AMI Notícias Nº 78

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© Andre Uspensky

MARCELINO SAMBÉ Move-se na dança clássica e por ritmos africanos com a fluidez de quem carrega o talento no sangue. Marcelino Sambé, português e guineense, é aos 26 anos o principal solista da Royal Opera House, em Londres. Aceitou o convite da AMI para abordar os desafios de ser jovem, bailarino e imigrante, numa reflexão sobre os tempos de hoje e a esperança do amanhã. Em que fase da sua juventude é que descobriu que dançar era a profissão que queria seguir? A minha descoberta da dança aconteceu quando eu era bastante novo, no Centro Comunitário do Alto da Loba, em Paço de Arcos. Tive imensa sorte, porque frequentava este lugar, em que uma das disciplinas que podia escolher era a dança africana. Isto foi determinante para mim, porque o meu pai é guineense e senti que estava a fazer uma coisa que me identificava com este lado da minha cultura. Acho que isso fez com que eu realmente seguisse a dança e encontrasse algo que me fazia sentir feliz, completo e especial. A dança sempre ocupou esse espaço desde o início. Desde 04 |

sempre que tem sido algo muito especial que faz parte de mim. Tem raízes em Portugal e na Guiné. Na sua infância, essas heranças suscitavam-lhe algumas questões de identidade? Sim, vim de um background com dificuldades. De repente estava num mundo “de elite”, o do ballet e da dança. Foi um contraste muito forte e estranho, mas também me abriu portas para descobrir que podia ser muito mais do que aquilo que o meu início de vida poderia ter determinado para mim.


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