Revista Plano B Brasília n.º 32

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Brasil tem redução recorde na lista Piores

Formas de Trabalho Infantil

Entre a vaidade e o risco: a febre da harmo -

nização peniana no Brasil

Preciso descansar

Prêmio Jabuti homenageia a escritora Ana

Maria Machado em 2025

Os Perigos de Dolarizar o Patrimônio em

Cenários de Desvalorização do Dólar: O

Caso de Donald Trump e a Reindustrialização dos EUA

Dembélé e Bonmatí conquistam Bolas de Ouro de melhores do mundo

Projeções do mercado para inflação, PIB, Selic e dólar ficam estáveis

“Bater Cabeça e Rebolar”: 808 Punks lança

EP produzido por Edu K

Suspeita de movimentar R$ 217 milhões, influenciadora Karol Digital completa um mês de prisão após operação da Polícia Civil

Ex-marido de primeira-dama recebeu R$ 1,3 milhão de empresas investigadas por desvio de verba para cestas básicas, aponta PF 26

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Ceará sanciona lei que zera ultraprocessados na merenda até 2027

Sem reajustes regulares, PNAE perde poder de compra

Sem celulares, desempenho escolar e socialização melhoram no Rio

Rio de Janeiro registra maior queda de preço na hospedagem

Gabriel García Márquez ganha roteiro literário exclusivo na Colômbia

Novo aeroporto vai tornar viagem ao Jalapão mais curta

Pelo retorno da Educação Política às escolas

Semana jogada fora

Caio Bonfim é campeão mundial dos 20 km da marcha atlética em Tóquio

42 STF condena Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão

44 SUS realiza seis em cada dez exames de imagem no Brasil, diz estudo

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O fim da PEC da blindagem 27

GOG – Um rapper de responsa

Escritora mineira lança livro sobre memória, esquecimento e Alzheimer

Diretor Executivo

Paulo Henrique Barreto Paiva

Diretor Administrativo

Rócio Barreto

Chefe de Redação: Paulo Henrique Paiva

Colaboradores: Adriana Vasconcelos, Angela Beatriz, Ana Beatriz Barreto, José Gurgel, Humberto Alencar, Mila Ferreira, Renata Dourado, Paulo César e Wilson Coelho

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Setembro / 2025

Ano 03 - Edição 32 - Setembro 2025

Publicada em 25 de Setembro de 2025

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores.

A Revista Plano B não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

ISSN 2966-0688

O preço da vaidade masculina

A harmonização peniana, tratada por muitos como tendência estética do momento, revela algo maior do que a simples busca por centímetros adicionais. Ela expõe a fragilidade de uma masculinidade construída sob a pressão de padrões irreais, alimentados por redes sociais, pornografia e por um mercado que transformou até a intimidade em mercadoria.

Mais do que técnicas médicas, está em jogo um dilema social, até onde a vaidade e a pressão cultural justificam colocar a própria saúde em perigo?

Assim como as mulheres foram historicamente empurradas para cirurgias plásticas em busca de um corpo “aceitável”, agora os homens são alvo de uma engrenagem que lucra com inseguranças. Mas a pergunta que fica é: quem define o que é um corpo aceitável?

Em uma sociedade onde o corpo se tornou vitrine e capital simbólico, é urgente refletir sobre os limites entre liberdade individual e manipulação do desejo. O pênis, símbolo de poder e virilidade, não deveria ser reduzido a um produto de prateleira.

Mais do que harmonizar medidas, talvez seja hora de harmonizar expectativas. Porque autoestima verdadeira não se compra em clínicas — se constrói em diálogo, aceitação e respeito ao próprio corpo.

Brasil tem redução recorde na lista Piores Formas de Trabalho Infantil

OBrasil atingiu o menor número já registrado de crianças e adolescentes trabalhando em atividades que fazem parte da Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, conhecida como Lista TIP.

Em 2024, o país tinha 560 mil pessoas de 5 a 17 anos na Lista TIP. Esse resultado representa queda de 39% em relação a 2016, quando o Brasil tinha quase 1 milhão (919 mil) de crianças e adolescentes nessas atividades. Em comparação a 2023 (590 mil), o recuo foi de 5%.

O dado de 2024 representa 1,5% do total de 37,9 milhões de crianças de 5 a 17 anos no país.

A constatação está em edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na trajetória de queda da série histórica iniciada em 2016, o IBGE ressalta que houve recuo ainda mais acentuado (-22,7%) entre 2022 e 2023.

Confira o número de crianças e adolescentes na Lista TIP a partir de 2016:

2016: 919 mil

2017: 762 mil

2018: 763 mil

2019: 707 mil

2022: 763 mil

2023: 590 mil

2024: 560 mil

Por causa da pandemia de covid-19, não houve a pesquisa nos anos 2020 e 2021.

Lista internacional

A Lista TIP é uma relação regulamentada pelo Decreto 6.481 da Presidência da República, de acordo com a Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A relação reúne atividades desempenhadas em locais como serralherias, indústria extrativa, esgoto, matadouros e manguezais, entre outros. São ocupações relacionadas a intenso esforço físico, calor, insalubridade e outras características que podem causar fraturas, mutilações, envenenamento e outros danos aos menores de idade.

Perfil

O IBGE classifica os resultados em três faixas etárias. No universo de 560 mil crianças e adolescentes na Lista TIP, 60% (336 mil) estão faixa de 16 a 17 anos. As faixas de 5 a 13 anos e de 14 e 15 anos representam 12% e 28%, respectivamente.

Enquanto pretos e pardos representam 59,7% do total da população de 5 a 17 anos, quando se observa o conjunto de pessoas na Lista TIP eles respondem por 67,1%.

Em relação ao sexo, os homens são 51,2% da população dessa faixa etária e 74,4% do contingente da Lista TIP.

Em termos de remuneração, os pesquisadores apuraram que as crianças e adolescentes em atividades da Lista TIP tiveram remuneração média mensal de R$ 789 em 2024. O valor é abaixo da renda dos brasileiros de 5 a 17 anos que exerciam atividade econômica que não se caracterizava como trabalho infantil (R$ 1.083).

De acordo com o analista do IBGE Gustavo Geaquinto Fontes, os dados revelam dupla desvantagem para crian-

ças e adolescentes submetidos a atividades da Lista TIP. “Além de estar em condições de trabalho com maiores riscos ocupacionais, maiores riscos de gerar algum tipo de prejuízo, as crianças também tinham rendimento menor que aquelas que não estavam em situação de trabalho infantil”, avalia.

Informalidade

A pesquisa do IBGE traz um retrato da situação do trabalho infantil no país, que atingiu 1,65 milhão de brasileiros em 2024.

Outro dado que revela avanço é a redução da informalidade entre os 1,090 milhão de adolescente de 16 e 17 anos que realizavam alguma atividade econômica, que atingiu 69,4%. Ou seja, 756 mil faziam trabalho informal.

Essa é a menor taxa registrada pelo levantamento. Em 2022, essa proporção era de 76,3%, a maior já apurada. Em 2016, quando começou a série, era 75,3%.

De acordo com a legislação brasileira, o trabalho de jovens de 16 a 17 anos é permitido apenas com carteira assinada (formal), sendo proibidas atividades insalubres, perigosas e em horário noturno.

“As ações realizadas pelo Ministério Público do Trabalho e as ações governamentais de fiscalização têm contribuído para a queda do trabalho infantil, então isso também pode ter contribuído para essa queda da informalidade nesse grupo de 16 a 17 anos de idade”, avalia Gustavo Fontes.

Entre a vaidade e o risco: a febre da harmonização peniana no Brasil

Promessa de autoestima ou ameaça à saúde?

Cresce no país a busca por procedimentos estéticos para aumentar ou engrossar o pênis, mas complicações graves, como no caso de Jorge, que quase perdeu o órgão após três preenchimentos, acendem o alerta entre médicos e especialistas.

“Quase perdi o pênis depois de três preenchimentos.” A frase, dita por Jorge*, resume o drama de um homem que enfrentou cirurgias delicadas para reconstruir o órgão sexual após procedimentos estéticos malsucedidos. Seduzido por propagandas que prometiam aumento de tamanho e volume, ele recorreu a aplicações de PMMA, uma substância acrílica permanente no corpo, e acabou vivendo anos de

dor, inflamações e risco de perder não apenas o órgão, mas a própria vida.

Jorge não está sozinho. Médicos confirmam que casos semelhantes têm se multiplicado nos últimos anos, impulsionados pela popularização da chamada “harmonização peniana”, um conjunto de técnicas que se espalhou pelas redes sociais e ganhou apelo junto ao público masculino. Ainda sem estatísticas oficiais, o fenômeno desperta debate: até onde vale arriscar a saúde em busca de centímetros a mais?

A vaidade que virou pesadelo

O primeiro procedimento de Jorge ocorreu em 2005, em uma clínica clandestina. Dez anos depois, satisfeito apenas parcialmente, ele repetiu a aplicação. Em 2018, incentivado por médicos a ampliar o procedimento até a bolsa escrotal, iniciou o que descreve como “o grande drama” de sua vida.

Dois anos mais tarde, vieram as inflamações, dores intensas e feridas que não cicatrizavam. “Era como se meu corpo quisesse expulsar o PMMA de algum jeito”, relata. A situação só foi controlada após duas cirurgias reconstrutivas, em 2024 e 2025.

O que está por trás da nova tendência

Especialistas explicam que a harmonização peniana envolve tanto procedimentos cirúrgicos (como a liberação de ligamentos e a lipoaspiração da região púbica) quanto preenchimentos não invasivos , especialmente com ácido hialurônico — substância absorvível e considerada mais segura que o PMMA.

A busca, porém, não se resume ao desempenho sexual. “Muitos homens se incomodam com a aparência em momentos de exposição, como vestiários ou praias. O pênis tornou-se um símbolo de autoestima e virilidade”, explica a psiquiatra Carmita Abdo, da USP.

Entre expectativas e frustrações

Ainda que haja resultados visíveis, médicos alertam que nenhum procedimento aumenta de fato o comprimento do órgão, apenas cria a impressão de maior volume ou espessura. Ganhos médios variam de 1,5 a 3 cm, mas exigem reaplicações periódicas.

Mais grave: quando realizados por profissionais sem preparo, os riscos incluem necrose, infertilidade e até amputação. “O pênis é uma estrutura complexa, repleta de vasos e nervos. A margem de erro é mínima”, reforça o urologista Fernando Facio, da Sociedade Brasileira de Urologia.

A pressão da masculinidade

Além da medicina, o fenômeno revela muito sobre a forma como os homens lidam com seu corpo. Para a psi-

quiatria Carmita Abdo, parte da demanda está associada à dismorfia corporal, um transtorno que distorce a percepção da própria imagem e leva alguns a buscar incessantemente mudanças que nunca trazem satisfação.

A pornografia e a cultura da comparação também alimentam esse mercado. “O pênis é visto como cartão de visita da masculinidade. Muitos homens acreditam que o tamanho define valor e potência, quando, na realidade, prazer sexual depende de outros fatores”, acrescenta Abdo.

A era do aumento peniano?

Seja pela estética, pela vaidade ou pela pressão social, a harmonização peniana chegou para ficar. Mas, como lembra o cirurgião plástico Flávio Rezende, ela exige cautela: “Assim como houve um boom dos implantes de silicone entre mulheres, vivemos agora o boom da estética íntima masculina. A diferença é que os riscos aqui podem comprometer funções vitais. Informação e responsabilidade são essenciais”.

O sociólogo Rócio Barreto destacou na matéria, os aspectos sociais e culturais que influenciam as pessoas a recorrerem a esses procedimentos.

Corpo como capital simbólico

O caso relatado revela como o corpo, e, em especial, os órgãos sexuais, tornou-se um capital simbólico na sociedade contemporânea. Pierre Bourdieu descreve como determinados atributos corporais funcionam como marcadores de status, poder e reconhecimento social. No universo masculino, o pênis é frequentemente associado a virilidade, força e valor social , o que faz com que

homens busquem modificá-lo para adequar-se a ideais culturais de masculinidade.

Masculinidade e pressão social

A matéria expõe a dimensão de gênero: enquanto mulheres há décadas são pressionadas a se submeter a padrões estéticos rígidos (cirurgias plásticas, lipoaspiração, implantes), agora os homens também entram em um ciclo semelhante de cobrança. “O pênis, antes um tabu, passa a ser alvo da mesma lógica do consumo estético”, esclarece Barreto.

Esse movimento dialoga com o conceito de masculinidade hegemônica (Raewyn Connell): um modelo idealizado de homem, viril, potente, dominante, que se impõe sobre outras masculinidades e gera ansiedade naqueles que não se sentem “suficientes”.

Cultura da performance e do consumo

Para o sociólogo, o crescimento da “harmonização peniana” não pode ser entendido apenas como um fenômeno médico. Ele está inserido na cultura da performance (Byung-Chul Han), em que tudo deve ser otimizado, corpo, mente, carreira e, agora, genitália.

“As clínicas estéticas se apresentam como mercados de autoestima, em que o corpo é tratado como um objeto moldável

ao desejo individual. Essa mercantilização do corpo mostra como a lógica do neoliberalismo estético se infiltra até nas dimensões mais íntimas da vida.”

Barreto destaca que as redes sociais e pornografia são como espelhos distorcidos.

A pornografia: funciona como referência irreal de desempenho e tamanho, reforçando expectativas inalcançáveis.

Redes sociais: transformam o tema em produto de marketing, promovendo a “harmonização peniana” como solução rápida para inseguranças.

Ambos criam um ciclo de comparação constante, no qual os homens não apenas desejam corresponder às expectativas de parceiros(as), mas também à imagem pública que acreditam que devem projetar.”

Do tabu ao mercado Historicamente, a sexualidade masculina sempre foi um tabu discursivo: falar sobre o pênis era motivo de vergonha ou piada. Hoje, esse tabu é quebrado não por uma maior abertura cultural, mas por interesses comerciais.

Esse deslocamento é revelador: não se trata de uma emancipação do discurso sexual masculino, mas de uma colonização da intimidade pelo mercado, onde a vulne-

rabilidade é transformada em oportunidade de consumo. Saúde, risco e medicalização

O caso de Jorge ilustra outro aspecto: a medicalização do corpo. Procedimentos invasivos, originalmente desenvolvidos para tratar doenças, agora são vendidos como melhorias estéticas. Isso expõe uma tensão entre desejo individual e risco coletivo.

Do ponto de vista da sociologia da saúde, há aqui uma contradição: a medicina, que deveria zelar pela preservação da vida, também atua como vetor de práticas que podem colocar em risco funções vitais, alimentando um mercado altamente lucrativo.

Identidade masculina em crise?

Por fim, a matéria sugere que a “era do aumento peniano” é também um reflexo de uma crise de identidade masculina . Se antes o corpo do homem era visto como “natural” e não sujeito a intervenções, hoje ele passa a ser objeto de dúvida, insegurança e constante reconstrução.

Isso indica que a pressão estética, antes considerada majoritariamente feminina, se estende e se intensifica sobre os homens , revelando uma masculinidade menos estável e mais vulnerável à lógica do consumo.

Rócio Barreto ainda destaca que a febre da harmonização peniana no Brasil não é apenas um fenômeno médico, mas

um sintoma de transformações sociais mais amplas: “o corpo como mercadoria, a masculinidade pressionada por padrões inatingíveis, a cultura da performance sexual, e a mercantilização da intimidade.”

“O caso de Jorge funciona como metáfora dos riscos de um modelo de sociedade que transforma desejos e inseguranças em oportunidades de mercado, mesmo às custas da saúde e da identidade individual.” Esclarece.

CONTOS EM CONTA-GOTAS

Preciso descansar

Oano já passa da metade, e já trabalhei como um burro de carga.

Dou um duro danado para incentivar meu marido a trabalhar alegremente, sendo para ele a mulher mais cheirosa, mais enfeitada e cuidada que um cabra poderia sonhar em ter.

Eu me cuido, e isso cansa.

Malho todos os dias, sou cobaia de todos os tratamentos para rejuvenescimento, contra estrias, celulites, drenagens, peelings, e ácidos de toda ordem.

Ufa!

Canso só de enumerar o tanto de coisas que eu faço para me manter bonita.

Quando não estou fazendo um tratamento de beleza estou gastando um tempo enorme nos shoppings.

Não resisto às boas grifes, mesmo que nesses templos de consumo também existam peças de gosto para lá de duvidoso.

Está pensando que vida de mulher fútil é fácil?

Nem comento o sacrifício que faço tendo que aceitar os convites mais exclusivos que recebo diariamente.

As invejosas de plantão acham que é moleza, afinal não sabem como é dura a vida de quem tem a obrigação de adquirir as mais recentes novidades de Paris.

Tenho que lançar as tendências.

E não é só na moda de roupas e acessórios não.

Trago em primeira mão a tendência em decoração de festas, o drink mais hypado, enfim, tenho que estar à frente das minhas concorrentes em frivolidades.

Confesso que ser uma alpinista social, apesar de não ser um esporte como o alpinismo, também é extenuante.

Estou precisando de um merecido descanso, porque meu corpo e minha mente já dão sinais de esgotamento.

Uma conhecida me sugeriu Kansas City.

Pobrezinha, mesmo imbuída de boas intenções, ela cometeu um erro grosseiro. Como ir para uma cidade que como já diz o nome, Kansas.

Lógico que eu sei que a letra K ao invés da letra C, se dá simplesmente pelo fato da cidade em questão estar na América do Norte.

Se for para me cansar ainda mais prefiro nem sair de férias.

Desse modo preferirei me sacrificar e esperar até o fim do ano, cumprindo minha interminável lista de compromissos em prol da beleza.

Acho que vale mais à pena.

Kansas City, me desculpa, mas não vou descansar aí nem morta.

* Ângela Beatriz Sabbag é bacharel em Direito por graduação e escritora por paixão. Bailarina Clássica, Pianista e Decoradora de Interiores angelabeatrizsabbag e-mail angelabeatrizsabbag@gmail.com

Prêmio Jabuti homenageia a escritora

Ana Maria Machado em 2025

Por Ana Luiza Silva Fonte Agência Brasil

Aescritora Ana Maria Machado é a Personalidade Literária da 67o edição do Prêmio Jabuti. A homenagem, anunciada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), é destinada a figuras fundamentais da literatura nacional, que contribuíram para o fortalecimento da cultura brasileira e a formação de gerações de leitores.

Autora de mais de 100 títulos publicados, entre romances, ensaios, contos e uma vasta produção infantojuvenil, ela é a sexta ocupante da Cadeira no 1 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleita em 24 de abril de 2003. A escritora tem obras traduzidas em diversos idiomas e publicadas em mais de 20 países.

Ana Maria começou sua carreira como pintora, estudou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no MOMA de Nova York, e participou de exposições no país e no exterior. Formada em Letras pela então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, foi professora em escolas e faculdades, além de destacada atuação como jornalista. Depois de ser presa em 1969 pela ditadura militar, a escri-

tora deixou o país com destino à Europa. Lá, trabalhou como jornalista na revista Elle, em Paris, e na BBC de Londres, além de lecionar Língua Portuguesa na Sorbonne. Nesse período, fez pós-graduação em Paris e, sob a orientação de Roland Barthes, escreveu sua tese de doutorado sobre a obra de Guimarães Rosa. No Brasil, como jornalista, trabalhou no Correio da Manhã, no Jornal do Brasil, O Globo, e colaborou com as revistas Realidade, IstoÉ e Veja e com os semanários O Pasquim, Opinião e Movimento. Além disso, durante quase duas décadas, foi uma das proprietárias da primeira livraria do país especializada em livros infantojuvenis, a Malasartes.

Ao longo da carreira, Ana Maria foi premiada no Brasil e no exterior. Venceu três edições do Prêmio Jabuti: em 1978, com História meio ao contrário (categoria Literatura Infantil); 1997, com Esta força estranha (categoria Infantojuvenil); 2000, com Fiz voar meu chapéu (categoria Infantojuvenil).

Além desses, foi agraciada com o Hans Christian Andersen (2000), considerado o “Nobel da literatura infantil”; o Prêmio Machado de Assis, da ABL (2001), pelo conjunto da obra; o Casa de las Américas (Cuba); o Prêmio Cultura RJ; o Ibero-Americano de Literatura Infantil e o Príncipe Claus (Holanda).

ECONOMIA

Os Perigos de Dolarizar o

Patrimônio em Cenários de

Desvalorização do Dólar: O Caso de Donald

Trump e a Reindustrialização dos EUA

Nos últimos anos, o dólar tem sido amplamente considerado uma das moedas mais estáveis e confiáveis para investimentos e proteção patrimonial. Em muitos países, investidores buscam ativamente a dolarização de seus portfólios, seja através de títulos denominados em dólares, ações de empresas americanas, ou investimentos em imóveis nos Estados Unidos. Contudo, esse movimento pode apresentar riscos consideráveis, especialmente em um cenário de desvalorização da moeda americana devido a mudanças na política econômica dos EUA.

Com a reeleição de Donald Trump em 2024, a intenção do ex-presidente de reindustrializar os Estados Unidos pode agravar esses riscos, pois uma das estratégias para atingir esse objetivo envolve a desvalorização do dólar. Neste artigo, exploraremos os perigos de dolarizar o patrimônio quando se antecipa uma possível queda da moeda americana, considerando as políticas de Trump e seus potenciais impactos econômicos.

A Dolarização do Patrimônio: Um Refúgio ou Uma Armadilha?

A dolarização do patrimônio é uma estratégia tradicionalmente vista como uma forma de proteger os investimentos contra as oscilações econômicas de um país em desenvolvimento. Em muitos casos, países com economias instáveis ou com alta inflação recorrem ao dólar como uma reserva de valor. Esse movimento oferece proteção contra desvalorizações de moedas locais, além de garantir maior liquidez e acesso ao mercado global.

No entanto, essa estratégia não é infalível. Para investidores que buscam estabilidade financeira, é preciso considerar os riscos associados à desvalorização do próprio dólar, que, como qualquer outra moeda, não está imune a crises ou intervenções políticas. E, com a ascensão de Donald Trump à presidência em 2024, algumas mudanças significativas na política monetária e fiscal dos Estados Unidos podem colocar os detentores de dólares em uma posição vulnerável.

A Política de Reindustrialização de

Donald Trump

Uma das principais promessas de Donald Trump em seu retorno ao cargo de presidente é a reindustrialização dos Estados Unidos, uma estratégia que visa revitalizar a produção nacional e reduzir a dependência de cadeias de suprimentos globais. Para alcançar esse objetivo, Trump já deixou claro que uma das suas abordagens seria enfraquecer o dólar para tornar os produtos americanos mais competitivos no mercado internacional.

O enfraquecimento da moeda pode ser alcançado por meio de uma série de políticas, como a redução das taxas de juros, a expansão da dívida pública, ou até mesmo por intervenções diretas do governo. A ideia é criar um ambiente onde os produtos fabricados nos EUA se tornem mais baratos para os consumidores estrangeiros, incentivando assim o crescimento da indústria nacional e o aumento das exportações.

Embora esse movimento seja positivo para a indústria americana no curto prazo, ele pode ter implicações drásticas para os investidores estrangeiros que possuem grandes quantidades de ativos em dólares. A desvalorização do dólar pode resultar em perdas significativas de valor para aqueles que possuem patrimônio na moeda americana.

Os Perigos da Desvalorização do Dólar para os Investidores Brasileiros

1. Perda de Valor do Patrimônio

Se o dólar sofrer uma queda acentuada, o valor de todos os ativos denominados em dólares, como ações, imóveis e títulos, também diminuirá quando convertidos para outras moedas. Para os investidores estrangeiros, isso pode resultar em uma perda substancial no valor real de seus investimentos. A reindustrialização dos EUA, ao enfraquecer o dólar, tornaria essa perda mais provável.

2. Inflação nos EUA e Efeitos Globais

A desvalorização do dólar pode aumentar os preços das importações nos Estados Unidos, gerando inflação interna. Embora isso possa ser benéfico para a competitividade das empresas americanas no exterior, ele pode afetar negativa-

mente o poder de compra da população e gerar incertezas econômicas, que, por sua vez, podem afetar negativamente os mercados financeiros. Esse ambiente de incerteza pode prejudicar ainda mais os investimentos em dólares.

3. Risco de Perda de Confiança Global no Dólar

O dólar é considerado a principal moeda de reserva mundial e um dos pilares do sistema financeiro internacional. No entanto, se o governo dos EUA decidir enfraquecer o dólar como parte de uma estratégia deliberada de reindustrialização, isso pode gerar desconfiança global em relação à moeda.

A incerteza sobre a política cambial e os efeitos no mercado global poderiam levar os investidores a buscar alternativas, como o euro, o yuan ou até criptomoedas, diminuindo a demanda por dólares e exacerbando a desvalorização.. Dolarizar o patrimônio pode ser uma boa estratégia de proteção financeira em tempos de incerteza, mas não é isenta de riscos, especialmente em um cenário onde a política econô-

mica dos EUA visa enfraquecer a moeda para impulsionar a competitividade internacional. A reindustrialização proposta por Donald Trump pode desencadear uma série de medidas que afetem o valor do dólar e, consequentemente, os investimentos denominados em dólares.

Portanto, antes de tomar decisões baseadas exclusivamente no dólar, é crucial que os investidores considerem os potenciais impactos de uma desvalorização da moeda americana e explorem formas de diversificar suas carteiras para mitigar esses riscos. Manter-se informado sobre as políticas econômicas em vigor e sobre o cenário global pode ser a chave para proteger o patrimônio em tempos de incerteza.

* Humberto Nunes Alencar, formado em jornalismo pela UnB e economia pela Católica. É mestre em economia e doutor em direito pelo IDP.

Dembélé e Bonmatí conquistam Bolas de Ouro

Por PH Paiva Fonte Agência Brasil

Oatacante francês Ousmane Dembélé, do PSG (França), conquistou nesta segunda-feira (22) a Bola de Ouro de melhor jogador do mundo, o prestigioso prêmio concedido pela revista France Football. Entre os brasileiros o melhor colocado foi Raphinha, do Barcelona (Espanha), que ficou na 5o posição. Já Vinicius Júnior, do Real Madrid (Espanha), ficou na 16o colocação.

Além de Dembelé, completam o Top 3 da premiação o atacante espanhol Yamal, do Barcelona, e o meio-campista português Vitinha, do PSG.

Já o prêmio de melhor jogadora do mundo ficou com a espanhola Aitana Bonmatí, do Barcelona (Espanha). A segunda colocada foi outra atleta da

de melhores do mundo

Espanha, Mariona Caldentey, do Arsenal (Inglaterra). E a terceira colocada é a inglesa Alessia Russo, do Arsenal. A brasileira melhor ranqueada na isputa foi a Rainha Marta, do Orlando Pride (Estados Unidos) que aparece na 12o colocação.

Projeções do mercado para inflação,

PIB, Selic e dólar ficam estáveis

Todos os itens projetados pelo Boletim Focus, do Banco Central (BC), que traz expectativas do mercado financeiro para 2025, apresentaram estabilidade em relação às projeções divulgadas na semana passada. O documento mantém em 4,83% a projeção de inflação para 2025 – índice que é definido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Há quatro semanas, a inflação oficial do país foi projetada em 4,86%, percentual que cai para 4,29%, quando projetado para 2026, e para 3,90% para 2027.

Em agosto, o país registrou pela primeira vez, desde agosto de 2024, inflação negativa (deflação de -0,11%), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Com isso, as projeções do mercado financeiro ficam mais próximas do

teto superior (4,5%). No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a deflação foi ainda maior, ficando em -0,21%. Desde agosto de 2024, quando o INPC ficou em -0,14%, não se registrava deflação neste índice. O INPC calcula a inflação média do país.

PIB

A projeção do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas riquezas produzidas no país) éde 2,16% – o mesmo percentual estimado há uma semana.

Há quatro semanas, as expectativas do mercado financeiro eram de que o PIB brasileiro fecharia o ano com um crescimento de 2,18%. Para 2026 e 2027, as expectativas também se mantiveram estáveis, em 1,80% e 1,90%, respectivamente, na comparação com a semana passada.

Selic

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros - a Selic.

Pela 13o semana consecutiva, o boletim Focus mantém as projeções deste índice em 15% ao ano, mesmo percentual definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Para os anos subsequentes (2026 e 2027), o índice está projetado em 12,25%; e 10,50%, respectivamente.

O Copom justificou a manutenção da Selic em 15%, pela incerteza do ambiente externo, “em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. Segundo o comitê, o cenário exige cautela “por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.

Também é citado o cenário doméstico. Para o Copom, os indicadores de atividade econômica apresentam moderação no crescimento, apesar do dinamismo do mercado de trabalho. A inflação permanece acima da meta.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Os bancos consideram outros fatores, além da Selic, na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores. Entre eles, estão risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.

Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

Dólar

Com relação ao câmbio, o mercado financeiro manteve em R$ 5,50 a projeção da cotação, ao final de 2025. Há quatro semanas, o Focus estimava que a moeda norte-americana fecharia o ano cotada a R$ 5,59%

Para 2026 e 2027, as expectativas do mercado são de que o dólar feche o ano com a mesma cotação: R$ 5,60.

“Bater Cabeça e Rebolar”: 808 Punks lança EP produzido por Edu K

Abanda carioca 808 Punks lançou, pela Bonde Music, o EP “Bater Cabeça e Rebolar”, com seis faixas produzidas por Edu K, vocalista do DeFalla. Criada em 2020, pelo músico e produtor André Paumgartten, a 808 Punks nasceu como um caldeirão sonoro que mistura punk rock e metal industrial com os graves pesados da TR-808 - símbolo do funk carioca, do trap e da música eletrônica. A fusão traduz a essência da banda: guitarras distorcidas com batida de baile e rebeldia com grave de paredão. Conversamos com André Paumgartten para entender essa mistura.

André, conta pra gente, quem faz parte desse bonde?

ANDRÉ: No 808 Punks eu dei uma de brincar de “Missão Impossível” e quis chamar os melhores que eu conhecia e que tinham a pegada que eu queria no projeto. Sou fã de todos, são nomes de peso da cena alternativa. Glenda Maldita (Cytoteka Riot e Boa Noite Cinderela) e Prixxx (ex-Sugar Star) na voz, Xande Farias (Nebulosa e ex-Dorsal Atlântica) na guitarra, Formigão (Planet Hemp e Ladrão) no baixo e meu brother Robson Riva (Seletores de Frequência e PIC-NIC) na bateria, além de mim (ex-Arkham, 3 Terrores e B+P), na voz, theremin, synths e samplers.

808 Punks // Foto: Ian Dias

‘Com tantos músicos de diferentes estilos, quais as influencias que vocês buscaram para compor a banda?

ANDRÉ: Tentei convencer cada um de um jeito, e misturei tudo na cara dura (rs). O Riva já é meu amigo de décadas, tocamos juntos no Arkham e temos uma sintonia e referências muito parecidas, que vão do hardcore e do pós punk, pro charme, funk e pro soul. Quando chamei o Formigão pra banda, falei pra ele que queria fazer uma mistura de Ministry e Motorhead tocando no baile funk da Mangueira (rs). Glendinha é minha filha e tem no sangue uma mistura de Bikini Kill com MC Carol que combina perfeitamente com a Prixxx que tem uma influência muito forte de Babes in Toyland e Hole. O Xande, apesar de ter tocado na Dorsal Atlântica, eu conheci quando fizemos um “duelo” de theremin e guitarra noise, na reabertura do Garage (clássica casa de shows), aqui no Rio. Já saímos do palco como melhores amigos de infância e convidei ele ali mesmo pra fazer um som. Algumas outras influências são Defalla, Killing Joke, Cólera, DJ Marlboro, Faith No More, Phabyo DJ e Sany Pitbull.

O Edu K, responsável pela produção desse primeiro trabalho de vocês, é conhecido por misturar funk e rock. Como ele contribuiu com a banda nesse sentido e como foi a experiência de trabalhar com ele neste disco?

ANDRÉ: O Edu é um grande amigo nosso de muitos anos e muitas aventuras juntos. Um queridaço que entende todas as nossas referências e sabe o que queremos! Ele era o cara certo pra essa missão. Na real, ele é nosso guia espiritual e sabe até mais do que a gente! (rs). Tê-lo conosco nesse processo foi essencial. Fizemos shows juntos e

André Paumgartten // Foto: Ian Dias

foi divertido pra caramba! Gravamos até um mini documentário com esses shows e o processo. A pré-produção foi toda feita na praia, dando mergulhos, ouvindo outros sons, com muito picolé, pastel de camarão, e gravamos tudo na minha casa mesmo.

O Edu K também canta e toca guitarra na faixa título “Bater Cabeça e Rebolar”, que vocês escolheram para divulgação do EP e que versa sobre as dificuldades cotidianas.

ANDRÉ: Sim, nessa música falamos sobre pegar ônibus, aturar patrão, ralar demais, situações conhecidas como parte da opressão estrutural, mas que encontram resposta através da música, da dança e da ocupação dos espaços e a LIBERTAÇÃO merecida quando chegam os finais de semana. O gesto de ‘bater cabeça’ e o ato de ‘rebolar’ tornam-se rituais de libertação: uma catarse que transforma dor em potência, cansaço em celebração, submissão em insurgência com a cara do subúrbio carioca de quem não tem preconceito algum de estilos. Tanto faz se você bate cabeça ou rebola, como dizem os Beastie Boys, “Lute pelo seu direito de festejar!”

Além da música que dá nome ao EP, quais as outras cinco faixas que fazem parte do disco e o que podemos esperar da 808 Punks para esse ano?

ANDRÉ: “Respeita as Minas”, “Levanta o Moicano”, “Maldita TPM”, “Show de Porrada” e “Geral com a Mão pro Alto”. Essas são as músicas do EP, mas já temos pronto um álbum completo, com 15 faixas, que iremos planejar o lançamento após vermos a recepção desse primeiro trabalho. Temos também alguns clipes (um deles sai

no dia 8 de outubro as 8:08) sendo finalizados e um mini documentário prontinho pra ir pra pixxxxta.

Ouça o EP “Bater Cabeça e Rebolar” no seu tocador favorito: https://tratore.ffm.to/808EPNX

808 Punks com Edu K //
Foto: Ian Dias
Capa: André Paumgartten e Ian Dias

Suspeita de movimentar R$ 217 milhões,

influenciadora

Karol Digital completa um mês de prisão após operação

Ainfluenciadora Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, completou um mês de prisão nesta segunda-feira (22). Ela e o namorado, Dhemerson Rezende Costa, são investigados por esquema de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.

O g1 solicitou posicionamento à defesa deles, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem. Após as prisões, o advogado deles afirmou que “os clientes

da Polícia Civil

eram inocentes” e a renda de Karol Digital “era inteiramente legal”.

Karol foi presa em Araguaína no dia 22 de agosto de 2025, durante a operação FRAUS, da Polícia Civil do Tocantins. Também foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão em endereços ligados à influenciadora. No início de setembro, o Tribunal de Justiça negou, em segunda instância, o pedido de prisão domiciliar feito pela defesa do casal.

A influenciadora está presa na Unidade Penal Feminina de Ananás, no norte do estado. Já o namorado dela está na Casa de Prisão Provisória de Araguaína.

Exploração ilegal de jogos

Os dois foram detidos pela Polícia Civil suspeitos por esquema de exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.

“O que acontece na maioria dos casos, o influencer ele simula que está ganhando no jogo, quando, na verdade, esse dinheiro tem outra origem. Nós sabemos que hoje é um grande problema as apostas online porque várias pessoas estão ficando endividadas, de uma maneira enorme. Muitos até tirando a própria vida por conta dessas dívidas”, disse o delegado Wanderson Queiroz.

Para a polícia, Karol digital enganava os mais de 1,5 milhões de seguidores afirmando que não tinha contratos com plataformas de jogos e que os ganhos eram das apostas. Em conversas encontradas pela polícia, ela cobrou R$ 30 mil pra divulgar uma plataforma.

Investigações apontaram que os alvos movimentaram R$ 217.662.276,70, sendo R$ 108.404.662 a título de crédito e R$ 107.318.589 em débito, no período de janeiro de 2019 a outubro de 2024. Esse valor seria das plataformas de jogos de azar e empresas de intermediação de pagamentos.

A polícia também informou que os suspeitos operaram 30 contas bancárias em 11 agências de 13 instituições financeiras diferentes. A quebra de sigilo bancário dos investigados também revelou depósitos de plataformas ilegais recebidos por Karol, em suas contas pessoais, que somaram R$ 37.209.761,91.

Vítimas pediram ajuda à influenciadora

Outras conversas encontradas pela Polícia Civil durante as investigações da operação FRAUS identificaram que vítimas que perderam dinheiro em jogos de azar online enviaram mensagens pedindo ajuda para a Karol Digital nas redes sociais. A influenciadora oferecia dicas e até vendia mentorias, prometendo ganhos em apostas.

Uma das vítimas enviou uma mensagem à Karol em setembro de 2022. Ela pediu ajuda após perder cerca de R$ 17 mil em apostas.

Veículos, imóveis e fazenda apreendidos

Durante a operação, a polícia apreendeu sete veículos que estavam no nome da influencer. Eles somam aproximadamente R$ 5.528.000, sendo que entre eles estão um Porsche avaliado em R$ 979 mil, uma RAM 3500 avaliada em R$ 475.000 e uma McLaren, modelo Artura, de R$ 3,1 milhões.

A Justiça também determinou a apreensão de sete imóveis, sendo seis em Araguaína e um em Babaçulândia. Um dos imóveis apreendidos foi uma mansão, onde a influencer realizou um reality show em agosto de 2025, com 27 pessoas. A residência é chamada de “Mansão da Digital”.

A polícia também apreendeu uma fazenda com criação de 248 bovinos e cavalos de raça, avaliada em R$ 8 milhões, em Palmeirante.

Ex-marido de primeira-dama recebeu R$ 1,3 milhão de empresas investigadas por desvio de verba para cestas básicas, aponta PF

Paulo César Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama Karynne Sotero Campos, teria recebido R$ 1.359.074,12 de uma das empresas contratadas para distribuir cestas básicas no Tocantins, durante a pandemia de Covid-19. Para a Polícia Federal, ele seria responsável pela “negociação de propina em contratos” do governo do Tocantins.

Nesta quarta-feira (3), a PF realizou a segunda fase da Operação Fames-19, que apura desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas no estado. O prejuízo estimado é de mais de R$ 73 milhões. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) do cargo pelo prazo de 180 dias em decisão. A primeira-dama, que é secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada.

Segundo a decisão, são apurados os crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa.

O governador afirmou, em nota, que a decisão de seu afastamento se trata de uma “medida precipitada”. A primeira-dama afirmou que vai comprovar “ausência de participação nos fatos” (veja as notas abaixo). O g1 ainda tenta contato com a defesa de Paulo César, que foi alvo de buscas nesta quarta-feira.

Para a PF, informações obtidas após a apreensão do aparelho celular de

Paulo César, durante a primeira fase da operação, indicam que ele intermediava negociações de propinas em contratos no governo e até em prefeituras. Karynne Sotero é citada pelo investigado em conversas, levantando indícios de que ela tinha participação no esquema criminoso.

Segundo apurado pela PF, Paulo César participava ativamente das atividades de uma das empresas envolvidas no esquema de desvio de verbas das cestas básicas. Ele também esteve presente em galpões dos fornecedores de cestas básicas.

Na decisão do STJ, o ministro Mauro Campbell afirma que a participação de Paulo César no desvio de verbas, era garantido a partir de sua proximidade com a primeira-dama e tinha “amplo acesso” à cúpula do governo.

Segundo a PF, os diálogos obtidos comprovam a prática de fraudes em licitações, com indicação prévia de quais empresas deveriam ganhar cada certame. As fraudes, suspostamente, aconteceram entre 2020 e 2024, durante os governos de Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa.

A defesa de Mauro Carlesse (Agir), governador na época, lamentou os recentes acontecimentos e afirmou que “inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados” (veja nota no final da matéria).

As investigações apontam que Paulo César recebeu “vultosas quantias” de outros investigados, e também “valores de grande vulto” de várias empresas ligadas ao esquema das cestas básicas, incluindo uma vinculada ao filho de um assessor especial do governador.

Entre julho de 2020 e julho de 2022, Paulo César recebeu R$ 1.359.074,12 e realizou saques de R$ 665.015,63, “havendo indícios de seu envolvimento em atos de

lavagem que se seguiram aos supostos desvios”.

Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), apenas uma das das empresas direcionou 58 lançamentos para Paulo César, totalizando R$ 521.263,81.

Conforme a decisão, o Instituto para o Desenvolvimento e Gestão Social Esportiva e Cultural (Idegeses), uma das empresas contratadas para produzir cestas básicas, não entregava esses produtos. A empresa, supostamente, pegava emprestado cestas montadas por outras empresas, para poder ludibriar a fiscalização da Secretaria de Estado do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).

O Idegeses recebeu pagamentos do Estado do Tocantins até julho de 2024, por meio da Secretaria Estadual dos Esportes e Juventude, previamente titularizada por Karynne Sotero. O g1 entrou em contato com o instituto, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

As investigações apontaram que, desde a criação do instituto, havia a intenção de destinar emendas parlamentares para as atividades. As verbas destinadas ao Idegeses também eram utilizadas como uma forma de “se aproximar não apenas dela [Karynne] como também do núcleo político do atual governador do Estado”, afirma o documento.

Segundo a decisão, Karynne esteve como presidente do Idegeses no período de 17/01/2013 a 16/10/2019. Mesmo depois de deixar o cargo de presidente, ela ainda mantinha as chaves do Instituto em seu poder, o que, segundo a polícia, aponta que a relação da primeira-dama com a instituição foi mantida.

Reitero meu respeito à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e às instituições, ressaltando que irei dedicar-me plenamente à minha defesa, convicta de que conseguirei comprovar minha total ausência de participação nos fatos que estão sendo apontados.

Desejo que tudo seja esclarecido e reestabelecido com brevidade e justiça, pelo bem do povo tocantinense, a quem dedico meu trabalho e compromisso.

Recebo a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições, mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesa.

Reforço que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos menciona-

dos e encaminharam integralmente as informações às autoridades competentes.

Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população.

Íntegra da nota de

Mauro Carlesse

A defesa do ex-governador Mauro Carlesse lamenta os recentes acontecimentos envolvendo o Estado do Tocantins e esclarece que, durante todo o período em que Mauro Carlesse exerceu o mandato, inexistiu qualquer ato ou decisão de sua responsabilidade relacionado aos fatos apurados.

Ressalta, ainda, que o ex-governador não figura como investigado, réu ou alvo de quaisquer medidas decorrentes da operação, não havendo, portanto, qualquer imputação contra sua pessoa.

Por fim, a defesa reafirma sua confiança nas instituições e no pleno esclarecimento dos fatos, convicta de que a apuração confirmará a total ausência de envolvimento de Mauro Carlesse com os acontecimentos sob investigação.

O fim da PEC da blindagem

No último dia 21, um mar de gente tomou conta das ruas, em algumas capitais do Brasil.

Pessoas que foram demonstrar sua revolta com a aprovação da chamada PEC da Blindagem.

A Proposta modifica a Constituição para proteger parlamentares de processos criminais.

De acordo com o texto aprovado, se algum parlamentar cometer qualquer crime, incluindo estupro ou assassinato, sem falar a corrupção, só será julgado com a aprovação dos colegas, deputados e senadores, em votação secreta.

Um verdadeiro murro no estômago da sociedade.

É a certeza da impunidade para os excelentíssimos senhores que, em geral, tão mal nos representam.

É como se eles estivessem acima do bem e do mal.

Como se existisse uma casta que os separasse dos outros meros mortais.

Como se o mandato lhes desse a possibilidade de ser semideuses.

Qualquer pessoa minimamente justa e coerente seria contra essa afronta.

Mas, não foi o que vimos.

Por uma razão inexplicável aos olhos sensatos, o tema, mais uma vez dividiu a população.

Tornou-se uma pauta de esquerda, quando deveria unir os brasileiros.

Quero crer que as pessoas contrárias à PEC não tenham entendido

Caso contrário, como ser favorável a algo tão grotesco?

Infelizmente, o que verificamos hoje, no Brasil, é a continuidade de uma

polarização que deixa as pessoas cegas a ponto de erguer uma bandeira americana, literalmente, mesmo diante da tentativa de intromissão dos EUA em assuntos que dizem respeito à soberania nacional.

Não se trata de ser de direita ou de esquerda, mas, sim, de ser minimamente coerente diante do que é colocado para debate.

De fato, não deveríamos ter “políticos de estimação”.

Há erros e acertos em todos os lados.

Não há incoerência alguma em admitir os erros de quem defendemos.

Pelo contrário. Ter senso crítico nos ajudar a caminhar para uma sociedade mais justa, que deveria ser o objetivo de todos nós.

As nossas bolhas, sejam no mundo real ou virtual, não contribuem em nada para o avanço pessoal e social.

Temos que analisar a política com menos paixão e mais razão.

E foi graças à manifestação popular, que o Senado arquivou a PEC da vergonha.

* Renata Dourado é psicanalista e jornalista. Trabalha na TV Bandeirantes há mais de 15 anos. Apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda a Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados.

Foto Guilherme Cortez no X

Ceará sanciona lei que zera ultraprocessados na merenda até 2027

Ogovernador do Ceará, Eumano de Freitas, sancionou nesta quinta-feira (18), a lei que proíbe alimentos ultraprocessados na merenda escolar do estado. A regra passa a valer para todas as escolas públicas e também para as particulares.

Segundo a lei, a retirada dos alimentos ultraprocessados dos cardápios escolares vai ser gradual. Em 2026, esse tipo de alimento ficará restrito a 10% de tudo o que é servido aos estudantes. E, em 2027, a meta é zerar a presença de ultraprocessados na alimentação dos alunos.

A lei foi sancionada na abertura da 2o Cúpula da Coalização Global para Alimentação Escolar, realizada em Fortaleza (CE). O encontro reúne representantes de mais de 80 países e, na abertura, contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Como em um ato simbólico, o ministro da Educação Camilo Santana e a Diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos, Cindy McCain, presentes na Cúpula, também assinaram a legislação. Alckmin elogiou a medida, mas não sinalizou se o governo federal estuda adotar uma medida semelhante para o restante do país.

Limites

Em fevereiro deste ano, o governo federal reduziu de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados que poderão compor o cardápio das escolas públicas brasileiras em 2025, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O objetivo é oferecer alimentação mais saudável aos estudantes, priorizando alimentos mais nutritivos, produção local e maior diversidade de cultura alimentar das regiões do país.

A determinação consta em uma resolução do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), que é responsável pelo PNAE e pelo repasse de recursos destinados a estados e municípios para a merenda escolar. Em 2026, o limite de ultraprocessados na merenda será reduzido para até 10%.

O programa atende 40 milhões de crianças e jovens em 150 mil escolas dos 5.570 municípios do Brasil. São 50 milhões de refeições diárias e cerca de 10 bilhões por ano, com custo anual de cerca de R$ 5,5 bilhões.

Sem reajustes regulares, PNAE perde poder de compra

Desde o último reajuste, em 2023, o poder de compra do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ficou pelo menos 8,8% menor. O cálculo leva em conta o Índice de Preços ao Consumidor dos alimentos acumulado entre os anos de 2023 e 2024. O IPCA-Alimentos é o indicador do IBGE que mede a inflação nos grupos dos alimentos e bebidas.

O PNAE é um dos maiores programas de alimentação escolar do mundo, atende 40 milhões de estudantes em todo país e é considerado referência pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

Só que o valor repassado por dia para cada estudante do ensino fundamental e médio da rede pública é de R$ 0,50. Os dois grupos somam 27,8 milhões de estudantes ou 70% dos atendidos. Esse valor pode variar para cima ou para baixo conforme a modalidade de ensino.

O que parece pouco já foi menor.

“A gente ficou muitos anos sem ter reajuste, sobretudo durante os anos do governo Temer e do governo Bolsonaro. Quando o Lula entrou, ele deu um reajuste significativo, mas

depois disso não houve mais reajuste”, lembra Mariana Santarelli, coordenadora do ÓAÊ, o Observatório da Alimentação Escolar.

Em 2023, o aumento foi, em média, de 34%, sendo que para os ensinos fundamental e médio foi de 39%, repondo a inflação acumulada no período em que ficou congelado. Antes de 2023, o último reajuste tinha sido em 2017.

Para Luana de Lima Cunha, assessora de políticas públicas da Fian Brasil, organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas, o orçamento curto tem impacto direto na saúde e na aprendizagem dos estudantes, além de exigir malabarismos de quem administra os recursos.

“Imagina o desafio que é para uma nutricionista, uma cozinheira, uma unidade escolar, conseguir uma alimentação adequada de qualidade com 50 centavos por dia para um estudante”.

Além do governo federal, estados e municípios precisam complementar esse valor com recursos próprios. Mas nem sempre isso acontece. Levantamento da ÓAÊ mostra que mais de 30% dos municípios das regiões Norte e Nordeste não conseguem complementar os repasses desde 2022.

Para Mariana, apesar do reconhecimento internacional, o orçamento do PNAE ainda “fica muito à mercê da vontade política dos governantes”. Para ela, é preciso criar mecanismos que deem estabilidade à política: “O que a gente gostaria é que existisse algo que fosse independente das decisões do Congresso Nacional ou do Executivo Federal”.

“A gente pauta muito para que o orçamento seja atualizado a partir do IPCA-Alimentos e Bebidas, que é o melhor indicador para conseguir blindar da flutuação de preços dos alimentos e as defasagens a partir dos processos de inflacionários”, argumenta Luana.

EDUCAÇÃO

O Congresso Nacional tem 15 projetos de lei propondo gatilhos para o reajuste automático do PNAE. Todos estão parados.

Fernanda Pacobahyba, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE, órgão responsável pela gestão do programa concorda que a criação de gatilhos para reajustar o orçamento do PNAE é importante:

“Somos muito favoráveis. Agora, é óbvio que o contexto orçamentário é um contexto de disputa. Então, estamos nessa disputa que passa pelo Congresso Nacional”.

Pacobayba lembra que outro caminho para garantir a eficiência do programa é retirar o orçamento do PNAE da política de contenção de gastos públicos, o chamado arcabouço fiscal.

“O PNAE está dentro do arcabouço. Alguns deputados até falam em colocar fora do arcabouço. Nós ainda não vimos isso acontecer, portanto, a gente precisa seguir as regras”, conclui.

Em fevereiro deste ano, o governo federal reduziu de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados que poderão compor o cardápio das escolas públicas brasileiras em 2025, por meio do PNAE. O objetivo é oferecer alimentação mais saudável aos estudantes, priorizando alimentos mais nutritivos, produção local e maior diversidade de cultura alimentar das regiões do país.

Em 2026, o limite de ultraprocessados na merenda será reduzido para até 10%.

O PNAE atende 40 milhões de crianças e jovens em 150 mil escolas dos 5.570 municípios do Brasil. São 50 milhões de refeições diárias e cerca de 10 bilhões por ano, com custo anual de cerca de R$ 5,5 bilhões.

Sem celulares, desempenho escolar e socialização melhoram no Rio

“Era um vício. Dava vontade de ficar mexendo o tempo todo.” Assim a estudante Priscila Henriques Lopes da Silva, de 14 anos, define a relação que tinha com o celular. A amiga Sophia Magalhaes de Lima, também com 14 anos, se identifica, mas diz que “hoje em dia não dá tanta vontade. A gente percebe que não precisa ficar mexendo no celular para poder se divertir”.

O que separa as duas realidades é a decisão da prefeitura do Rio de Janeiro de proibir o uso do celular nas escolas, aplicada no início do ano letivo de 2024. A medida adiantou o que se tornaria regra em todo o território nacional no começo deste ano, por força de uma lei federal.

O estudante Enzo Sabino Silva Cascardo, de 15 anos, con-

ta que, antes da proibição, os períodos das aulas, na verdade, eram perdidos em jogos e redes sociais. “Ninguém prestava atenção”, lembra. Os professores também perdiam preciosos minutos – e o bom humor – tentando angariar alguma audiência. Mas, mesmo nos momentos mais descontraídos, o “vício” continuava: “No recreio, era igual aqueles desenhos: todo mundo com a cabeça abaixada olhando no celular, ninguém brincava, ninguém conversava”, acrescenta Enzo.

Logo de cara, a proibição não agradou: “Vamos dizer que a gente ficou chateado, para não usar outra palavra”, brinca Enzo. Mas em pouco tempo a vida natural das escolas “se regenerou”, para usar outra brincadeira, feita por usuários nas redes sociais. O recreio voltou a ser o espaço para brincadeiras e bate-papo. Dentro de sala, os professores voltaram a ter mais problema com as conversas paralelas do que com os diálogos via aplicativo.

De acordo com a prefeitura, os resultados não são apenas visíveis, como também mensuráveis. Dados do desempenho dos alunos do ensino fundamental, colhidos periodicamente pela Secretaria Municipal de Educação, mostram um avanço de 25,7% em matemática e 13,5% em português, em 2024.

Essas proporções foram calculadas por um pesquisador da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, após a aplicação de métodos estatísticos para isolar outros fatores que podem influenciar nesse desempenho e identificar qual o ganho obtido apenas com a proibição. Também foram ouvidos mais de 900 diretores, que correspondem a 90% dos profissionais da rede.

A aluna Tauana Vitória Vidal Fonseca, de 15 anos, faz parte dessa estatística. “Quando a gente podia usar o telefone, eu ficava o dia inteiro no celular, ao invés de prestar atenção nas aulas. Depois que proibiu, minha nota subiu lá em cima! Matemática, principalmente, melhorou muito. Antes eu não sabia nada, mas acho também que é porque eu ficava o tempo todo com o celular na aula, né?”

Todos os adolescentes ouvidos pela reportagem estudam no Ginásio Educacional Olímpico (GEO) Reverendo Martin Luther King, na Praça da Bandeira, região central do Rio. A diretora Joana Posidônio Rosa conta que enfrentou resistência logo que a medida foi implementada. “Tinha aluno que se recusava, tinha aluno que brigava comigo...”.

Um aliado foi fundamental: “Logo que a medida foi anunciada, a gente começou a falar com as famílias, pelos grupos de WhatsApp, nas reuniões de pais e a gente teve uma adesão de praticamente 100%. Inclusive recebemos relatos de familiares, contando que em casa a situação também estava muito difícil, porque eles não saíam dos celu-

lares. E foi muito importante essa adesão das famílias, porque sozinhos a gente não conseguiria”, conta a diretora.

O professor de história Aluísio Barreto da Silva lembra que alguns alunos chegavam a ter reações extremas, com gritos e choros, quando o celular era apreendido, tamanho apego ao aparelho. Ele vê uma herança da pandemia nesse comportamento, já que, por quase dois anos, as crianças e adolescentes precisaram estudar de forma remota, e praticamente só socializavam via internet.

Apesar disso, Aluísio conta que em algumas semanas, a “desintoxicação” já produziu resultados e ele voltou a ser o emissor de mensagens mais importante da sala. Mas o professor diz que essa não é a realidade de todos os docentes da rede, já que o cumprimento da lei exige que toda a comunidade escolar esteja engajada, desde a direção das escolas, passando por todos os funcionários, até as famílias.

A princípio, cada classe do GEO Reverendo Martin Luther King tinha uma caixa organizadora, onde os aparelhos eram guardados no início da aula. Hoje, basta uma caixa para toda a escola, que fica na sala de direção, porque a maioria dos alunos já prefere nem levar os aparelhos.

EDUCAÇÃO

Por ser um ginásio educacional olímpico, o colégio oferece treinamentos em atividades esportivas, além das aulas de educação física. Mesmo nesses momentos, que normalmente são muito apreciados pelos alunos, o celular atrapalhava e afetava o rendimento. A proibição também foi aplicada na hora dos treinos, aumentando ainda mais o tempo sem tela dos alunos e contribuindo para a “desintoxicação”.

Sophia Magalhães de Lima, que costumava assistir a vídeos no celular até mesmo enquanto tomava banho, tem trocado o aparelho por outras atividades, como os treinos de xadrez, e hoje ostenta o título de campeã estadual da modalidade. Ela diz que a concentração, tão importante para a prática, aumentou após a proibição.

Já Ana Julia da Silva, de 14 anos, percebe uma melhora que não foi medida pelo estudo. “Antes, eu respondia todo mundo, não estava nem aí pra nada, fazia muita bagunça, toda hora era mandada para a direção. Um dia, eu estava com o telefone na escola, quando algumas crianças começa-

ram a brigar. Aí eu filmei e postei nas redes. A mãe de uma das meninas viu, aí a escola chamou meu pais, conversou comigo e hoje eu entendo que eu não tinha direito de gravar aquelas crianças. Eu sinto que o que mais melhorou foi o meu comportamento.”

Apesar de não ter números sobre esse impacto, o secretário municipal de Educação confirma que ele tem sido percebido pelos profissionais.

Para ele, os resultados da lei são uma demonstração de como decisões do poder público podem ajudar as famílias a lidarem com os desafios da tecnologia. “A verdade é que todo mundo está tendo dificuldade nesse processo de criar seus filhos e filhas, crianças ou adolescentes, com esse excesso de tela, de tecnologia, e muitas vezes a gente precisa fazer esses freios de arrumação. Eu defendo, por exemplo, que a gente restrinja o uso de redes sociais, para acima de 16 anos. Acho que é o próximo freio de arrumação que a gente deveria encampar no nosso país.”

Rio de Janeiro registra maior

queda de preço na hospedagem

ORio de Janeiro aparece como o destino doméstico mais procurado para hospedagem entre 1� de setembro e 15 de novembro de 2025, segundo levantamento da plataforma Kayak. Além de liderar em interesse, a cidade também registrou a maior queda no preço médio da diária: R$ 396, com redução de 32% em relação ao mesmo período de 2024.

O dado reforça uma tendência observada na chamada baixa temporada —período que antecede o feriado da Proclamação da República e marca a transição para o verão. Apesar

de ser tradicionalmente associado a menor fluxo turístico, o intervalo entre setembro e novembro tem mostrado alta demanda e boas oportunidades de economia.

De acordo com a pesquisa, entre os 15 destinos mais procurados para hospedagem, nove são brasileiros e cinco internacionais. Além do Rio, cidades como Gramado e João Pessoa também apresentaram queda nos preços das diárias, de 4% e 1%, respectivamente. Já São Paulo, Porto Seguro e Fortaleza mantiveram os valores estáveis, o que os torna opções viáveis para quem busca viajar com inteligência e controle de gastos.

Recomendado para você

No cenário internacional, Buenos Aires se destaca como alternativa econômica, com redução de 3% no preço médio da diária. Paris, por outro lado, registrou aumento de 9%, mas segue entre os cinco destinos mais buscados por brasileiros para o período, ao lado de Madri, Roma, Lisboa e Orlando.

Aumento nas buscas e queda nos preços

O levantamento do Kayak mostra que, comparado ao mesmo período de 2024, as buscas gerais por acomodação —nacionais e internacionais— cresceram 6%, enquanto os preços médios caíram 9%. Isso indica que, mesmo com maior interesse por viagens, há espaço para economia, especialmente para quem planeja com antecedência.

O interesse por viagens internacionais também se intensificou: houve aumento de 13% nas buscas por voos e de 8% nas pesquisas por hospedagem fora do país. A combinação de alta demanda com queda nos preços reforça o potencial da baixa temporada como oportunidade para explorar novos destinos com mais tranquilidade.

Na análise por continentes, a Ásia surpreende com crescimento de 75% nas buscas por voos em relação a 2024. Em seguida aparecem Caribe (53%), Oriente Médio (36%), África (22%) e Europa (18%). Apesar disso, a América do Sul segue como a região mais procurada pelos brasileiros, seguida por Europa, América do Norte, Ásia e Caribe. Entre os destinos nacionais mais buscados para voos, o Nordeste man-

tém sua força. João Pessoa teve aumento de 42% nas buscas, seguida por Porto Seguro (18%). Recife, Fortaleza, Maceió, Salvador e Natal também aparecem entre os favoritos, consolidando a região como principal escolha dos brasileiros para viagens domésticas.

Comportamento do viajante e oportunidades

O levantamento revela que, mesmo fora da alta temporada tradicional, o interesse por viagens continua forte. A queda nos preços em destinos populares e o equilíbrio entre buscas nacionais e internacionais mostram que o comportamento dos viajantes está cada vez mais atento às vantagens da baixa temporada.

Para quem busca economia, o período entre setembro e novembro oferece boas oportunidades —seja para explorar o Brasil com mais tranquilidade ou para embarcar em uma viagem internacional com custos mais acessíveis.

Para Gustavo Vedovato, country manager do Kayak no Brasil, os dados mostram que a baixa temporada tem se consolidado como uma boa janela de oportunidade para viajantes. “Além de um menor fluxo de turistas e clima favorável, é um período que combina preços mais convidativos, como no caso das hospedagens, que apresentaram queda de 9% nos preços médios comparado com o mesmo período do ano passado”, afirma.

Mas Gustavo ressalta que não basta saber qual é o período considerado de baixa temporada no turismo e automaticamente achar que vai economizar. É importante acompanhar as variações nos preços para saber o melhor momento de fazer as reservas, assim como em qualquer outra época do ano.

Gabriel García Márquez ganha roteiro literário exclusivo na Colômbia

Oturismo literário está ganhando novos contornos na América Latina, E a Colômbia é o epicentro dessa transformação. Em vez de apenas visitar bibliotecas ou museus, a proposta agora é pisar em locais simbólicos onde a literatura nasceu. E poucos autores traduzem tão bem o espírito de um lugar quanto o colombiano Gabriel García Márquez, que eternizou sua terra natal em obras como “Cem Anos de Solidão” e “O Amor nos Tempos do Cólera”.

É nesse universo, entre ficção e memória, que o roteiro “A Colômbia de Gabriel García Márquez”, criado pela produtora de viagens com conhecimento NomadRoots, convida os viajantes a mergulhar.

Mais do que uma viagem, trata-se de uma jornada literária guiada por mediações culturais, caminhadas temáticas e encontros com a história viva da Colômbia. Cada parada é uma oportunidade de transformar leitura em vivência, conectando trechos das obras de Gabo aos cenários reais que as inspiraram.

“Ao longo da jornada, os viajantes percorrem lugares onde a atmosfera do realismo mágico pulsa. Mas o diferencial não está apenas no cenário: o roteiro é cuidadosamente desenhado para transformar leitura em vivência”, explica Francisco Escorsim, mediador-guia e especialista da viagem.

Além de experiências exclusivas e minuciosamente pensadas, mediações literárias acompanham o grupo em

momentos estratégicos da viagem, conectando trechos dos livros com os lugares visitados, refletindo sobre as temáticas centrais da obra de García Márquez: o tempo, o amor, a espera, a memória e a solidão.

Gabriel García Márquez, ou simplesmente Gabo, é um dos maiores nomes da literatura mundial e símbolo da Colômbia profunda. Nascido em Aracataca, eternizou a alma latino-americana por meio do realismo mágico, estilo que mistura o fantástico ao cotidiano. Vencedor do Nobel de Literatura em 1982, Gabo transformou suas memórias e paisagens caribenhas em literatura universal.

Novo aeroporto vai tornar viagem ao Jalapão mais curta

OJalapão, um dos destinos mais cobiçados do ecoturismo brasileiro, está prestes a se tornar muito mais acessível. Famoso por seus fervedouros, dunas douradas e paisagens de tirar o fôlego, o Parque Estadual localizado no leste do Tocantins sempre exigiu dos viajantes uma dose extra de disposição —e horas de estrada. Mas essa realidade está prestes a mudar. O governo do Tocantins anunciou que o novo aeroporto de São Félix do Tocantins deve ser inaugurado em dezembro. A estrutura, voltada para aeronaves de pequeno porte, está em fase final de obras e promete encurtar significativamente o tempo de deslocamento até o Jalapão.

Com pista de 1.100 metros e terminal de passageiros de 750 m�, o aeroporto contará também com um hangar de 2.430 m�. A operação dependerá da homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e ainda não há definição sobre quais companhias aéreas irão operar no local. Mas o impacto já é sentido: agências de turismo, pousadas e empreendedores da região estão se preparando para uma nova fase.

Atualmente, o acesso ao Jalapão é feito majoritariamente por via terrestre, com roteiros que partem de Palmas e podem levar até cinco horas de carro em estradas que alternam trechos asfaltados e de terra.

Para quem vem de outros estados, o trajeto costuma incluir voos até a capital tocantinense e, depois, uma jornada por terra que exige tempo e disposição.

Com o novo aeroporto em São Félix, localizado a cerca de 180 km de Palmas, essa logística será simplificada. A ideia é que aeronaves de pequeno porte, com capacidade para até 12 passageiros, façam o trajeto direto até o coração do Jalapão. Isso abre espaço para novos perfis de turistas —incluindo aqueles que buscam experiências rápidas, como escapadas de fim de semana ou viagens de incentivo.

Além disso, a chegada aérea pode facilitar o acesso de visitantes internacionais, especialmente os que já têm o Brasil como destino de aventura e natureza. O Jalapão, com sua biodiversidade e paisagens únicas, tem potencial para se tornar um hotspot global de ecoturismo.

Entre 2022 e 2023, o Parque Estadual do Jalapão recebeu cerca de 60 mil turistas. Com a inauguração do aeroporto, a expectativa é que esse número cresça significativamente. Mais visitantes significam mais demanda por hospedagem, alimentação, transporte e comércio — e a região já começa a se movimentar para atender esse novo fluxo.

Empreendimentos locais estão investindo em infraestrutura, capacitação de mão de obra e parcerias com agências de turismo. A ideia é garantir que o crescimento seja sustentável e que a experiência do visitante continue sendo marcada pela autenticidade e pelo contato direto com a natureza.

O Jalapão é conhecido por atrativos como o Fervedouro do Ceiça, a Cachoeira da Velha, a Serra do Espírito Santo e a comunidade quilombola do Mumbuca, berço do artesanato em capim-dourado. Com acesso facilitado, esses pontos turísticos devem ganhar ainda mais visibilidade — e se tornar parte de roteiros mais diversos e acessíveis.

Apesar do otimismo, o novo aeroporto também traz desafios. A preservação ambiental é uma preocupação constante na região, e o aumento do fluxo turístico exige planejamento cuidadoso. O Jalapão é uma área de conservação e abriga espécies endêmicas, além de comunidades tradicionais que vivem em harmonia com o ecossistema.

Pelo retorno da Educação Política às escolas

Nunca foi tão importante falarmos de educação política. Temos presenciado ao longo dessa última década, simultaneamente, grupos que têm se interessado e valorizado mais a política e grupos que escancaram a total falta de conhecimento sobre a verdadeira política, grupos esses que se deixam levar por aqueles que ascenderam ao poder por meio da mais pura e simples politicagem.

Recentemente ocorreu, em diversas cidades do País, o movimento contra a anistia. E o que vimos de comum sobre os trios elétricos? Artistas da velha guarda, emblemáticos do período da ditadura, referências políticas do Brasil, alguns da década de 1970, outros surgidos na década de 1980 e, felizmente, artistas mais novos, surgidos nos anos 2000.

Mas todos eles, sem exceção, com forte conscientização política, tendo ou não, passado por disciplinas escolares que tratassem dos sistemas políticos, principalmente do Brasil. E aqui não me restrinjo apenas às teorias, correntes e ideologias. Mas abranjo, também, os movimentos sociais e as políticas públicas, que são a materialização prática, o desenvolvimento crítico da tomada de consciência, como apregoava Paulo Freire.

educação conteudista onde os alunos são tratados apenas como depósito dos conhecimentos repassados pelos educadores.

Temos hoje, no Brasil, entidades, principalmente os movimentos populares, que proporcionam formação política para a população em geral, de onde saem líderes comunitários, vozes novas no cenário político capazes de causar impacto na sociedade local e nacional.

“É preciso explorar mais profundamente

o contexto social e as implicações políticas dos educandos, para que se possa moldar suas ações práticas, deixando em segundo plano a educação conteudista onde os alunos são tratados apenas como depósito dos conhecimentos repassados pelos educadores.”

É premente que o ensino, ainda tendo como base o pensamento de Paulo Freire, sempre situe os sujeitos em sua realidade histórica e social concreta, de forma a trazer consonância com o que é visto e vivido localmente, diuturnamente. É preciso explorar mais profundamente o contexto social e as implicações políticas dos educandos, para que se possa moldar suas ações práticas, deixando em segundo plano a

Mas somos um país de mais de 213 milhões de habitantes, com dimensões continentais. Precisamos de uma política educacional que dissemine a educação política no Brasil. A população precisa aprender e se informar sobre a verdadeira política.

A tomada de consciência política é o primeiro passo para afastar-se de explicações simplistas e fatalistas da realidade. Ao se engajarem no diálogo e no estudo de sua própria história, os indivíduos começam a absorver conteúdos mais abstratos e complexos. Apenas nesse momento é que o sujeito se tornará verdadeiramente autônomo, agindo com base em um entendimento aprofundado e crítico de sua própria realidade.

* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL.

Semana jogada fora

ASemana da Mobilidade Urbana passou em branco no Distrito Federal, e não foi por falta de assunto. Afinal, exatamente no dia 18 de setembro, que sempre marca o início da Semana no Brasil, o GDF pôs em operação uma faixa exclusiva para ônibus entre São Sebastião e o antigo Balão da ESAF. Só que renunciou ao que poderia ter sido um debate educativo, justamente o principal objetivo da iniciativa que, nas palavras do Ministério das Cidades, tem como proposta “estimular a reflexão sobre os impactos do uso excessivo dos veículos, sobretudo nas grandes cidades, e como isso afeta o meio ambiente, a saúde e o bem-estar coletivo”. Costumo comparar automóveis a gases, que ocupam todo o espaço que lhes for ofertado. Não sabia do uso dessa imagem antes de fazê-lo pela primeira vez, mas desde então venho ouvindo a analogia de tanta gente que tenho absoluta certeza da falta de originalidade de minha parte. Longe de me deixar triste, a constatação renova minhas convicções a favor do transporte coletivo como meio de universalizar o direito à cidade. Infelizmente a imensa maioria de nossos governantes atua no sentido oposto. Assim, proliferam as duplicações de rodovias, os viadutos e trevos, tudo com vistas a aumentar a fluidez dos automóveis.

plena abundância e sem compromisso com a sustentabilidade. O papel dos governantes, no entanto, não pode se limitar a atender de forma imediatista às demandas do eleitorado, como se não tivessem responsabilidade com o futuro. É atribuição do Poder Público formular as políticas e submetê-las à deliberação da sociedade via canais democráticos de participação.

“A inescapável decorrência dessa

conjunção de irresponsabilidades é a saturação da malha viária, ao que os governos respondem com mais e mais do mesmo. Esse é o círculo mágico, assim magistralmente batizado por Gabriel Dupuy três décadas atrás.”

O resultado dessa política desastrosa é o estímulo ao uso do transporte individual, potencializado pela propaganda da indústria automotiva e pela especulação imobiliária. A inescapável decorrência dessa conjunção de irresponsabilidades é a saturação da malha viária, ao que os governos respondem com mais e mais do mesmo. Esse é o círculo mágico, assim magistralmente batizado por Gabriel Dupuy três décadas atrás.

É forçoso reconhecer que, da forma como é informada pela publicidade das grandes corporações e pela muito raramente crítica cobertura midiática, a chamada opinião pública cobra mais e mais dos mesmos remédios ofertados no cardápio rodoviarista, como se vivêssemos num mundo de

Nessa quadra se insere o episódio da mais recente tentativa de implantar uma faixa exclusiva do DF. Democratizar os espaços públicos de circulação significa dividir os recursos existentes igualitariamente entre as pessoas, não entre veículos. Em uma conta muito generosa, são necessários cinquenta ou mais carros para transportar os passageiros que um ônibus transporta. Sem falar que o passageiro de ônibus compartilha solidariamente parte de seu tempo com os demais usuários que demandam as paradas para embarcar e desembarcar.

Ao abrir mão de pautar o debate sobre mobilidade sustentável, dependência do automóvel, cidade includente e temas afins, o GDF deixou o espaço aberto para as estridentes manifestações da carrocracia, que não desperdiça qualquer oportunidade de impor aos passageiros de ônibus a perda de tempo provocada pelo excesso de veículos individuais privatizando o espaço público de circulação.

* Paulo Cesar Marques da Silva é professor da área de Transportes da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília e pesquisador do Observatório das Metrópoles. Possui graduação em Engenharia pela Universidade Federal da Bahia, mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado pela University College London.

Caio Bonfim é campeão mundial dos 20 km da marcha atlética em Tóquio

Caio Bonfim é o campeão mundial dos 20 km da marcha atlética. A conquista foi confirmada no início da madrugada deste sábado (20), no horário de Brasília, em prova disputada em Tóquio. Caio Bonfim venceu a prova com o tempo de 1:18:35, seguido pelo chinês Zhaozhao Wang (1:18:43) e pelo espanhol Paul McGrath (1:18:45). Matheus Corrêa (AABLU-SC) terminou a prova em 17o (1:21:04) e Max Batista, em 42o (1:27:34).

Na prova feminina, Viviane Lyra foi a 12o colocada, com o tempo de 1:29:02, e Gabriele Muniz (CASO-DF) terminou em 32o (1:34:28). Érica Sena (Pinheiros-SP) abandonou a prova após o terceiro quilômetro.

A conquista transformou o atleta no maior medalhista do país em mundiais. São quatro medalhas em oito edições disputadas: bronze em Londres-2017 e Budapeste-2023 no

20 km, e a prata nos 35 km conquistada no primeiro dia do Mundial (12/9).

O Brasil soma 19 pódios em Mundiais. São três ouros: a conquista marchador brasiliense em 2025, Alison dos Santos, nos 400 metros com barreiras, em Eugene-2022, e Fabiana Murer, no salto com vara, em Pequim-2015. Esta também é a melhor campanha do Brasil em Mundiais, com um ouro e duas pratas: além das duas medalhas de Caio Bonfim, Alison dos Santos sagrou-se vice-campeão dos 400 metros com barreiras.

“Ainda não caiu a ficha. Eu não sabia que era ouro. Eu passei o chinês e o espanhol na última volta, fiz a vinda para o estádio (marchando) rápido, porque eu pensei: ‘eles vão lutar e eu posso perder a medalha, são caras velozes’. Quando chego no estádio, vejo a faixa e penso: ‘ué, nos 35 km eu fui segundo e não tinha faixa’. E aí pensei: ‘meu Deus, eu vou ser campeão do mundo!’”, disse o atleta à assessoria da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

STF condena Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão

Fonte Agência

APrimeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado.

A pena foi definida após o colegiado entrar na fase de fase da dosimetria das penas depois da condenação dos oito réus da trama golpista.

Mais cedo, por 4 votos a 1, o colegiado condenou os acusados pelos crimes de crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Apesar da definição do tempo da condenação, Bolsonaro e os demais réus não vão ser presos imediatamente. Eles ainda podem recorrer da decisão e tentar reverter as condenações.

Somente se os eventuais recursos forem rejeitados, a prisão poderá ser efetivada.

Bolsonaro está inelegível desde junho de 2023. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, por ordem de Moraes.

Os condenados não devem ficar em presídios comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo crucial da denúncia tem quatro militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição.

. Alexandre Ramagem (delegado da PF e deputado federal), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

. Almir Garnier (almirante), ex-comandante da Marinha;

. Anderson Torres (delegado da PF), ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;

. Augusto Heleno (general), ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;

. Jair Bolsonaro (capitão);

. Paulo Sérgio Nogueira (general), ex-ministro da Defesa;

. Walter Braga Netto (general), ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa de 2022

Alexandre Ramagem foi condenado somente pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Deputado federal em exercício, ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e respondia somente a três dos cinco crimes imputados pela PGR.

SUS realiza seis em cada dez exames de imagem no Brasil, diz estudo

OSistema Único de Saúde respondeu por 60% dos principais exames de imagem realizados no Brasil em 2023, somando mais de 101 milhões de procedimentos. No entanto, a proporção de exames para cada 1 mil usuários mostra que o acesso é ainda maior entre as pessoas que têm plano de saúde, apesar de ter havido melhora entre 2014 e 2023.

Naquele ano, a cada 1 mil usuários do SUS, foram realizados cerca de 634,41 exames. Já no setor privado, foram aproximadamente 1.323 procedimentos custeados pelos planos para cada grupo de 1 mil beneficiários.

Os dados são do Atlas da Radiologia no Brasil 2025, elaborado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, com base em informações oficiais do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Os números englobam cinco tipo de exames: raio-x (exceto odontológico), mamografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.

A base de usuários considerada no estudo é de 160,4 milhões de brasileiros atendidos pelo SUS e de 51,2 milhões que possuíam plano de saúde em 2023.

A partir dessa base, o Atlas calculou a razão entre os exames realizados em cada situação e a quantidade de usuários, o que chamou de densidade. Além disso, criou um Indicador de Desigualdade Público/Privado (IDPP).

Desigualdade menor

A comparação anual mostra que a densidade no SUS aumentou e o IDPP caiu desde 2014 em quatro exames: raio-x, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Já no caso das mamografias, o movimento foi inverso entre 2014 e 2020. Nos anos seguintes, a desigualda-

de caiu, mas continuou maior em 2023 (3,54) do que em 2014 (3,23).

Isso significa que os usuários dos planos realizaram 3,54 vezes mais mamografias do que os do SUS. O exame é essencial para o diagnóstico do câncer de mama e deve ser realizado, inclusive, para o rastreamento da doença, mesmo quando não há sintomas.

No entanto, há divergência sobre a periodicidade recomendada. O Ministério da Saúde preconiza um exame a cada dois anos, para todas as mulheres entre 50 e 69 anos. Já o rol obrigatório da ANS garante às usuárias dos planos a mamografia de rastreio a partir dos 40 anos.

O menor IDPP, ou seja, a menor diferença entre o SUS e os planos de saúde, é encontrado no raio-x: 1,36. Já a maior desigualdade está na ressonância magnética: o exame foi realizado 13,13 vezes mais entre os beneficiários dos planos do que entre os usuários de serviços públicos.

O Atlas, no entanto, mostra que a densidade de ressonâncias no serviço público mais do que dobrou entre 2014 e 2023, saindo de 6,07 exames a cada 1 mil pessoas, para 13,80, o que fez o IDPP cair 30% no período.

Disponibilidade dos exames

O Atlas da Radiologia no Brasil 2025 também traz informações sobre a disponibilidade dos aparelhos necessários para realizar os exames e aponta significativas diferenças regionais e conforme a complexidade.

Considerando todo o sistema de saúde, público e privado, o país tem quase 27 aparelhos de ultrassom e 16 de raio-x a cada 100 mil habitantes. Por

outro lado, há apenas 3,38 tomógrafos, 3,21 mamógrafos e 1,69 equipamentos de ressonância.

A quantidade absoluta de aparelhos disponíveis é maior na Região Sudeste em todos os cinco casos, mas a densidade, ou seja, quantos aparelhos há para cada 100 mil pessoas, é maior no Centro-Oeste em quatro, à exceção dos equipamentos de raio-x.

Na outra ponta, os moradores do Nordeste têm menos acesso a tomógrafos e há apenas 1,1 equipamento de ressonância a cada 100 mil habitantes.

A Região Norte é a menos abastecida do país em ultrassons, mamógrafos e aparelhos de raio-x. No Acre, há apenas 7 mamógrafos para atender a rede SUS, perfazendo uma densidade de menos de 1 aparelho para cada 100 mil usuários. Já a densidade na rede privada é de 35 aparelhos por 100 mil. A proporção de aparelhos por usuário é ainda menor no caso dos equipamentos de ressonância: 0,60.

O estudo do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem também calculou o Indicador de Desigualdade Público/Privado da oferta de equipamentos. Considerando a média brasileira, novamente ele é menor no caso do raio-x, 2,34, mas a maior diferença foi encontrada na presença dos aparelhos de ultrassom: há 3,74 vezes mais nos serviços privados cobertos pelos planos de saúde do que no SUS.

GOG – Um rapper de responsa

OGenival Oliveira Gonçalves nasceu em Sobradinho – DF, mas foi no Guará que o rapper GOG hoje conhecido mundo afora, foi aqui que surgiu o grande poeta do hip hop nacional.

Aqui no Guará deu os primeiros passos que o tornou conhecido, nos lazeres das quadras do Guará I e II, nas festinhas dançantes nos finais de semana, os famosos bailes no Pandiá Calogeras, Primavera, Ascade e no Salão de Múltiplas Funções do Guará.

O convívio dos primos e amigos amantes da black music, os vinis e o toca-discos do seu pai, foram muito importantes para o desenvolvimento, crescimento e efetivação dentro da arte e tornando-se o grande artista que hoje brilha no cenário nacional.

Enfrentou dificuldades, foi à luta lançou o selo independente Só Balanço onde apresentava o seu trabalho, dando

também oportunidades para novos talentos que como ele enfrentavam as dificuldades do mercado musical.

Valeu a pena, pois passou a ser reconhecido em todo Brasil, a partir daí o reconhecimento desse que hoje é conhecido como o poeta do rap nacional, título mais que merecido por sua luta e postura em relação ao cenário cultural do país.

Sendo reconhecido, suas apresentações, com suas ideias sendo propagadas, suas músicas passaram a ser tocadas nas rádios, até as rádios comunitárias que sempre tiveram um certo receio de aceitar o movimento, tiveram que se render ao talento musical do GOG.

Com suas ideias sendo propagadas, esse artista incansável, no ano de 2024 teve a grande ideia de fundar a Casa GOG, um projeto de inclusão social voltado para atividades musicais e pedagógicas.

Fruto do seu diálogo e estudos sobre as comunidades periféricas brasileiras, dos barracos, becos e vielas.

O cabra é bom!!

Começou!

Notei que o velho Caixa estava muito calado, estávamos sentados bebendo o néctar dos deuses, aquela boa e cerveja gelada lá no Porcão um dos point’s da boêmia lisa guaraense(pessoal ligado ao movimento dos sem grana).

As moscas como sempre faziam festa no nosso prato de tira gosto, foi pedido iscas de fígado mas pareciam minhocas assadas.

Como do nada o Caixa Preta deu um suspiro e naquele entusiamo que lhe é peculiar caiu matando no assunto da semana.

Caixa Preta é um tremendo gozador, está recolhendo as pérolas ditas pelos candidatos e devagarzinho vamos publicando, vale a pena ler e dar umas boas gargalhadas.

Diz ele que um candidato não sabendo mais o que prometer apelou e tascou essa: Prometo que se eleito vou resolver o problema de falta de iluminação para essa querida região, pois tão logo assuma eu aqui virei e aqui darei a luz.

Essa eu faço questão de assistir.

Além de rir um bocado quase que esqueço dos problemas da nossa cidade, me deu vontade de chorar quando lembrei da nossa cruel realidade.

Parece que agora depois que o GDF resolveu agir em cima do caso do calçadão, pintou, fez aquela maquiagem bem no estilo prostituta pobre, muita vaquinha de presépio elogiando nas redes sociais, coisa de sem noção.

Todo mundo anda espalhando que é o pai da coisa e rapidamente andou tomando providências, quando na verdade o Calçadão da Vergonha, continua sem um acabamento decente, tinta não é recuperação, a coisa continua uma vergonha pra ninguém botar defeito, o problema continua lá, só que agora pintado.

Chega de lorotas, tratem a população com mais respeito ninguém acredita mais nessa avalanche de mentiras que se abateu sobre o Guará.

Pra ilustrar melhor o velho Caixa, me contou que um amigo dele ia fazer a festa de aniversário do filho mas desistiu, ia aparecer candidato dizendo que era autor da obra.

Socorro!

Dando uma olhada no que pode acontecer aqui em nosso país esse ano, confesso que quase gritei: Eu quero Mamãe! Tive que me benzer!

Estamos à deriva com o povo calado tendo que engolir as estripulias desse bando de safados que, na cara de pau, se dizem representantes do povo.

Logo, logo estaremos no final do ano, que, apesar de não vermos muito entusiasmo nas ruas e locais onde costumamos frequentar ainda temos que sonhar com melhoras.

Todo mundo grudado no celular vendo as abobrinhas que rola nas redes sociais esquecendo todos os problemas que enfrentamos e os que estão por vir, pra acabar de lascar.

Pra mim parece o preâmbulo do Armagedom (o fim deve estar muito próximo), pois com essa cambada que hoje está no poder, sem a miníma disposição de largar o osso aliada a nossa eterna falta de vontade e vergonha para enfrentar assuntos sérios nesse país continuará a reinar, para mais quatro anos nos lamentarmos.

Estou no metrô, olho em volta, ninguém conversa com ninguém, se você puxar um papo com alguém corre o risco de ficar falando sozinho, mas o olho não desgruda do celular.

Isso sem contar com os que fingem dormir, para não ceder o lugar pra alguma grávida, idoso ou os que ainda acham que a educação dessa turma está longe do que seria normal.

TIJOLADAS DO CAIXA

TIJOLADAS DO CAIXA

Gosto quando o velho Caixa diz que o problema não é a IA - Inteligência Artificial, mas o emburrecimento galopante do povo.

Estamos chegando no Natal, logo passaremos a discutir um assunto muito importante para a nossa sobrevivência, coisa que deixa o velho Caixa meio cabreiro, as eleições onde continuaremos a dar vida a uma cambada de cabra safado, que procura nos cargos, respaldo pra safadeza que aprontam contra o povo.

Talvez com uma quantidade maior do que imaginamos de candidatos, muitos querendo livrar a pele, outros atrás de uma boquinha pra chamar de sua, mas todos sempre pensando primeiro neles.

Tem gente de terno e gravata matando o Brasil!

Mordidas

Fui em uma casa de ração, comprar um pacote de ração pro cachorro. Na fila, uma mulher atrás de mim, perguntou se eu tinha cachorros... Olhei bem pra ela

(quem me conhece pode imaginar meu olhar) e pensei: Por que estaria eu comprando aquele fardo 15 kgs de ração se não tivesse cachorro? Por impulso?

Então respirei e respondi delicadamente, que não, não tinha nenhum cachorro, mas a grande verdade é que, estava iniciando a dieta da ração novamente, pois da última vez havia perdido somente 10 kgs.

Tinha suspendido a tal dieta, disse até que tinha parado no hospital, apesar de ter seguido rigorosamente o que foi prescrito pelo veterinário.

Contei que a dieta era perfeita e simples: bastava encher os bolsos com ração e ir comendo sempre que sentisse fome.

Todos da fila ficaram me olhando, sem querer acreditar naquela conversa maluca no caso em questão, parecia que estavam vendo um maluco que estava contando.

Ai moça espantada, perguntou se a ração não estava me envenenando e por isso eu havia parado no hospital.

Respondi tranquilamente: ÓBVIO que não!

Isso aconteceu porque comecei a latir e correr atrás dos motoqueiros, carros na rua e me acertaram uma pedrada na cabeça, caí desmaiado, quando acordei estava de focinheira e coleira lá no hospital veterinário, queriam me castrar pra ficar mais calmo.

Achei que o senhor atrás de nós ia ter um ataque cardíaco de tanto rir.

Escritora mineira lança livro sobre memória, esquecimento e Alzheimer

Fonte Agência Brasil

Aescritora mineira Flávia Péret, também professora de criação literária e pesquisadora, lançou o livro Coisas presentes demais, da Relicário Edições, em que narra a reaproximação com a avó de 94 anos, diagnosticada com Alzheimer.

“É um romance em fragmentos. É um romance inspirado na vida da minha avó e da minha relação com ela, mas a partir de fragmentos. Ele tem ficção e realidade”, disse Flávia.

A autora conta que a avó mora em uma casa de repouso em Belo Horizonte desde que foi diagnosticada com a doença, aos 89 anos. Ela tem Alzheimer avançado, mas ainda não chegou à fase mais grave, pois ainda se alimenta e fala.

“Na pandemia, ela teve uma piora muito grande. Morava sozinha em Mariana, no interior de Minas Gerais, em uma casa cheia de escadas. Na transição de ir para uma casa de repouso, registrou piora muito grande. Passou a não reco-

nhecer filhos e netos. Em Mariana, ela tinha uma horta maravilhosa. Num ataque de fúria que ninguém entendeu, mas era o Alzheimer já, ela mandou destruir a horta”, lembra Flávia.

A autora recorda ainda que no mesmo dia em que sua avó mandou destruir a horta, começou a escrever sobre essa situação. “Eu construí o livro a partir desse episódio, mas já entrando na casa de repouso. O resumo do livro é uma neta que vai visitar sua avó semanalmente numa casa de repouso. Eu vou contando da nossa relação e vou tecendo vários comentários sobre memória, esquecimento, Alzheimer. É um livro sobre esse enigma que é a memória. O livro narra o reencontro da neta com a avó e a escrita me deu esse presente”.

Em suas pesquisas, Flávia relata que o Alzheimer é um problema de saúde pública ligado ao desenvolvimento do país. “Tem algo da saúde pública que pode ser melhorado, a alimentação, o estilo de vida. Ainda é um grande tabu as famílias terem vergonha de falar que um familiar tem Alzheimer. Poder falar sobre isso é muito importante”.

www.kimcartunista.com.br

kimcartunista@gmail.com

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