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6 CONCLUSÃO

6 CONCLUSÃO

Através da pesquisa bibliográfica do período do movimento moderno à contemporaneidade, podemos compreender quais aspectos se renovam, e quais se ultrapassam na atualidade. O período de 1900 a 1945 marca o início de uma ruptura, o ecletismo da época de 1900 foi se substituindo pelo funcionalismo ideal em voga na Europa. Aos poucos, o modernismo universal foi se materializando no Brasil, trazendo uma nova identidade à arquitetura brasileira.

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A partir de 1945 surge uma nova clientela mais adepta a nova arquitetura, caracterizando um período de produção em massa. Esse período marca a arquitetura que segue uma técnica ditada pelo estilo internacional com volumes simples e retangulares, janelas em fita, coberturas planas, balanços, planta livre com ambientes integrados. Os arquitetos assumem maturidade formal, e começam a valorizar a brasilidade da arquitetura. É possível observar nas residências a síntese entre a tradição local e as técnicas modernistas. O telhado com beiral em madeiramento aparente, o uso de azulejos portugueses, aberturas com venezianas e muxarabis são alguns itens que permaneceram no Brasil, porém com caráter mais moderno. O emprego do pilotis e a relação do interior com exterior são dois aspectos observados em abundância nas residências modernistas brasileiras. O vidro, o aço e os grandes vãos materializam o conceito da transparência, bem simbolizados pela Casa de Vidro e Casa das Canoas.

Algumas vertentes tomam forma nesse período, como o organicismo da escola carioca, com a plasticidade de Oscar Niemeyer; o brutalismo paulista, com o emprego do concreto aparente, muito empregado por Paulo Mendes da Rocha. O sistema estrutural é renovado pelo concreto armado, permitindo vãos maiores, e o emprego do aço e vidro é mais explorado. A arquitetura residencial moderna pode ser pontuada como racional, simples e leve.

A pós-modernidade a partir da década de 1980 critica o estilo internacional e sua impessoalidade ao usuário e ao local; não transforma radicalmente a produção anterior, mas reorienta a arquitetura. Mantém-se a ruptura histórica, mas revisa o modelo dogmático modernista, impondo à arquitetura um caráter mais cultural e

humano. É um tempo mais aberto à novidade e experimentação, com novas soluções formais e estruturais e gama maior de materiais oferecidos pela indústria.

Novas tendências surgem no início do século XXI, a arquitetura é considerada como pluralista. A tendência racional se mantém nas vertentes da arquitetura high-tech e minimalista, e às vezes se relaciona com a corrente ecológica, chamada ecotech. A produção arquitetônica é mais ligada ao contexto geral, implementando soluções sustentáveis mesmo na escala micro das residências, como reaproveitamento de águas pluviais e aquecimento por placas solares. Perdura também a vontade de criar obras singulares, com formas orgânicas e soluções inovadoras, agora auxiliadas pela tecnologia digital.

A casa contemporânea engloba essa gama ampla de soluções, sem muitas restrições formais. Alguns aspectos unem essa produção, como o respeito ao local implantado, o uso da tecnologia como auxílio aos processos projetuais e construtivos, compatibilização entre profissionais, a liberdade expressiva, o respeito ao programa e ao usuário.

Comparando as residências estudadas podemos ver que a contemporaneidade traz consigo raízes do modernismo, mas com sua singularidade. O escritório Jacobsen tem como premissa em suas obras sempre valorizar ao máximo a relação do externo com o interno. Essa integração com a natureza é frequentemente observada nas residências clássicas modernistas, como a casa de Oscar Niemeyer, ou de Lina Bo Bardi.

O volume puro da Residência CAA solto por pilotis, com suas grandes aberturas em vidro lembra os cinco pontos da arquitetura que outrora era regra construtiva. Porém, o que antes atendia um dogma, hoje foi aplicado de forma que atendesse o programa exclusivo do local. Em outras palavras, a solução aprendida ao longo dos anos se aperfeiçoou, e foi se adequando a cada caso.

A arquitetura contemporânea tem liberdade para inovar, e trazer soluções formais inusitadas. A Residência CMA, traz consigo a técnica construtiva de beirais e varandas, porém com uma leveza e delicadeza que nos séculos anteriores não era

visto. Esse projeto contempla o conceito da sustentabilidade, e promove sensações diferenciadas para o usuário, através do pé direito amplo, ou do trajeto proposto por uma caixa de vidro mostrando a inovação tecnológica da atualidade.

A casa proposta pretende aplicar a identidade contemporânea de Jacobsen. A integração dos ambientes, a contemplação da natureza e materiais naturais são utilizados como Conceito. A vegetação tropical do terreno e seu visual é potencializado através da arquitetura com gabarito baixo sem impactar na paisagem e emoldurada pelos planos envidraçados. A tecnologia dos materiais nos permite criar maiores vãos, com leveza estrutural, e a cobertura plana acentua a horizontalidade guiando o olhar do usuário. A volumetria é pura, simples e geométrica, herança herdada do modernismo.

De acordo com Roberto Segre (2010), a síntese dessa primeira década do século XXI que reflete a arquitetura residencial são mais que arriscadas imagens utópicas e visões de um imprevisível futuro, mas consolidam uma trajetória da arquitetura brasileira que definiu sua identidade no século XX.