
4 minute read
Bodas de ouro
A relação de amor de algumas lanchonetes e curitibanos já dura mais de 50 anos
AAlém de avanços científicos, tecnológicos, mudanças culturais e comportamentais, os anos dourados proporcionaram aos moradores de Curitiba progresso na área gastronômica. Em uma época na qual a população saía com maior frequência às ruas, havia mais sociabilidade e cafés do que na atualidade, conta o historiador Marcelo Sutil. Algumas lanchonetes sobreviveram ao tempo e continuam a funcionar lotadas de antigos clientes, agora acompanhados de filhos e netos.
Alceu Azevedo, de 47 anos, conheceu a Pastelaria Brasileira ainda na adolescência, quando prestava serviço de ourives no Centro. Hoje, mesmo trabalhando em um local mais afastado, tem prazer em levar sua filha Fernanda para comer o famoso pastel. “Gosto de lá, porque é simples e a comida é boa, ideal para comer algo rápido no almoço. Minha filha adora vir aqui. Mesmo com opções mais modernas, sempre escolhe o pastel.”
Depois de cinco anos no Japão tentando melhorar a economia da casa, Elizeu Eberhardt decidiu voltar ao Brasil quando ficou sabendo de uma antiga pastelaria que estava à venda e decidiu comprá-la. Atualmente dono da Brasileira, ele tem orgulho em dizer que o local já virou tradição nesses 55 anos de história. “Tem aquele freguês que vem todo dia, não enjoa do pastel.” Para quem fala que o ponto é referência em baixa gastronomia na cidade, Elizeu brinca: “Aqui a gastronomia é baixa, mas a qualidade é alta”.
Quem não gosta muito de pastel pode encontrar no centro da capital paranaense outras opções que venceram o tempo. A Itália Pizzaria, conhecida pela pizza mussarela acompanhada da vitamina de frutas, está desde 1959 no mercado gastronômico de Curitiba. Nessa época quem administrava a lanchonete era o avô de Ana Cristina Birindello, Bruno Birindello. “Agora sou eu que fico aqui, mas é muito bacana ver que ao mesmo tempo em que a pizzaria passou por gerações em minha família, nossos clientes também já são filhos e netos de pessoas que a frequentavam”, conta Ana.
O Bar Triângulo é uma alternativa um pouco mais antiga ao paladar. Na Rua XV desde 1939, o local nunca revelou a almejada receita do sanduíche de pernil com verde, atrativo para a maioria dos clientes. Sandra Maria Hamdar é quem gerencia o bar há 13 anos, juntamente com o marido e o filho. Para ela, manter a tradição e o ambiente familiar é o que importa. “Temos de deixar as coisas como estão. O bar é famoso assim.”
O gastrônomo Diogo Ultrabo explica que o sucesso de empreendimentos como a Pastelaria Brasileira, a Pizzaria Itália e o Bar Trinângulo, é decorrente de um segredo: comida bem feita e a preços justos. “Eles possuem boa referência porque são clássicos. É uma coisa que passa de mãe para filho. Minha mãe também me levava a esses lugares. O que influencia também é ter uma comida
-Diogo Ultrabo, gastrônomo
extremamente bem feita e com um preço super justo.”
Diante de um mercado focado na alta gastronomia e comidas gourmet, o centro de Curitiba oferece opções mais acessíveis com um bom custo/benefício. Sem grandes chefs e estruturas sofisticadas, a única regra para esses lugares é comida saborosa e atendimento de qualidade.
Serviço
Pastelaria Brasileira – Rua Cândido Lopes, 156, Centro Aberto de segunda a sexta, das 7:30 às 19:00, sabados das 7:30 às 14:00 Telefone: (41) 3233-4549
Itália Pizzaria - Rua Cândido Lopes, 229 , Centro Aberto de segunda a sexta, das 9:00 às 20:00, sábados das 9:00h às 16:00 Telefone: (41) 3232-5175
Bar Triângulo - Rua XV de Novembro, 42, Centro Aberto todos os dias das 10 h à meia-noite. Telefone: (41)3014-4850
Foto: Maria Fernanda Schneider


Itália Pizzaria
Dona Valda Ouriques é a funcionária mais antiga da lanchonete. Já está há 17 anos servindo uma das melhores pizWzas da cidade, segundo os próprios curitibanos.
Pastelaria Brasileira
De acordo com o proprietário, o pastel deve ser bem recheado. “Nada de ficar medindo recheio, como a concorrência. O negócio é agradar a clientela.”








