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O “Kc” em Paisagismo Parte II

José Giacoia Neto

Engenheiro Agrícola, M.Sc. em Irrigação e Drenagem (UFV) e MBA em Gestão Comercial (FGV). Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird

O “Kc” em Paisagismo - Parte II

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Iniciando mais um ano com a honra de seguir contribuindo com a revista Irrigazine.

Como comentamos em nosso último artigo, iremos agora partir com um exemplo de uma determinação de necessidade de água em um projeto com três plantas diferentes.

O desenho que estamos apresentando é da paisagista Mônica Kalil de Niterói – RJ. Ela me indagou sobre como dimensionar a irrigação e a necessidade de água para cada planta neste projeto que ela estava desenvolvendo e me entregou este desenho de um corte transversal de um passeio em um condomínio.

Neste projeto temos três espécies de plantas: grama esmeralda (Zoysia Japonica), moréia (Dietes Bicolor), e grama amendoim (Arachis Repens).

Na Fig. 1. Temos a grama esmeralda entre o passeio e a rua, a moreia depois do passeio e perto de um muro e a grama amendoim em um canteiro elevado com uma grade atrás.

Fig. 1. Corte transversal de um passeio em um condomínio (fonte Monica Kalil).

Recordando que o Kc é determinado por três coeficientes ou fatores:

Fc = Fe x Fd x Fm ou dependendo da literatura Kc = Ke x Kd x Km.

Onde:

Fd ou Kd = Coeficiente de densidade

Fe ou Ke = Coeficiente de espécie

Fm ou Km = Coeficiente de Microclima.

A ordem de qual coeficiente ou fator que vamos iniciar é variável. Pelas fotos, fica muito fácil de determinar os fatores de densidade. Portanto, vamos iniciar com ele. As duas gramas possuem fator de densidade alto e a moreia tem um fator de densidade médio.

Fig. 2. Fotos das espécies do exemplo citado: Grama Esmeralda

Fig. 2. Fotos das espécies do exemplo citado: Moreia

Fig. 2. Fotos das espécies do exemplo citado: Grama Amendoim

Recordando que os coeficientes são determinados em função de comparação entre espécies.

Fig. 3. Determinação dos fatores (ou coeficientes) de densidade.

Tabela 1. Fatores ou coeficientes por grupo de vegetação.

Agora, vamos passar a análise do coeficiente de microclima. Já mencionamos anteriormente sobre a importância de conhecer as coordenadas e longitude para conhecer o movimento do sol.

No nosso caso está bem fácil de fazer a classificação. A grama esmeralda está entre a rua e o passeio, portanto recebe também calor com convecção e é a planta que receberá mais horas de radiação solar. A moreia está embaixo do muro e com certeza é a que mais tem horas de sombra e também mais umidade do ar e, finalmente, a grama amendoim está no canteiro elevado possui um lado com uma grade que já produz um certa sombra e quebra de vento além do outro lado está longe dos pisos.

Face ao exposto teremos os coeficientes de microclima como na Fig. 4.

Fig. 4. Determinação da planta base e dos fatores e microclima

Agora vamos finalmente ao fator de espécie. Utilizando uma simples análise de arquitetura como mencionamos anteriormente temos a eleição dos fatores de espécie como na Fig. 5.

Fig. 5. Determinação dos Fatores (Coeficientes) de espécie.

Com todos estes coeficientes determinados vamos agora a nossa tabela e teremos os valores.

a. Grama Esmeralda: Ke = 0,6; Kd = 1,0 e Km = 1,2. Kc = 0,6 x 1 x 1,2 = 0,72

b. Moreia (arbustos): Ke = 0,5; Kd = 0,5 e Km = 0,5. Kc = 0,125

c. Grama Amendoim (cobertura vegetal): Ke = 0,5; Kd = 1,0 e Km = 1,0. Kc = 0,5

O ponto crucial da determinação do dimensionamento do sistema que irá atender as três espécies é a determinação da Planta Base.

Planta Base é a planta que necessita menor quantidade de água no projeto. Muitas vezes temos que verificar a necessidade de água de cada planta. A arquitetura da planta ajuda muito, na eleição avaliamos item como: área foliar, estrutura e volume de parte lenhosa.

Outra maneira é calculando no Kc, como já fizemos. Neste caso o menor Kc será a planta base que é a moreia. Agora podemos calcular a IR de cada Planta:

Vamos considerar uma ETr (evapotranspiração de referência), = 4 mm/dia. Como já apresentado a Irrigação Necessária é:

IR = Kc x Etr

a. Grama esmeralda: IR = 0,72 x 4 = 2,88 mm/dia

b. Moreia: IR = 0,125 x 4 = 0,50 mm/dia

c. Grama Amendoim: IR = 0,50 x 4 = 2 mm/dia

Agora vamos selecionar o emissor para a irrigação da planta base. Para este tipo de aplicação de uma área longa e estreita (largura pequena), se recomenda o uso de tubo gotejador.

Fig. 6. Tubo gotejador para uso enterrado com placa de cobre

O tubo gotejador mais recomendado para utilização em áreas públicas ou áreas externas com alto tráfego de pessoas é o tubo gotejador para uso enterrado. Esse tubo geralmente é autocompensado e possui modelos de três vazões diferentes: 1,6; 2,3 ou 3,4 lph.

Por ser a planta base vamos eleger o modelo de menor vazão é o 1,6 lph. O número de linhas é função da largura da área e tipo de solo. Neste caso como a largura é de apenas 0,40 m, mesmo sem conhecer o tipo de solo podemos optar por uma linha apenas.

A taxa de aplicação (ou taxa de precipitação), para este modelo seria de 3,7 mm/h.

Não vou me atentar em explicar como se calcula uma Taxa de Precipitação porque acredito que os leitores da Irrigazine conhecem bem como efetuar este tipo de cálculo.

Com a Taxa de Precipitação e IR podemos calcular o Tempo de Irrigação da planta base.

T = IR x 60 = 0,50 x 60 = aprox. 8 minutos de irrigação.

Tx 3,7

O próximo passo é determinar os emissores e vazão que irão irrigar as outras plantas de forma que elas recebam sua respectiva IR no tempo calculado de irrigação para a planta base.

Isso fica para a próxima edição!!!

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