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SAÚDE DA MULHER EM FOCO
from REVISTA APM #27
Boletim Epidemiol Gico Do Governo Federal Traz Quest Es Importantes Sobre As Pacientes
No fim de março, o Ministério da Saúde divulgou edição especial de Boletim Epidemiológico. O documento, que leva o nome “Saúde da mulher brasileira: uma perspectiva integrada entre vigilância e atenção à Saúde”, é dividido em três focos, voltados às pesquisas sobre “A mulher na sociedade: perfil sociodemográfico e questões ligadas à maternidade”; “Morbimortalidade da mulher brasilei- ra: importância das doenças crônicas não transmissíveis” e “Violência contra a mulher nas bases de dados do SUS”.
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A inserção do sexo feminino no mercado de trabalho, as atividades domiciliares que exercem e o processo de envelhecimento da população, bem como o aumento da expectativa de vida entre as mulheres, apontam que há uma notável necessidade de se implementar políticas públi- cas eficientes que contribuam para o envelhecimento saudável e que promovam qualidade de vida para este grupo populacional.






PRÉ-NATAL E PARTO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o pré-natal se configura como uma das medidas mais eficientes para rastrear, diagnosticar e prevenir doenças no feto durante a gravidez. O exame, que é responsável por salvar vidas, tem o seu acesso limitado no Brasil por conta dos obstáculos socioeconômicos que dificultam o processo.








Prova disso é a diminuição em 30% no número de realizações do exame. Em 2014, os registros totalizavam 632.832, caindo para 444.825 em 2021. Mulheres pretas e pardas somam 70% dos casos de pré-natal inadequado –quando a gestante não o faz, ou quando o inicia após o terceiro mês de gestação, ou quando realiza menos de três consultas.
Conforme os dados da pasta, de 2014 a 2021, foram documentados 22.974.531 nascidos vivos no território nacional – com média anual de 2,8 milhões. Houve uma redução de 10,3% neste número, indo de 2.979.259 em 2014 para 2.672.046 em 2021. As cesarianas são predominantes, totalizando 56,2% dos partos realizados entre 2014 e 2021.

Maternidade Na Adolesc Ncia
A gravidez na adolescência ocorre entre jovens que estão na faixa dos 10 a 19 anos de idade e é um alarmante problema de saúde pública, uma vez que há maiores riscos de eclampsia, endometrite puerperal e infecções sistêmicas. Não obstante, os bebês podem nascer com baixo peso e prematuros, além de estarem sujeitos a graves condições neonatais.
É fundamental ressaltar que grande parte das relações sexuais de meninas entre 10 e 14 anos têm uma forte tendência a não serem consentidas, sen- do que gravidez e abuso sexual, neste contexto, estão diretamente interligados.


Por uma série de razões, como a possibilidade de ocorrência de abortos espontâneos ou provocados e a ocorrência de natimortos, as estimativas oficiais de gestações em adolescentes no Brasil não estão disponíveis. No entanto, o Ministério da Saúde aponta que dos 29.268 óbitos fetais no Brasil, 14,3% foram de partos de meninas entre 10 e 19 anos.
A média anual de nascidos vivos de mães adolescentes, entre 2010 e 2021, foi de 500 mil, totalizando 6 milhões – valor que corresponde a 17,5% do total. O número de meninas entre 10 e 14 anos que se tornaram mães é alarmante, chegando a quase 300 mil nascidos. Contudo, tais valores vêm diminuindo expressivamente, com uma média de 17 mil nos anos de 2020 e 2021.



Por meio da Lei 13.798, de 2019, foi instaurada a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, realizada anualmente em fevereiro, com o objetivo de compartilhar informações sobre medidas preventivas e educativas, auxiliando na redução de casos de gravidez entre adolescentes.


Morbimortalidade Da Mulher Brasileira
Mortes evitáveis são descritas como aquelas que poderiam ser prevenidas por meio do trabalho dos serviços de Saúde, da utilização do conhecimento e pela utilização de tecnologias disponíveis para prevenir os óbitos. Segundo a análise, o número de mortes evitáveis entre mulheres, entre os anos de 2012 e 2021, passou de 69,5% para 77,4%, representando que a morte de até 330 mil mulheres poderiam ter sido evitadas.
Em 2012, as mortes evitáveis em mulheres de 5 a 74 anos totalizaram 74,1% e estiveram diretamente relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Em 2021, o número caiu para 45,5%, mas ainda se configurava como o grupo mais importante das causas evitáveis.
Das 149 mil mortes evitáveis voltadas às DCNTs em 2021, 31% foram ocasionadas por neoplasias, 15,3% por doenças isquêmicas do coração, 14,4% por doenças cerebrovasculares e 13,5% por diabetes mellitus. No que tange às doenças infecciosas, os casos estão relacionados a infecções respiratórias, como pneumonia, influenza e Covid-19 (representando 39,1% das causas evitáveis em 2021), além da Aids, com 11,9%.
No ano de 2021, 75.682 mulheres em idade fértil – correspondente ao período dos 10 aos 49 anos – faleceram por mortes evitáveis, a maior parte por causas reduzíveis por imunização (37,9%). Em seguida, está o grupo que faleceu por causas relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis (33,7%); causas externas, como acidentes e violências (14,8%); e à Covid-19 que, sozinha, foi responsável pela morte evitável de 37,8% das mulheres.