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Mais chocolate, por favor

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Bodas de ouro

Bodas de ouro

Desde quando surgiu, o chocolate conquista pessoas por onde passa. Com cada vez mais tipos, formas e sabores, além de saboroso, é benéfico à saúde em vários âmbitos, ajuda as pessoas a se relacionarem e acalma. Tudo isso graças a seus vários componentes, como, por exemplo, os flavonoides e seus efeitos antioxidantes

Amanda Louise e Bruna Carvalho

Não se sabe ao certo quando ele surgiu, mas os principais relatos na história contam que por volta do ano 250 d.C. o povo maia utilizava o cacau (em uma forma bem diferente, a semente era fermentada, tostada e moída até virar uma pasta misturada com água, farinha de milho e pimenta) como oferenda aos deuses. A partir de 1400, quando os astecas dominaram a civilização maia, a bebida nobre ganhou o nome de cacauhatl (água de cacau).

Quando chega à Europa pela primeira vez, em 1521, se junta ao açúcar e em 1600 se torna sucesso no mercado europeu. Por volta de 1700, as “Casas de Chocolate” começaram a competir com as “Casas de Café” em Londres, mas é no século XIX que os avanços tecnológicos e de mercado se acentuam. Em 1828, o holandês Conrad Van Houten inventa uma máquina que extrai a manteiga do cacau, a outra parte vira chocolate em pó. E é nessas épocas que as grandes empresas, como a Hershey, a J. S. Fry & Sons e a Nestlé começam a aparecer e competir no mercado.

Somente em 1900, o chocolate deixa de ser um produto exclusivo de elite e torna-se acessível à classe média devido à queda drástica do preço do cacau e do açúcar. Hoje é encontrado facilmente com diversas opções de preços e tipos. Saúde

Há muito tempo o consumo do alimento desperta interesse em pesquisadores. Durante a Segunda Guerra Mundial, o poder energético e antidepressivo foi reconhecido pelo Exército americano e fazia parte da ração D, consumida pelos soldados.

Em 1985, a toxicóloga do Hospital Fernand Vidal, em Paris, Chantal Favre-Bismuth investigou as causas da “chocolatemania”. Segundo ela, dopamina, feniletilamina e 17 receptores de anfetaminas são responsáveis pelo desejo de comer chocolate.

Em 2005, pesquisadores da Universidade di L’Aquila, na Itália, comprovaram que o consumo de chocolate com alto teor de flavonoides (meio amargo), pode reduzir a pressão sanguínea em pessoas com hipertensão. Além disso, uma pesquisa do Journal of Nutrition relatou que comer uma pequena porção de chocolate pode reduzir o risco de doença cardíaca.

Os componentes do chocolate têm propriedades excelentes. Por exemplo, o consumo diário de flavonoides, presente em especial no meio amargo, pode prevenir doenças, como o câncer e doenças cardiovasculares; ajuda a diminuir a ação maléfica dos radicais livres prevenindo doenças e o envelhecimento.

Uma pesquisa feita na Alemanha mostrou que mulheres que bebiam chocolate quente, fortificado com flavonoides toda manhã durante três meses, sofriam menos efeitos nocivos dos raios UV do que mulheres que bebiam chocolate quente com menos flavonoides. Além disso, os flavonoides podem ajudar as pessoas a trabalhar com números.

Foto: Bruna Carvalho

Cada vez mais, o chocolate artesanal ganha espaço no mercado.

“Vender chocolate é uma venda que satisfaz na hora da compra e na hora da entrega.”

Paixão antiga

Curitiba está se tornando um dos principais polos gastronômicos do país. A chance de desenvolver uma empresa de sucesso vem para aqueles que conseguem levar a mistura de criatividade e tradição para o paladar dos curitibanos.

As marcas Ana Tereza Chocolates e Grué Chocolateria começaram de maneira parecida. Em ambas, a paixão pelo chocolate trouxe resultados. Para Ariel Calisto, sócio-gerente da Ana Tereza Chocolates, tudo começou quando seu pai perdeu o emprego e a venda dos chocolates que sua mãe, Tereza, fazia para conhecidos e familiares, virou a única alternativa para sustentar a família. Vinte e três anos depois, a marca, que agora tem três lojas em Curitiba, pretende se tornar uma franquia.

“O nosso crescimento vem da procura pelo chocolate artesanal, não por aquele que você encontra em qualquer prateleira de mercado”, conta Calisto. Ele garante que os curitibanos vêm consumindo cada vez mais o alimento, e a recente descoberta dos clientes é o chocolate amargo. O setor de presentes também é um dos mais movimentados da loja, para amigos, casais e familiares, o chocolate sempre é garantia de satisfação.

A chocolatier Polyana Rodrigues, fundadora da Grué Chocolateria, também confirma que o cacau é uma ótima maneira de mimar as pessoas. “Vender chocolate é uma venda que satisfaz na hora da compra e na hora da entrega”.

Hoje a marca só trabalha com o chocolate belga como matéria-prima, mas a produção começou quando ela fazia chocolate para colaborar na renda na época de faculdade e para amigos nas datas especiais. Essa proposta ainda parece com o objetivo da Grué. “Oferecer um produto bom que é feito com o amor”, diz Polyana.

O público das chocolaterias gourmet é 80% feminino. As idades variam, mas geralmente o público jovem compra mais. “Alguns chegam a vir todos os dias”, diz Ariel.

Sobre a entrada dos chocolates importados no mercado, os proprietários afirmam que isso não interfere diretamente na venda, já que o público das lojas artesanais conhece os benefícios do chocolate não industrializado.

“Oferecer um produto bom que é feito com amor.”

Acima Ariel Calisto sócio-gerente da Ana Tereza Chocolates e a funcionária Marjorie Hipólito. Abaixo Polyana Rodrigues proprietária da Grué Chocolateria.

Na dúvida, chocolate

Amargo, meio amargo, branco, ao leite… Existem tantos tipos de chocolate que é comum ficar em dúvida na hora de escolher qual pegar na prateleira. Dos clássicos aos exóticos, selecionamos alguns para te ajudar a saborear melhor:

Amargo

Podendo variar de 90% até 50%, de cacau, é importante lembrar que quanto maior a porcentagem, mais benefícios o chocolate possui. O chocolate amargo possui menos açúcar e gordura e dose redobrada de antioxidantes e fibras.

Meio amargo

De 35% até 50% de cacau, o chocloate meio amargo é uma opção para aqueles que sentem falta do sabor docinho no alimento mas não querem deixar de ingerir as substancias “do bem”. É uma ótima escolha para os que estão fazendo a transição entre o ao leite e o amargo.

Ao leite

Com 10% até 15% de cacau, uma das opções mais doces e populares de todas é o chocolate ao leite. Com moderação, esse tipo também pode trazer benefícios. Mas a dose deve ser bem reduzida para quem não quer engordar, afinal, a gordura e o açúcar equivalem praticamente a mesma quantidade de cacau.

Variados

De avelã, amêndoas, pistache, chocolates diferenciados são uma ótima escolha para variar o sabor e melhorar a saúde. Além de dar mais saciedade, as castanhas são uma ótima fonte de vitaminas e minerais.

Pimenta

Relembrando a maneira como era ingerido pelos astecas, o chocolate com pimenta é uma escolha exótica para os chocólatras. É conhecido que a pimenta aumenta o metabolismo. Melhor maneira de queimar calorias do que essa não há.

Branco

O chocolate branco geralmente é produzido com gordura hidrogenada e sem nenhuma dose de cacau. É uma delícia, mas infelizmente essa versão não traz nenhum benefício à saúde já que contém basicamente gordura e açúcar.

Rodrigo Sigmura: “eu vejo o chocolate como uma válvula de escape. Quando estou estressado, triste ou simplesmente cansado, como chocolate. Na verdade, até quando eu estou bem como!”

Marcela Hoffelder: “Chocolate é como se fosse uma das comidas dos deuses, que nós, meros mortais, tivemos acesso.”

Vanessa Frulani: “Ele é um calmante, é quase uma droga, de verdade. Eu sinto uma sensação ótima enquanto eu como e depois que acaba eu fico triste querendo mais.”

Débora Dutra: “Eu sempre fui apaixonada por chocolate, mas de uns anos para cá essa paixão desenfreada cresceu. Eu preciso comer todos os dias, principalmente após o almoço, como uma necessidade. Termino de comer algo salgado, preciso de um.”

Thyane Antunes: “Eu sinto prazer em comer chocolate. A minha felicidade é igualmente proporcional a quantidade de chocolate que como.”

Shaiene Ramão: “Como chocolate todos os dias. Se eu não comer no dia, passo mal, fico com raiva, fico brava. Gasto pelo menos uns R$250 por mês com chocolate.”

Mônica Seolim: “A minha sensação comendo um chocolate é de autosatisfação, sabe aquela coisa de ‘dane-se o mundo enquanto eu como meu chocolate’.” Os relatos dos chocólatras provaram que o poder do chocolate não está relacionado somente ao paladar, mas também às emoções. A psicóloga comportamental Vitória Baldissera explica por que o efeito pode ser tão viciante, “ao ser ingerido, ele faz com que o cérebro produza serotonina e endorfina no organismo, os hormônios são ligados ao prazer, ao bem-estar e à sensação de recompensa. Como essa produção é imediata, faz com que nos sintamos bem na hora que comemos”.

Essa sensação é viciante e é preciso cuidado, pois a ingestão de gordura em excesso é prejudicial e pode criar um ciclo nada saudável. Para os que se sentem incompletos sem o chocolate, a psicóloga recomenda “procurar uma terapia, lá, a pessoa pode descobrir qual o significado do chocolate para ela, que função tem o comer para ela e procurar maneiras de evitar o consumo e de sentir prazer com atividades mais saudáveis” tudo isso com a ajuda de um psicólogo, conta Vitória.

“O chocolate é um dos primeiros ‘desejos’ ou ‘pensamentos’ quando estamos naquele momento um pouco mais delicado, carente, depressivo ou até mesmo para socializar”, diz a nutricionista Scheila Karam. Segundo ela, o efeito benéfico se relaciona principalmente aos flavonoides antioxidantes, pois eles reduzem a oxidação de LDL (o mau colesterol), evitando assim seu depósito nas artérias.

Com relação à dosagem, a nutricionista alerta “o ideal é consumir 30 gramas por dia. Essa quantia é equivalente a dois bombons ou um tablete pequeno. Entretanto, é importante reforçar que é um alimento bem calórico e com uma boa quantidade de gordura”.

Lojas e serviços

Ana Tereza Chocolates

Av. Manoel Ribas 6.104 A - Santa Felicidade (41) 3018 - 1153 Seg. à Sex. das 9h às 19h Sab. das 9h às 18h

Rua Desembargador Vieira Cavalcante, 1.106 - Mercês (41) 3244 - 1152 Seg. à Sex. das 11h às 17h45

Pollo Shop Alto da XV - Loja 120 - (41) 3360 - 5633 Seg. à Sab. das 10h às 22h Dom. das 14h às 20h

Feira de Artesanato Largo da Ordem - Aos domingos das 9h às 14h, em frente ao Museu Paranaense.

Os preços variam entre R$ 1 e R$ 129. Carro-chefe da casa: alfajor de doce de leite. Grué Chocolateria

Av. João Gualberto, 2095 - Cabral - (41) 3352 5586 Seg à sex das 10 às 19h sábado das 10h às 13h.

Av. Manoel Ribas, 3540 - Santa Felicidade ( 41) 3339 2818 Seg à sex das 10 às 19h Sábado e domingo das 10h às 18h.

Os preços variam entre R$ 4 e R$ 250. Carro-chefe da casa: chocolate quente.

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