ASJ - Anuário 2021 - Ed 125

Page 24

REPRESENTAÇÃO

União Gaúcha prepara metas para atuação política em 2022 Há seis meses à frente da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública, o auditor fiscal Filipe Costa Leiria (Ceape-Sindicato) carrega em sua essência o resguardo ao serviço público e a luta por uma sociedade mais igualitária. Desde que assumiu a gestão em maio deste ano, o presidente esteve envolvido em mobilizações políticas voltadas à Reforma Administrativa e Tributária, privatização da CEEE, gestão do IPE e outros. Com a aproximação de 2022, as metas da entidade estão sendo esquematizadas. O Jornal da ASJ realizou uma entrevista exclusiva com o presidente Leiria. Veja aqui as reflexões apontadas pelo auditor fiscal.

Qual análise o senhor faz sobre a importância do serviço público durante a pandemia? Filipe Costa Leiria - Eu diria que foi essencial. Primeiro, ele reafirmou o sentido do serviço público e a capacidade do Estado de assegurar a organização da vida em sociedade. Então, foi um momento de reafirmação que se deu em duas dimensões em especial: no campo da ciência, seja através da ciência combatendo fake news e das próprias pesquisas, e garantindo a memória administrativa operacional para manejar os pacientes que chegavam nos postos de saúde. O serviço público garantiu a possibilidade de se barrar contratações que visavam interesses específicos. Muita gente tenta lucrar durante os períodos de escassez, o que ficou evidente nas contratações das vacinas na CPI do Senado Federal. Quais projetos devem pautar as preocupações dos servidores no próximo ano? Leiria - Basicamente, o que deve manter a nossa atenção é a Reforma Administrativa, que ao que tudo indica não será votada esse ano. Ou pode até mesmo ser votada parcialmente, na Câmara esse ano e no Senado no outro. Requer também atenção à PEC dos precatórios e, sobretudo, todas as iniciativas de desconstrução do orçamento público que se traduzem na retirada dos servidores. A forma de atingir a população é atacando os servidores, tornando-os vilões e colocando a mácula de que se trata de pessoas privilegiadas. É o único propósito que esse governo atual parece dedicar as suas forças. Como o senhor avalia a sua gestão à frente da União Gaúcha em Defesa da Previdência Social e Pública? Leiria - Foi uma gestão de muita resistência e combate a algumas iniciativas, em especial à Reforma Administrativa, na qual lançamos as campanhas de outdoors que buscam a unidade na luta com o Cpers,

24 | Jornal da ASJ - Ed. 125 - Dezembro/2021

a Frente em Defesa do Serviço Público e entidades nacionais. Foi uma gestão marcada por uma unificação da luta no plano nacional e local. Também tivemos um trabalho de reafirmação da União Gaúcha como principal protagonista na defesa do Instituto. Nós contamos com a experiência de um Conselho Deliberativo muito unificado e coeso neste momento de enfrentamento. Procuramos fazer uma gestão suficientemente compartilhada apostando nesses eixos: diálogo, unidade na luta, enfrentamento e resistência em defesa dos institutos. Na sua opinião, os direitos dos servidores públicos estão constantemente sob ameaça do Estado e das iniciativas privadas? Por quê? Leiria - Isso decorre de um profundo e equivocado diagnóstico, que encontra raízes inclusive no Banco Mundial onde cito aqui um ajuste justo, que é um documento de 2017 onde diz que o país em tese gastaria mais com idosos e menos com a educação e saúde dos mais novos. O que é uma inverdade, pois temos a PEC do teto dos gastos e ela sim impede essas despesas. Economizar na previdência não significa converter isso em aumento de investimento nesses campos. Além disso, o próprio campo do trabalho vem mudando no setor privado e isso acaba arrastando o setor público para dentro através das terceirizações e contratações temporárias. Assim, se estende toda uma cadeia produtiva precária para dentro do serviço público, faltando os referenciais de remuneração e criando formas de desvalorização do trabalho como elemento agregador de valor. E isso gera iniciativas, como foi a Reforma Administrativa, que atacam a estabilidade. Qual a importância da aglutinação de entidades classistas que a União Gaúcha consegue unir em seu escopo? Leiria - Hoje, a União Gaúcha tem uma importân-


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
ASJ - Anuário 2021 - Ed 125 by asj-rs - Issuu