FIQUE SABENDO N
a última terça, 28 de março, a Comissão Nacional de Honorários Médicos, liderada pela Associação Médica Brasileira e Associação Paulista de Medicina, apresentou às Federadas e às sociedades de especialidades a pauta de negociação com as operadoras de planos de saúde para 2023 – construída com contribuições específicas das Regionais da APM e sociedades de especialidades.
Cerca de 40 pessoas participaram do encontro, de forma on-line, que contou com a abertura do diretor de Defesa Profissional da AMB, José Fernando Macedo. “É uma satisfação muito grande participar desta reunião hoje. Agradeço a presença de todos, em especial dos membros da Comissão Nacional de Honorários Médicos.”
Nas últimas semanas, o grupo recebeu diversas colaborações importantes – muitas contempladas na pauta geral e outras que foram encaminhadas para a Comissão da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), da AMB.
PAUTA DE NEGOCIAÇÃO
1 - 10% de reajuste nos valores pagos nos diversos vínculos, como pessoa jurídica, por hora ou fee for service, modelo de pagamento funcional que tem base no serviço realizado.
2 - Respeito aos critérios de contratualização e de reajustes previstos na Lei 13.003/2014 e nas RNS (Resoluções Normativas) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
3 - Limitação a três atendimentos de consultas por hora quando o profissional for contratado para atendimento em serviços próprios verticalizados.
4 - Manutenção da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos), da AMB, como balizador de remuneração prestada nos moldes de fee for service.
5 - Reporte às entidades médicas nos casos de descredenciamentos imotivados.
6 - Avaliação prévia das entidades médicas antes da implantação de modelos e formatos diferenciados de remuneração que não sejam o fee for service.
7 - Criação do Selo de Certificação de “Operadora em Conformidade Médica”, a partir da análise de parâmetros.
ANO 05 N°27 ABRIL/MAIO DE 2023
Diretoria APM-Mogi (Triênio 2020/2023)
Presidente: Carlos Eduardo Godoi Marins
Vice - Presidente: Alex Sander José Miguel
1º Tesoureiro: Zeno Morrone Junior
2º Tesoureiro: Thiago Veras Pinto Pires
1º Secretário: José Shiro Higashi
2º Secretário: André Luiz Pupo
Diretora da Sede Associativa: Pwa Tjioe K. Tjim
Diretor Cien�fico: Antonio dos Santos
Taveira Filho
Diretor Cultural: José Carlos Melo Novaes
Diretor de Comunicação: Guilherme Augusto Rodrigues do Prado
Diretor Associativo: Pwa Kiong Ping
Diretor Defesa Profissional: Carlos Eduardo Amaral Gennari
Delegado: Abdul Kader El Hayek
Delegado: Péricles Ramalho Bauab
Conselho Fiscal
1º Conselheiro: Julio Batista Cota Pacheco
2º Conselheiro: Alexandre Ne�o
3º Conselheiro: Anderson Wei Y Pwa
Suplentes: Flávio Isaías Rodrigues, Fabricio Issamu Mochiduky e Carlos Alberto Gallo
Todo conteúdo opinativo da revista Plantão é de responsabilidade de seus autores, devidamente identificados nos artigos.
ABRIL/MAIO DE 2023
ABRIL/MAIO DE 2023
CAMPANHA ALERTA PARA COMBATE À TUBERCULOSE
Uma doença infecciosa transmissível principalmente entre a população mais vulnerável que, mesmo com medidas de prevenção e tratamento disponíveis, causou número recorde de mortes já registrado no Brasil – 5 mil óbitos em 2021. Diante deste cenário, o Ministério da Saúde lançou no mês passado a Campanha Nacional de Combate à Tuberculose. A iniciativa reforça a importância de medidas de prevenção, do diagnóstico e do tratamento correto. A pasta também apresentou o novo boletim epidemiológico com dados atualizados. A eliminação da tuberculose no Brasil será prioridade de um esforço conjunto do Governo Federal, com a criação de um grupo interministerial.
“É inadmissível que tantas pessoas percam a vida por uma doença que tem prevenção, trata-
mento e cura. […] A tuberculose é uma doença que atinge mais fortemente a população mais vulnerável. Entendemos que são populações e grupos populacionais que são negligenciados. O foco é nas pessoas e não nas doenças”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante o lançamento da campanha.
Com a mensagem “Quem tem tuberculose nunca está sozinho. A gente testa, a gente trata, a gente vence”, a campanha será veiculada na TV aberta e segmentada, rádio, internet e em locais de grande circulação de pessoas em todo o Brasil, com foco nas regiões prioritárias com maior incidência da doença, como Manaus, Belém, Rio Branco, Recife e Rio de Janeiro. A mobilização chama atenção para os principais sintomas, como tosse
por três semanas ou mais, febre e emagrecimento. A campanha também reforça que o diagnóstico e o tratamento, que leva a cura da tuberculose, estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Brasil faz parte dos países prioritários para o enfrentamento à doença, elencados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e está entre os 30 países do mundo com maior índice de transmissão da doença. O compromisso do país é zerar o número de famílias afetadas pela tuberculose, o que aumenta ainda mais a vulnerabilidade e os gastos com o tratamento da doença, até 2035. Além de ampliar o acesso ao diagnóstico e ações de prevenção, está prevista a criação
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do Comitê Interministerial para a eliminação da doença. O Brasil deve participar ainda da 2ª reunião de Alto Nível pelo Fim da TB na ONU.
“O Brasil, junto com a Índia, a Indonésia e a coalizão de líderes, firmarão o compromisso para ter a tuberculose como uma prioridade para a agenda do G20”, afirmou a ministra.
DADOS
Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no Brasil. O número representa um aumento de 4,9% em relação à 2021, segundo informações da edição especial do Boletim Epidemiológico. A meta do Ministério da Saúde é alcançar as populações prioritárias e mais vulneráveis para doença, como pessoas em situação de rua, pessoas privadas de liberdade, pessoas vivendo com HIV/AIDS, imigrantes e comunidades indígenas.
Uma das principais formas de proteção contra casos graves da tuberculose é a vacina BCG, recomendada pelo Calendário Nacional de Vacinação logo após o
nascimento. Nos últimos anos, houve uma redução importante da cobertura vacinal. Até 2018, o índice de vacinação se mantinha acima de 95%. A partir de 2019, a cobertura não ultrapassou os 88%. Essa queda representa aumento do risco de transmissão da doença e retomar a alta cobertura vacinal é fundamental para a eliminação da tuberculose no Brasil. Incentivar a imunização das crianças é prioridade do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado em fevereiro pelo Ministério da Saúde.
“Ações como a vacinação são fundamentais. O combate à tuberculose não pode ser visto como uma ação setorial, nós precisamos de ações interministeriais e que estão na pauta do nosso governo, como orientação do presidente Lula”, concluiu a ministra Nísia Trindade.
O cenário da tuberculose no Brasil também foi agravado pela pandemia da Covid-19, que provocou a redução de notificações. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento no tempo correto e aumentar as chances de cura,
principalmente entre a população que tem maior risco para sintomas graves. Por isso, o Ministério da Saúde irá disponibilizar, a partir deste mês, um novo teste de urina para o diagnóstico da tuberculose em pessoas vivendo com HIV com imunodepressão avançada. Também está sendo desenvolvida uma parceria com a Fiocruz e a Foundation for Innovative (FIND) para desenvolvimento de dois projetos internacionais focados na qualificação do diagnóstico da tuberculose até 2024.
TUBERCULOSE TEM CURA
A tuberculose é uma doença transmissível e permanece entre as doenças infecciosas que mais matam no mundo, atrás apenas da Covid-19. A transmissão acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa.
Os testes para o diagnóstico da tuberculose são ofertados gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde. A medida é fundamental para a detecção de novos casos e para o controle da doença. Neste sentido, pessoas com sintomas da doença devem procurar uma unidade de saúde para avaliação e realização de exames. É importante, também, que os contatos mais próximos de uma pessoa com resultado positivo para a tuberculose sejam testados, tendo em vista que a transmissão da doença ocorre pelo ar. O tratamento para tuberculose deve ser iniciado o mais rápido possível após o resultado positivo do teste. A doença tem cura quando o tratamento é feito de forma adequada e até o final.
5 ABRIL/MAIO DE 2023
SAÚDE DA MULHER EM FOCO
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DO GOVERNO FEDERAL TRAZ QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE AS PACIENTES
No fim de março, o Ministério da Saúde divulgou edição especial de Boletim Epidemiológico. O documento, que leva o nome “Saúde da mulher brasileira: uma perspectiva integrada entre vigilância e atenção à Saúde”, é dividido em três focos, voltados às pesquisas sobre “A mulher na sociedade: perfil sociodemográfico e questões ligadas à maternidade”; “Morbimortalidade da mulher brasilei-
ra: importância das doenças crônicas não transmissíveis” e “Violência contra a mulher nas bases de dados do SUS”.
A inserção do sexo feminino no mercado de trabalho, as atividades domiciliares que exercem e o processo de envelhecimento da população, bem como o aumento da expectativa de vida entre as mulheres, apontam que há uma notável necessidade de se implementar políticas públi-
cas eficientes que contribuam para o envelhecimento saudável e que promovam qualidade de vida para este grupo populacional.
PRÉ-NATAL E PARTO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o pré-natal se configura como uma das medidas mais eficientes para rastrear, diagnosticar e prevenir doenças no feto durante a
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CAPA
gravidez. O exame, que é responsável por salvar vidas, tem o seu acesso limitado no Brasil por conta dos obstáculos socioeconômicos que dificultam o processo.
Prova disso é a diminuição em 30% no número de realizações do exame. Em 2014, os registros totalizavam 632.832, caindo para 444.825 em 2021. Mulheres pretas e pardas somam 70% dos casos de pré-natal inadequado –quando a gestante não o faz, ou quando o inicia após o terceiro mês de gestação, ou quando realiza menos de três consultas.
Conforme os dados da pasta, de 2014 a 2021, foram documentados 22.974.531 nascidos vivos no território nacional – com média anual de 2,8 milhões. Houve uma redução de 10,3% neste número, indo de 2.979.259 em 2014 para 2.672.046 em 2021. As cesarianas são predominantes, totalizando 56,2% dos partos realizados entre 2014 e 2021.
MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA
A gravidez na adolescência ocorre entre jovens que estão na faixa dos 10 a 19 anos de idade e é um alarmante problema de saúde pública, uma vez que há maiores riscos de eclampsia, endometrite puerperal e infecções sistêmicas. Não obstante, os bebês podem nascer com baixo peso e prematuros, além de estarem sujeitos a graves condições neonatais.
É fundamental ressaltar que grande parte das relações sexuais de meninas entre 10 e 14 anos têm uma forte tendência a não serem consentidas, sen-
do que gravidez e abuso sexual, neste contexto, estão diretamente interligados.
Por uma série de razões, como a possibilidade de ocorrência de abortos espontâneos ou provocados e a ocorrência de natimortos, as estimativas oficiais de gestações em adolescentes no Brasil não estão disponíveis. No entanto, o Ministério da Saúde aponta que dos 29.268 óbitos fetais no Brasil, 14,3% foram de partos de meninas entre 10 e 19 anos.
A média anual de nascidos vivos de mães adolescentes, entre 2010 e 2021, foi de 500 mil, totalizando 6 milhões – valor que corresponde a 17,5% do total. O número de meninas entre 10 e 14 anos que se tornaram mães é alarmante, chegando a quase 300 mil nascidos. Contudo, tais valores vêm diminuindo expressivamente, com uma média de 17 mil nos anos de 2020 e 2021.
Por meio da Lei 13.798, de 2019, foi instaurada a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, realizada anualmente em fevereiro, com o objetivo de compartilhar informações sobre medidas preventivas e educativas, auxiliando na redução de casos de gravidez entre adolescentes.
MORBIMORTALIDADE DA MULHER BRASILEIRA
Mortes evitáveis são descritas como aquelas que poderiam ser prevenidas por meio do trabalho dos serviços de Saúde, da utilização do conhecimento e pela utilização de tecnologias disponíveis para
prevenir os óbitos. Segundo a análise, o número de mortes evitáveis entre mulheres, entre os anos de 2012 e 2021, passou de 69,5% para 77,4%, representando que a morte de até 330 mil mulheres poderiam ter sido evitadas.
Em 2012, as mortes evitáveis em mulheres de 5 a 74 anos totalizaram 74,1% e estiveram diretamente relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Em 2021, o número caiu para 45,5%, mas ainda se configurava como o grupo mais importante das causas evitáveis.
Das 149 mil mortes evitáveis voltadas às DCNTs em 2021, 31% foram ocasionadas por neoplasias, 15,3% por doenças isquêmicas do coração, 14,4% por doenças cerebrovasculares e 13,5% por diabetes mellitus. No que tange às doenças infecciosas, os casos estão relacionados a infecções respiratórias, como pneumonia, influenza e Covid-19 (representando 39,1% das causas evitáveis em 2021), além da Aids, com 11,9%.
No ano de 2021, 75.682 mulheres em idade fértil – correspondente ao período dos 10 aos 49 anos – faleceram por mortes evitáveis, a maior parte por causas reduzíveis por imunização (37,9%). Em seguida, está o grupo que faleceu por causas relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis (33,7%); causas externas, como acidentes e violências (14,8%); e à Covid-19 que, sozinha, foi responsável pela morte evitável de 37,8% das mulheres.
7 ABRIL/MAIO DE 2023
CÂNCER DE MAMA E DE COLO DE ÚTERO
Ambas são as neoplasias que mais matam mulheres ao redor do mundo, o que se configura como um dos mais graves problemas de saúde pública, de acordo com a OMS. Mundialmente, 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama em 2020, o que totaliza 7,8 milhões nos últimos cinco anos. Também em 2020, 685 mil mortes por câncer de mama foram registradas em todo o mundo, enquanto 28 mil mulheres perderam a vida por câncer de colo de útero na América Latina e no Caribe. De 2010 a 2021, 643.889 mortes prematuras (30 a 69 anos) de mulheres por câncer de mama foram registradas no Brasil, de modo que a doença ocupa o primeiro lugar no grupo mais frequente em mulheres, enquanto o câncer de colo de útero está no terceiro lugar.
No entanto, para ambas as enfermidades, houve redução nas taxas de mortalidade entre 2019 e 2021 – podendo estar associada à mortalidade por Covid-19. De 2010 a 2021, foi observado que os óbitos por câncer de mama e de colo de útero foram maiores entre mulheres de 50 a 59 anos.
São Paulo e Rio de Janeiro são as unidades federativas com os maiores percentuais de mortalidade por câncer de mama, ao passo que Goiás, Amazonas, Amapá e Maranhão registraram as maiores taxas de óbitos por câncer de colo de útero.
FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DCNTS
As informações da análise apontam que aconteceu uma notável redução na prevalência de fumantes para ambos os sexos entre os anos de 2006 e 2021, chegando a 6,7% para as mulheres. Além disso, o sexo feminino apresenta menor prevalência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas em todos os anos de análise, apesar de estar havendo uma tendência de aumento neste cenário, passando de 7,8% em 2006 para 12,7% em 2021.
A maior prevalência de fumantes está na faixa etária de mulheres de 40 a 59 anos. O consumo de álcool, por sua vez, está mais presente em mulheres de 18 a 24 anos. Em relação à obe-
sidade, houve maior incremento para as mulheres, que passaram de 12,1% em 2006 para 22,6% em 2021.
A prevalência nas práticas de atividades físicas foi menor entre as mulheres, variando de 22,2% em 2009 para 31,3% em 2021. O Ministério da Saúde destaca que a prática regular de atividades físicas contribui para evitar doenças crônicas não transmissíveis, além de ser uma importante ferramenta para aumentar a qualidade de vida.
As desigualdades observadas apontam a necessidade de políticas, programas e serviços que busquem diminui-las nos grupos expostos aos fatores de vulnerabilidade apresentados neste estudo. Tais ações devem contemplar promoção de Saúde, além de campanhas de prevenção, tratamento e reabilitação, possibilitando o acesso da população aos serviços integrais para, assim, promover uma vida mais saudável a todas as mulheres.
8
CAPA
ANOMALIAS CONGÊNITAS
SÃO AS PRINCIPAIS CAUSAS DA MORTALIDADE INFANTIL NO BRASIL
De maneira geral, alguns tipos de anomalias congênitas apresentam maior prevalência dependendo do perfil materno e gestacional. Tendo em conta a idade materna, a prevalência de defeitos de parede abdominal demonstrou-se superior entre as mães jovens, enquanto as cardiopatias congênitas e a síndrome de Down foram mais prevalentes entre as mães com idade mais avançada.
Quase 300 mil crianças morrem, no mundo todo, dentro das primeiras quatro semanas de vida, em decorrência de anomalias congênitas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, essas condições estão entre as principais causas de mortalidade infantil.
As anomalias congênitas são alterações na estrutura ou na função de órgãos ou partes do corpo, durante o desenvolvimento, ainda na vida intrauterina. Podem ocorrer em razão de alguns fatores, entre eles genéticos, ambientais (teratógenos) ou ainda a combinação entre esses (etiologia multifatorial). O diagnóstico pode ser feito antes, durante ou depois do nascimento.
De acordo com a análise, pelo menos 3% dos nascidos vivos são diagnosticados com algum tipo de anomalia congênita. No Brasil, aproximadamente 24 mil nascidos vivos (menos de 1%) são registrados a cada ano com algum tipo de anomalia congênita no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Conforme a Lei 13.685, de 25 de junho de 2018, todas as anomalias congênitas detectadas possuem
caráter de notificação compulsória, sendo a Declaração de Nascido Vivo (DNV) o documento que permite o registro desses casos.
HISTÓRICO
Entre os anos de 2010 e 2021, foram registrados no Sinasc 34.559.375 nascidos vivos, dos quais 285.296 (0,83%) apresentaram alguma anomalia congênita. Em média, 23.775 nascidos vivos ao ano apresentaram alguma anomalia congênita, com prevalência de 83 casos a cada 10 mil nascidos vivos no período avaliado.
No Brasil, o maior número de casos de anomalias congênitas foi registrado em 2016, equivalente a 26.054 registros, em função da infecção congênita pelo vírus da Zika. Em contrapartida, o menor número de registros foi verificado em 2010, com 21.772. Percebe-se que, entre 2010 e 2016, houve um aumento gradativo do percentual de registros de nascidos vivos com anomalias múltiplas, passando de 10% em 2010 para 17% em 2016, sendo que, desde então, o percentual de casos está em torno de 18% a 19%.
Sobre os aspectos gestacionais, filhos de mães que já sofreram abortos, especialmente de repetição, apresentaram maior prevalência de anomalias congênitas, como cardiopatias e síndrome de Down.
Gestações duplas e múltiplas também contaram com maior prevalência geral de anomalias congênitas, com destaque para defeitos de tubo neural, cardiopatias congênitas e defeitos de órgãos genitais. A prematuridade também se destacou nesse contexto, sendo que a prevalência de anomalias em prematuros foi três vezes maior que em nascidos a termo.
Em linhas gerais, é fundamental o diagnóstico precoce para auxiliar no aprimoramento das políticas de atenção à Saúde, uma vez que a medida qualifica a prevenção, desde o planejamento reprodutivo ao desenvolvimento gestacional, assim como o cuidado e a reabilitação após o nascimento, estabelecendo melhores condições tanto de vida quanto de crescimento e desenvolvimento.
9 ABRIL/MAIO DE 2023
NOVO REMÉDIO CONTRA A OBESIDADE
Cientistas americanos descobriram um remédio que ajuda a obter os mesmos benefícios da cirurgia bariátrica sem passar pela faca. Além de reduzir drasticamente o peso, a glicose no sangue e o risco de diabetes, o remédio ainda mostrou não ter efeitos colaterais, como náusea e vômitos, comuns nos medicamentos atuais. “Obesidade e diabetes eram a pandemia antes da pandemia de Covid-19”, escreveu Robert Doyle, professor da Universidade de Syracuse e Christian Roth, do Instituto de pesquisa das crianças, em Seattle, principais autores do estudo.
A cirurgia bariátrica resulta em perda de peso duradoura e até remissão do diabetes, porém, esses procedimentos têm riscos, não são adequados para todos e não são acessíveis para muitas pessoas. A abordagem tem seus benefícios ligados a uma alteração pós-cirurgia nos níveis de secreção intestinal de certos hormônios — incluindo peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e peptídeo YY (PYY) — que sinalizam plenitude, reduzem o apetite e normalizam o açúcar no sangue.
As drogas atuais que visam replicar esse efeito ativam principalmente os receptores celulares para GLP-1 no pâncreas e no cérebro. Essa abordagem mostrou grande sucesso na redução de peso e no tratamento do diabetes tipo 2, atraindo muitas postagens de celebridades nas mídias sociais nos últimos meses. Mas muitos não toleram os efeitos colaterais das drogas, como náusea e vômitos.
A NOVIDADE
Para resolver essa desvantagem, o grupo de Doyle criou um peptídeo que ativa dois receptores para PYY, além do receptor para GLP-1. Apelidado de GEP44, esse composto fez com que ratos obesos comessem até 80% menos que o usual. Ao fim de um estudo de 16 dias, eles perderam uma média de 12% de seu peso. Isso foi mais de três vezes a quantidade perdida por ratos tratados com liraglutida, droga injetável que ativa apenas o receptor GLP-1 e que é aprovada pela agência reguladora americana (FDA) para o tratamento da obesidade.
Em contraste com a liraglutida, testes com GEP44 em ratos e musaranhos (um mamífero que, ao contrário dos ratos, é capaz de vomitar) não revelaram sinais de náusea ou vômito. Os cientistas ainda afirmaram que a perda de peso causada pelo GEP44 pode ser atribuída não apenas à diminuição da alimentação, mas também ao maior gasto de energia, que pode assumir a forma de aumento de movimento, frequência cardíaca ou temperatura corporal.
Segundo os pesquisadores, o remédio ainda tem uma vida mais longa, podendo ser injetado no corpo do paciente apenas duas vezes na semana. Outro benefício da nova droga é que, segundo o relato de Doyle, os ratos tratados com o composto mantiveram seus físicos novos e mais magros mesmo após o término do tratamento.
Os pesquisadores solicitaram as patentes de seus compostos e agora planejam testar seus peptídeos em cobaias primatas.
Fonte: O GLOBO
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NOVIDADES CONTRA A PSORÍASE
po, não sendo possível prever quando uma crise pode acontecer nem quanto tempo ela irá durar.
Outra característica da PPG é a dificuldade para o tratamento. Até então, isso era feito, na maioria das vezes, com medicamentos adaptados da psoríase em placas – ou seja, não existia uma terapia específica para a doença.
“Nos casos de psoríase pustulosa, os tratamentos, em geral, demoram mais para atingir a melhora”, explica Paula Rahal, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Journal of Medicine, uma das principais revistas cien�ficas do mundo. Nele, pacientes adultos com crise de PPG apresentaram uma melhora rápida após o uso do novo tratamento. A pesquisa avaliou a medicação durante 12 semanas em 53 voluntários que tinham comprometimento moderado ou grave da pele e acentuado impacto na qualidade de vida.
Entre os desfechos alcançados ao final da primeira semana, está o de que 54% dos pacientes não apresentaram pústulas (bolhas de pus) visíveis após uma única dose de espesolimabe, em comparação com 6% dos pacientes que receberam placebo.
Embora afete apenas nove em cada 1 milhão de brasileiros, a psoríase pustulosa generalizada (PPG) é uma doença impetuosa e considerada mais grave até do que a psoríase vulgar, também chamada de psoríase em placa, doença autoimune caracterizada pelo aparecimento de placas avermelhadas na pele com descamação. Ela surge de repente na forma de pequenas bolhas com pus e vermelhidão (pústulas) espalhadas por todo o cor-
Contudo, há luz no fim do túnel: a farmacêutica Boehringer Ingelheim acaba de anunciar a aprovação do espesolimabe – um novo medicamento injetável para sinais e sintomas da PPG – pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O tratamento também já é aprovado nos Estados Unidos pelo órgão regulador local, a Food and Drug Administration (FDA). Os resultados do estudo de eficácia e segurança de espesolimabe foram publicados no The New England
“Os pacientes sofrem estigmas sociais porque as lesões são importantes e ficam um longo tempo na pele. Se o novo medicamento trouxer realmente o que está mostrando, as respostas serão muito mais rápidas e efetivas”, diz Paula. Além das pústulas, a PPG pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga. Se não for tratada de forma adequada, pode trazer risco de morte.
FONTES: VEJA ONLINE/DIEGO ALEJANDRO
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