4 minute read

Perímetros irrigados: otimização ocupacional

Petrônio Campos de Oliveira

Engenheiro agrônomo, MSc Irrigação Drenagem (USP/Piracicaba-SP) Analista em desenvolvimento regional/Codevasf (6ªSR) – Juazeiro-Ba

Perímetros irrigados: otimização ocupacional

Advertisement

Perímetros irrigados são essencialmente estruturas conformadas para a agricultura irrigada, em regiões áridas e semiáridas, onde são instalados cultivos comerciais tanto em lotes familiares em média de 6,0 ha e lotes empresariais a partir de 40 ha podendo formam glebas empresariais de grandes dimensões da ordem de milhares de hectares.

As áreas escolhidas e adquiridas pelo setor estatal para constituição desses perímetros devem passar por estudos técnicos, quanto a disponibilidade hídrica, aptidão de solos para irrigação, topografia, e estudo de viabilidade econômico financeira.

Via de regra, os solos que compõem tais perímetros são aptos para o cultivo irrigado, todavia, sempre ocorrem manchas de solo e lotes que se identificam inaptos para a exploração de culturas convencionais comerciais. Nesse sentido essas áreas marginais são descartadas para uso de produção agrícola.

As ditas áreas inaptas são assim consideradas, por questões diversas, tais como: solos rasos, pedregosidade, topografia inadequada, salinidade, etc.

Considerando o fator água em regular e boa disponibilidade, e em especial em áreas semiáridas, torna-se vital para otimização do sistema como um todo e sua economicidade reduzir ociosidade e perdas ocupacionais.

A utilização dessas áreas como forma de suprir subsidiariamente demanda alimentar de atividades agropastoris em área de sequeiro, na região de contorno. Em especial seria beneficiada a ovino caprinocultura, em especial animais em terminação e segurança alimentar de polos específicos mantendo ampliação de recria e sustentação da cadeia produtiva.

Entre as várias modalidades possíveis de uso de áreas inaptas e marginais de perímetros irrigados destacam-se o suporte a produção forrageira, projetos ambientais, projetos agrossilvopastoris, etc.

No âmbito das espécies forrageiras, exemplificamos, como potenciais explorações de cultivo: gramíneas para fenação, capins de corte, produção de mudas de espécies nativas de potencial forrageiro, como favela, ibó e espécies exóticas, algumas já endêmicas no semiárido e agreste, tais como palma forrageira, sorgo, leguminosas como guandu, leucena.

Espécies nativas arbóreas com potencial de exploração madeireira e recomposição florística, poderiam ser produzidas em viveiros, posteriormente distribuídas para adequado manejo florestal, enriquecimento de caatinga e atendimento a condicionantes ambientais em especial para recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e formação de área de reserva ambiental.

Seria importante a conjugação de esforços conjuntos, empresas públicas, distritos, pesquisa e meio ambiente, num processo de cogestão.

Esses lotes de exploração marginal, poderiam estar dispersos em vários perímetros irrigados do semiárido, poderiam ser disseminadores de espécies de valor forrageiro e ambiental, como forma de repovoar e enriquecer áreas de caatinga degradada, áreas com super pastoreio.

Atualmente está em execução um projeto de preservação ambiental no semiárido denominado Recaatingamento, promovido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada-IRPAA, com o patrocínio do projeto Petrobrás Ambiental, envolve diretamente 140 famílias em atividades de preservação do meio ambiente. O projeto tem atuação direta em comunidades rurais de sete municípios baianos quais sejam: de Angico, no município de Canudos, Melancia, em Casa Nova, São Mateus, em Curaçá, Fartura, em Sento Sé, Poço do Juá, em Sobradinho, Serra dos Campos Novos, em Uauá e Curral Novo, em Juazeiro, que visando contribuir para inverter a situação de degradação do bioma caatinga através do uso sustentável de seus recursos naturais.

Esse Projeto, em especial na região do semiárido baiano, poderia ter trabalhos em complementaridade considerando convergência de ações com objetivos comuns: recomposição da caatinga e de matas ciliares, melhoria da renda das comunidades rurais, integração de políticas públicas.

Por fim é sabido que na legislação vigente cabe aos perímetros irrigados o cumprimento de uma série de condicionantes ambientais, inserto na execução de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD, apresentado por órgãos estaduais e federais do âmbito ambiental.

Na Codevasf entre as ações preconizadas para os Perímetros sob a sua égide, o enriquecimento e recuperação ambiental da área de Reserva Legal, da APP da margem do Rio São Francisco, das áreas de jazidas e bota-foras, e a proteção de nichos ambientais protegidos. Essas ações conjugadas a outras relativas a programas de manejo e conservação do solo e monitoramento da qualidade de água, são de responsabilidade do ente estatal detentor da gestão do perímetro e/ou da cessionária no que diz respeito ao cumprimento das condicionantes, pré-condição para licença de operação de qualquer Perímetro e subsequente a renovação operacional.

This article is from: