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E aí, partiu?

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cidARTE

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Suzana Paquete, jornalista e marketeira digital, chegando à ilha de Koh Tao, na Tailândia.

Colecionar histórias e aventuras estão entre as preferências dos mochilheiros, que saem pelo mundo com o objetivo de conhecer novos lugares, culturas e pessoas

Amanda Bedide, Guilherme Liça e Hellen Ribaski

Viajar está entre as atividades que a maioria das pessoas ama fazer. Fugir das rotinas diárias, dar uma pausa no trabalho ou nos estudos, ter mais tempo para si mesmo e conhecer lugares e pessoas novas sem preocupações. Tudo isso é tão bom, que muitos descobrem uma verdadeira paixão. Colocar uma mochila nas costas, escolher um destino e botar o pé na estrada, prontos para ganhar um mundo cheio de culturas diferentes e histórias para serem vividas.

Viajar se torna uma verdadeira aventura. E pessoas que colecionam histórias para serem compartilhadas não faltam. O engenheiro florestal Guilherme Canever teve a incrível experiência de percorrer o mundo durante três anos, ao lado de sua atual esposa, a psicóloga Bianca Soprano Canever. Ambos deixaram seus empregos e partiram. “Eu sempre gostei de viajar, e, durante alguns trajetos mais curtos,

tive o prazer de conhecer pessoas que estavam fazendo percursos mais longos. Tive a certeza de que eu também queria fazer isso”, conta. Em princípio, quando comentou com sua esposa, ela não levou muito a sério. “Para convencê-la, expliquei que precisávamos ir antes que estivéssemos totalmente estabilizados profissionalmente, porque depois seria mais difícil abandonar tudo”, conta. Decididos, ambos queriam conhecer o mundo antes de ele ser totalmente globalizado. “O planeta está passando por grandes mudanças. A ideia era visitar os países que ainda estavam em desenvolvimento. Por isso, não demoramos muito para partir e demos prioridade à Ásia e à África”, revela. A aventura deu vida ao blog Saí por Aí, do Guilherme, e ao Também Saí, da Bianca, além dos livros lançados contando as diversas histórias vividas, com relatos, fotos e dicas.

Conhecer novos lugares é o que encanta todos que gostam de viajar. “A possibilidade de vivenciar outras culturas, conhecer outros sabores, ver paisagens diferentes das que vemos no dia a dia é ótimo. É levar a alma para passear. Abre a mente e te dá ideias novas”, conta a curitibana jornalista e marketeira digital Suzana Paquete, de 37 anos, que já passou pela Bolívia, Peru, Croácia, Ásia – e diversos outros lugares – e atualmente vive em Madri, na Espanha. Com esse mesmo pensamento, o analista de sistemas e sócio de empresa de turismo e aventura, Luiz Claudio Aleixo, de 27 anos, gosta de conhecer a diversidade dos locais, tanto a beleza da natureza quanto a das cidades. “A experiência conquistada em uma viagem é algo que levamos para a vida toda”, afirma. Planejamento e dicas

Na teoria, viajar requer todo um planejamento. Hospedagem, transporte, dinheiro, passeios e assim por diante. Contudo, os mochileiros preferem que a viagem vá se desenhando naturalmente no decorrer dos dias, sem um roteiro engessado. Guilherme conta que não fez um percurso exato. “Apenas selecionei algumas regiões que pretendia conhecer, pesquisei as principais questões burocráticas e fui”, afirma. Para Luiz, a ideia é basicamente a mesma. “É preciso ter, ao menos, um itinerário inicial. Na minha viagem de mochileiro para o Chile, por exemplo, eu planejei os quatro primeiros dias. Depois, fui montando o roteiro por lá mesmo, de acordo com os lugares que me surgia a vontade de conhecer”, revela.

Suzana Paquete, porém, relembra que, em algumas viagens, o planejamento é necessário. “Antigamente se podia viajar sem reservas. Hoje, se você não se planeja, acaba pagando mais caro para se locomover e para dormir. Em época de alta temporada, por exemplo, o mochileiro corre o risco de ficar sem estadia”, afirma.

Entretanto, existem algumas dicas básicas que os mochileiros podem seguir para terem uma viagem mais tranquila e sem muitos contratempos. “Pesquisar sobre o lugar é muito importante. Clima, pontos turísticos, restaurantes, hospedagem e locais para câmbio, que podem variar bastante dependendo do país”, indica Luiz. Além disso, ele também diz que um mapa da cidade ajuda bastante, bem como planejar seu tempo com cuidado e conversar com os moradores, que sempre dão boas dicas. Guilherme completa: “Aprender as palavras mágicas de cada língua, tais como ‘por favor, obrigado, desculpe’ abrem muitas portas. Além, é claro, de respeitar os costumes e cultura local”.

O curitibano Leonardo Maceira, de 23 anos, decidiu viver a aventura de viajar sem planejamento algum pela América do Sul, apenas com uma mochila nas costas e sua câmera fotográfica. “Desenvolvi o projeto Os Lugares de Cada Um durante um debate na escola de fotografia Omicron, com o intuito de fotografar os lugares por onde eu passar enquanto viajo”, explica. A proposta, que ganhou vida em janeiro deste ano (2014), tem uma página no Facebook, que é o meio pelo qual ele consegue garantir suas estadias, uma vez que ele viaja sem nada de dinheiro nos bolsos. “Por meio da internet, as pessoas me indicam amigos que podem me hospedar na cidade para a qual eu estou indo”, conta. Já o deslocamento fica por conta das caronas. “Fico na rua com a mão levantada pedindo carona até encontrar alguém

que esteja disposto a parar e me ajudar. Algumas vezes consigo a carona com antecedência, com algum conhecido que, por coincidência, esteja indo viajar, mas é raro.”

Com relação ao roteiro de viagem, ele também não montou um planejamento. A ideia inicial era passar pelas capitais e ir planejando o restante dos destinos no decorrer da jornada. “Comecei pelo Nordeste e já estou novamente no Sul. Agora, a próxima parada é o Uruguai, mas não sei quais cidades ainda”, conta. Durante sua viagem, Leonardo iniciou um projeto paralelo, o Nu Mondo, em que ele faz fotos artisticamente sensuais de mulheres pelas cidades em que vai passando. “É só me mandar uma mensagem na página do Facebook e pronto”, explica.

Experiências

As experiências proporcionadas pelas viagens ficam registradas na memória de cada um. Sejam elas boas ou ruins, todas têm algo a acrescentar na vida de quem se permitiu fugir um pouco da realidade e viver uma aventura diferente. Para Guilherme, além de ter experimentado a liberdade sem se preocupar com o tempo, suas viagens o ajudaram a não ter uma visão unilateral das coisas. “Foi incrível estar solto no mundo e poder encontrar infinitamente mais pessoas dispostas a ajudar do que pessoas que querem se aproveitar de um estrangeiro”, revela. O enriquecimento cultural que viajar propicia também é muito grande, segundo Luiz. “O impacto cultural quando viajamos para outros países é enorme, basta desprender-se das suas raízes e experimentar novas culturas. Deixar-se ser surpreendido”, complementa. Para Suzana, a experiência é praticamente a mesma. “Estar aberto a conhecer novas pessoas enriquece tanto a viagem como a vida. Já fiz grandes amigos que mantenho contato até hoje”, conclui.

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