











Nesta edição da Irrigazine, convidamos você a mergulhar nos diversos aspectos que vêm transformando o cenário da irrigação no Brasil.
O crédito agrícola ocupa espaço central nesta edição, revelando-se como alicerce para o avanço da irrigação no país. Abordamos as estratégias da indústria para garantir recursos no novo Plano Safra 2025/2026, inclusive com propostas de financiamento em dólar, refletindo as necessidades de produtores e cooperativas em tempos de juros elevados. Iniciativas como as do Banco John Deere e a participação ativa de empresas como a Netafim mostram como o crédito mais flexível e diversificado se torna essencial para viabilizar inovação e segurança hídrica.
Seguimos com a série especial Polos Irrigados, apresentando agora o Noroeste de Minas e o município de Cristalina. Esses dois polos se destacam pela organização produtiva, investimentos em infraestrutura e uso racional da água. Cristalina, por exemplo, consolida-se como referência nacional em sementes e hortaliças, graças à combinação entre altitude, clima favorável e uso intensivo de pivôs centrais, gotejamento e microaspersão.
Entre os artigos técnicos, abordamos com profundidade o futuro da irrigação no país. A chamada “era da irrigação digital” ganha força com o uso de sensores, inteligência artificial e plataformas como o GrowSphere, que tornam o manejo hídrico mais preciso e inteligente, elevando o nível de controle sobre a produção.
Outro destaque é o avanço do cultivo de amendoim irrigado. Com dados técnicos e experiências práticas, o artigo discute as exigências hídricas da cultura e como a irrigação, aliada à fertirrigação, vem contribuindo para ganhos expressivos em produtividade e eficiência no uso de recursos.
E para fechar com chave de ouro, damos continuidade à série sobre irrigação de gramados em estádios de futebol, com a Parte V da nossa cobertura técnica. Esta edição explora sistemas automatizados, conectividade com a nuvem, programação personalizada por setor e o uso de coeficientes de cultivo (Kc) para garantir qualidade e jogabilidade dos campos em diferentes condições climáticas.
Informação técnica qualificada, dados atualizados e uma visão integrada do agronegócio irrigado, esta edição reafirma o compromisso da Irrigazine com você leitor.
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Diretor
“Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” Josué 1:9
Indústria cobra medidas para garantir crédito e destravar investimentos no Plano Safra 2025/2026
Às vésperas da Agrishow 2025, que tradicionalmente marca o anúncio do Plano Safra, a indústria de máquinas agrícolas, irrigação e armazenagem se mobiliza para assegurar que as políticas públicas estejam alinhadas às reais necessidades do campo.
Agora, na segunda edição da série, seguimos pelo Cerrado brasileiro para conhecer dois polos igualmente estratégicos e promissores: o Noroeste de Minas Gerais e o município de Cristalina (GO). Ambos se destacam não apenas pelo volume de área irrigada, mas também pelo nível de organização produtiva, diversificação de cultivos, investimentos em infraestrutura hídrica e, principalmente, pelo papel fundamental que desempenham na produção nacional de alimentos.
Irrigação
A era do digital farming
Irrigação no amendoim: perspectiva ou realidade?
A seca histórica de 2024 escancarou os contrastes da cafeicultura brasileira. Enquanto regiões tradicionais, como o Sul de Minas, enfrentaram perdas severas por conta da escassez de água e da queda no lençol freático, áreas irrigadas do Cerrado, como o Oeste da Bahia, sustentaram a produtividade graças ao uso de tecnologias avançadas de irrigação. Fazendas como a Joha mostraram que, mesmo diante das adversidades climáticas, é possível garantir estabilidade e rendimento com gestão hídrica eficiente.
Com o consumo global de café superando a produção pela quarta vez em seis anos, os preços internacionais dispararam. Ainda assim, os altos custos de instalação de sistemas de irrigação e a crescente pressão sobre fontes como o aquífero Urucuia colocam desafios importantes para a sustentabilidade da atividade.
A escassez forçou inclusive alguns municípios a limitar o uso da irrigação, afetando diretamente produtores que dependem da tecnologia para manter suas lavouras em funcionamento.
Frente a esse cenário, grandes cooperativas e empresas do setor têm acelerado a adoção de práticas mais sustentáveis, como irrigação por gotejamento e agricultura regenerativa.
A modernização dos cultivos se mostra essencial não apenas para garantir a competitividade da cafeicultura nacional, mas também para preservar os recursos naturais que sustentam a produção.
Nesse novo contexto, a irrigação deixa de ser uma vantagem e passa a ser condição fundamental para o futuro do café no Brasil.
A Codevasf planeja dobrar, nos próximos anos, a área destinada a projetos de irrigação no semiárido brasileiro, passando dos atuais 125 mil para cerca de 250 mil hectares. A expansão deve contemplar polos estratégicos como Baixio de Irecê, Iuiú, Santa Brígida e Jequitaí, com potencial de agregar mais 118 mil hectares à produção irrigada.
Atualmente, a estatal administra projetos que se destacam pelo cultivo de frutas como uva, manga e banana, com maior concentração nos estados da Bahia (51,7 mil ha) e Pernambuco (25,8 mil ha). O Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, localizado entre Petrolina (PE) e Casa Nova (BA), lidera em valor bruto de produção, somando R$ 4,5 bilhões em 2024.
A valorização das culturas irrigadas elevou o valor total de produção dos projetos da Codevasf de R$ 5,7 bilhões em 2023 para R$ 8,15 bilhões em 2024. Segundo a companhia, a ampliação das áreas irrigadas pode gerar até 335 mil empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia regional.
Mesmo com resultados expressivos, os investimentos em irrigação seguem modestos: apenas R$ 128,5 milhões foram aplicados no setor em 2023, dentro de um orçamento de
R$ 2 bilhões. Parte dos projetos ainda depende de subsídios públicos, enquanto cidades como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) seguem como referência nacional na produção irrigada voltada à exportação.
Na região de Caxias do Sul (RS), produtores de kiwi estão intensificando o uso da irrigação localizada para enfrentar a baixa umidade do solo e do ar registrada nas últimas semanas. De acordo com boletim divulgado pela Emater/ RS-Ascar, apesar das boas condições climáticas que têm favorecido a sanidade das lavouras, o fornecimento de água tem sido essencial nesta fase final de desenvolvimento dos frutos.
Sistemas como o gotejamento e a microaspersão têm sido os mais utilizados pelos agricultores, permitindo maior controle sobre o volume e a frequência da irrigação. Essa estratégia é fundamental especialmente no período de maturação dos kiwis, quando a planta apresenta alta exigência hídrica. O uso racional da água garante frutos com
melhor calibre, uniformidade e qualidade para o mercado.
A colheita das variedades de kiwi de polpa amarela já foi iniciada em alguns pomares da região. Já as variedades de polpa verde seguem em avaliação, com os produtores monitorando o grau Brix — indicador que mede o teor de açúcar da fruta e determina o ponto ideal de colheita.
A Emater/RS-Ascar segue acompanhando de perto o avanço da safra e reforça a importância do manejo hídrico eficiente para proteger a produção em um momento climático mais seco. A irrigação, segundo os técnicos, tem sido decisiva para garantir o desempenho da cultura e a sustentabilidade das lavouras na Serra Gaúcha.
Com o objetivo de promover a troca de experiências e ampliar o conhecimento sobre os sistemas de irrigação e seus processos de financiamento, no último dia 17 de março, a Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos para Irrigação da ABIMAQ (CSEI) realizou um treinamento em Ribeirão Preto voltado para as suas associadas, equipe do BNDES e diversos agentes financeiros.
“A iniciativa de envolver agentes financeiros é fundamental para ampliar a compreensão do processo. O financiamento de um sistema de irrigação passa por diversas etapas, desde a fabricação até a chegada ao BNDES. É importante que todos os envolvidos compreendam essa jornada”, afirmou Giselle Rezende, gerente de financiamentos da ABIMAQ.
Durante o encontro, foram apresentadas diferentes tecnologias de irrigação, como sistemas autopropelidos,
carretel enrolador, microaspersão, gotejamento e pivô central. Além disso, foi detalhado o fluxo de financiamento desses sistemas dentro do BNDES.
A CSEI, que representa 51 empresas que atuam no setor de irrigação no Brasil, tem atuado ativamente na formulação de propostas junto ao governo para incentivar a adoção de sistemas de irrigação tecnificada.
“Irrigação hoje é um tema de extrema relevância dentro do agro brasileiro e talvez seja a principal tecnologia quando se opta por um investimento dentro do setor. Com a crescente variação climática, essa tecnologia se tornou essencial para garantir segurança na produção agrícola. E, para que o setor continue avançando, o financiamento adequado é um fator determinante”, destacou Luiz Paulo Heimpel, Vice-presidente da CSEI, na abertura do evento.
A alta da taxa Selic e a redução da oferta de crédito rural em reais têm levado empresas do setor de máquinas agrícolas a buscar alternativas para manter o ritmo de vendas no Brasil. Uma das estratégias adotadas pela John Deere, segundo reportagem publicada pelo site The Agribiz, tem sido a oferta de financiamentos em dólar, especialmente voltados a médios e grandes produtores rurais.
De acordo com Alex Ferreira, CEO do Banco John Deere, as principais linhas subsidiadas como o Moderfrota e o Pronaf já estão esgotadas. Com isso, os financiamentos em moeda nacional se tornaram mais escassos e onerosos, o que impulsionou a demanda por novas opções de crédito com menor custo e maior previsibilidade. A aproximação da Agrishow, uma das maiores feiras do setor, deve acelerar essa migração para o dólar.
A companhia trabalha com duas modalidades de crédito externo: uma linha com taxa fixa do BNDES, voltada a equipamentos produzidos no Brasil, com juros em torno de 8% ao ano; e outra com recursos próprios captados no exterior, voltada à aquisição de máquinas importadas. Em ambos os casos, os financiamentos são estruturados de forma a atender às necessidades do agronegócio, com foco em operações de longo prazo.
Embora o banco não ofereça proteção cambial direta (hedge), os contratos em dólar são ajustados à realidade dos produtores que já operam com mecanismos de proteção, como exportadores de commodities. Essa modalidade vem ganhando espaço entre produtores irrigantes e empresários rurais que buscam expandir seus investimentos com maior previsibilidade financeira.
Além da reformulação nas linhas de financiamento, a John Deere também reforçou sua estratégia de inovação. Durante o evento John Deere Space, realizado em Campinas (SP), a empresa apresentou novos modelos de colheitadeiras, as séries S5 e S7, consideradas as mais avançadas do mundo em inteligência embarcada, e destacou o trator 5080, voltado a cultivos permanentes como o café, amplamente utilizados em regiões irrigadas.
A combinação entre crédito competitivo e tecnologia de ponta tem sido a principal aposta da companhia para manter sua relevância no mercado nacional, mesmo diante das dificuldades do cenário macroeconômico. Com essa estratégia, a John Deere segue contribuindo para a modernização do campo e a expansão da agricultura irrigada no país.
Nos últimos 10 anos, o financiamento no agronegócio passou por mudanças significativas. Antes centrado em taxas subsidiadas pelo governo, o setor viu a ampliação de fontes privadas, como bancos, fundos e indústrias, para suprir a crescente demanda por crédito.
“O recurso subsidiado não é suficiente para o mercado”, destaca Bruna Neri, gerente financeira da Netafim. “Temos um agro mais tecnológico e sólido, pronto para investir.”
A irrigação é uma das tecnologias mais estratégicas para a segurança hídrica e a produtividade agrícola. No entanto, financiar esse tipo de investimento ainda enfrenta barreiras.
Segundo Bruna, “A principal linha subsidiada para irrigação, que é o Proirriga, não é suficiente para o mercado de irrigação. Estima-se que o valor liberado anualmente para o Proirriga não contemple nem 20% da expectativa do mercado. Por isso, ser irrigante é depender cada vez menos desse tipo de linha e trazer novos agentes para financiar os produtores”.
Novas Soluções de Financiamento
Os financiadores estão inovando com prazos ampliados, garantias flexíveis e pagamento em commodities.
“A Netafim, por exemplo, desenvolveu uma linha de crédito via BNDES, com taxas pós-fixadas, prazos longos e carência para dar fôlego ao produtor”, afirma Bruna. Além disso, a empresa firmou parcerias com bancos privados para ampliar as opções de crédito.
A evolução do crédito possibilitou investimentos em tecnologias como a irrigação por gotejamento, promovendo o uso eficiente da água.
“A irrigação reduz desperdícios e aumenta a produtividade, mitigando riscos climáticos”, ressalta Bruna.
Expansão do Gotejamento e o Futuro do Financiamento
Linhas de crédito mais flexíveis permitiram que pequenos e médios produtores adotassem a irrigação. “A combinação
de novas tecnologias e crédito acessível pode transformar a agricultura brasileira, tornando-a mais eficiente e competitiva”, diz Bruna.
A Netafim segue expandindo parcerias com instituições financeiras para viabilizar crédito.
“O futuro aponta para mais incentivos a práticas sustentáveis, com apoio de iniciativas públicas e privadas”, disse Bruna. Eventos como Agrishow, Femagri e Fenicafé desempenham um papel crucial nessa evolução. “Durante esses eventos, há uma maior busca por soluções de crédito, já que os agricultores procuram entender melhor as opções disponíveis e como elas podem apoiar suas necessidades tecnológicas e de irrigação”, conclui Bruna.
A combinação entre novas tecnologias de irrigação e modelos de financiamento mais acessíveis promete transformar a agricultura brasileira nos próximos anos. Com crédito mais flexível e diversificado, o setor ganha fôlego para investir em inovação, garantir segurança hídrica e aumentar a produtividade de forma sustentável.
A Agrishow 2025, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, contará com uma série de melhorias em sua infraestrutura para garantir mais conforto e segurança aos visitantes e expositores. O evento acontece entre os dias 28 de abril e 2 de maio, em Ribeirão Preto (SP).
Entre as principais intervenções estão a reforma e ampliação dos banheiros femininos, a instalação de novas caixas d’água para melhorar o abastecimento durante os dias da feira e a modernização da rede elétrica, com novos pontos de transformadores para suportar a demanda dos estandes.
A mobilidade também foi aprimorada. A pavimentação das avenidas A, C e E, além da bilheteria Leste, vai facilitar o deslocamento do público. Outra novidade é a criação de um novo acesso direto pela rodovia, o que deve agilizar a entrada e saída dos visitantes, especialmente nos horários de pico.
A organização da Agrishow também desenvolveu, em parceria com a Polícia Militar Rodoviária e a concessionária “Entrevias”, um novo plano de sinalização e mobilidade para o entorno do evento, com o objetivo de garantir mais fluidez no tráfego e segurança para os motoristas.
A praça de alimentação da Rua H passou por um processo de pavimentação, melhorando as condições para o público em momentos de descanso e refeição. Com todas essas melhorias, a feira reforça seu compromisso em oferecer uma experiência mais moderna e confortável para os profissionais do agro.
A expectativa é que a edição 2025 da Agrishow supere a do ano anterior em número de visitantes, negócios gerados e soluções apresentadas — consolidando-se como uma vitrine essencial para a agricultura irrigada e a inovação no campo.
Às vésperas da Agrishow 2025, que tradicionalmente marca o anúncio do Plano Safra, a indústria de máquinas agrícolas, irrigação e armazenagem se mobiliza para assegurar que as políticas públicas estejam alinhadas às reais necessidades do campo.
Com a expectativa de juros elevados e orçamento restrito para o Plano Safra 2025/2026, representantes da indústria de máquinas agrícolas, irrigação e armazenagem se antecipam às definições do governo e cobram mudanças urgentes nas políticas públicas de crédito rural. A mobilização busca garantir que o próximo ciclo de financiamentos atenda às necessidades reais do campo e promova investimentos sustentáveis em infraestrutura, armazenagem e tecnologia.
No dia 19 de março, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) se reuniu com representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para apresentar propostas concretas voltadas ao fortalecimento do setor agropecuário. O encontro aconteceu em um momento decisivo, com os produtores enfrentando dificuldades de acesso ao crédito em meio à alta da taxa Selic e ao encarecimento das operações com recursos livres.
“Estamos atentos à construção de um Plano Safra mais equilibrado, que atenda a todos os elos da cadeia produtiva. Precisamos alinhar as expectativas do setor produtivo com a capacidade de execução do governo”, afirmou o secretário de Política Agrícola do MAPA, Guilherme Campos Júnior, durante a reunião. Segundo ele, o diálogo com o setor é fundamental para garantir eficiência e racionalidade na aplicação dos recursos.
Entre os pontos centrais apresentados pela ABIMAQ está a proposta de criação de uma linha de crédito rural em dólar, voltada a produtores exportadores e aquisição de insumos cotados em moeda estrangeira. A iniciativa visa ampliar o leque de opções para o financiamento de investimentos em tempos de juros elevados no Brasil. “Trata-se de uma alternativa importante para reduzir riscos e garantir competitividade em um mercado globalizado”, explicou o presidente executivo da entidade, José Velloso.
No setor de irrigação, os representantes da indústria defenderam ajustes no Proirriga — Programa de Financiamento
à Agricultura Irrigada e ao Cultivo Protegido — com foco na redução do prazo total de pagamento para quatro anos e carência de um. A medida busca adaptar o programa à realidade das empresas e produtores, incentivando a adoção de tecnologias mais modernas e o uso racional da água no campo.
Já para o segmento de armazenagem, a proposta é elevar o teto financiável do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), passando de 6 mil para 12 mil toneladas. Também foi sugerida a possibilidade de cumulatividade da capacidade instalada em projetos sucessivos, ampliando o investimento contínuo em infraestrutura e evitando gargalos na pós-colheita.
Outra proposta inovadora é a criação de uma linha de crédito voltada à armazenagem em condomínio. A ideia é viabilizar o compartilhamento de estruturas entre pequenos produtores, promovendo inclusão produtiva, redução de custos logísticos e maior eficiência na cadeia de escoamento da produção.
A ABIMAQ também alertou para a necessidade de maior transparência na distribuição dos recursos equalizáveis, defendendo que os bancos utilizem inicialmente recursos próprios antes de recorrer ao BNDES. “Essa priorização pode garantir maior fluidez ao crédito rural e beneficiar um número maior de produtores, especialmente os médios e pequenos”, destacou Walter Filippetti, diretor de Relações Governamentais da associação.
Outro ponto debatido com o MAPA foi a proposta de revisão da Lei de Recuperação Judicial. Segundo o setor, a atual legislação não contempla as especificidades do agronegócio, dificultando o acesso ao crédito em cenários de reestruturação. A ideia é construir um arcabouço jurídico mais condizente com as características produtivas e sazonais da agricultura brasileira.
Com o anúncio oficial do Plano Safra previsto para o início de junho, a indústria busca protagonismo na construção de políticas públicas que fortaleçam a produção nacional. “O que queremos é previsibilidade, clareza e segurança para investir. Estamos prontos para colaborar e encontrar soluções conjuntas”, reforçou Guilherme Campos, reiterando o compromisso do MAPA com o diálogo institucional e a inovação no campo.
Foto: Divulgação
Plano Safra 25/26: Dirigentes da ABIMAQ estiveram em reunião na Secretaria de Política Agrícola do MAPA.
• Janeiro a março/2025
Indústria e entidades do agro apresentam propostas ao governo.
• 19 de março/2025
ABIMAQ entrega sugestões ao MAPA em reunião com o secretário de Política Agrícola.
• Abril/2025
Finalização dos estudos técnicos do governo sobre orçamento e prioridades.
• Junho/2025
Anúncio oficial do novo Plano Safra.
• Julho/2025
Início da vigência do Plano Safra 2025/2026.
*Por Bruna Fernandes Bonin
Na primeira reportagem da série especial Polos Irrigados, a Irrigazine apresentou um panorama da agricultura irrigada no Brasil, destacando sua importância para a produtividade, segurança alimentar e desenvolvimento socioeconômico de diferentes regiões do país. A reportagem também evidenciou o Oeste Baiano e o Alto Teles Pires como dois polos importantes para o país, com forte adoção de tecnologias e estratégias voltadas à sustentabilidade no uso da água.
Agora, na segunda edição da série, seguimos pelo Cerrado brasileiro para conhecer dois polos igualmente estratégicos e promissores: o Noroeste de Minas Gerais e o município de Cristalina (GO). Ambos se destacam não apenas pelo volume de área irrigada, mas também pelo nível de organização produtiva, diversificação de cultivos, investimentos em infraestrutura hídrica e, principalmente, pelo papel fundamental que desempenham na produção nacional de alimentos.
Apenas para relembrar, de acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Brasil possui atualmente 26 polos nacionais de agricultura irrigada, definidos com base em critérios como área irrigada total, concentração e densidade de pivôs centrais, potencial de crescimento e relevância estratégica. O Noroeste mineiro e Cristalina integram esse conjunto por apresentarem características que favorecem o uso intensivo e tecnificado da irrigação, além de contribuírem significativamente para o abastecimento interno e a exportação de grãos, hortaliças e sementes.
Enquanto o Noroeste de Minas reúne municípios como Paracatu, Unaí, João Pinheiro e Buritizeiro, que cresceram a partir da oferta de água proveniente de aquíferos e barramentos, Cristalina consolidou-se como referência nacional na produção irrigada de sementes e hortaliças, posicionando-se como um dos municípios com maior área irrigada por pivôs centrais do Brasil.
Em comum, os dois polos enfrentam desafios como a pressão por licenciamento ambiental, a busca por eficiência hídrica e a necessidade de modernização constante das estruturas de captação e distribuição de água. No entanto, também compartilham uma visão de futuro baseada no uso racional dos recursos naturais, na adoção de tecnologias de precisão e no fortalecimento de políticas públicas que incentivem a expansão da irrigação de forma sustentável.
Nesta matéria, apresentamos um mergulho detalhado nesses dois polos do Cerrado, destacando os sistemas de irrigação mais utilizados, os cultivos de maior importância, a disponibilidade hídrica, as organizações atuantes e as perspectivas para os próximos anos. Uma jornada por paisagens produtivas onde a água é transformada em alimento, renda e desenvolvimento regional.
Foto: Divulgação
Com 26 polos reconhecidos, a agricultura irrigada sustenta o crescimento do agro no Brasil
Noroeste de Minas Gerais: tradição e modernização no uso da irrigação
Localizado no chamado “Berço das Águas”, o Noroeste de Minas é uma das regiões mais tradicionais em agricultura irrigada do país. Com municípios como Paracatu, Unaí, João Pinheiro e Buritizeiro, o polo concentra grandes áreas agrícolas tecnificadas e forte presença de pivôs centrais, além de adotar estratégias cada vez mais modernas de manejo da água.
A região é favorecida pela topografia plana, disponibilidade hídrica e clima com estação seca bem definida, fatores que impulsionaram o crescimento da irrigação desde a década de 1980. O Aquífero Urucuia, um dos maiores e mais estratégicos do Brasil, é a principal fonte de abastecimento hídrico da região, sendo complementado por barramentos e captação direta em cursos d’água.
Segundo Renata Tavares, engenheira agrônoma da EmaterMG, “o potencial do Noroeste de Minas só continua crescendo porque os produtores têm investido em tecnologia e gestão hídrica. O uso de sensores, estações meteorológicas e planejamento de irrigação é cada vez mais comum”.
De acordo com dados da Embrapa e da ANA, o Noroeste mineiro conta com mais de 250 mil hectares irrigados, com forte predominância do uso de pivôs centrais. Municípios como Unaí, por exemplo, figuram entre os maiores em número de equipamentos instalados no país.
Principais cultivos e sistemas de irrigação
A base produtiva do polo é bastante diversificada. Os principais cultivos irrigados incluem:
• Feijão (em diferentes ciclos do ano, com forte presença no mercado nacional)
• Milho (2ª e 3ª safras)
• Soja (em sistemas rotacionados)
• Hortaliças e sementes de hortaliças (produção de alta tecnologia)
• Café irrigado (em áreas específicas, com microaspersão)
O pivô central é a tecnologia mais amplamente empregada, mas há também uso crescente de gotejamento subterrâneo e microaspersão, principalmente em lavouras mais intensivas e em áreas com restrição hídrica ou de relevo.
Desafios e oportunidades
Um dos principais desafios enfrentados pelo polo está relacionado à gestão integrada dos recursos hídricos. O uso intensivo do Aquífero Urucuia tem gerado debates sobre sustentabilidade, levando à criação de planos de monitoramento e zoneamento agroambiental para orientar a expansão da irrigação de forma responsável.
Além disso, o polo tem se destacado na adoção de ferramentas de agricultura de precisão, como sensores de umidade do solo, estações meteorológicas locais e softwares de manejo
hídrico. O apoio técnico de instituições como Emater-MG, Embrapa Cerrados e ANA tem sido essencial para o avanço dessas práticas.
Cristalina (GO): polo de sementes, hortaliças e inovação irrigada
Com localização estratégica na divisa entre Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal, Cristalina se transformou em um dos maiores polos de produção agrícola irrigada do Brasil.
O município ocupa posição de destaque no ranking nacional de área irrigada por pivôs centrais, com mais de 95 mil hectares, segundo dados do Atlas da Irrigação.
O nome do município faz jus à abundância hídrica da região, que conta com nascentes, rios e aquíferos de excelente qualidade. Cristalina é abastecida principalmente pelos rios São Marcos e Paranaíba, com infraestrutura consolidada de captação, canais e barragens.
O município possui clima tropical com inverno seco, altitude elevada (mais de 1.000 metros) e solo fértil, fatores que contribuem para a alta qualidade das sementes e hortaliças produzidas. A combinação entre tecnologia e clima favorável fez de Cristalina um polo de referência nacional e internacional.
Principais cultivos e métodos de irrigação
Cristalina é conhecida principalmente pela produção de:
• Sementes de soja, milho e feijão
• Hortaliças folhosas e de raiz (alface, cenoura, beterraba, couve, repolho)
• Feijão irrigado (ciclo curto)
• Milho (safrinha)
• Frutas em sistemas intensivos (mamão, maracujá, morango)
Os principais sistemas de irrigação incluem:
• Pivô central (maior área irrigada)
• Gotejamento (principalmente em hortaliças e frutas)
• Microaspersão (áreas com cultivo intensivo)
Cristalina abriga diversas empresas de sementes e multinacionais agrícolas, além de cooperativas e associações que investem em pesquisa e desenvolvimento de novas cultivares, manejo de irrigação e boas práticas agrícolas.
Sustentabilidade e inovação
O polo também é referência em uso racional da água e gestão ambiental, com programas de reflorestamento de nascentes, construção de barraginhas e adoção de tecnologias digitais para otimização do manejo. Organizações locais como a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (COOPA-DF) e o Sindicato Rural atuam fortemente na capacitação de produtores e na articulação com o poder público.
A participação em programas de crédito voltados à irrigação, como o Inovagro e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Mais Irrigação), tem permitido a modernização das lavouras e a ampliação da área irrigada com responsabilidade socioambiental.
O Cerrado como protagonista da agricultura irrigada
O Noroeste de Minas e Cristalina representam com excelência a força da agricultura irrigada no Cerrado brasileiro. Ambas as regiões mostram que é possível aliar produtividade, tecnologia e sustentabilidade no uso da água para alimentar o Brasil e o mundo.
Com áreas irrigadas em constante expansão, alto grau de tecnificação e integração entre pesquisa, assistência técnica e organização produtiva, esses polos consolidam-se como referências nacionais. E o mais importante: indicam caminhos para o desenvolvimento agrícola sustentável em outras regiões do país.
Na próxima edição da série, a Irrigazine segue sua jornada pelos polos irrigados do Brasil, trazendo novos territórios, histórias e tecnologias que estão transformando a paisagem rural brasileira.
Foto: Divulgação | Cristalina combina altitude, clima e irrigação para liderar a produção de sementes e hortaliças no país
Por Daniel Pedroso – Especialista Agronômico, Netafim Brasil
Desde a descoberta da agricultura pelas civilizações antigas, a irrigação sempre fez parte desse sistema como um insumo essencial para a obtenção de alimentos.
Com o passar dos anos e à medida que os avanços tecnológicos foram surgindo, a agricultura, bem como a irrigação, passou por uma série de evoluções, aprimorando ainda mais a maneira e a eficácia da produção para atender ao aumento da demanda de uma população crescente.
A irrigação teve origem nas várzeas dos grandes rios, onde os cultivos eram irrigados de maneira ineficiente, pois não havia técnicas de manejo. Hoje, contamos com técnicas avançadas de irrigação, monitoramentos precisos e até o uso da inteligência artificial (IA).
Conhecida como a Era da Irrigação Digital, essa nova fase da agricultura se caracteriza pelo uso de sensores em campo e nos equipamentos de irrigação com conexão remota. Esses sensores enviam as informações coletadas para uma central, onde ocorre o recebimento, processamento e a disseminação dos dados em tempo real ao tomador de decisão, seja o gerente da área ou até mesmo robôs.
Atualmente, é cada vez mais comum encontrarmos nas usinas os C.O.I.s – Centros Operacionais de Irrigação. Esses ambientes possuem vários monitores que exibem, em tempo real, o funcionamento dos equipamentos de irrigação e a umidade do solo em diferentes áreas irrigadas.
Falando em equipamentos, o que antes exigia a presença de mão de obra humana para acionar e desligar os sistemas de irrigação, hoje pode ser feito à distância.
Por exemplo, no sistema de irrigação por pivô central, há plataformas que permitem, além do acionamento remoto, o monitoramento do funcionamento do equipamento. Além disso, essas ferramentas indicam se o manejo adotado está suprindo corretamente a necessidade da cultura.
Sistema de controle para pivôs centrais
O gotejamento, conhecido por ser o método de irrigação mais jovem (criado em 1965), nasceu e foi desenvolvido em um país com alta tradição tecnológica em irrigação: Israel. Esse sistema também evoluiu e, hoje, conta com tecnologia avançada de monitoramento e recomendação agronômica.
Uma dessas plataformas é o GrowSphere. Essa solução digital opera com sensores de monitoramento da umidade do solo e do funcionamento do equipamento de irrigação. Os dados são enviados para um controlador conectado à internet ou diretamente para a nuvem, permitindo que o operador da irrigação acesse as informações por meio de um aplicativo.
Tensiômetros de leitura remota
Controlador conectado à nuvem e acesso remoto
Gráfico da tensão do solo medido por tensiometria
Gráfico de umidade do solo (vol%) e a quantidade de água aplicada por irrigação
E a inovação não para por aí. Além do monitoramento do solo e do sistema de irrigação, a tecnologia GS disponibiliza o Crop Advisor, um sistema de recomendação de irrigação. A ferramenta analisa dados de clima, solo e cultura para sugerir uma agenda de irrigação personalizada para o produtor.
Com esse tipo de tecnologia, tanto o gerente da fazenda quanto o responsável pela irrigação têm acesso a gráficos que mostram a umidade do solo e o volume de água aplicado. Com essas informações, é possível avaliar se o manejo de irrigação adotado está condizente com as necessidades da cultura.
Sistema de sugestão de irrigação, Crop Advisor
Com o aumento da demanda por alimentos e a busca por sustentabilidade, a eficiência no uso da água se tornou fundamental para produzir mais com menos. Por isso, a decisão de quando e quanto irrigar deve ser baseada em dados precisos e rápidos.
Dessa maneira, com a evolução da tecnologia nos sistemas de irrigação, alcançar esse grande objetivo se torna cada vez mais viável.
Luiz Fabiano Palaretti1| Emanuel D´ Araújo Ribeiro de Ceitai2
Departamento
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP | Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal - FCVA
2Engenheiro Agrônomo – Mestre em Ciência do Solo
Em franca expansão, de área e de produtividade, o amendoim brasileiro se consolida como uma “futura commodity” e o estado de São Paulo desponta como o maior produtor. Considerando a primeira safra de 2023/24, o estado responde por 81% do total de 721,7 mil toneladas produzidas no Brasil (CONAB, 2025).
Figuram como as principais regiões produtoras de amendoim a Alta Mogiana, no eixo Ribeirão Preto, Dumont, Jaboticabal e Sertãozinho; e a Alta Paulista, no eixo Marília, Presidente Prudente, Tupã, Marília e Assis, que juntas representam 54,9% da produção do Estado de São Paulo (IEA, 2025).
O amendoim é cultivado em duas safras anuais, e cada uma delas tem suas particularidades, principalmente no que tange as condições edafoclimáticas da região (Figura 1).
Muito embora não seja uma regra, a primeira safra destinase a produção de grãos, enquanto a segunda se restringe a produção de sementes que serão utilizadas na próxima
safra. Nesta condição agrega-se valor ao produto e a rentabilidade é maior, gerando um cenário interessante para produtores.
Trabalhos científicos revelam que as exigências hídricas do amendoim irão variar muito com a época de semeadura, por exemplo, na região da Alta Mogiana, a cultivar Runner IAC 886 semeada em janeiro demandou 450 mm de água e quando semeada em abril a demanda alcançou 850 mm. A maior demanda na segunda safra é atribuída ao prolongamento do ciclo de cultivo que ultrapassa muito os tradicionais 130 dias observados na primeira safra.
As baixas de junho/julho prologam o ciclo em mais de 170 dias, na região de Jaboticabal, e com isso a demanda por água aumenta, exigindo o uso de sistemas de irrigação.
Embora seja um dos pilares da agricultura empresarial moderna, a irrigação em amendoim ainda é ínfima, restringindo-se a áreas isoladas e condições específicas.
No entanto, considerando o cenário de mudanças climáticas e crescente demanda por alimentos, fibra e energia, a estratégia de uso de irrigação no amendoim vem ganhando adeptos que por meio da inovação, tecnologia e robustez, buscam aumentar a eficiência no uso de água, reduzir os riscos e garantir o máximo rendimento da cultura.
Embora o amendoim seja considerado uma cultura tolerante a seca, a ocorrência de déficit hídrico na fase de emergência poderá comprometer a germinação e diminuir a viabilidade de sementes (Figura 2).
Se observada no período vegetativo causará o alongamento do ciclo da cultura. No entanto, na fase de florescimento e formação de vagens os efeitos do déficit hídrico são muito severos e na maioria das vezes irreversíveis, uma vez que, se observa queda de flores e o murchamento dos ginóforos.
A redução do número de vagens e grãos com menor passa indica a ocorrência de déficit hídrico na fase de frutificação.
Estudos realizados, em parcerias com instituições públicas e privadas, a Unesp de Jaboticabal tem encontrado resultados
interessantes que subsidiam estudos de viabilidade do amendoim irrigado e fertirrigado.
Alguns destes trabalhos demonstram que a adoção da fertirrigação e o manejo inteligente da irrigação aumenta a eficiência do uso de água e nutrientes pelo amendoim em todas as fases de cultivo.
No amendoim de segunda safra quando a lâmina de irrigação aplicada foi reduzida em 50% houve uma redução de 37% no desenvolvimento vegetativo e 41% na produtividade total de grãos limpos, que alcançou 2639 kg/ha, no regime hídrico de reposição total de água. Por outro lado, o amendoim cultivado sob déficit hídrico foi mais eficiente no uso de água para produção de sementes.
Os efeitos benéficos da irrigação também se refletiram no uso de nutrientes, mas este assunto é papo para artigo futuro!!!.
Além das pesquisas são realizados treinamentos e dias de campo nas áreas de produção de amendoim irrigado por aspersão, pivô central e gotejamento (Figura 3).
Acreditamos que ao unir conhecimento acadêmico e a experiência de mercado de nossos parceiros, poderemos oferecer soluções ideais para atender às necessidades do setor do amendoim e promover a irrigação de forma eficiente, com respeito as especificidades do ambiente de cultivo e ao bolso do produtor rural.
Agradecemos aos leitores e nos dedicamos a melhorar sempre a cadeia produtiva do amendoim brasileiro,
Obrigado!!!
José Giacoia Neto - Engenheiro Agrícola, M.Sc.
em
Irrigação
e Drenagem (UFV) e MBA em Gestão Comercial (FGV). Agriculture International Business Manager Global, Rain Bird.
Nas especificações atuais da FIFA, o projeto e o manejo da irrigação são ainda mais específicos, sendo exigida a possibilidade de funcionamento individual de cada aspersor, com uma válvula para cada emissor. Esse layout é recomendado com um número mínimo de 35 aspersores como apresentamos em nossos artigos anteriores.
Esta necessidade nos leva a um tipo de automação específica que necessita ofertar uma dinâmica de flexibilidade de operação avançada e específica.
Além disso o sistema necessita ter controle de consumo de água e gerenciar as vazões máximas e mínimas de projeto bem como detectar anormalidades, fugas de água ou restrição de água na rede hidráulica.
A forma mais comum e popular de automatizar o sistema é por meio do uso de controladores eletrônicos.
O controlador é um temporizador eletrônico onde realizamos toda a programação do sistema, configurando horários, duração e frequência da irrigação. Em um estádio de futebol existem exigências de operação que vão além da irrigação.
Existem diversos modelos disponíveis no mercado, com diferentes formas de programação e capacidades.
Para um campo de futebol, precisamos de uma programação amigável e de fácil manuseio, porém com algumas particularidades:
• Deve permitir pelo menos oito repetições diárias.
• A programação do calendário pode ser necessária devido aos horários de uso do estádio.
• Capacidade de um programa independente para ativar o poço de abastecimento do reservatório ou acionar a retrolavagem do sistema de filtragem.
• Leitura de vazão instantânea e acumulada.
• Sequência de estações por prioridade e não apenas por sequência numérica.
• Capacidade de operar estações simultaneamente, conforme o tipo de programação.
• Ter pelo menos capacidade de 8 programações independentes.
• Ter programas inativos (sem acionamento automático por horário), que podem ser ativados para determinadas aplicações específicas.
• Exemplo acionar sistema remotamente para injeção de herbicidas.
• I rrigação de antes e intervalos de jogo durante partidas.
• Ligar sistema em função de um sensor de geadas.
Fig. 1. Imagem de Controlador para irrigação
Os controladores podem ser dimensionados de acordo com o número de estações que irão operar. É importante destacar que um único controlador pode gerenciar mais de um campo de futebol. Podemos utilizá-lo para centros de treinamento e também para outras áreas verdes que necessitem de irrigação, operando com um único controlador e uma bomba.
Os controladores devem ser protegidos eletricamente. Idealmente, devem ser instalados com um aterramento exclusivo (entre 0 e 5 ohms é a resistência de terra ideal para o controlador) e conectados a um estabilizador de voltagem. Deve-se evitar a instalação em locais úmidos e de difícil acesso.
Fig. 2. Diagrama de sistema de irrigação por cabo de dados e comando duplo
O sistema de automação mais utilizado em estádios de futebol fechados é o sistema de “dois fios”, que possui um par de cabos que vai diretamente do controlador até as válvulas que controlam os setores.
Esse sistema permite o fluxo de dados e energia para os solenoides inteligentes, que possuem um “endereço” para serem reconhecidos pelo controlador.
Os controladores podem ser conectados à nuvem e ajustar automaticamente o tempo de irrigação de acordo com a variação do clima.
Uma vez conectados à nuvem, eles podem ser acessados remotamente por computadores ou dispositivos móveis.
Essa é uma recomendação geral não somente para estádios.
O Controle Central também permite a conexão com dados meteorológicos disponíveis na região do projeto e o ajuste diário do tempo de irrigação de acordo com as mudanças climáticas.
Com isso, temos economia de água, melhor qualidade do gramado e melhor jogabilidade.
O ajuste diário por mudança de irrigação necessária promove também proteção contra enfermidades e fungos.
Fig. 3. Imagem de software de controle central e interação com controlador
Uma boa programação junto com a flexibilidade de colocar um coeficiente de cultivo por cada setor, em neste caso, cada aspersor, promove uma grande flexibilidade de ajuste de acordo com a mudança de microclima em função de mudança de sombra da manhã e tarde e o mais importante a variação do sombreamento ao longo do ano.
O sistema permite ajuste de Kc para cada setor e pode ser programado para cada mês do ano de acordo com a necessidade de controle.
Com esta flexibilidade e exatidão permitimos que cada quadrante (total de 24 para um estádio com 35 aspersores em operação individual), receba uma lâmina de irrigação específica.
Fig. 4. Comparação entre irrigação com tempos fixos todos os dias, ajustes semanais e ajustes diários por estação meteorológica.
5. Exemplo de programação de Kc individual por setor de irrigação
de 8 aspersores simultâneos durante intervalo de jogo no Estádio Centenário – Uruguai