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As consequências do e-lixo
Lixo eletrônico é um problema de saúde pública que pode ter solução
Stacy Barbosa
Aconscientização ambiental é um processo demorado. No entanto, a reciclagem que é uma etapa simples e muito importante, já faz parte do cotidiano de muitas famílias. Um ciclo precisa ter início, meio e fim para ser completo, e quando o assunto é o lixo eletrônico, muitas falhas de percurso o impedem de ser finalizado.
Sabe aquele computador que não funciona mais, a televisão quebrada, a lâmpada queimada, as pilhas velhas e os celulares estragados? Tudo isso é e-lixo, ou lixo eletrônico. Carlos Mello Garcia, mestre em Recursos Hídricos e Meio Ambiente, comenta que os itens citados acima são os descartes mais comuns da categoria. Além de tóxico, o que já gera certo receio, o lixo eletrônico, quando não descartado da maneira correta, pode trazer sérios danos tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana.
O maior problema do e-lixo é que envolve materiais pesados, que possuem alta densidade e, normalmente, não são encontrados em organismos vivos, prejudicando o ecossistema. Segundo um trabalho de iniciação científica (PIBIC) apresentado na PUCPR pelo aluno Felipe Lukavei, “tais metais são bioacumulativos, ou seja, acumulam-se no decorrer da cadeia alimentar e, assim, atingem em maior escala os predadores, e logo, o homem. Os metais cádmio, mercúrio e chumbo não têm funções no corpo humano e são, ao contrário disso, prejudiciais ao mesmo podendo causar várias doenças em determinadas quantidades”. Garcia afirma que é importante saber os riscos que o e-lixo pode representar. “É necessário ter em mente que todo tipo de lixo eletrônico possui os chamados materiais pesados, que têm o ‘efeito acumulativo’ no organismo humano, e o resultado final são doenças graves, como o câncer. O mesmo serve para o que você come: se você se alimenta de um peixe que está contaminado, você se contamina também”, explica.
Karin Schellmann, especializada em Análise e Gestão Ambiental e em Educação Ambiental em Espaços Sustentáveis, conta que os problemas que o e-lixo pode causar vão além da saúde pública. “O lixo eletrônico pode ocasionar diversos problemas, o primeiro e que podemos desconsiderar ‘menos grave’ é a poluição visual,
Alana Freiberger
Equipamentos eletrônicos podem causar danos ao meio ambiente.
porém, os demais podem gerar consequências graves, tais como a poluição hídrica. Infelizmente, muitos componentes eletrônicos não permitem a sua reutilização ou reciclagem. Assim, o mais correto seria a adoção efetiva da política reversa, em que os produtores são obrigados a retirar seus produtos para destinação correta, como já é realizada, por exemplo, com as baterias de carros”, esclarece.
Karin fala que as campanhas de conscientização e as leis de crime ambientais existem desde 1990 e que o mais importante é que a população faça parte desse processo. “A população precisa desenvolver valores que proporcionem o
reestabelecimento do convívio em sociedade, com respeito e ética. É necessário que o ser humano respeite a si próprio e aos outros. Assim, ele estará compreendendo que, por meio das relações intrínsecas entre sociedade e meio, é que será possível estabelecer um patamar sustentável em todos os ambientes”, diz.
Mirian Binhara, arquiteta, revela que onde mora não há qualquer tipo de posto de coleta de e-lixo. “Moro na Lapa, e aqui não existe coleta de materiais tóxicos, nem empresas que recolham esses materiais. Por isso, acabo guardando pilhas velhas e lâmpadas fluorescentes em caixas. Já computadores, celulares e eletrodomésticos, quando estragam, vendo para técnicos para que eles possam aproveitar as peças que não estragaram”, relata.
Em Curitiba, ainda tramita na Câmara Municipal o projeto de lei que estabelece normas e procedimentos para o gerenciamento, destinação e reciclagem de “lixo tecnológico” no município. A proposta, de autoria de Carla Pimentel (PSC), visa a conscientizar a população sobre a importância da logística reversa e do impacto ambiental dos resíduos eletrônicos.
De acordo com um estudo realizado em 2013 pelo Instituto de Tecnologia da Universidade das Nações Unidas (UNU), na China, em 2017, o volume anual de lixo eletrônico será de 65,4 milhões de toneladas, o equivalente a 200 edifícios como o Empire State, em Nova York, ou 11 construções das dimensões da Grande Pirâmide de Giza.
Com a evolução tecnológica cada vez mais rápida e o consumo desses equipamentos cada vez mais elevado, é importante saber qual a destinação correta para esses materiais. Assim, você não prejudica o meio ambiente e protege a sua saúde. Procure sempre um posto de coleta mais próximo.
Serviço
Saiba o que fazer com equipamentos eletrônicos velhos
1Deixe no Lixo que não é Lixo: eletrônicos recolhidos pelo caminhão da coleta seletiva são levados para uma central de reciclagem, em Campo Magro. O material é leiloado a cada três meses e a renda retorna para financiar o programa Lixo que não é Lixo. Consulte dias e horários que o caminhão passa na sua rua no site http://geocoletalixo.curitiba.pr.gov.br/ reciclavel.aspx
2Doe para associação de reciclagem: o Instituto Brasileiro de Ecotecnologia é uma organização sem fins lucrativos recomendada pela prefeitura de Curitiba para recolher lixo eletrônico domiciliar.
A entidade separa o material e o vende, gerando renda para a manutenção dos trabalhos sociais, ou reaproveita os equipamentos e peças para aulas de robótica.
Telefone: (41) 9932-0168.
3Venda como sucata: algumas empresas compram o lixo eletrônico. Na maioria das vezes, o valor é simbólico, como R$ 2 por um computador. A Reciclatech busca os aparelhos na sua casa ou empresa.
Contato pelo fone (41) 3606-9623 ou e-mail reciclatech@reciclatech.com.br. Há ainda a Hamaya do Brasil, no município de Fazenda Rio Grande, que não busca o material, mas compra por quilo. Telefone: (41) 3060-3500.
4Doe para uma entidade assistencial: várias organizações precisam de materiais de informática e aceitam doações, desde que os equipamentos estejam funcionando. É o caso do projeto ETM, que adapta computadores para pessoas que têm graves dificuldades motoras. Contato pelo telefone (41) 9946-2966 ou pelo e-mail alexandrehenzen@hotmail.com.
5Posto de coleta: você pode encontrar postos de coleta próximos à sua residên-
cia acessando: http://desapegoconsciente.org/