Informe Sindiposto nº 3

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FRETE

Informe do Sindiposto - Ano II - Nº 03 - Março/19

Implicações do tabelamento de preço Medida cria incertezas para vários segmentos, inclusive para a revenda de combustíveis O custo do transporte de cargas entre os produtores e o Porto de Santos aumentou 57% desde o início do tabelamento do frete, de acordo com estimativas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Devido a isso, um dos impactos imediatos da nova medida tem sido o aumento da demanda por caminhões mais novos por parte das grandes empresas. O que interessa aos postos de combustíveis é saber para as mãos de quem irão os caminhões que saírem das fábricas. O risco para o negócio está na queda das vendas de diesel, se confirmadas as previsões de que grandes empresas vão substituir o caminhoneiro autônomo por mão de obra própria. Representantes do agronegócio apontam prejuízos milionários com a tabela de fretes, o que justifica medidas como a da gigante JBS que confirmou a compra de 360 caminhões para aumentar sua frota própria. A compra de caminhões pelas empresas tem um efeito colateral que acaba prejudican-

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do os próprios caminhoneiros e as transportadoras. Vai reduzir o tamanho do mercado de transporte rodoviário à medida que as empresas deixem de terceirizar o serviço. O momento é de incertezas, pois os autônomos vão ganhar mais com o frete tabelado e a indústria vai comprar frota própria. Com mais caminhões nas empresas, o autônomo perderá. Mas o frete acabará por cair e a indústria perderá o investimento feito. Bancos privados e ligados às montadoras ampliaram as linhas de financiamento, o que contribuiu significativa-

mente para o aumento das vendas de frotas de caminhões no ano passado. Há postos instalados às margens das estradas que têm como clientes basicamente o caminhoneiro autônomo. Pra estes postos, tem sido difícil concorrer com os pontos de abastecimento (PAs) instalados nas garagens das transportadoras e empresas que administram sua própria logística de transporte. Em setembro de 2018 repercutiu uma onda de boatos sobre uma nova greve dos caminhoneiros, que seria motivada pelo reajuste de

13% no litro do diesel. Os sindicalistas negaram a existência de mais um protesto. Ainda assim, o Governo Federal indexou o valor do frete à variação do preço do óleo diesel, provocando um reajuste médio de 3% no transporte rodoviário. O prejuízo tem sido ainda maior para o setor produtivo em função da lei estabelecer cobrança para a viagem de retorno do motorista, mesmo quando o veículo não tem carga. Nestes casos, a alta do frete ultrapassaria 200%. Foram impetradas no Supremo Tribunal Federal (STF) três ações diretas de inconstitucionalidade por entidades contrárias à tabela de fretes, que ainda seguem sem prazo de julgamento. Antes mesmo da sanção presidencial que criou o tabelamento do frete, a Associação Brasileira de Logística apontava que 20% dos dois milhões de caminhões que circulam pelo país estão parados devido à crise econômica, o que deverá piorar, caso o STF não acate as ações diretas que estão em tramitação.

26/03/2019 13:35:29


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