Revista Ciências Médicas, Abril/2021

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PALAVRA DO CONSELHO DIRETOR Jamais o narcisismo irá apagar a História da Ciências Médicas A Ciências Médicas começou como um sonho, um ideal. Vários idealistas da Corporação de Médicos Católicos sonharam juntos com Dom Antônio dos Santos Cabral, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, para criar uma Faculdade de Medicina, que seria o embrião da Universidade Católica de Minas Gerais. O sonho foi se transformando em realidade com a integração de luminares da Medicina Mineira, constituindo-se assim o grupo de fundadores e o primeiro corpo docente da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais por idealistas e sonhadores, que doaram seu conhecimento e “expertise” para o sucesso da empreitada. Seguiu-se um período de muitas dificuldades para a construção da estrutura física da Faculdade, que iniciou suas atividades em uma sede provisória cedida pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte até que fosse construída sua sede definitiva na Alameda Ezequiel Dias, onde se encontra até hoje. Nesse período, os idealistas e muitos outros sonhadores, que passaram a integrar o corpo docente, doaram o seu trabalho e seus salários para garantir a sobrevivência da instituição. Um sério imprevisto ocorreu quando os alicerces do novo prédio começaram a ceder, sendo necessário reforçar a estrutura, o que demandou muitos investimentos inesperados. Porém, em meio a obras e andaimes, a Ciências Médicas nunca deixou de funcionar, destacando-se nesse período a liderança do professor Elias Murad e a dedicação do corpo docente. No final dos anos 1980, a redemocratização do Brasil, a nova Constituição Brasileira e a criação do Sistema Único de Saúde tornaram indispensável adequar a Faculdade à nova realidade. Iniciou-se então um processo de profunda reforma curricular que teve dois pilares fundamentais: a Integração Docente-assistencial e a profissionalização do corpo docente. A integração docente-assistencial deu ênfase às quatro

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áreas básicas da formação médica junto aos programas de Saúde Coletiva. O currículo passou a incluir atendimento ambulatorial, desde o primeiro ano do curso (Medicina Social e Psicologia), o Internato Rural, o Internato em Medicina de Urgência, e o Internato Metropolitano na periferia de Belo Horizonte. Vieram então o Ambulatório Central, os ambulatórios na periferia, em convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte, os convênios com a FHEMIG para o Internato de Medicina de Urgência no Hospital de Pronto Socorro João XXIII e o Centro Geral de Pediatria e a Maternidade Odete Valadares para os estágios de Pediatria e Obstetrícia. Para o Internato Rural, foram realizados convênios com várias prefeituras do interior de Minas Gerais e dois hospitais de referência para o Internato Rural em Moema e Santo Antônio do Amparo. Nesses hospitais, foi criada a primeira residência médica em Medicina Geral e Comunitária do Brasil, preparando profissionais para exercer a Saúde da Família. Em resposta a essas necessidades, a Faculdade Ciências Médicas - MG foi pioneira para implantação do Programa de Saúde da Família e dos Consórcios Intermunicipais de Saúde em Minas Gerais e no Brasil. Para dar suporte a toda essa revolução curricular, não faltaram investimentos em infraestrutura: nova biblioteca, novos laboratórios, elevadores, cantina, biotério, Técnica Operatória e Cirurgia Experimental. Acompanhando as reformas do curso de Medicina, foram reformulados os cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, com a construção de ambulatórios, introdução dos estágios e do Internato Rural também para alunos desses cursos. O segundo pilar da reforma, a profissionalização do corpo docente, contemplou as alterações de carga horária, estabelecendo os regimes de 10, 20 e 40 horas semanais para substituir gradativamente os professores horistas, com remuneração condigna, incentivando a titulação acadêmica de mestres e doutores com o correspondente adicional de salário e a realização de concursos para admissão de professores e para


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