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BIODIESEL
Mistura do biocombustível ao diesel volta a ser de 12% Resolução do CNPE ainda não representa a retomada da programação prevista pelo próprio conselho, que deveria estar em 13% desde março
O percentual de biodiesel a ser misturado ao diesel comum será elevado de 10% para 12% a partir de setembro. A resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesse sentido foi formalizada no dia 12 de julho, mas ainda não representa a retomada da programação de mistura prevista pelo próprio CNPE, que deveria estar em 13% desde março. A decisão de reduzir o percentual da mistura de maio a agosto atendeu pressão da área econômica que alegava risco de elevação de preços em razão da baixa oferta de soja, principal matéria prima do biocombustível. A resolução do CNPE prevê que o percentual de mistura do biodiesel ao diesel seja de 14% em março do próximo ano e de 15% em março de 2023. O presidente da União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Juan Diego Ferrés, comemorou a decisão do governo que, segundo ele, recoloca o programa do biodiesel no caminho da previsibilidade. Com isso, ele afirma que o setor volta a confiar na normalização do cronograma de mistura e fica na expectativa de que nos leilões seguintes seja retomado o percentual de 13 %. Segundo Diego Ferrés, com o percentual de 12% na mistura, o setor retoma o ritmo de produção e deve ter um acréscimo de 200 mil metros cúbicos de biodiesel para o bimestre setembro-outubro. O presidente da Ubrabio observa que o elevado preço da soja é benéfico para o agricultor, para a balança comercial e para a economia como um todo, o que deveria ser considerado nas decisões do governo. Para Ferrés, a alegação de que o preço elevado da soja seja motivo para esta redução temporária na mistura do biodiesel deveria levar em consideração, além dos benefícios da balança comercial e da melhor remuneração aos agricultores, as incontestáveis vantagens e as externalidades positivas sociais, econômicas e ambientais que o biodiesel representa. Ele acrescentou ainda que com a retomada da mistura, o governo aponta para a importância de valorização da qualidade do ar e da estabilidade do clima, além de valorizar a indústria nacional e a industrialização em todas as regiões, em especial do interior do país. Com o retorno do percentual de biodiesel para 12% serão produzidos 200 milhões de litros de biodiesel a mais no bimestre setembro-outubro como resultado do esmagamento de aproximadamente 620 mil toneladas de soja. O acréscimo de dois pontos percentuais na mistura do biodiesel ao
diesel fóssil vai retirar da atmosfera 380 mil toneladas de CO2 no período, equivalente ao plantio de 3 milhões de árvores em apenas dois meses. No mesmo período, deixarão de ser lançadas na atmosfera cerca de 200 quilos de hidrocarbonetos, 150 quilos de material particulado, 100 toneladas de óxido de enxofre e 1,7 tonelada de monóxido de carbono, poluentes que causam doen-
ças respiratórias graves e até câncer. Segundo estudos realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os dois pontos percentuais a mais de biodiesel significam, em um ano, o acréscimo de um dia na expectativa de vida dos moradores e 33 mortes a menos por doenças causadas pela poluição, apenas na região metropolitana de São Paulo.