Irrigazine #80

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Nesta edição trazemos dois exemplos bem sucedidos da aplicação da tecnologia de irrigação. Começamos pelo dia de campo sobre pastagem, com irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI), no interior de São Paulo. Uma área com 12 ha onde o produtor chega a colocar 140 animais, tratados exclusivamente a pasto, sem nenhum uso de máquinas.

O segundo caso é do engenheiro agrônomo, projetista de irrigação e cafeicultor, de Minas Gerais, Marcio Luiz de Carvalho, um jovem empreendedor que utiliza a tecnologia como poucos na irrigação. A jornalista Bruna Fernandes conversou com ele e explica, na reportagem de capa, os motivos dele ser chamado “o cara do café irrigado”.

Petrônio Campos de Oliveira é engenheiro agrônomo e atua na Codevasf de Juazeiro-BA, por isso tem autoridade para falar sobre os perímetros irrigados. Em seu artigo “Perímetros irrigados: otimização ocupacional”, ele levanta uma questão importante sobre a ocupação das terras inaptas ao cultivo irrigado, que sempre existem em qualquer Perímetro Irrigado. Veja no artigo suas preocupações e propostas para melhorar a vida de quem vive nessas regiões.

O professor José Luiz Viana, escreveu o artigo “Como produzir sua própria energia elétrica” pensando naquelas propriedades que produzem dejetos animais ou que estão em locais remotos sem disponibilidade de eletricidade. A tecnologia é baseada na produção de gases por biodigestores.

José Giacoia Neto, traz a continuação de um artigo bastante interessante, “O Kc em paisagismo – parte II”. Nesta edição ele aplica exemplos práticos que certamente serão muito úteis.

Boa leitura!

DENIZART VIDIGAL

Diretor

DIREÇÃO

Denizart Pirotello Vidigal denizart@irrigazine.com.br

JORNALISTA

Bruna de Oliveira Fernandes MTB 81204/SP

COLABORAÇÃO

Petronio Campos de Oliveira

José Luiz Viana do Couto José Giacoia Neto

EDITORAÇÃO E CAPA

André Feitosa

PRODUÇÃO/PROJETO GRÁFICO

Interação - Comunicação e Design

FOTOS

Cassio Moreira/Codevasf Divulgação Abid | Divulgação

REVISÃO

Denizart Vidigal Barufe

CONTATO

Comercial e Editora AGROS Ltda.

Fone: (17) 3046-3204 comercial@irrigazine.com.br

ASSINATURAS

Débora Pirotello Vidigal revista@irrigazine.com.br

Acesse irrigazine na internet: www.irrigazine.com.br

A Revista Irrigazine não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados o pelas opiniões emitidas pelos entrevistados, fontes e dos anúncios publicitários.

“Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.”

Josué 1:9

04 Março | 2023 Editorial

08 Conta Gotas

Reportagem

13

Pastagem irrigada por gotejamento subsuperficial

No último dia 15 de fevereiro aconteceu na fazenda Boa Nova, no município de Votuporanga, SP, um dia de campo para apresentação do sistema de irrigação sub superficial (SDI) em pastagem.

Entrevista

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O cara do Café Irrigado

Márcio Luiz de Carvalho, nasceu e foi criado na zona rural do município de São Domingos das Dores, interior de Minas Gerais. Herdou do pai, hoje com 90 anos de idade, a paixão pela cafeicultura, já que seu pai foi um dos primeiros cafeicultores da região.

Artigos

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Perímetros irrigados: otimização ocupacional

Como produzir a sua própria energia elétrica

O “Kc” em Paisagismo - Parte II

05 Índice
07 Agenda
Março | 2023
28
07 Março | 2023

ABID promove curso de irrigação

Após quase três décadas a ABID volta a oferecer curso de irrigação. O objetivo da nova diretoria é retomar os cursos que a entidade oferecia no passado e que formou uma geração de projetistas de irrigação no país. O curso terá uma carga horária de 40 horas, e pretende que os alunos terminem o curso em condições de elaborar projetos de irrigação por aspersão convencional, localizada e pivô central, contribuindo para a formação de novos profissionais na área. É necessário que os alunos tenham um conhecimento mínimo de hidráulica e saibam usar planilhas eletrônicas.

O evento será realizado pela ABID em parceria com o Instituto Agronômico – IAC. O investimento é de R$ 1.000 para sócios

da ABID e R$ 1.800 para não sócios. As inscrições já estão abertas e se encerram no dia 5 de abril.

Essa é uma grande oportunidade de atualização técnica, sendo que os sócios terão, além do justo desconto, prioridade no preenchimento das vagas.

O curso contará com a presença dos seguintes instrutores: Everardo Mantovani – UFV/Abid; Rodrigo Vieira – Codevasf/ Abid; Flávio G. Oliveira – UFMG/Abid; Luiz Dimenstein –Fertirrigar; João Carlos C. Saad – Unesp e engenheiros das empresas NaanDaanJain e da Bermad. Inscrições pelo site www.abid.org.br

Agronegócio no Brasil dá salto em 20 anos e hoje equivale ao PIB da Argentina

O agronegócio tomou uma proporção imensa dentro da economia brasileira, a safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas explica esse fato.

Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do Brasil deu um salto de U$$ 122 bilhões para U$ 500 bilhões, o que equivale ao PIB da Argentina.

O agronegócio brasileiro apresentou e continua mostrando um crescimento extraordinário nos últimos 20 anos. Diferente da indústria e serviços, o agro segue persistente.

Esse crescimento, de acordo com especialistas, está calcado no investimento em pesquisa e nas políticas públicas para o campo, que têm propiciado sucessivos recordes na produção agrícola.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve romper este ano a barreira das 300 milhões de toneladas de grãos, firmando-se como o terceiro maior produtor mundial de cereais, atrás da China e dos Estados Unidos.

Pivô central com iluminação artificial faz demonstração no Show Rural Coopavel

Imagina se a produção de soja, milho, feijão ou algodão, continuasse a receber iluminação mesmo em dias nublados e a noite?

Desenvolvido pelo Grupo Fienile, empresa parceira e residente no Parque Tecnológico Itaipu, o Projeto Irriluce, considerado globalmente pioneiro, traz uma tecnologia inovadora, que inclui diversos componentes para otimizar o sistema produtivo e entregar maior produtividade e qualidade aos produtos.

O primeiro sistema de pivô com iluminação artificial do mundo, foi exposto para demonstração e validação durante todo o Show Rural Coopavel, de 06 a 10 de fevereiro de 2023.

Nos últimos anos, o Grupo Fienile acumulou casos de sucesso em diversas plantações pelo Brasil, com incremento médio de produção chegando a 66% em algumas culturas. Em uma área de testes menor, inclusive, a produção saltou de 75 sacas para 118 sacas de soja por hectare.

Essa produção acima do tradicional exige que a IRRILUCE trate não apenas dos pivôs, mas também da nutrição do solo e adequações do manejo da cultura, da semeadura à colheita.

Todo esse sistema é automatizado e disponível em um software, que permite a gestão de toda tecnologia de forma remota e em tempo real.

A iluminação artificial instalada no pivô central promete aumentar a produtividade da lavoura | Foto: Divulgação

09 Março | 2023

Aumenta a produção de melancia com o uso de irrigação

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2021, a produção brasileira de melancia foi de 2,1 milhões de toneladas e ocupou cerca de 92 mil hectares, atingindo uma produtividade média de 23,30 toneladas por hectare. As principais regiões produtoras de melancia do país são: Nordeste (37%), Sul (17%) e Centro Oeste (17%). Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 108 mil toneladas foram exportadas para a Europa e países do Mercosul.

A melancia é uma cultura que prefere temperaturas mais elevadas, algo em torno de 30 °C. Em regiões mais frias o produtor só consegue fazer uma safra por ano entre os meses de outubro e março. Já nas regiões mais quentes, como Goiás e Mato Grosso, o produtor consegue plantar o ano inteiro.

Por essa razão, o especialista agronômico da Rivulis, Marcus Domingos, explica que o uso de um sistema de irrigação bem dimensionado, permite ao produtor rural, plantar o ano inteiro, e ter ganhos de cerca de oito toneladas a mais por hectare.

Segundo ele, uma das principais vantagens da irrigação, principalmente em Goiás, durante os meses de abril e setembro, é que há poucas chuvas e as temperaturas caem razoavelmente. Assim, com a irrigação, o produtor conseguirá produzir uma melancia de excelente qualidade para exportação.

Na cidade de Uruana - GO, por exemplo, por se utilizarem da irrigação, muitos produtores conseguem ter frutos nos meses de setembro e outubro e, por isso, exportam melancia para a Argentina, conquistando um bom mercado.

Domingos afirma que a irrigação é quase uma obrigação para produtores de regiões mais quentes. No caso de Goiás e Bahia, é difícil encontrar alguém que plante sem utilizar a irrigação por gotejamento na melancia. O agrônomo assegura que para obter esses resultados é preciso ter um bom projeto de irrigação e que ela seja por gotejamento. Com esse sistema será possível entregar a quantidade certa de água e até os fertilizantes e defensivos químicos, diretamente nas raízes das plantas.

A Rivulis produz o tubo gotejador mais usado para melancia que é o D1000 com fenda. Outra ferramenta oferecida pela empresa é o Manna. Essa tecnologia está disponível para áreas acima de um hectare, sem a necessidade de sensores no campo. Com as imagens de satélites do Manna o produtor pode identificar problemas na irrigação e áreas afetadas por doenças. Dessa forma o produtor poderá tomar uma decisão rapidamente, tendo em vista que a melancia começa a produzir com 100 dias. “É o gerenciador de irrigação mais eficaz que existe no momento, com alta precisão de informação, permitindo o controle à distância, aumentando a eficiência na tomada de decisão e da gestão”, finaliza o agrônomo.

A melancia é uma cultura que prefere temperaturas mais elevadas, em torno de 30 °C | Foto: Divulgação

Aprovados financiamentos do FCO para irrigação em GO

Em reunião realizada em 16 de março, a Câmara Deliberativa do Conselho de Desenvolvimento do Estado (CDE) aprovou 18 cartas-consulta na modalidade Rural do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO Rural). Os projetos receberam autorização para captar R$ 31,2 milhões em financiamentos. A maior fatia dos recursos, 66,1%, será destinada a estabelecimentos rurais de pequeno-médio portes; estabelecimentos de médio porte ficarão com 21,9%; e estabelecimentos de pequeno porte terão 12,0%.

As propostas contempladas preveem investimentos em produção de grãos e bovinocultura de corte e leite, entre outras atividades. Os recursos devem ser utilizados para aquisições de máquinas e implementos, sistemas fotovoltaicos e de irrigação, matrizes e reprodutores e benfeitorias. Rio Verde concentra o maior volume de investimentos previstos, seguido por Morrinhos, Jataí, Catalão, Goiás e Edéia. Ao todo, 12 municípios goianos serão beneficiados.

“Estes R$ 31,2 milhões se somam a outros R$ 265,1 milhões já autorizados, apenas este ano, para investimentos no agronegócio goiano. Os recursos estão sendo destinados principalmente a pequenos e médios negócios rurais”, afirma o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Mendonça. Desta forma, acredita ele, o Fundo Constitucional do Centro-Oeste cumpre sua missão de incentivar o desenvolvimento social e econômico da região.

A Câmara Deliberativa do Conselho de Desenvolvimento do Estado tem uma segunda reunião prevista para o mês de março, com o objetivo de analisar cartas-consulta ao FCO. O encontro será realizado no dia 31, durante a Tecnoshow Comigo, em Rio Verde. O Governo de Goiás terá um estande no evento, em parceria com a Prefeitura Municipal. Seapa e outros órgãos públicos e privados do Estado, como Secretaria da Retomada, GoiásFomento, Senar, Sicoob e Sicred, oferecerão palestras sobre crédito direcionadas a produtores rurais.

ABID participa de reuniões no MAPA e MIDR para discutir pautas ligadas a agricultura irrigada

Um grupo de lideranças da agricultura irrigada esteve em Brasília, no último dia 15 de março, para apresentar pautas de interesse do setor a parlamentares e representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). Um dos principais temas tratados foi a situação atual da irrigação e da agricultura irrigada no Brasil e sua sustentabilidade, além dos desafios para 2023 e a tramitação de projetos de lei que tratam do setor.

Estiveram presentes, representando a ABID, o presidente Everardo Mantovani, a diretora Maria Emília Alves e o consultor técnico Bruno Marques, pela CNA participaram o presidente da CNI David Schmidt e a assessora técnica da Comissão de Irrigação da coordenação de sustentabilidade da CNI Jordana Girardello, pela RENAI o diretor executivo João Carlos Dé Carli, pela SEAGRI-GDF o secretário Fernando Rodriguez e representante das demais instituições.

De acordo com Everardo Mantovani as reuniões em Brasília no MAPA e MIDR atingiram todos os objetivos, “foi uma excelente demonstração de união do setor em prol de uma agenda para a agricultura irrigada”.

“Tratamos de diversos assuntos envolvendo os eventos do setor (Conird/Inovagri Meeting, FIIB/Workshop e outros), apoio das instituições aos importantes programas dos Polos de Irrigação, do IrrigaMais, do Programa ABC+ e ao trabalho do pessoal técnico da área de irrigação em ambos os ministérios. Houve discussão também da área de legislação e apoio parlamentar às nossas pautas”, explica o presidente da Abid.

Uma das pautas também abordada foi a aprovação do Projeto de Lei 2168/2021 que acata como utilidade pública, para fins de aplicação do Código Florestal, obras de infraestrutura de irrigação e dessedentação animal, como os barramentos, que visa contribuir com a segurança alimentar e hídrica, promovendo dentro das propriedades rurais a estabilidade para produção das safras que estão a cada ano sofrendo com as estiagens prolongadas, além dos estados que sofrem com as baixas precipitações, como é o caso do Nordeste e outras regiões do país nas últimas safras como o RS.

O Secretário de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira, salientou que estava muito otimista com esse esforço do setor em reestruturar uma agenda forte de irrigação como propulsor de desenvolvimento.

12 Março | 2023
Foto: Divulgação Abid Foto: Divulgação Abid

Pastagem irrigada por gotejamento subsuperficial

No último dia 15 de fevereiro aconteceu na fazenda Boa Nova, no município de Votuporanga, SP, um dia de campo para apresentação do sistema de irrigação sub superficial (SDI) em pastagem. Estiveram no evento, além de produtores e técnicos da região, alunos do Instituto Federal de Educação do Triangulo Mineiro, campus de Uberaba, acompanhados pelo professor Dawson José Guimarães Faria e pela gestora de projetos da Embrapii, Caroline Maso dos Reis. Técnicos das empresas Rivulis, implantadora do projeto, e da empresa Irritec recepcionaram os visitantes e juntamente com o gestor em agronegócios Ruy Padula, consultor técnico do projeto, esclareceram os visitantes sobre a operação e manejo da pastagem irrigada por esta técnica ainda pouco difundida no país.

A área irrigada da fazenda tem uma superfície de 12 ha, plantada com capim Tifton 85, e subdividido em 8 piquetes de 1,5 ha para pastejo rotacionado. Metade dos piquetes recebem irrigação numa noite e a outra metade na noite seguinte. São 2,5 horas por piquete, com lâmina média diária de 2,5 mm.

Os tubos gotejadores foram enterrados antes do plantio do pasto a uma profundidade média de 20 a 30 centímetros, com espaçamento entre laterais de 80 cm e espaçamento entre gotejadores de 50 cm.

Os gotejadores, modelo D5000 da Rivulis, possuem vazão nominal de 1,0 litro por hora e possuem sistema antidrenante e antisifão.

Quanto ao manejo do gado, o consultor Ruy Padula explicou que no verão é possível fazer dois lotes totalizando 140 animais, que permanecerão 4 dias por piquete, fechando o ciclo em 16 dias.

No período seco (inverno), o número de animais deve diminuir um pouco devido ao menor desenvolvimento do capim, chegando a 90 animais.

Padula espera alcançar uma lotação média de 7 UA/ha na seca e 12 UA/ha no verão. “Lembrando que é o segundo ano do projeto e a cada ano que passa a pastagem fica melhor, mais adensada e mais produtiva”, completa Padula. Outro ponto importante é que os animais não recebem complemento concentrado, somente o sal mineral adensado (enriquecido), em média, consomem 70 gramas por dia por animal.

“Comparado com a média brasileira de 1 UA por hectare, nosso ganho é expressivo. Nosso objetivo é ganhar 1,150 Kg por animal/dia”, destaca Padula.

É importante salientar que um projeto como este, deve ser planejado com antecedência, desde a escolha da forrageira até o preparo do solo. Na fazenda Boa Nova, foi incorporado 10 toneladas de compostagem por hectare antes do plantio das mudas do capim, isso mesmo, o tifton 85 é um híbrido e, por isso, a decisão de usar mudas com origem conhecida é fundamental. Outro ponto importante é a fertiirrigação que permitiu eliminar a utilização de trator na adubação.

Um sistema de injeção de fertilizantes na água da irrigação permite fazer a nutrição da pastagem na hora certa e sem as perdas que normalmente ocorrem na aplicação da ureia, por exemplo. Outra novidade que vem sendo empregado na fazenda Boa Nova, é a aplicação de microrganismos de solo, visando restaurar a comunidade microbiana natural, fazendo com que o solo desta pastagem se equipare ao solo de uma floresta nativa, é o que promete a empresa Alfa Agrotec, fornecedora destes microrganismos. Lembrando que tudo é aplicado via sistema de irrigação.

14 Março | 2023

O cara do Café Irrigado

Márcio Luiz de Carvalho, nasceu e foi criado na zona rural do município de São Domingos das Dores, interior de Minas Gerais. Herdou do pai, hoje com 90 anos de idade, a paixão pela cafeicultura, já que seu pai foi um dos primeiros cafeicultores da região.

Antes de ingressar na faculdade de agronomia, fez o curso de técnico agrícola na Escola Agrotécnica Federal de São João Evangelista, também no interior de Minas Gerais. Posteriormente ingressou na faculdade de agronomia, concluindo o curso de engenharia agronômica, no ano de 2002, pela Universidade Federal de Lavras.

Márcio é um profissional dedicado, utiliza todo seu conhecimento técnico na sua propriedade. Desde a

concepção do projeto de irrigação, cálculos hidráulicos e a automação do sistema, tudo passa pelo criterioso controle técnico do engenheiro agrônomo.

Ele acompanhou de perto toda a instalação das tubulações, construção do reservatório, captação e bombeamento de água e equipamentos para o manejo tecnológico da irrigação.

Márcio gosta de tecnologia e faz questão de gerenciar tudo pelo celular, por isso conta com equipamentos modernos para saber com precisão a hora certa de irrigar. Com uma estação meteorológica própria, pode consultar dados climáticos da propriedade, que vão muito além do simples registro das chuvas.

15
Março | 2023

Recentemente a empresa Galcon, instalou na propriedade do Márcio um sistema de monitoramento de solo, através de sondas estrategicamente posicionadas que permitem saber em tempo real as condições de umidade, temperatura e salinidade no perfil do solo. Com estas sondas é possível saber, por exemplo, se o solo se encontra encharcado, ou próximo da capacidade de campo ou se atingiu o ponto de murcha permanente, parâmetros fundamentais no manejo da irrigação.

Talvez você esteja pensando, mas este engenheiro entende de café? Pois bem, Márcio recebeu a Medalha de Mérito Cafeeiro no 46º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em outubro de 2022, organizado pela Fundação Procafé, na cidade de Poços de Caldas, MG.

A homenagem é destinada para aqueles que contribuem para o desenvolvimento do setor agrícola, em especial a cafeicultura. O engenheiro agrônomo possui mais de dezoito trabalhos publicados e apresentados nos anais do Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, além de participar como coautor de folhas tecnicas em diversos assuntos relacionado à cafeicultura.

Além disso, tem obtido altas produtividades em suas lavouras de café. O engenheiro agrônomo Rodrigo Vieira, especialista em projetos de irrigação na Codevasf de Juazeiro – BA, e também administrador do grupo de WhatsApp “Agricultura Irrigada”, comentou sobre o amigo Márcio de Carvalho: “Márcio é o técnico mais completo na irrigação, desde a topografia com RTK ao grão de café, passando pelos transientes hidráulicos com o software UFC. Ele é o cara do café irrigado”.

Para falar sobre a sua trajetória na cultura do café, o produtor, irrigante e engenheiro, concedeu uma entrevista para a Revista Irrigazine. Confira como Márcio Luiz de Carvalho aumentou sua produtividade de café e se tornou O CARA DO CAFÉ IRRIGADO:

Revista Irrigazine: Quando e onde começou a produzir o café irrigado?

Márcio: O nosso projeto de cafeicultura irrigada no cerrado mineiro, mais precisamente em Presidente Olegário, foi iniciado em 2017. O que nos trouxe na região do cerrado foi a vontade de crescer mais no café.

Em 2014 começamos a andar pelas regiões do Brasil, como por exemplo: Bahia, São Paulo, Sul de Minas... procurando terras para investir no café. E, a região do cerrado mineiro foi a que nos chamou a atenção, então compramos as terras em sociedade com a família da minha esposa. A região de Presidente Olegário é muita rica na produção de muitos grãos, soja, feijão e principalmente o café. A propriedade possui 500ha de área total e planta 307 hectares (ha).

16 Março | 2023

Revista Irrigazine: Por que a escolha da irrigação de gotejamento enterrado?

Márcio: Logo tivemos o contato com a irrigação de gotejamento, até chegamos a pensar investir no pivô central, mas não era viável. Escolhemos o gotejamento uma vez que o consumo de água é menor e o manejo também. Em 2017 plantamos 56 ha, já em 2018 aumentamos a área em mais 56 ha e partimos para o gotejamento enterrado, uma tecnologia que veio para auxiliar muito no manejo do dia a dia. Um dos problemas do gotejamento comum no café, é que usamos muitas máquinas, então ocorre avarias nos tubos. Quando conhecemos o sistema de gotejamento enterrado tivemos inúmeras dúvidas. Mas, hoje todos os nossos projetos são feitos usando o gotejamento enterrado.

mariposa coloca seus ovos e eclode, vira uma larva e a larva entra na película da folha e forma uma mina e essa folha cai. O ataque é tão severo que você chega a perder 80% a 90% da folha, então a produtividade vai lá embaixo. Um dos grandes desafios foi aprender a conviver, não conseguimos controlar 100%, porque infelizmente é a região, mas usamos todos os defensivos registrados para a cultura.

Revista Irrigazine: Como foi lidar com o bicho mineiro na lavoura de café?

Márcio: No cerrado um dos grandes problemas que notamos logo nos primeiros meses do plantio, são as pragas: conhecido como o bicho mineiro (Leucoptera coffeella), que é considerado muito agressivo. Então, tivemos que aprender a conviver com ele. Quando a

Revista Irrigazine: Qual o desafio que encontrou na produção do café irrigado?

Márcio: Um dos maiores desafios no cafeeiro foi realmente a praga que citei anteriormente. Pensando na conservação de solo e no manejo, passamos a fazer o manejo da braquiária ruziziensis nas entrelinhas do cafeeiro. Então, nós vimos uma grande vantagem no café e braquiária, já que ela é dominante, onde você planta não permite sair outras daninhas. A braquiária domina as daninhas e ela fica 100% na área, então trabalhamos com roçadas alternadas, essas roçadas alternadas têm vantagens na proteção do solo, pois mantém a umidade do solo por mais tempo, ou seja, toda água de chuva se infiltra no solo.

Revista Irrigazine: O café irrigado tem dados bons resultados?

Márcio: Em relação a produtividade, estamos satisfeitos aqui no cerrado, com média das 3 primeiras safras de 69 sacas por hectare. E, esse ano na 4ª safra já temos uma carga pendente de mais 100 sacas por hectare, ou seja, a gente colhe ainda esse ano, então a nossa produtividade média está indo para 75 sacas, muito acima da media para a região do Cerrado Mineiro que é 35 sacas.

18 Março | 2023

Revista Irrigazine: Como está sendo a fertirrigação neste sistema?

Márcio: Com relação ao nosso sistema de irrigação: gotejamento enterrado. A região chove muito bem, mais de 1.400mm de chuva, então não preciso irrigar o ano todo, principalmente em novembro, dezembro e janeiro. Então, nesse período eu faço uma adubação a lanço, em 60% a lanço no período chuvoso e 40% no gotejamento, então no gotejamento fazemos inserção de potássio, magnésio e entre outros. E, isso tem dado muito certo.

terreiro de cimento para secar o café. O café quando vem da lavoura, passa pelo terreiro, para depois ir pra secadora. O terreiro tem uma dimensão de 16mil m² e construímos com as caídas voltadas para o centro para coletar água de chuva. Por exemplo, no ano passado choveu na fazenda 1.700mm e a coletamos mais de 28 milhões de litros de água e levamos para o reservatório para usar na irrigação. Então, nenhuma água é perdida.

Revista Irrigazine: Existe mais algum projeto que esteja à frente?

Márcio: Tenho a hidroponia que surgiu pelo desejo de inovar e ter uma renda diversificada da cafeicultura. O projeto surgiu no ano de 2012 e fomos pioneiros na região. Minha esposa, Palma Lídia, que é advogada de forma ção, mas que não estava exercendo a profissão, entrou como administradora do projeto. Hoje já estamos há 11 anos no mercado, cultivando alface crespa, alface americana, alface roxa, rúcula e agrião.

Revista Irrigazine: Qual é o manejo da irrigação que utiliza na cultura do café?

Márcio: O nosso manejo na irrigação é feito de duas formas, temos uma estação meteorológica na fazenda, então realizamos o manejo baseado no clima. A estação me mostra temperatura máxima/mínima, umidade relativa e radiação solar. Através disso ela me dá o cálculo da evapotranspiração diária, então eu gero um balanço do que perdeu por evapotranspiração e reponho minha lâmina da irrigação baseada no clima. Recentemente instalamos uma sonda e ela mede a temperatura e umidade do solo. Em cima disso eu consigo calibrar melhor minha irrigação, então eu pego os dados do clima e da sonda e através disso consigo responder uma pergunta que todo o projeto de irrigação deveria saber: Quando e quanto irrigar. Esse é o complemento que todo irrigante deveria ter.

Revista Irrigazine: Explique um pouco sobre o terreiro que construiu na sua fazenda?

Márcio: Dentro da fazenda nós construímos um

Revista Irrigazine: Quais as vantagens da hidroponia?

Márcio: A hidroponia possui inúmeras vantagens em comparação ao sistema convencional, dentre eles, consumo de água significativamente menor, uma vez que ela circula e é reutilizada, maior rendimento da área de cultivo, cultivo durante todo o ano, uso eficiente de nutrientes, menor utilização de pesticidas, melhor condição de trabalho para os colaboradores, já que a produção é em bancadas suspensas. Em compensação, podemos citar como desvantagem do cultivo no sistema hidropônico, o alto custo de implantação do projeto devido a necessidade de construção de estufas, mesas, bancadas, sistema hidráulico e elétrico.

20 Março | 2023

Petronio Campos de Oliveira

Engenheiro agrônomo, MSc Irrigação Drenagem (USP/Piracicaba-SP)

Analista em desenvolvimento regional/Codevasf (6ªSR) – Juazeiro-Ba

Perímetros irrigados: otimização ocupacional

Perímetros irrigados são essencialmente estruturas conformadas para a agricultura irrigada, em regiões áridas e semiáridas, onde são instalados cultivos comerciais tanto em lotes familiares em média de 6,0 ha e lotes empresariais a partir de 40 ha podendo formam glebas empresariais de grandes dimensões da ordem de milhares de hectares.

As áreas escolhidas e adquiridas pelo setor estatal para constituição desses perímetros devem passar por estudos técnicos, quanto a disponibilidade hídrica, aptidão de solos para irrigação, topografia, e estudo de viabilidade econômico financeira.

Via de regra, os solos que compõem tais perímetros são aptos para o cultivo irrigado, todavia, sempre ocorrem manchas de solo e lotes que se identificam inaptos para a exploração de culturas convencionais comerciais. Nesse sentido essas áreas marginais são descartadas para uso de produção agrícola.

As ditas áreas inaptas são assim consideradas, por questões diversas, tais como: solos rasos, pedregosidade, topografia inadequada, salinidade, etc.

Considerando o fator água em regular e boa disponibilidade, e em especial em áreas semiáridas,

21 Março | 2023
Foto: Cassio Moreira/Codevasf

torna-se vital para otimização do sistema como um todo e sua economicidade reduzir ociosidade e perdas ocupacionais.

A utilização dessas áreas como forma de suprir subsidiariamente demanda alimentar de atividades agropastoris em área de sequeiro, na região de contorno. Em especial seria beneficiada a ovino caprinocultura, em especial animais em terminação e segurança alimentar de polos específicos mantendo ampliação de recria e sustentação da cadeia produtiva.

Entre as várias modalidades possíveis de uso de áreas inaptas e marginais de perímetros irrigados destacam-se o suporte a produção forrageira, projetos ambientais, projetos agrossilvopastoris, etc.

No âmbito das espécies forrageiras, exemplificamos, como potenciais explorações de cultivo: gramíneas para fenação, capins de corte, produção de mudas de espécies nativas de potencial forrageiro, como favela, ibó e espécies exóticas, algumas já endêmicas no semiárido e agreste, tais como palma forrageira, sorgo, leguminosas como guandu, leucena.

Espécies nativas arbóreas com potencial de exploração madeireira e recomposição florística, poderiam ser produzidas em viveiros, posteriormente distribuídas para adequado manejo florestal, enriquecimento de caatinga e atendimento a condicionantes ambientais em especial para recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e formação de área de reserva ambiental.

Seria importante a conjugação de esforços conjuntos, empresas públicas, distritos, pesquisa e meio ambiente, num processo de cogestão.

Esses lotes de exploração marginal, poderiam estar dispersos em vários perímetros irrigados do semiárido, poderiam ser disseminadores de espécies de valor forrageiro e ambiental, como forma de repovoar e enriquecer áreas de caatinga degradada, áreas com super pastoreio.

Atualmente está em execução um projeto de preservação ambiental no semiárido denominado Recaatingamento, promovido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada-IRPAA, com o patrocínio do

projeto Petrobrás Ambiental, envolve diretamente 140 famílias em atividades de preservação do meio ambiente. O projeto tem atuação direta em comunidades rurais de sete municípios baianos quais sejam: de Angico, no município de Canudos, Melancia, em Casa Nova, São Mateus, em Curaçá, Fartura, em Sento Sé, Poço do Juá, em Sobradinho, Serra dos Campos Novos, em Uauá e Curral Novo, em Juazeiro, que visando contribuir para inverter a situação de degradação do bioma caatinga através do uso sustentável de seus recursos naturais.

Esse Projeto, em especial na região do semiárido baiano, poderia ter trabalhos em complementaridade considerando convergência de ações com objetivos comuns: recomposição da caatinga e de matas ciliares, melhoria da renda das comunidades rurais, integração de políticas públicas.

Por fim é sabido que na legislação vigente cabe aos perímetros irrigados o cumprimento de uma série de condicionantes ambientais, inserto na execução de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, apresentado por órgãos estaduais e federais do âmbito ambiental.

Na Codevasf entre as ações preconizadas para os Perímetros sob a sua égide, o enriquecimento e recuperação ambiental da área de Reserva Legal, da APP da margem do Rio São Francisco, das áreas de jazidas e bota-foras, e a proteção de nichos ambientais protegidos. Essas ações conjugadas a outras relativas a programas de manejo e conservação do solo e monitoramento da qualidade de água, são de responsabilidade do ente estatal detentor da gestão do perímetro e/ou da cessionária no que diz respeito ao cumprimento das condicionantes, pré-condição para licença de operação de qualquer Perímetro e subsequente a renovação operacional.

22 Março | 2023

Engenheiro agrônomo, José Luiz Viana do Couto

(jviana7@gmail.com)

Como produzir a sua própria energia elétrica

Quem mora em cidade e tem renda suficiente, não precisa disso, mas, para quem mora em locais isolados (como o interior da Amazônia), os agricultores familiares e produtores rurais de animais domésticos (bovinos, suínos, aves, etc.), essa façanha é viável e será bem-vinda.

A boa notícia é que a matéria prima para essa façanha, são produtos que seriam jogados fora: resíduos sólidos e fezes de animais.

As motivações para essa produção própria são:

a) não poluir o meio ambiente e evitar o aquecimento global,

b) poder vender o excesso de energia elétrica para a concessionária de energia e vender Créditos de Carbono,

c) reduzir os custos de produção.

Os 3 passos para o processo são:

1 - Energia química (do Biogás) => 2 - Energia mecânica (motor estacionário a combustão interna) => 3 - Energia elétrica (gerador de fabricação nacional).

Matéria prima

A matéria prima para a produção de biogás disponível nas propriedades agrícolas, é mostrada no quadro da Fig. 1.

O biogás é uma mistura de vários gases (Metano e Dióxido de carbono, principalmente - Vide Quadro abaixo), formado naturalmente nos pântanos, lixões e artificialmente nas estações de tratamento de esgotos domésticos do tipo anaeróbio (UASB) e nos biodigestores.

Biodigestor

Biodigestor é um dispositivo que armazena os resíduos e fezes (mais água de lavagem) por alguns dias, sem a presença de Oxigênio (digestão anaeróbica), tendo como subproduto os biofertilizantes. São do tipo Chinês, Indiano, Canadense (esse mais usados no Brasil) e Alemão.

24 Março | 2023
Fig. 1 – Produção de dejetos e biogás por animais.

Os motores que usam o biogás como combustível são principalmente os de Ciclo Otto (precisam de cilindros e faísca elétrica) e a Diesel (precisam de um pouco de diesel na mistura). Quanto maior a porcentagem de Metano na mistura, maior é a eficiência do motor. Pelo menos 3 fabricantes nacionais os fornecem: Mercedes, MWM e ERBR.

A Fig. 3 mostra um motor (parte central da Figura)

estacionário usado para produzir energia elétrica alimentado por biogás, tendo já acoplado um gerador, formando um conjunto.

Os geradores de fabricação nacional que serão acoplados aos motores, em sua totalidade, são fabricados pela empresa brasileira WEG.

1 m³ biogás = 2,21 kWh (Lindemeyer, 2008)

25 Março | 2023
Fig. 3 – Grupo gerador a biogás Fig. 2 – Biodigestor modelo canadense

Projeto de Biodigestor

Planilha para dimensionamento de biodigestor modelo canadense.

A planilha acima está disponível para baixar através do link: http://bit.ly/3navKqg

Legenda: Q = fezes; N = número de cabeças; F = fezes por animal; V = volume de água de lavagem do chiqueiro; R = relação volume dejeto:volume de água; C = volume de água + fezes; Vb = volume do biodigestor; TDH = tempo de detenção hidráulica; P = produção de biogás; K = m³ biogás por kg de fezes; PE = produção de eletricidade; PCI = poder calorífico inferior do biogás; η = rendimento do motor gerador; V = volume do biodigestor; C = comprimento médio do biodigestor; L = largura média do biodigestor; H = profundidade do biodigestor; kJ = quilo-Joule; kW = quilo-watt.

26 Março | 2023

Engenheiro Agrícola, M.Sc. em Irrigação e Drenagem (UFV) e MBA em Gestão Comercial (FGV).

Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird

O “Kc” em Paisagismo - Parte II

Iniciando mais um ano com a honra de seguir contribuindo com a revista Irrigazine.

Como comentamos em nosso último artigo, iremos agora partir com um exemplo de uma determinação de necessidade de água em um projeto com três plantas diferentes.

O desenho que estamos apresentando é da paisagista Mônica Kalil de Niterói – RJ. Ela me indagou sobre como dimensionar a irrigação e a necessidade de água para cada planta neste projeto que ela estava desenvolvendo e me entregou este desenho de um corte transversal de um passeio em um condomínio.

Neste projeto temos três espécies de plantas: grama esmeralda (Zoysia Japonica), moréia (Dietes Bicolor), e grama amendoim (Arachis Repens).

Na Fig. 1. Temos a grama esmeralda entre o passeio e a rua, a moreia depois do passeio e perto de um muro e a grama amendoim em um canteiro elevado com uma grade atrás.

Recordando que o Kc é determinado por três coeficientes ou fatores:

Fc = Fe x Fd x Fm ou dependendo da literatura Kc = Ke x Kd x Km.

Onde:

Fe ou Ke = Coeficiente de espécie Fd ou Kd = Coeficiente de densidade Fm ou Km = Coeficiente de Microclima.

A ordem de qual coeficiente ou fator que vamos iniciar é variável. Pelas fotos, fica muito fácil de determinar os fatores de densidade. Portanto, vamos iniciar com ele. As duas gramas possuem fator de densidade alto e a moreia tem um fator de densidade médio.

Recordando que os coeficientes são determinados em função de comparação entre espécies.

28 Março | 2023
Fig. 2. Fotos das espécies do exemplo citado. Da esquerda para direita: Grama Esmeralda, Moreia e Grama Amendoim. Fig. 1. Corte transversal de um passeio em um condomínio (fonte Monica Kalil). Fig. 3. Determinação dos fatores (ou coeficientes) de densidade.

Agora, vamos passar a análise do coeficiente de microclima. Já mencionamos anteriormente sobre a importância de conhecer as coordenadas e longitude para conhecer o movimento do sol.

No nosso caso está bem fácil de fazer a classificação. A grama esmeralda está entre a rua e o passeio, portanto recebe também calor com convecção e é a planta que receberá mais horas de radiação solar. A moreia está embaixo do muro e com certeza é a que mais tem horas de sombra e também mais umidade do ar e, finalmente, a grama amendoim está no canteiro elevado possui um lado com uma grade que já produz um certa sombra e quebra de vento além do outro lado está longe dos pisos.

Face ao exposto teremos os coeficientes de microclima como na Fig. 4.

Com todos estes coeficientes determinados vamos agora a nossa tabela e teremos os valores.

a. Grama Esmeralda: Ke = 0,6; Kd = 1,0 e Km = 1,2. Kc = 0,6 x 1 x 1,2 = 0,72

b. Moreia (arbustos): Ke = 0,5; Kd = 0,5 e Km = 0,5. Kc = 0,125

c. Grama Amendoim (cobertura vegetal): Ke = 0,5; Kd = 1,0 e Km = 1,0. Kc = 0,5

O ponto crucial da determinação do dimensionamento do sistema que irá atender as três espécies é a determinação da Planta Base.

Agora vamos finalmente ao fator de espécie. Utilizando uma simples análise de arquitetura como mencionamos anteriormente temos a eleição dos fatores de espécie como na Fig. 5.

Planta Base é a planta que necessita menor quantidade de água no projeto. Muitas vezes temos que verificar a necessidade de água de cada planta. A arquitetura da planta ajuda muito, na eleição avaliamos item como: área foliar, estrutura e volume de parte lenhosa.

29 Março | 2023
Fig. 4. Determinação da planta base e dos fatores e microclima Fig. 5. Determinação dos Fatores (Coeficientes) de espécie. Tabela 1. Fatores ou coeficientes por grupo de vegetação.

Outra maneira é calculando no Kc, como já fizemos. Neste caso o menor Kc será a planta base que é a moreia. Agora podemos calcular a IR de cada Planta:

Vamos considerar uma ETr (evapotranspiração de referência), = 4 mm/dia. Como já apresentado a Irrigação Necessária é:

IR = Kc x Etr

a. Grama esmeralda: IR = 0,72 x 4 = 2,88 mm/dia

b. Moreia: IR = 0,125 x 4 = 0,50 mm/dia

c. Grama Amendoim: IR = 0,50 x 4 = 2 mm/dia Agora vamos selecionar o emissor para a irrigação da planta base. Para este tipo de aplicação de uma área longa e estreita (largura pequena), se recomenda o uso de tubo gotejador.

O tubo gotejador mais recomendado para utilização em áreas públicas ou áreas externas com alto tráfego de pessoas é o tubo gotejador para uso enterrado. Esse tubo geralmente é autocompensado e possui modelos de três vazões diferentes: 1,6; 2,3 ou 3,4 lph.

Por ser a planta base vamos eleger o modelo de menor vazão é o 1,6 lph. O número de linhas é função da largura da área e tipo de solo. Neste caso como a largura é de apenas 0,40 m, mesmo sem conhecer o tipo de solo podemos optar por uma linha apenas.

A taxa de aplicação (ou taxa de precipitação), para este modelo seria de 3,7 mm/h.

Não vou me atentar em explicar como se calcula uma Taxa de Precipitação porque acredito que os leitores da Irrigazine conhecem bem como efetuar este tipo de cálculo.

Com a Taxa de Precipitação e IR podemos calcular o Tempo de Irrigação da planta base.

T = IR x 60 = 0,50 x 60 = aprox. 8 minutos de irrigação.

Tx 3,7

O próximo passo é determinar os emissores e vazão que irão irrigar as outras plantas de forma que elas recebam sua respectiva IR no tempo calculado de irrigação para a planta base.

Isso fica para a próxima edição!!!

30 Março | 2023
Fig. 6. Tubo gotejador para uso enterrado com placa de cobre

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Irrigazine #80 by Revista Irrigazine - Issuu