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REVISTA O GIROLANDO

Bruno Marinho Mendonça Guimarães Maria Cecília Rabelo ThallysonThalles Teodoro de Oliveira

SAÚDE ANIMAL

JORGE BORBA

Equipe Sanidade - Grupo Rehagro

Coccidiose: até onde estamos vendo o problema? Bezerros são mais suscetíveis à eimeriose clínica

A coccidiose, também conhecida como eimeriose, consiste em uma doença de distribuição mundial muito comum em rebanhos leiteiros, sendo causada por protozoários da ordem Coccidia. Não é raro que em fazendas brasileiras a coccidiose apresente uma prevalência próxima a 100% nas bezerras. Dentre os sinais da doença, o principal é a diarreia, mas nem sempre ela está presente. Em muitos casos os animais desenvolvem a coccidiose e permanecem em estado subclínico, representando uma fonte de infecção para o rebanho. Cuidar do ambiente, ajustar as dietas e monitorar os animais são etapas fundamentais para o controle e a prevenção da doença. O que é a coccidiose? Conforme mencionado, outra denominação conhecida da coccidiose é eimeriose. Essa denominação é bastante representativa quando conhecemos o agente etiológico da doença, pertencente ao gênero Eimeria. Das mais de doze espécies de Eimeria relatadas até hoje, as que atingem os bovinos com mais virulência são a Eimeria bovise a Eimeria zuernii. O ciclo da coccidiose se desenvolve 32

praticamente no nível intestinal, com a infecção dos bovinos ocorrendo por meio da ingestão de oocistos esporulados presentes na água ou em alimentos contaminados. Já no intestino do hospedeiro, os protozoários invadem as células e se multiplicam no interior delas, causando o rompimento dessas estruturas. Com as células rompidas, os oocistos não esporulados ganham a luz intestinal e são liberados no ambiente através das fezes. Ao serem submetidos a certas condições ambientais de temperatura e umidade, os oocistos se tornam esporulados e infectantes. Devido à alta resistência, é possível que esses oocistos permaneçam infectantes no ambiente por longos períodos até serem ingeridos, dando início a um novo ciclo. Inimigo oculto Relatos científicos demonstram que bezerros com idade entre 3 semanas e 6 meses são mais suscetíveis à eimeriose clínica, o que pode ser considerado um motivo a mais para se preocupar com a colostragem e proteção imunológica dos animais jovens. No entanto, também há documentação de altas taxas de infecção em animais com idade por volta de um ano, mostrando que a epidemiologia

é variável. Não é comum acontecerem manifestações clínicas de eimeriose em animais adultos, mas podem ocorrer em condições de alta carga parasitária, depressão imunológica ou desequilíbrio do organismo do hospedeiro. O sinal clássico da eimeriose é a diarreia, onde em casos severos se apresenta profusa e com traços de sangue nas fezes. Entretanto, não devemos considerar esse sinal como regra para a eimeriose, pois doenças como salmonelose também podem provocar diarreia sanguinolenta. Como consequência da diarreia, o animal pode desenvolver desidratação, apatia, anemia e, em alguns quadros, sintomatologia nervosa. Embora a diarreia seja o principal sinal, alguns animais desenvolvem a forma subclínica da doença, comum em situações onde a pressão de infecção é baixa e/ou o animal possui imunidade devido contaminações anteriores. Dessa forma, os animais subclínicos atuam como reservatório e fonte de liberação de oocistos no rebanho, representando um perigo que nem sempre é identificado. As perdas ocasionadas pela eimeriose não são restritas somente aos casos clínicos. Estudos compreendendo a situ-


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