A ESCRAVIDÃO É A RAIZ DO PROBLEMA
A escravidão, período marcado pelo controle dos corpos negros, pode ser considerada uma das primeiras experimentações da biopolítica segundo Mbembe, o filósofo afirma que havia três principais perdas na escravidão, que representam a dominação absoluta do sujeito: o lar, os direitos sobre os corpos e a perda do status político. Ainda que atualmente o entendimento do racismo tenha avançado, a discriminação pela cor da pele é uma herança histórica, que persiste, sobretudo, nos países colonizados por europeus e que tiveram a escravidão de africanos como sistema de produção. Estima-se que os primeiros escravizados africanos chegaram ao Brasil entre 1550 e 1850, no entanto, a prática só foi abolida em 1888. O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, após uma pressão intensa de países como a Inglaterra, que, com a revolução industrial, buscava ampliar seus mercados consumidores.
Com isso, não houve um plano de integração dos negros libertos na sociedade, não houve reparação histórica, dessa forma, sem renda e sem moradia, milhares passaram a viver as margens da sociedade e permaneceram em situação de desvantagem. No Brasil não houve segregação institucionalizada como ocorreu nos EUA e na África do sul, isso resultou em uma falsa sensação de democracia racial, criando na sociedade a ideia de que não existe racismo no país. Porém, essa ideia abre espaço para o racismo velado, neutralizando e relativizando a situação de intolerância.
39 Impávidos | revista de fotografia, 2021.