Com uma escova em mãos tento fazer o que Manoel de Barros diz nesse poema - escovar - não só as palavras, mas a memória enterrada que vive por debaixo da história que nos contam sobre quem somos e sobre a cidade em que vivemos. Desta forma, este trabalho se inicia a partir do desejo de pensar a memória daqueles que geralmente tem seu passado obliterado, dos que não aparecem nos livros de história, daqueles em que a luta dos antepassados é escondida, para assim, ver a memória que sobrevive.
Sobrevivência é uma palavra que me instiga no sentido em que evoca a vida em si, mas ao mesmo tempo é relativa àquele que permanece vivo “apesar de”, que insiste em viver, que resiste à morte. Resistência, palavra que é cada vez mais clamada pela população, sobretudo pelas minorias que precisam insistentemente lutar pela permanência de seus direitos, entre eles, o de existir. Do ponto de vista político, não é incomum em nossa história momentos como o atual; de perda de direitos adquiridos ao longo de