: o racional e o sensível.” Figuras 12 e 13: Museu Judaico de Berlim, 1999
Fonte: ArchDaily Brasil (2016)
A obra de Libenskind é um clássico exemplo da arquitetura sensorial. O museu garante uma experiência única ao usuário ao “contar” sobre a história judaica. Seus espaços são ora estreitos, ora amplos; ora banhados de luz, ora sombrios e frios. É setorizado em três eixos, que representam as vivências dos judeus: continuidade, holocausto e exílio. A arquitetura é totalmente voltada para a experiência do usuário. Diante da amplitude das novas abordagens, fica o questionamento: quais aspectos unem e norteiam a arquitetura contemporânea? Alguns pontos foram destacados por Fracalossi (2013) como resposta à essa indagação: o respeito ao sítio onde se implantam e aos programas específicos; o uso de novas tecnologias e processos mais controlados, visando uma produção mais assertiva, previamente compatibilizada; o conhecimento histórico das experiências formais e espaciais passadas antes de intervir no presente; a liberdade com que o arquiteto se expressa em sua obra, cada
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um com sua individualidade, sem a necessidade de seguir modelos dogmáticos e engessados; De acordo com Roberto Segre (2010), a síntese dessa primeira década do século XXI que reflete a arquitetura residencial são mais que arriscadas imagens utópicas e visões de um imprevisível futuro, mas consolidam uma trajetória da arquitetura brasileira que definiu sua identidade no século XX. Elas têm uma referência direta com alguns paradigmas estéticos fundamentais que a caracterizam: o deslumbramento com a natureza na transparência da Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (1949); a adequação à topografia do sítio na casa de Maria Luisa e Oscar Americano de Oswaldo Bratke (1953), e de Cunha Lima de Joaquim Guedes (1958); a introversão da natureza no espaço interno na residência de Milton Guper de Rino Levi, Roberto Cerqueira César e Luís Roberto Carvalho Franco (1951); a simplicidade volumétrica e o ascetismo de concreto armado exposto nas casas de João Vilanova Artigas (1948), Carlos Millan (1960) e Paulo Mendes da Rocha (1964); a liberdade e fluidez espacial interior da casa na Estrada das Canoas de Oscar Niemeyer (1953); e a mistura de materiais naturais e industrializados nas casas de Sérgio Bernardes - a de Lota Macedo Soares (1951), e a casa do arquiteto em São Conrado (1960) -; e as experiências regionalistas de Bernard Rudofsky na casa João Arnstein (1941), e de Carlos Ferreira em Nova Friburgo (1949). (SEGRE, 2010, p.13)
Como conclui Cavalcanti e Lago (2005), o contemporâneo não está amarrado ao passado, mas sim se fortalece e evolui a partir dele. “Uma arquitetura múltipla e plural praticada por profissionais que, sem reverenciar um tempo já passado, sabem nele encontrar riquezas e não fardos.” (CAVALCANTI e LAGO, 2005, s.p.)
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4 ESTUDO DE CASO: ESCRITÓRIO JACOBSEN ARQUITETURA Uma vez que a análise crítica tem suma importância para compreensão da arquitetura, os projetos selecionados serão estudados com base no modelo de Roger Clark e Michael Pause (1996), que parte de conceitos básicos para categorizar as obras de forma mais clara. Os autores selecionam onze elementos e relações essenciais e traduzem em uma legenda gráfica a fim de nortear e compilar ideias formativas para análise gráfica que podem também servir de referência a novos processos projetuais. Figura 14: Legenda gráfica segundo o modelo de Clark e Pause
Fonte: CLARK, PAUSE, 1996, p.xi.
Os pontos abordados seguindo a metodologia citada são: luz natural, estrutura, volumetria,
as
unidade/conjunto, retícula/geometria,
relações
(planta/elevações,
repetitivo/singular) adição/subtração,
e
ordem
hierarquia).
circulação/espaço de
ideias
Além
de
uso,
(simetria/equilíbrio,
disso,
para
melhor
entendimento do projeto, acrescenta-se uma análise pontual sobre conceito e partido.
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A parceria entre Paulo Jacobsen e Cláudio Bernardes surgiu no Rio de Janeiro em 1976, após Paulo ter sido estagiário de Sergio Bernardes, o visionário arquiteto modernista. Após a morte súbita de Cláudio em 2001, seu filho Thiago Bernardes entra em sociedade com Jacobsen, dando seguimento ao escritório Bernardes e Jacobsen Arquitetura. Em 2007, o filho de Paulo, Bernardo Jacobsen, ingressa no escritório. A sociedade permaneceu até 2010, onde após desfeita, deu origem aos dois escritórios Jacobsen Arquitetura e Bernardes Arquitetura. Na atualidade o escritório Jacobsen desenvolve sua produção na área de interiores e arquitetura tendo como premissa a busca da integração entre objeto construído e seu ambiente natural. A produção do escritório no período compreendido entre 2010 a 2020 se deu pela autoria exclusiva de Paulo e Bernardo Jacobsen e sua equipe. O escritório segue uma linguagem de estética contemporânea, com certa influência da escola carioca modernista1. Assim, por meio da leitura da produção desse escritório, busca-se compreender quais aspectos foram renovados desde o modernismo, e quais tornaram-se ultrapassados. A escolha de casos referenciais para análise se baseia em alguns critérios, tais como topografia acentuada e vista para o mar; metragem quadrada inferior a 1000m², para maior assimilação com o terreno obtido para o estudo projetual no Morro do Moreno em Vila Velha/ES. Para analisar de fato a produção que chamou a atenção dos críticos convocados pela Revista AU (Residência CF), foi selecionada uma residência dentro desses critérios, no período anterior a 2010, — quando a sociedade entre Bernardes e Jacobsen ainda era vigente. Outras duas residências foram selecionadas no período após 2010, para analisar a produção do escritório na configuração atual (Residência CAA e Residência CMA).
1
Escola Carioca é o nome pelo qual parte produção moderna da arquitetura brasileira é comumente identificada pela historiografia. Trata-se originalmente da obra produzida por um grupo radicado no Rio de Janeiro, que, com a liderança intelectual de Lucio Costa (1902-1998) e formal de Oscar Niemeyer (1907-2012), cria um estilo nacional de arquitetura moderna: uma espécie de brazilian style, que se dissemina pelo país entre os anos 1940 e 1950, contrapondo ao international style, hegemônico até os anos 1930. ESCOLA Carioca. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo8816/escola-carioca>. Acesso em: 04 de Jun. 2021. Verbete da Enciclopédia.
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4.1 RESIDÊNCIA CF
A residência CF foi projetada por Cláudio Bernardes e Jacobsen, enquanto o escritório ainda era nomeado Bernardes e Jacobsen Arquitetura. Sua obra foi concluída em 2003, em Angra dos Reis, num terreno amplo de 2000m². O programa se adequa em 480m² de área construída.
A fim de compreender melhor o processo projetual, a casa é analisada sob a metodologia de Clark e Pause (1996). Figura 15: Residência CF, 2003
Fonte: Bernardes e Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.1.1 Conceito e Partido Para melhor entendimento, um quadro para a leitura conceitual foi elaborado a partir da análise visual da Residência CF.
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Figura 16: Quadro Conceitual - Residência CF
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
O conceito chave dos arquitetos foi a integração da casa com a paisagem tropical e litorânea do terreno. Para tal, a estrutura metálica permitiu vãos maiores e grandes aberturas com esquadrias em vidro. A implantação também foi um ponto importante para conseguir o resultado desejado: a casa foi localizada no ponto mais baixo do terreno, e dessa forma a cobertura serve de continuidade visual com o mar, através de uma lâmina d’água e revestimento cerâmico verde. Figuras 17 e 18: Residência CF, 2003
Fonte: Bernardes e Jacobsen Arquitetura (s.d.)
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A madeira, cores leves e materiais naturais como a pedra, trazem leveza e, ao mesmo tempo, calor à fachada, dando a sensação tropical com a intenção de fazer a casa desaparecer na paisagem inserida. Figura 19: Residência CF, 2003
Fonte: Leonardo Finotti (s.d.)
4.1.2 Luz Natural A iluminação natural entra na residência através das amplas aberturas e grandes esquadrias em vidro. O setor social está virado para a fachada leste, recebendo assim insolação intensa matinal. A proteção se dá por pilotis, filtrando um pouco da insolação direta, mas permitindo a luz natural em abundância. O setor de serviço e as escadas se concentram na fachada oeste, permitindo que a casa não sofra com a insolação forte da tarde. No pavimento superior se localiza o setor íntimo, que também conta com grandes esquadrias envidraçadas, permitindo a luz natural de forma abrangente. Venezianas em madeira fazem o papel de filtrar a iluminação excessiva quando necessário, uma vez que o beiral também é transparente e permite a passagem de luz natural.
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Figuras 20 e 21: Luz natural – Residência CF
Fonte: Bernardes e Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.1.3 Estrutura A estrutura metálica foi determinante na intenção projetual, pois permite maiores vãos e uma estética mais moderna e leve, deixada de forma aparente com cores claras. Os pilares e vigas são dispostos numa malha simétrica quadriculada, orientando a geometria retilínea da residência.
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Figura 22: Estrutura – Residência CF
Fonte: Bernardes e Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.1.4 Volumetria A volumetria é retilínea e horizontal, se inserindo na paisagem de forma harmônica. A implantação permite que a casa seja camuflada na visão de quem acessa pela rua. A cobertura plana e horizontal revestida de cerâmica, com espelho d’água cumprem o papel da transparência no conceito identificado. O volume principal (pavimento superior) é sustentado por pilotis, deixando o térreo ainda mais leve e aberto à paisagem. Figuras 23 e 24: Volumetria – Residência CF
Fonte: Leonardo Finotti (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
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4.1.5 Relações 4.1.5.1 Relação entre planta e as elevações Conseguimos identificar na Casa CF a relação entre a malha retilínea da planta estrutural e a fachada, uma vez que a estrutura de pilares e vigas se mostra aparente.
4.1.5.2 Relação entre circulação e espaços de uso Como o espaço é amplo e livre, a circulação tem poucas limitações, permitindo flexibilidade e diferentes alternativas para acessar um espaço de uso. A circulação de serviço é separada, ficando na parte de trás da edificação. Figura 25: Circulação e Espaços de Uso – Residência CF
Fonte: Bernardes e Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.1.5.3 Relação entre unidade e conjunto Como a residência forma um volume único, a edificação se configura como unidade conforme nos orienta Pause e Clark (1996).
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4.1.5.4 Relação entre repetitivo e singular A repetição é identificada na obra através da modulação das esquadrias nas fachadas, mesmo intervalo entre os pilares, e pela modulação dos ambientes determinados pela malha quadriculada estrutural.
4.1.6 Ordem de Ideias 4.1.6.1 Simetria e equilíbrio A Casa CF possui simetria perfeita em sua fachada leste a partir do eixo central vertical. O volume se equilibra por cheios e vazios, também respeitando a simetria. O pavimento superior configura um volume cheio, com vazio central seguindo o alinhamento da piscina, enquanto o pavimento térreo configura um vazio volumétrico por completo na fachada. Figura 26: Simetria e Equilíbrio – Residência CF
Fonte: Leonardo Finotti (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.1.6.2 Retícula e geometria A casa obedece a uma geometria retangular pura, com linhas retas e horizontais.
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Figura 27: Retícula e Geometria - Residência CF
Fonte: Leonardo Finotti (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.1.6.3 Adição e Subtração A volumetria se altera através da subtração de partes orientadas pela malha estrutural. Figura 28, 29 e 30: Adição e Subtração – Residência CF
Fonte: Leonardo Finotti (s.d.)
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4.1.6.4 Hierarquia A hierarquia da casa se dá pela relação entre aberto e fechado. As aberturas e espaços vazios transmitem mais importância ao ambiente externo, valorizando a paisagem. O pavimento superior tem mais valor na hierarquia, uma vez que o volume é mais definido visualmente.
4.2 RESIDÊNCIA CMA
A residência CMA foi projetada por Jacobsen Arquitetura em 2014, tendo sua obra concluída em 2019. Localizada em Angra dos Reis, o programa se comporta em 900m² construídos, aproveitando toda a potencialidade do local.
A fim de compreender melhor o processo projetual, a casa é analisada sob a metodologia de Clark e Pause (1996). Figura 31: Residência CMA, 2019
Fonte: ArchDaily Brasil (2019)
4.2.1 Conceito e Partido Segundo Jacobsen [s.d.], o conceito principal do projeto foi levar sensações ao usuário que remetesse ao oceano: leveza, amplitude e ar fresco.
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Figura 32: Quadro Conceitual – Residência CMA
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
A principal estratégia de projeto do escritório foi tirar partido da vista privilegiada do oceano e integrar os cômodos nessa atmosfera. A implantação foi determinante para que essa conexão acontecesse de forma intensa. É possível visualizar o mar em todo fluxo desde a entrada — com o recurso do elevador envidraçado, que desce pelos planos inclinados — à vivência da casa, com seus ambientes sociais amplos e integrados. A sala com pé direito duplo generoso amplia a visibilidade, e traz uma sensação de amplitude, articulada com as esquadrias de vidro. Além disso, as esquadrias foram pensadas de forma que trouxesse não só transparência e leveza estética, mas também ventilação cruzada de forma a inibir o uso do ar condicionado na ala social.
A sustentabilidade é uma premissa projetual implantada pelo escritório no projeto. O deck foi especificado em madeira reciclada e os materiais dialogam com o meio inserido, sendo a casa construída basicamente em aço, pedra bruta, madeira natural e vidro.
41
Figuras 33 e 34: Residência CMA, 2019
Fonte: ArchDaily Brasil (2019)
4.2.2 Luz Natural A iluminação natural entra na casa de forma intensa pelas grandes aberturas em vidro. Painéis pantográficos em madeira maciça ripada fazem o papel de filtrar a luz solar quando necessário. O bloco superior, que abriga os dormitórios, cria uma varanda embaixo com pé direito simples, que cumpre a função de proteger do sol e do vento excessivo. Os grandes beirais também cumprem a mesma função, além de ser um elemento estético leve. Iluminações zenitais e claraboias auxiliam na iluminação natural, reduzindo o consumo energético da casa, assim como o aquecimento da piscina se dá por placas solares. Figura 35: Luz Natural – Residência CMA
Fonte: ArchDaily Brasil (2019) com adaptação gráfica pela autora (2021)
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Figura 36: Luz Natural – Residência CMA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.2.3 Estrutura A malha estrutural segue uma lógica periférica retilínea. Para atender a intenção de uma construção leve na paisagem, os arquitetos optaram pelo sistema construtivo em estrutura metálica. Outro quesito que impactou na escolha foi a necessidade de transporte até a parte mais baixa do terreno. A estrutura, pilares e vigas metálicas foram pré-fabricadas, assim como os painéis de madeira e painéis de vidro, de acordo com a matéria de Dantas (2020, s.p.)
Tanto pilares quanto vigas metálicas são deixados de forma aparente para agregar como elemento estético.
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Figura 37: Estrutura – Residência CMA
Fonte: ArchDaily Brasil (2019) com adaptação gráfica pela autora (2021)
Figuras 38 e 39: Residência CMA, 2019
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.2.4 Volumetria A volumetria da casa configura um bloco único com retas bem marcadas. A cobertura plana reforça a horizontalidade da residência. O pavimento superior se destaca como volume principal, e o inferior sob pilotis fica em segundo plano.
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Figuras 40 e 41: Volumetria – Residência CMA
Fonte: ArchDaily Brasil (2019) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.2.5 Relações
4.2.5.1 Relação entre planta e as elevações É possível relacionar o contorno quadrangular bem definido da planta baixa com as elevações, que seguem o mesmo padrão retilíneo e geométrico.
4.2.5.2 Relação entre circulação e espaços de uso A residência foi planejada para um família que vive no Rio de Janeiro e passa a maior parte do tempo no arquipélago. O programa conta com uma residência principal com ala social e íntima, e uma casa para o caseiro com quartos de hóspedes.
O programa foi dividido em dois volumes implantados em harmonia com o terreno. O plano inclinado dá acesso a uma praça com espelho d’água, onde foi disposta a casa do caseiro e o bloco principal. Nesse patamar, se encontra uma escada extensa de madeira que revela o andar debaixo com a ala social, que dá acesso ao deck com a piscina. No nível da praça fica a área íntima da casa, com três dormitórios para a família e um para hóspedes.
A circulação é dividida entre serviço, social, e área externa. Cada uma dessas conta com uma escada própria que guia ao espaço de uso destinado.
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Como o espaço social é amplo e livre, a circulação tem poucas limitações, permitindo flexibilidade e diferentes alternativas para acessar um ambiente específico. As restrições são mais impostas à área íntima que possui um corredor de acesso, e à área de serviço que se localiza na parte de trás da edificação. A área externa pode ser acessada por uma escada lateral que liga o hall direto ao deck e ao mar. Figuras 42 e 43: Circulação e Espaços de Uso – Residência CMA
Fonte: ArchDaily Brasil (2019) com adaptação gráfica pela autora (2021)
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4.2.5.3 Relação entre unidade e conjunto A residência CMA se configura em um volume único, com espaços integrados configurando uma só unidade.
4.2.5.4 Relação entre repetitivo e singular Podemos observar repetição nas fachadas, onde todas seguem a mesma linguagem estética. As esquadrias e pilares são dispostos de forma rítmica, reforçando a ideia de unidade da forma arquitetônica. Figuras 44 e 45: Residência CMA, 2019
Fonte: ArchDaily Brasil (2019)
Como singular podemos citar o elevador que se destaca em relação à residência em sua materialidade, feito em vidro e aço com ar high-tech.
4.2.6 Ordem de Ideias 4.2.6.1 Simetria e equilíbrio Analisando a fachada leste, a residência CMA tem simetria a partir do eixo central.
O volume se equilibra através da composição de positivos e negativos, sendo observado na imagem o volume superior e inferior positivo, e o volume central negativo, configurando um vazio formal.
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Figura 46: Simetria e Equilíbrio – Residência CMA
Fonte: ArchDaily Brasil (2019) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.2.6.2 Retícula e geometria A volumetria é configurada por linhas retas, gerando uma forma geométrica bem definida.
4.2.6.3 Adição e subtração A relação de cheios e vazios é observada na residência CMA através de seu pé direito duplo na entrada, somado a esquadrias de vidro que fazem esse volume “sumir”. O térreo sob pilotis também traz essa relação entre cheio e vazio.
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Figuras 47 e 48: Residência CMA, 2019
Fonte: ArchDaily Brasil (2019)
4.2.6.4 Hierarquia A cobertura plana com beiral extenso tem valor na hierarquia formal dessa residência. As aberturas com planos envidraçados também dão maior valor à natureza e às visuais do entorno.
Na planta baixa podemos observar mais área destinada a ambientes sociais que promovem o convívio com espaços amplos; os demais ambientes representam menor escala. Figura 49: Residência CMA, 2019
Fonte: ArchDaily Brasil (2019)
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4.3 RESIDÊNCIA CAA
Localizada também em Angra dos Reis/RJ, a residência CAA acomoda em 580,60m² um programa de anexo à Residência CMA. A obra projetada por Jacobsen Arquitetura foi concluída em 2014.
A fim de compreender melhor o processo projetual, a casa é analisada sob a metodologia de Clark e Pause (1996). Figura 50: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.3.1 Conceito e Partido O conceito principal foi integrar dois programas na mesma edificação, com a mesma linguagem material da residência CMA, valorizando sempre a natureza e buscando essa relação íntima com o exterior.
A construção foi implantada na cota mais alta do terreno, em um bloco linear, se alongando até a frente, criando um pilotis na medida que a casa se lança sobre a vista do mar. As áreas sociais estão voltadas para um jardim lateral em deck de madeira, que promove mais amplitude visual e espacial da sala.
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Figura 51: Quadro Conceitual – Residência CAA
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
O escritório atende ao programa dispondo os ambientes num arranjo linear, que se alonga em direção ao mar. A ala íntima fica voltada para a principal visual, enquanto a ala social se abre para um deck lateral, como uma espécie de pátio que contempla o mesmo visual.
O volume é simples, retilíneo, mas traz a brasilidade através de grandes painéis de madeira, fazendo a proteção necessária de sol e vento, uma vez que a cobertura não se estende por beirais, e sim acompanha formalmente o volume da casa. Os materiais são puramente aço, vidro, madeira e pedra bruta. A casa é cercada por panos de vidro, fazendo a relação interna e externa ora com o jardim tropical proposto, ora com o oceano. A abertura para o deck, atende a contemplação requerida e ao mesmo tempo a privacidade necessária dos proprietários. Figuras 52 e 53: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
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Mesmo com dois públicos a serem atendidos, - caseiro e hóspede -, os ambientes são dispostos no mesmo plano, separados espacialmente por uma pérgola que faz esse filtro e abriga um jardim tropical. Figura 54: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.3.2 Luz Natural A luz natural entra de forma abundante em todos os cômodos, através das esquadrias em vidro de piso a teto. Na fachada dos dormitórios, os painéis de madeira ripada fazem o filtro da iluminação quando necessário. Figura 55: Luz Natural – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
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4.3.3 Estrutura A malha estrutural é retilínea e bem definida, os intervalos entre os pilares se alteram conforme a planta baixa, porém obedecem a marcação externa retangular.
Figuras 56 e 57: Estrutura – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
O sistema construtivo é todo em estrutura metálica, promovendo rapidez na execução, uma vez que a casa serviria como base para a construção da residência principal. As intervenções no terreno foram as menores possíveis, implantando o volume retilíneo na cota mais alta e sustentando-o à medida que se solta do terreno com pilotis. Através da malha estrutural, podemos perceber parte da edificação em balanço.
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Figura 58 e 59: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
As vigas metálicas cumprem seu papel estrutural, mas foram deixadas aparentes trazendo destaque estético para o volume, reforçando a linearidade proposta.
4.3.4 Volumetria Com linhas horizontais bem marcadas pela estrutura, a volumetria principal da casa configura um bloco retangular único, sem beirais nem varandas interferindo nessa geometria. O volume principal é interrompido intencionalmente por uma pérgola, que divide a ala do caseiro e dos hóspedes.
O volume da casa é suspenso por pilotis, deixando o pavimento inferior em segundo plano. Na vista frontal também observamos um deck lateral ao bloco da residência, cercado por jardins. Figura 60: Volumetria – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
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4.3.5 Relações 4.3.5.1 Relação entre planta e as elevações A relação entre a planta baixa e a elevação é nítida em seu formato geométrico, e na interrupção formal entre o setor de hóspedes e do caseiro. A semelhança também pode ser observada entre cheios e vazios.
Figuras 61 e 62: Relação entre Planta e Elevações – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.3.5.2 Relação entre circulação e espaços de uso A circulação da residência CAA é pouco restrita, não há hall nem corredores para fazer esse anteparo aos acessos dos ambientes. Mais uma vez, a circulação pelo setor social é livre pela forma integrada dos espaços.
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Apesar de compartilharem o mesmo jardim, a ala dos hóspedes e do caseiro não são espaços intercambiáveis, a interligação é feita apenas por um corredor nos fundos da residência. As circulações verticais ao pavimento inferior também são setorizadas entre social e de serviço. Figura 63: Relação entre Circulação e Espaços de Uso – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.3.5.3 Relação entre unidade e conjunto O programa guia a setorização dessa casa, e o escritório tirou como partido fazer uma só volumetria com duas unidades distintas. A pérgola é um elemento que deixa evidente essa separação entre as unidades.
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Figura 64: Relação entre Unidade e Conjunto – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.3.5.4 Relação entre repetitivo e singular Os painéis em madeira revestem todas as fachadas, se mostrando como um componente modular e repetitivo. Já a pérgola atua como um componente singular na residência. Figuras 65 e 66: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
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4.3.6 Ordem de Ideias 4.3.6.1 Simetria e equilíbrio Na fachada posterior, podemos observar a simetria perfeita na fachada. Assim também acontece na fachada longitudinal, pela forma ser pura e única. Figura 67: Simetria e Equilíbrio – Residência CAA
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.) com adaptação gráfica pela autora (2021)
4.3.6.2 Retícula e geometria Tanto a planta como as elevações mostram a geometria através de suas linhas retas e horizontais. O volume principal da casa deriva de um cubo.
4.3.6.3 Adição e subtração As esquadrias de vidro trazem essa sensação de negativo na forma, observado na área social dos hóspedes. Em contraponto, os painéis de madeira retomam o volume cheio. A relação entre adição e subtração também fica nítida através do pilotis, recurso muito utilizado desde o período modernista.
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Figura 68: Residência CAA, 2014
Fonte: Jacobsen Arquitetura (s.d.)
4.3.6.4 Hierarquia O espaço para convívio e setor social nos projetos do Jacobsen sempre têm maior importância aos demais. Nessa residência podemos destacar o deck com hierarquia na planta, somado ao apoio de hóspedes. Os espaços da ala de serviço contam com ambientes menores.
4.4 CONCLUSÃO PARCIAL Após analisar cada residência e sua forma projetual, podemos concluir alguns pontos sobre as casas contemporâneas de Jacobsen Arquitetura. As três residências trazem consigo similaridades que firmam a identidade do escritório, mas diferenças que as tornam únicas.
Todas as casas analisadas trazem como premissa a integração dos ambientes, a contemplação da natureza e materiais naturais. Muito vidro, madeira, pedra natural e aço constroem as residências de Jacobsen. A vegetação tropical é emoldurada pelo interior, e sempre posta nos projetos através de jardins em locais estratégicos. A luz natural e ventilação cruzada são algumas das soluções sustentáveis que o escritório preza.
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A estrutura é um ponto que Jacobsen se destaca na contemporaneidade: suas casas têm leveza estrutural, concebida através de coberturas planas e perfis metálicos. À medida que a tecnologia dos materiais avançam na história, podemos observar casas mais leves e menos pilares robustos de concreto.
A volumetria se adequa ao terreno, sempre seguindo formas geométricas e impactando o mínimo possível na paisagem. Relações de cheios e vazios equilibram as formas.
As plantas são concebidas com flexibilidade no layout e integração nos ambientes. Espaços para contemplação, como os bancos em locais estratégicos, são bastante utilizados em seus projetos.
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5 ENSAIO PROJETUAL Uma vez compreendidos os aspectos presentes na arquitetura residencial de Jacobsen, será apresentado um ensaio projetual, em nível de estudo preliminar, de uma residência contemporânea. Para promover a integração com a natureza, amplamente difundida nas obras residenciais de Jacobsen, a seleção do local do terreno foi decisiva como ponto de partida. Localizado no município de Vila Velha/ES, com 184 metros de altitude, em seu topo, o Morro do Moreno proporciona paisagem cênica e vista privilegiada da Grande Vitória. O terreno escolhido engloba os lotes 438, 426 e 413 da quadra 49 da Rua Angelina Martins Leal, localizado no Morro do Moreno, Praia da Costa - Vila Velha/ES. Em acordo com o Plano Diretor Municipal vigente (2017), este se enquadra na Zona de Especial Interesse Ambiental B (ZEIA-B), onde a Lei Municipal nº 4575/2007 estabelece que o modelo de parcelamento e os parâmetros urbanísticos devem ser aprovados pelo Conselho Municipal da Cidade – CMC e devem respeitar, no mínimo, os mesmos parâmetros urbanísticos da Zona de Ocupação Restrita A – ZOR-A, conforme a figura abaixo. Considerando o terreno escolhido, a área mínima a ser construída segundo o C.A. mínimo seria 219,25m²; o C.A. básico para esse terreno indica 438,47m². O projeto atende a norma, utilizando área total construída de 395m² (C.A.= 0,36). A taxa de ocupação máxima de 30% corresponde a 328,85m², sendo utilizado no projeto 312,47m², indicando T.O.= 29,9%.
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Figura 69: Parâmetros Urbanísticos – ZOR-A
Fonte: PMVV (2017)
O terreno escolhido considera seu potencial paisagístico: tem visão privilegiada do mar, sendo cercado por ampla vegetação com topografia em declive acentuado. Figura 70: Planta de Situação
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
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5.1 IMPLANTAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO O terreno é permeado por vegetação nativa da mata atlântica, numa encosta íngreme com visual para o oceano. Essas potencialidades nortearam a implantação: o volume foi inserido na cota mais alta, de forma que à medida que se solta do terreno, garante espaço para o pavimento inferior “oculto” da vista de quem chega. Dessa forma, assegura-se a privacidade necessária ao programa, e se adequa a topografia original. As fachadas translúcidas permitem que o usuário se sinta em meio a natureza em todos os ambientes da residência, e essa relação é maximizada através de jardins e espelho d’água. Figuras 71 e 72: Vistas do Terreno
Fonte: Acervo pessoal (2021)
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Figuras 73 e 74: Cortes
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades foi elaborado a partir da premissa de um casal e seus dois filhos, que realizam o sonho de morar em meio à natureza, com espaços adequados e confortáveis para receber amigos e promover o convívio social. Os programas das casas de Jacobsen frequentemente se baseiam em residências de veraneio, tornando necessário mais espaço destinado aos hóspedes e acomodações para funcionários. Feito um comparativo entre os programas analisados nos projetos de Jacobsen e este proposto, nota-se que alguns itens se tornam desnecessários nesse estudo, os quais estão destacados em vermelho na Tabela 01. Em similaridade, a ala social conta com ambientes integrados e flexíveis, o setor íntimo se dispõe mais
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reservado, e o setor de serviço é conectado com o social a fim de promover funcionalidade. Tabela 1: Programa de Necessidades Setores
Residência CF
Residência CMA
Residência CAA
Ensaio Projetual
Social
Hall de entrada
Hall de entrada
Hall de entrada
Hall de entrada
Sala de estar principal
Sala de estar
Sala de estar
Sala de estar
Sala de jantar
Sala de jantar
Sala de jantar
Sala de jantar
Deck
Deck
Deck
Deck
Piscina
Piscina
Piscina
Piscina
Lavabo social
Lavabo social
Jardim
Lavabo social
Cozinha
Praça externa / Espelho
Cozinha
Orquidário
d’Água
Jardim
Sauna
Área gourmet
WC social
Home Theater
Sala de estar secundária Sala das crianças Sala de Ginástica Home Theater Íntimo
Suíte 01
Suíte 01
Suíte hóspede 01
Suíte 01
Banho suíte 01
Banho suíte 01
Banho hóspede 01
Banho suíte 01
Suíte 02
Suíte 02
Suíte hóspede 02
Suíte 02
Banho suíte 02
Banho suíte 02
Banho hóspede 02
Banho suíte 02
Suíte 03
Suíte 03
Suíte 03
Banho suíte 03
Banho suíte 03
Banho suíte 03
Escritório
Suíte hóspedes Banho hóspedes Hall íntimo
Serviço
Garagem
Garagem
Garagem
Hall de serviço
Área técnica
Lavanderia
Área técnica
Garagem
Depósito
WC serviço
Depósito
Área Técnica
Despensa
Cozinha
Lavanderia
Depósito
Lavanderia
Cozinha
Despensa
Quarto serviço
Sala serviço
Lavanderia
Rouparia
Quarto serviço 01
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Copa
Quarto serviço 02
Cozinha
Quarto serviço 03 Banho serviço 01 Banho serviço 02 Banho serviço 03 Fonte: Elaborado pela autora (2021)
O pavimento térreo de chegada abriga todos os dormitórios do programa, que contam com uma varanda compartilhada. O hall principal dá acesso ao setor íntimo e à escada que leva ao pavimento inferior. Figuras 75 e 76: Setorização
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Fonte: Elaborado pela autora (2021)
No pavimento inferior, o setor social conta com espaços internos flexíveis e intercambiáveis, totalmente abertos à vista principal.
5.3 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO
O Conceito inicial foi pensado para uma casa que trouxesse sofisticação, leveza estrutural, iluminação natural e sensações tropicais que a conectassem com o exterior. Retomando, assim, soluções adotadas nos projetos do Jacobsen, com a utilização de madeira, pedra bruta e planos de vidro, imprescindíveis para materializar a casa tropical pretendida.
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Figura 77: Quadro Conceitual
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
Este Conceito se materializa por um Partido onde todas as fachadas seguem a mesma linguagem: um bloco envidraçado revestido por painéis de madeira protegido por uma cobertura plana e extensa, acentuando a horizontalidade da ocupação, conforme visto nos projetos de Jacobsen. Figuras 78, 79 e 80: Fachadas
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Fonte: Elaborado pela autora (2021)
No ponto de vista da chegada, uma experiência sensorial é proposta ao usuário: o hall se conecta diretamente a caixa de escada envidraçada que leva ao pavimento inferior, sobreposta a um espelho d’água. A área social se abre completamente ao deck com jardim e à piscina, onde o layout integrado transmite a sensação de amplitude e relação íntima entre interior/exterior. A cozinha pode ser integrada ou não com o living, através de uma divisória flexível. As paredes da sala são revestidas por um grande painel de madeira que traz aconchego e mimetiza as entradas do lavabo e hall de serviço. Além disso, serve para destacar a coleção de arte contemporânea mesclada com móveis clássicos do período modernista, tais como: o banco Marquesa, design de Oscar e Anna Maria Niemeyer (1974) e a poltrona Jangada de Jean Gillon (1968). Figuras 81 e 82: Interior
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Fonte: Elaborado pela autora (2021)
A área íntima está localizada no pavimento superior, onde todos os cômodos se voltam para a fachada norte, onde se encontra a vista mais privilegiada. Planos envidraçados permitem a contemplação do mar e, ao mesmo tempo, alcançam boas condições de iluminação. Para atender o conforto térmico grandes beirais protegem as aberturas, somado aos brises pantográficos de treliças do tipo muxarabi. A adoção desses painéis confere privacidade e, ao mesmo tempo, transparência para os dormitórios.
Figura 83: Fachada
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
A piscina com borda infinita está setorizada em um ponto estratégico para que transmita a sensação de continuidade com o mar e se harmonize com a paisagem.
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Figura 84: Deck e Piscina
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
Através de um sistema de portas de correr envidraçadas, o setor social pode ser integrado com a cozinha ou não, quando necessário. O layout favorece essa comunicação com o living, de forma que a ilha fique virada para o estar, onde quem está cozinhando converse e participe da vivência da casa.
Figuras 85 e 86: Interior
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
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O layout foi pensado de forma estratégica que permita o uso versátil do espaço. A integração acontece tanto no uso quanto na relação do interior com exterior. Figura 87: Interior
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
5.4 SISTEMA CONSTRUTIVO O uso da estrutura metálica permite a estética mais leve desejada no projeto. É uma solução bastante utilizada nos projetos de Jacobsen, que concede grandes vãos com planos envidraçados. Paredes de pedra bruta também auxiliam na estabilidade estrutural, além de trazer a beleza natural pretendida. Figura 88: Fachada
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
A cobertura plana marca a horizontalidade, e o forro de madeira é feito de forma chanfrada, que estreita a borda da estrutura, deixando o enquadramento mais amplo e acentuando a horizontalidade.
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A solução de painéis pantográficos como brise é um recurso bastante utilizado por Jacobsen, que mostra um dos itens que a arquitetura contemporânea defende: a versatilidade. O painel em treliça muxarabi - item muito utilizado em casas modernistas - retoma a essência da arquitetura brasileira. Figura 89: Fachada
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
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6 CONCLUSÃO
Através da pesquisa
bibliográfica do período do movimento moderno à
contemporaneidade, podemos compreender quais aspectos se renovam, e quais se ultrapassam na atualidade. O período de 1900 a 1945 marca o início de uma ruptura, o ecletismo da época de 1900 foi se substituindo pelo funcionalismo ideal em voga na Europa. Aos poucos, o modernismo universal foi se materializando no Brasil, trazendo uma nova identidade à arquitetura brasileira.
A partir de 1945 surge uma nova clientela mais adepta a nova arquitetura, caracterizando um período de produção em massa. Esse período marca a arquitetura que segue uma técnica ditada pelo estilo internacional com volumes simples e retangulares, janelas em fita, coberturas planas, balanços, planta livre com ambientes integrados. Os arquitetos assumem maturidade formal, e começam a valorizar a brasilidade da arquitetura. É possível observar nas residências a síntese entre a tradição local e as técnicas modernistas. O telhado com beiral em madeiramento aparente, o uso de azulejos portugueses, aberturas com venezianas e muxarabis são alguns itens que permaneceram no Brasil, porém com caráter mais moderno. O emprego do pilotis e a relação do interior com exterior são dois aspectos observados em abundância nas residências modernistas brasileiras. O vidro, o aço e os grandes vãos materializam o conceito da transparência, bem simbolizados pela Casa de Vidro e Casa das Canoas.
Algumas vertentes tomam forma nesse período, como o organicismo da escola carioca, com a plasticidade de Oscar Niemeyer; o brutalismo paulista, com o emprego do concreto aparente, muito empregado por Paulo Mendes da Rocha. O sistema estrutural é renovado pelo concreto armado, permitindo vãos maiores, e o emprego do aço e vidro é mais explorado. A arquitetura residencial moderna pode ser pontuada como racional, simples e leve.
A pós-modernidade a partir da década de 1980 critica o estilo internacional e sua impessoalidade ao usuário e ao local; não transforma radicalmente a produção anterior, mas reorienta a arquitetura. Mantém-se a ruptura histórica, mas revisa o modelo dogmático modernista, impondo à arquitetura um caráter mais cultural e
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humano. É um tempo mais aberto à novidade e experimentação, com novas soluções formais e estruturais e gama maior de materiais oferecidos pela indústria.
Novas tendências surgem no início do século XXI, a arquitetura é considerada como pluralista. A tendência racional se mantém nas vertentes da arquitetura high-tech e minimalista, e às vezes se relaciona com a corrente ecológica, chamada ecotech. A produção arquitetônica é mais ligada ao contexto geral, implementando soluções sustentáveis mesmo na escala micro das residências, como reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento por placas solares. Perdura também a vontade de criar obras singulares, com formas orgânicas e soluções inovadoras, agora auxiliadas pela tecnologia digital.
A casa contemporânea engloba essa gama ampla de soluções, sem muitas restrições formais. Alguns aspectos unem essa produção, como o respeito ao local implantado, o uso da tecnologia como auxílio aos processos projetuais e construtivos, compatibilização entre profissionais, a liberdade expressiva, o respeito ao programa e ao usuário.
Comparando as residências estudadas podemos ver que a contemporaneidade traz consigo raízes do modernismo, mas com sua singularidade. O escritório Jacobsen tem como premissa em suas obras sempre valorizar ao máximo a relação do externo com o interno. Essa integração com a natureza é frequentemente observada nas residências clássicas modernistas, como a casa de Oscar Niemeyer, ou de Lina Bo Bardi.
O volume puro da Residência CAA solto por pilotis, com suas grandes aberturas em vidro lembra os cinco pontos da arquitetura que outrora era regra construtiva. Porém, o que antes atendia um dogma, hoje foi aplicado de forma que atendesse o programa exclusivo do local. Em outras palavras, a solução aprendida ao longo dos anos se aperfeiçoou, e foi se adequando a cada caso.
A arquitetura contemporânea tem liberdade para inovar, e trazer soluções formais inusitadas. A Residência CMA, traz consigo a técnica construtiva de beirais e varandas, porém com uma leveza e delicadeza que nos séculos anteriores não era
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visto. Esse projeto contempla o conceito da sustentabilidade, e promove sensações diferenciadas para o usuário, através do pé direito amplo, ou do trajeto proposto por uma caixa de vidro mostrando a inovação tecnológica da atualidade.
A casa proposta pretende aplicar a identidade contemporânea de Jacobsen. A integração dos ambientes, a contemplação da natureza e materiais naturais são utilizados como Conceito. A vegetação tropical do terreno e seu visual é potencializado através da arquitetura com gabarito baixo sem impactar na paisagem e emoldurada pelos planos envidraçados. A tecnologia dos materiais nos permite criar maiores vãos, com leveza estrutural, e a cobertura plana acentua a horizontalidade guiando o olhar do usuário. A volumetria é pura, simples e geométrica, herança herdada do modernismo.
De acordo com Roberto Segre (2010), a síntese dessa primeira década do século XXI que reflete a arquitetura residencial são mais que arriscadas imagens utópicas e visões de um imprevisível futuro, mas consolidam uma trajetória da arquitetura brasileira que definiu sua identidade no século XX.
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