Família é a essência da Orquestra Ouro Preto, que completa 25 anos
José Sarney: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”
Desafios da Democracia: Igualdade de Gênero, Justiça Social e a Luta Contra Retrocessos
The Dead Rocks passa por Brasília em turnê que marca a volta de uma das mais importantes bandas de Surf Music nacional
Praga, Conexão Kafka
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Março / 2025
Ano 03 - Edição 26 - Março 2025
Publicada em 26 de Março de 2025
Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores.
A Revista Plano B não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.
ISSN 2966-0688
Viva a democracia brasileira!
A edição deste mês da revista Plano B traz como matéria de capa a celebração dos 40 anos da democracia brasileira, completados no dia 15 de março de 2025, em cerimônia promovida pela Fundação Astrojildo Pereira e o Cidadania, que teve como principal homenageado o ex-presidente José Sarney, o grande condutor da transição pacífica de 21 anos de ditadura militar para o mais longevo período democrático da história do país.
As novas gerações não sabem, felizmente, o que é viver em um país sob a ditadura. Para reconquistarmos a nossa liberdade e chegarmos até aqui, muitos tombaram pelo caminho. A retomada dessa trajetória democrática foi construída a partir de uma engenharia política articulada após a campanha das Diretas Já em 1984, costurada pessoalmente por Tancredo Neves, que no ano seguinte se tornou o primeiro presidente civil eleito pelo Colégio Eleitoral.
Como Tancredo foi internado às vésperas de sua posse, em 14 de março de 1985, devido a problemas de saúde, coube a sua vice José Sarney assumir interinamente a Presidência da República, cargo no qual acabou efetivado após a morte do titular em 21 de abril daquele mesmo ano.
O fato é que a posse de Sarney encerrou definitivamente um dos períodos mais sombrios da história brasileira, houve a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, que entregou ao país a ‘Constituição Cidadã’ de 1988, abrindo o caminho para a retomada das eleições diretas e uma série de conquistas.
Daí a importância dessa história ser relembrada e tais conquistas comemoradas!
Por Adriana Vasconcelos
Família é a essência da
Orquestra Ouro
Preto,
que completa 25 anos
Por Rócio Barreto
Fonte: Agência Brasil
Aalma da Orquestra Ouro Preto é a família que existe por trás dela. Logo cedo, o pai, Ronaldo Toffolo, viu a vocação das crianças, que estavam mergulhadas no ambiente de música que havia na casa. Com o tempo, os filhos evoluíram com os estudos de violino, e o pai decidiu criar um grupo musical. Com o amigo, compositor e bandoneonista argentino Rufo Herrera, hoje com 91 anos, Toffolo teve ideia de desenvolver o projeto de uma orquestra de câmara.
O pai tem certeza de que “a sorte de o filho mais velho”, Rodrigo, hoje maestro da orquestra, ter dado suporte, foi fundamental “para levar a turma toda a acreditar que o projeto ia dar certo”. Segundo Toffolo, esse ambiente é que “trouxe a magia do abraço da cultura como marca inequívoca de que nós somos mais quando temos nossa companhia”.
A casa onde tudo começou, no centro de Ouro Preto, Minas Gerais, guarda a memória da família. O quarto onde ensaiavam tem as paredes cobertas por estantes repletas
de discos de vinil e CDs. Tudo divide o espaço com o piano em que, um dia, ao tocar uma música dos Beatles, chamou atenção de Rodrigo, um menino de 11, 12 anos na época, que acordou de madrugada encantado com aquele som.
A conversa da reportagem com Ronaldo Toffolo neste quarto trouxe ainda outras histórias da família, e ele externou o sentimento que tem ao fazer uma retrospectiva do início do grupo até o reconhecimento, inclusive internacional, que a orquestra conquistou em seus 25 anos.
“Não se trata de milagre. Não acredito em milagres neste sentido. É muito trabalho, muita certeza de que a gente precisa acreditar. Essa crença leva a turma toda, hoje, a passar isso nas nossas apresentações em qualquer lugar, a contagiar já os filhos, os netos que estão sempre presentes”, comentou Toffolo.
A mãe, Marília Reis Toffolo, hoje com 72 anos, era quem cuidava para que as crianças não seguissem outro rumo. Toda quarta-feira pegava as crianças e ia para Belo Horizonte para elas fazerem aulas de violino.
As crianças aderiram à ideia da orquestra, mas houve
períodos em que veio a vontade de desistir. A mãe, no entanto, persistiu. “Eu brinco que tinha tudo para dar errado e deu certo, porque imagina pegar cinco crianças, foram crianças normais iguais às outras. Teve a fase de adolescentes, aquela em que não queriam mais, a fase em que choravam, em que queriam bater e não queriam ir tocar. Eu nunca deixei. Primeiro, era violino, o resto era resto mesmo. Só iam para festa para casa de amigos se estudassem violino”, contou Marília, confessando que ela mesma nunca fez aulas de música.
“Não, menina, fiz a maior burrada da minha vida, porque eles começaram do zero, e eu podia ter começado junto, eu ficava mais de cinco horas esperando cada um entrando e saindo do quarto do professor, lá Belo Horizonte.”
A casa da família é decorada com objetos que fazem parte da memória de todos. “Fui juntando, juntando e tenho esse monte de coisa antiga pela casa afora. Fica uma memória afetiva”, ressaltou Marília, dizendo que ela e marido nunca deixaram de morar em Ouro Preto. “Ronaldo é de Ouro Preto, eu sou de Ouro Preto e nunca morei em outro lugar na minha vida.”
Para o maestro Rodrigo Toffolo, hoje com 47 anos, chegar aos 25 anos preservando uma orquestra de câmara com reconhecimento internacional, não é uma tarefa fácil.
O regente define a evolução do grupo como gradual e feita com muita responsabilidade, pensando na qualidade do projeto, por ser um grupo que sempre criou um repertório próprio e investiu na criação de música nova. “A definição da identidade da orquestra muito cedo nos ajudou a caminhar de maneira mais firme, sem muitas mudanças no caminho. Sempre tivemos na cabeça quais eram os pilares de atuação. Esses pilares são mantidos até hoje e ficamos muito felizes com isso”, completou.
Rodrigo Toffolo vê a renovação de gerações de músicos como uma garantia de evolução da orquestra. “Hoje muitos alunos da nossa academia jovem estão na orquestra principal. Jovens que entraram na academia, formaram-se na academia, e hoje seguem a carreira de músicos profissionais. Isso é muito importante. Nos 25 anos, certamente, várias pessoas passaram por aqui, vários músicos, e a gente conseguiu não só absorvê-los, mas poder viver e trabalhar com música”, destacou. Com o passar do tempo, foi fácil notar que a formação de público, que sempre foi muito importante para o grupo, é uma forma de colher os frutos das apresentações nos mais diversos lugares do Brasil e fora do país, disse o maestro.
José Sarney: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”
Grande condutor da transição pacífica do Brasil da ditadura militar para o a democracia, expresidente José Sarney avalia que as instituições brasileiras são sólidas e afasta o risco de ameaças, mas não descarta a necessidade do alerta
Por Assessoria de Imprensa da Fundação Astrojildo Pereira
Ademocracia brasileira comemorou 40 anos no último dia 15 de março de 2025, mesma data em que o presidente José Sarney tomou posse em 1985, ainda como interino, encerrando 21 anos de ditadura militar. Em celebração promovida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e o Cidadania, que o homenageou, Sarney considera que as instituições brasileiras estão fortes e bem estruturadas. Porém, reiterou que é necessário manter sempre a vigilância. Para ele, a transição democrática foi uma conquista não de um grupo
político, mas do povo brasileiro, que deve ser preservada por todos.
“O preço da liberdade é a eterna vigilância”, ressaltou Sarney, acrescentando: “A transição democrática foi uma conquista do povo brasileiro. Nossa democracia amadureceu, está pronta em cada um de nós, na nossa consciência, como algo que devemos preservar. São 40 anos que estão definitivamente aí plantados nas instituições que nós defendemos”.
Para comemorar o período democrático mais longevo da história do país, a FAP e o Cidadania organizaram o seminário “Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios”,
Foto: Ailton de Freitas
idealizado pelo professor Cristovam Buarque, ex-senador, ex-ministro da Educação e ex-governador do Distrito Federal. A cerimônia foi realizada no Panteão da Pátria e Liberdade Tancredo Neves, prédio simbólico em Brasília, na mesma Praça dos 3 Poderes onde foram registrados os mais recentes atentados contra a nossa resiliente democracia.
Primeiro presidente civil a assumir a Presidência da República após os 21 anos de ditadura militar, Sarney foi empossado em meio a um clima de apreensão, diante do impedimento do então presidente eleito Tancredo Neves de assumir o cargo. Ele havia sido internado na véspera, surpreendendo a todo o país, e só aceitou ser operado após negociações intensas que garantiram a posse de seu vice. Uma apreensão que depois se transformou em comoção nacional, com a morte de Tancredo em 21 de abril daquele mesmo ano.
Ao relembrar o período de 1985 a 1990, na Presidência da República, Sarney desabafou dizendo que “não teve sossego”. “Foram 12 mil greves que buscamos negociar. Não tive um dia de sossego, mas o país conseguiu atravessar aquele período todo com tranquilidade”, observou.
Sarney recordou ainda que, no seu governo, as Forças Armadas foram orientadas a se modernizarem, o que atenderam de pronto. “Nós conseguimos realizar esse processo e até hoje as Forças Armadas seguem fiéis, como demonstraram em 8 de janeiro”, numa referência à tentativa de golpe registrada no início de janeiro de 2023.
Preservação da Memória
O ex-presidente recordou detalhes que antecederam a disputa no Colégio Eleitoral entre Arena e MDB, em que
Tancredo Neves foi eleito com 480 votos (72,7%) contra 180 dados a Paulo Maluf (27,3%). Sarney esclareceu que é a preservação da memória que faz com que certos episódios sejam lembrados e que situações semelhantes não se repitam. De acordo com ele, os desafios nos anos de 1980 no processo de redemocratização foram enfrentados de forma ativa.
Assim, aos 94 anos, o ex-presidente fez uma análise da história recente, que ele acompanhou de perto como presidente da República, governador e parlamentar. Como um observador privilegiado dos momentos mais importantes do Brasil, ele lembrou que só aceitou ser candidato a vice-presidente da República porque o nome que encabeçava a chapa era Tancredo. Na época, o ex-presidente disse que afirmou: “Eu não quero assumir a não ser se for com Tancredo Neves”. Para ele, Tancredo “foi o homem preparado pela história”.
Ao lado de Júlio María Sanguinetti, de 89 anos, duas vezes presidente da República do Uruguai, a quem chama de “amigo” e que também teve um papel primordial na redemocratização de seu país, Sarney ressaltou que eles dois são os “únicos sobreviventes” entre líderes da América Latina que lutaram pela democracia e que defenderam o processo de restauração das liberdades e da expressão. Somos os únicos sobreviventes daquele tempo em que lutamos pela democracia não só no Brasil e no Uruguai, mas em toda América do Sul.”
Mercosul e Constituição
Federal
Sarney aproveitou a presença de Sanguinetti para recordar o início do Mercosul, o bloco econômico que começou como Tratado, reunindo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. E destacou a única exigência para a participação no bloco: “Todos ali deveriam ser defensores da democracia”, repetiu o ex-presidente acompanhado pelo colega uruguaio que acenou com a cabeça, como quem confirma a “exigência”. Assim, anos depois, em 1991, foi assinado o Tratado de Assunção, que criou o
Foto: Ailton de Freitas
Bloco do Cone Sul – o Mercosul.
Para os líderes da época, a construção do Mercosul era fundamental para fortalecer a região, estabelecendo a livre circulação de bens, serviços, pessoas, informações e mercadorias. A ideia era criar um modelo de integração entre os países para o desenvolvimento dos aspectos econômicos e promover a integração regional.
Coube a Sarney ainda convocar a Assembleia Nacional Constituinte em 28 de junho de 1985, que entregou ao povo brasileiro a ‘Constituição Cidadã’ de 1988. Ao recordar as negociações da Constituinte, Sarney elogiou o texto e os esforços realizados. Para ele, as 144 emendas constitucionais, incluindo revisões e tratados são importantes para o aperfeiçoamento, assim como outras cerca de 200 propostas em tramitação no Congresso Nacional.
O ex-presidente do Uruguai elogiou Sarney a quem atribui o estreitamento das relações entre os presidentes da América do Sul, o fortalecimento a luta pela democracia e a defesa da paz. Amigos há quase meio século, Sanguinetti relembrou os desafios enfrentados pelo brasileiro no enfrentamento da ditadura militar (1964-1985). “Ele se preparou para ser um vice-presidente discreto e acabou sendo um presidente da República de um país livre.”
Nunca mais
Duas vezes presidente eleita do Chile, Michellet Bachelet, primeira mulher a governar o país, enviou um vídeo com uma saudação cumprimentando os brasileiros pelos 40 anos da redemocratização. E ressaltou que as conquistas do passado devem servir de lição para o presente e estímulo para as lutas futuras. Para ela, os líderes políticos da região devem se empenhar para garantir que “nunca mais” ditaduras e gestões autoritárias se instalem.
Na América do Sul, Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai viveram longos períodos de ditadura militar. Bachelet ressaltou também que outro desafio da região é enfrentar as dificuldades comuns, como a pobreza, a desigualdade, a fome, a economia instável e os impactos da crise climática. “Só com a democracia podemos viver em um país mais justo com ordem e progresso”, afirmou a chilena, com elogios ao importante papel exercido por Sarney.
Homenagens
Além de Sarney, um grupo de constituintes que ajudaram a elaborar a Constituição de 1988 também foram homenageados. Entre eles Augusto Carvalho (DF), Heráclito Fortes
Maria de Lourdes Abadia (DF), Miro
(RJ), Moema São Thiago (CE) e Nelson Jobim (RS), que foi relator-adjunto da Comissão de Sistematização da Constituinte.
O presidente nacional do Cidadania, Comte Bittencourt, reiterou que graças aos esforços coletivos, como o de Sarney, a quem chamou de “grande condutor” para a democracia, duas gerações passaram a viver sob o espírito da democracia no país. Ele lembrou que foi a partir dele que iniciaram as eleições diretas e a abertura em todos os campos do conhecimento.
“Todos nós ‘estamos aqui’ em defesa do Brasil, da democracia e deste ato”, afirmou Comte. “Trabalhos e estamos preservando algo tão caro para todos nós, que são as liberdades”, ressaltou ele, agradecendo a tolerância e a paciência de Sarney. “A democracia passa por provas. Não podemos permitir que esses avanços do alambrado”, acrescentou o presidente em uma alusão aos riscos provocados por aqueles que atentam contra o Estado de Direito.
Para o diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira, Marcelo Aguiar, é fundamental a união e o esforço conjunto para evitar que movimentos que crescem no Brasil e no exterior ponham em risco o que com tanto esforço foi conquistado: a democracia. Ele relembrou o que se passa nos Estados Unidos, França, Alemanha e Argentina com o aumento das forças contrárias ao regime democrático.
“A importância do debate no Supremo Tribunal Federal não está somente na garantia de punição aos golpistas do 8 de janeiro, mas para evitar a repetição de fatos ”, disse ele, sendo aplaudido pelos presentes. Ele reiterou a importância da democracia, apesar de suas falhas, é “o melhor sistema”, pois permite às liberdades e busca o caminho da unidade.
(PI),
Teixeira
Foto: Ailton de Freitas
A celebração dos 40 anos de democracia contou com o apoio do jornal Correio Braziliense, que acompanhou de perto essa história. O diretor-presidente do jornal, Guilherme Machado, ressaltou que, fatos como os ataques de 8 de janeiro, devem ser lembrados com tristeza, mas também ensinar para reforçar o empenho de todos em defesa da democracia. “Espero, sinceramente, que nunca mais que aquelas cenas se repitam na capital da República ou em qualquer outro lugar”, afirmou ele, recordando que só a democracia permite o debate e a existência de divergências em busca de convergências. Como mineiro, reiterou a importância do presidente eleito à época, Tancredo Neves, que segundo ele, teve uma “heroica participação”. “Viva a democracia!”
Maria de Lourdes Abadia, a ex-governadora do DF e ex-deputada constituinte, recordou que, quando estava no Congresso Nacional, eram tão poucas mulheres que elas tiveram de se reunir para defender a instalação de um banheiro feminino. Ela lamentou que a participação feminina na política nacional ainda seja limitada. O ex-deputado Miro Teixeira recordou discussões nos anos 1980, às vésperas da eleição de Tancredo Neves e José Sarney. Depois, mencionou o processo de construção do debate para a Constituinte até a
promulgação da Constituição Federal em 1988.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, também enviou um vídeo, no qual destacou as conquistas ao longo das quatro últimas décadas, ressaltando que os desafios se concentram na manutenção permanente do sistema democrático e de uma sociedade livre de preconceitos e mais igualitária. “O presidente José Sarney veio traduzir essa abertura de grande anseio e uma sociedade que não é apenas uma determinação legal, constitucional, mas um direito de todos”, diz ela. “[Vamos trabalhar por] uma sociedade na qual os preconceitos tenham sido verdadeiramente superados, para os meninos e as meninas, para as mulheres e os homens, mas também para os mais velhos”, destacou.
Para a ministra, a democracia no Brasil foi conquistada a partir das “lutas das massas e da legitimação das ruas”. “Não foram tempos fáceis, nem os que antecederam, pois havia ausência de direitos e pela ausência de liberdade de pensar. Vimos como a democracia não era apenas um sonho”, observou. E concluiu: “É o momento de voltar esse caminho de reconstrução, o caminho é longo e continua com muitos percalços”.
Foto: Ailton de Freitas
Desafios da Democracia: Igualdade de Gênero,
Justiça Social e a Luta Contra Retrocessos
Por Assessoria de Imprensa da Fundação Astrojildo Pereira
Aministra Vera Lúcia Santana Araújo, do TSE, destacou que a democracia passa também pelo enfrentamento da luta pela igualdade de gênero e respeito às etnias. “Uma democracia que ainda se arrasta, que segue com atropelos, abalos e ameaças”, disse. Segundo ela, é necessário analisar o papel dos partidos políticos, no cenário atual, diante dos problemas e desafios postos. Para a ministra, a violência contra mulher gera uma dívida do Estado em relação a todo país por causa dos dados apresentados que são muito elevados.
Vera Lúcia cobrou dos partidos políticos as mudanças necessárias para reverter a discrepância entre homens e mulheres no país. “O mesmo Congresso que ao mesmo tempo legisla a favor das mulheres, esse mesmo descumpre da lei que foi feita por ele”, criticou. “A sub-representação de mulheres e negros nos coloca em uma situação [bastante ruim].”
De acordo com a ministra, a despeito das conquistas já realizadas, ainda há muito o que fazer. Ela ressaltou que o momento atual é de “ofensa” do Estado Democrático de Direito. “Se vivermos um retrocesso constitucional, será um fracasso para a nossa geração”, reagiu. “A gente não pode viver na dependência de um julgado do Supremo Tribunal Federal e da decisão do Tribunal Superior Eleitoral”, ressaltou. Para ela, é muito grave haver no Brasil grupos em defesa do retorno da ditadura.
Forte emoção
Em sua defesa pela democracia, a diretora-executiva Fundação Astrojildo Pereira, Elza Pereira Correia, lembrou que é filha de pais comunistas, que sempre defenderam as liberdades. Emocionada, ela reiterou que muitos no Brasil perderam a vida, foram torturados e mortos para garantir um país verdadeiramente democrático. “Viva a democracia brasileira”,
Fotos: Ailton de Freitas
afirmou. Para o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque, há alguns desafios bastante pontuais no Brasil na preservação da democracia. Na opinião, dele o sistema democrático passa pelo combate à fome, à redução da desigualdade social, da ampliação do atendimento da saúde, a rediscussão do papel e das atribuições dos militares, além da necessidade de estabelecer uma consciência ecológica. “A democracia existe para funcionar dentro das nações”, disse. “Mas acabou o tempo em que cada país decida o que é democracia. O mundo está globalizado”, observou.
Segundo Cristovam, há uma “crise estrutural” causada pela nova percepção de mundo provocada pela rapidez do tempo e da globalização. Ele reitera que um dos desafios mais profundos do planeta está nos “imigrantes sociais”, os estrangeiros rejeitados por todos. De acordo com o ex-governador, as autoridades não sabem como lidar com esses desafios, por exemplo. “Mas temos de comemorar o que já conquistamos. Não vamos encontrar a solução rapidamente.”
O cientista político e historiador Mark Lilla participou remotamente do Seminário “Democracia 40 anos” e reiterou que, apesar das dificuldades, o sistema democrático ainda é o melhor.
“A democracia como qualquer outra ordem política tem vantagens e desvantagens, mas sabemos que as alternativas são muito piores. Nos Estados Unidos, nós temos muito a aprender com o Brasil e entendemos o quão rápido a democracia pode acabar”, observou o norte-americano. Segundo ele, o governo Donald Trump trouxe à tona a discussão sobre os imigrantes ilegais e o controle das universidades. Temas que têm relação direta com a interferência no sistema democrática.
Fotos: Ailton de Freitas
The Dead Rocks passa por Brasília em turnê que marca a volta de uma das mais importantes bandas de Surf Music nacional
Por Paola Zambianchi
Considerado um dos maiores nomes brasileiros do Surf Music instrumental, o The Dead Rocks foi formado em 2002 e encerrou suas atividades oficialmente em 2019. A banda composta por Johnny Crash (guitarra), Paul Punk (baixo) e Marky Wildstone (bateria), anunciou uma série de shows pelo Brasil, que comemora a volta da banda, longe dos palcos há cinco anos.
A revista Plano B conversou com o baterista do The Dead Rocks para saber sobre a retomada do grupo e as expectativas para o show em Brasília, que acontece no próximo dia 27 de março.
Mar�ky, o The Dead Rocks sempre foi um dos nomes mais importantes do Surf Music no Brasil. Como vocês enxergam essa cena atualmente?
MARKY: A cena continua bastante ativa com um monte de novas bandas lançando álbuns, festivais anuais e gravadoras especializadas como a Reverb Brasil. O Surf Music instrumental é um estilo que dificilmente se tornará mainstream novamente, mas matem-se ativo desde os anos 60. Depois da onda do Pulp Fiction com o tema Miserlou do Dick Dale, o estilo voltou a aparecer na grande mídia e em algumas rádios e pistas de dança. Acredito que nós tivemos um papel importante no começo dos anos 2000 por trazermos um estilo mais clássico, o que nos possibilitou tocar em importantes
Foto: Alexandre X. de Barros
programas de TV e popularizar ainda mais o estilo no Brasil.
Hoje, cada um dos integrantes da banda mora em uma cidade diferente. Você, em especial, mora em outro país. Como vocês têm lidado com a volta das atividades?
MARKY: Já estou aqui na Holanda há quase 4 anos, toco nas bandas The Mings, um trio com o Dead Elvis e o onemanband francês King Automatic, e no 69 Charger, que é um grupo holandês clássico dos anos 90 - recebi o convite quando eles voltaram as atividades. Também estou com uma nova banda em Portugal e tenho convites para alguns outros projetos. Johnny Crash, o guitarrista dos Dead Rocks também tem seu projeto de guitarra Hawaiana, o que o levou ao Hawaii recentemente para estudar e tocar. Paul Punk também esteve tocando em algumas bandas no interior de São Paulo. Enfim, continuamos bastante ativos e por termos tocado por quase 20 anos juntos, não vai ser tão difícil recomeçarmos com alguns shows. Fica mais difícil para os ensaios, mas a gente tem mantido contato diariamente, trabalhando na produção dos shows, cuidando do merchandise e promovendo a turnê. Logo estaremos juntos para os ensaios e depois dessa primeira turnê, vamos planejar um tempo para gravarmos novas coisas.
Durante o período em que a banda esteve ativa, lançou os álbuns “Surf Explosão” (2014), “Il Grilletto D’oro” (2010), “One Million Dollar Surf Band” (2008), “Tiki Twist” (2006) e “International Brazilian Surfs” (2005). Pelo que você disse, existe perspectiva de gravar algo inédito nesta nova fase, é isso?
MARKY: Sim, estamos falando sobre isso e seria muito legal gravar algo novo, talvez esse ano fique corrido, mas
já para o ano que vem parece mais factível. A maioria dos nossos temas sempre começaram com ideias, riffs e composições completas do Johnny, e então depois trabalhamos juntos para finalizá-las. Acredito que logo ele aparece com algum tema novo e mesmo ideias para versões, já que temos versões em
Surf Music exclusivas para vários temas famosos.
A turnê passará pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Distrito Federal. Qual a expectativa para essa série de shows?
MARKY: As expectativas são as me-
Foto: Alexandre X. de Barros
lhores possíveis, temos muitos amigos e fãs espalhados por todos os cantos, e acredito que teremos uma boa atmosfera nos shows. Para nós está sendo muito importante retomarmos as atividades da banda, pouca gente sabe, mas somos amigos desde os 10 ou 12 anos de idade, desde muito novinhos, amigos de infância mesmo, então esse reencontro é muito importante profissionalmente, musicalmente, mas principalmente pessoalmente. Vivemos muita coisa juntos desde nossa infância e adolescência e depois, tocamos durante 20 anos por quase todos os estados brasileiros e mais de dez países. Foram muitas aventuras e grandes momentos. Fizemos quatro turnês pela Europa, sendo a última em 2015, com mais de 14.000km rodados, sem equipe técnica, rodies ou motoristas. Então adoramos estar na estrada e tocar, dirigir, montar, desmontar e partir para outra cidade. Fomos animais de estrada por muito tempo e adoramos, agora estamos um pouco mais velhos, mas creio que a diversão será a mesma. O público pode esperar três grandes amigos vivendo seus sonhos da juventude e tocando um estilo musical que amam, enfim, estamos nessa pelo amor a Surf Music e pela nossa grande amizade.
No próximo dia 27 é a vez do público de Brasília matar as saudades de vocês. O que eles podem esperar da banda no show que acontece no Infinu?
MARKY: Brasília especificamente é bem importante para mim, eu venho trabalhando com o pessoal do Infinu e do Festival Picnik há bastante tempo, já me apresentei no festival com os The Dead Rocks, com os The Dirty Coal Train e com os The Mings, além de ter levado bandas europeias para se apresentarem no festival. Eu adoro Brasília, o público, toda a ideia e conceito do Infinu. Faz 2 anos e meio que não visito
o Brasil e vai muito prazeroso visitar Brasília novamente. Além de nossos grandes amigos do Gatunos, faremos o show clássico dos The Dead Rocks com temas de todos os discos e mais alguns clássicos da Surf Music. Será diversão garantida!!!
Vá ao show em Brasília: 27/03 Infinu - 506 sul bl A lj 67 / 69 Brasília/DF Saiba mais em: www.instagram.com/thedeadrocks/s
Fotos: Alexandre X. de Barros
CONTOS
Praga, Conexão Kafka
Numa calma manhã de segunda-feira de carnaval, executando a lavagem das louças, serviço habitual e repetitivo, dei de cara com uma barata diferente saindo do ralo da pia.
Comecei uma sessão de tortura por afogamento em tão feiosa bichinha.
Gente, quão absurda é a resistência de uma barata.
Se você pisa numa cascudinha marrom, haja pisadas.
Quantas vezes, a baratinha, patinha amputada, aparentemente mortinha da Silva, e se o IML não recolhe imediatamente o corpo, você volta ao local do óbito e cadê a bichinha?
Já li por aí que havendo uma guerra nuclear, as baratas seriam as únicas sobreviventes.
Elas se alimentam até de sabão.
Voltando ao assunto da abelhuda do dia: joguei sobre ela o equivalente para nós humanos, a quantidade de água de uma catarata. Ela sempre emergindo, e eu sempre aumentando o volume d’água.
Quando a vi sumir no ralo uma sensação de vitória se apoderou de mim.
De repente, continuando a minha tarefa, vi a indestrutível subir pleníssima novamente até a cuba da pia.
Na hora pensei em Kafka, na solidão e fragilidade experimentadas por Gregor Samsa, personagem principal do seu magistral livro “A Metamorfose”.
Resolvi ir a Praga para dizer que mesmo aparentando fragilidade, mesmo correndo o risco de ter a vida interrompi-
da sob a sola de algum pé, a barata, mesmo aparentemente morta, é o bicho mais forte que eu já encontrei.
* Ângela Beatriz Sabbag é bacharel em Direito por graduação e escritora por paixão.
Bailarina Clássica, Pianista e Decoradora de Interiores angelabeatrizsabbag e-mail angelabeatrizsabbag@gmail.com
Fotos: Ana Luíza S Miranda
Fundo vai financiar pequenos agricultores de cacau na Bahia e
Por PH Paiva
Fonte:
Agência Brasil
Auxiliar no desenvolvimento de um ecossistema de agricultura familiar e regenerativa da cultura do cacau é o objetivo do Kawá, fundo de investimento voltado para pequenas propriedades do país. A iniciativa, lançada esta semana, pretende levantar R$ 1 bilhão até 2030 para investir em projetos ligados à cadeia produtiva da fruta na Bahia e no Pará.
O projeto é uma parceria do Instituto Arapyaú, organização voltada para desenvolvimento justo, inclusivo e de baixo carbono do país, e da ONG Tabôa Fortalecimento Comunitário, que atua para fomentar acesso a recursos financeiros e estímulo à cooperação, para projetos de sustentabilidade e justiça socioambiental.
Para o gerente de bioeconomia do Instituto Arapyaú, Vinicius Ahmar, o projeto vai contribuir para melhorar as condições de vida de pequenos produtores, de baixa renda e com baixa produtividade na produção.
Diversas organizações integram a iniciativa que pretende beneficiar, na primeira fase, 1,2 mil agricultores dos dois estados, com cerca de R$ 30 milhões.
no Pará
O nome Kawá faz referência à forma como o cacau era chamado nas civilizações pré-colombianas, quando era conhecido como kakawa. A iniciativa mescla recursos concessionais e filantrópicos com capital público e privado.
O Kawá é classificado como um Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). A metodologia de concessão de crédito é mais simplificada e acessível.
Ao receber o crédito, o produtor tem até 45 dias para realizar o investimento. Após esse período, são 36 meses de prazo para pagá-lo, com uma média de seis meses de carência.
Os recursos têm como destino o custeio da adubação, irrigação, mão de obra, compra de equipamento e adensamento com mudas.
Além disso, o Kawá prevê a possibilidade de comércio de créditos de carbono de conservação por parte dos produtores. A iniciativa tem ainda parceria da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), que sinalizou a possibilidade da compra do cacau dos produtores beneficiados.
A assistência técnica ficará a cargo Consórcio Intermunicipal do Mosaico das Apas do Baixo Sul da Bahia (Ciapra), da Fundação Solidaridad e da Polímatas Soluções Agrícolas e Ambientais
ECONOMIA
Como os investidores podem se beneficiar da Selic mais alta?
OBanco Central (BC) aumentou a taxa de juros (Selic) para 14,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária, uma das maiores taxas desde a criação do plano real. E o comunicado da última reunião do BC mostra que a taxa tende a continuar subindo nas próximas reuniões. Um dos motivos é a busca por reduzir a inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Os juros altos no Brasil estão diretamente ligados à questão fiscal e ao combate à inflação, compondo um cenário complexo que reflete as escolhas de política econômica adotadas pelo país. A alta taxa de juros, determinada pela Selic, tem um papel fundamental tanto no controle da inflação quanto na gestão das contas públicas, e essas duas questões interagem de forma a afetar a dinâmica econômica de maneira significativa.
Primeiramente, a principal razão para os juros altos no Brasil está relacionada ao controle da inflação. Quando os preços começam a subir de forma acelerada, o Banco Central aumenta a taxa de juros para desaquecer a economia e conter a pressão inflacionária. Juros mais altos encarecem o crédito e diminuem o consumo e os investimentos, o que ajuda a reduzir a demanda por bens e serviços, contribuindo para a desaceleração dos preços. Em um país como o Brasil, que sofre com inflação crônica e períodos de alta inflação, essa ferramenta é vista como essencial para garantir a estabilidade econômica.
No entanto, essa estratégia de elevação dos juros tem impactos diretos sobre a questão fiscal. O Brasil, com um elevado nível de endividamento público, enfrenta uma situação delicada: a alta da taxa de juros aumenta o custo da dívida pública, uma vez que o governo precisa pagar mais para rolar e renovar seus títulos. Esse aumento no custo de financiamento gera uma pressão fiscal, pois uma parte significativa dos recursos do governo precisa ser direcionada para o pagamento da dívida, reduzindo a capacidade do Estado de investir em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
Apesar do aumento dos juros ser algo ruim para as contas públicas, os investidores acabam tendo mais oportunidades ao emprestarem seus recursos para o setor público a juros
maiores. Quando o Banco Central do Brasil aumenta a taxa básica de juros, a Selic, há uma série de implicações que geram novas oportunidades para aqueles que sabem como navegar em um ambiente de juros elevados. Para os investidores, uma Selic maior pode representar tanto desafios quanto vantagens, dependendo do perfil e da estratégia adotada.
Para os investidores que preferem segurança e estabilidade, os juros altos representam uma excelente oportunidade para aumentar o retorno dos seus investimentos. Com uma taxa Selic maior, títulos públicos como o Tesouro Selic, tornam-se mais rentáveis, oferecendo uma remuneração mais atrativa em relação a outros tipos de investimento de baixo risco. Para os investidores conservadores, essa é uma situação favorável, pois o risco é baixo e o retorno é relativamente alto, em comparação a cenários com juros mais baixos.
Embora a renda fixa seja a opção mais imediata e atraente em um ambiente de juros elevados, os investidores mais arrojados, que buscam maior rentabilidade e estão dispostos a correr mais risco, também podem encontrar oportunidades no mercado de ações e outros ativos de renda variável. Isso ocorre porque, apesar de os juros mais altos afetarem negativamente o mercado de ações em muitos casos (por exemplo, desestimulando o consumo e o investimento das empresas), há sempre setores que podem se beneficiar desse cenário.
Em resumo, a Selic elevada cria uma série de oportunidades e desafios para os investidores no Brasil. Enquanto os investidores de renda fixa se beneficiam com o aumento da rentabilidade dos títulos e produtos bancários, aqueles que buscam uma abordagem mais arrojada podem encontrar boas oportunidades no mercado de ações, tendo em vista que os preços tendem a se reduzir, o que favorece os investidores de longo prazo. No entanto, é fundamental que os investidores considerem seu perfil de risco, suas necessidades de liquidez e suas estratégias ao tomarem decisões, já que o ambiente de juros altos pode ter efeitos variados dependendo do tipo de investimento e do horizonte de tempo.
* Humberto Nunes Alencar, formado em jornalismo pela UnB e economia pela Católica. É mestre em economia e doutor em direito pelo IDP.
Quer viajar no Brasil e economizar? Veja estes 3 lugares incríveis!
Por Maíra Campos
Adaptação Ana Luiza Silva
Viajar no Brasil é uma das melhores experiências para quem deseja conhecer lugares incríveis sem sair do país. As dicas a seguir, da Catraca Livre, mostram destinos perfeitos para quem quer fugir das altas temporadas, aproveitar o clima ameno e pagar menos por uma viagem sensacional.
Na baixa temporada, é possível aproveitar praias, cidades históricas e paisagens naturais de forma mais tranquila, sem a grande quantidade de turistas. Se você quer saber como viajar no Brasil e curtir lugares espetaculares, sem gastar muito, confira as sugestões que separamos para você.
1. Paraty: A vibe calma e histórica
Paraty é um destino encantador localizado no Rio de Janeiro. Na baixa temporada, a cidade ganha um toque de tranquilidade, perfeito para quem busca relaxar e apreciar a arquitetura colonial. O clima ameno e as ruas de pedras proporcionam um cenário único, longe da agitação das festas de fim de ano. Com belas praias e fácil acesso, Paraty é uma excelente escolha para quem quer aproveitar a paz do interior fluminense.
Além de suas paisagens, Paraty é um excelente ponto de partida para passeios de barco, com opções de visitas às ilhas
e praias paradisíacas. Se você é fã de gastronomia, a cidade também conta com ótimos restaurantes que servem pratos típicos da culinária carioca.
2. Jericoacoara: Praia e diversão sem a multidão
Jericoacoara, no Ceará, é um dos destinos mais desejados no Brasil. Durante a baixa temporada, a cidade perde a aglomeração das altas temporadas, oferecendo a chance de curtir suas praias maravilhosas com mais calma. O destino é perfeito para quem gosta de atividades ao ar livre, como kite surf, e para aqueles que preferem descansar à sombra das árvores, aproveitando o clima agradável e a vista deslumbrante. Além da famosa duna do pôr do sol, Jeri oferece várias opções de trilhas, lagoas e espaços tranquilos para relaxar. Para quem deseja economizar, a baixa temporada traz preços mais acessíveis para hospedagens e passeios, tornando a viagem ainda mais vantajosa.
3. Lençóis
Maranhenses: Beleza natural em paz
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é, sem dúvida, um dos cenários mais impressionantes do Brasil. Durante a baixa temporada, a região é menos movimentada, permitindo que os visitantes desfrutem do vasto deserto de dunas e lagoas cristalinas com
mais privacidade. A combinação de areia branca e águas azuis cria um visual impressionante, perfeito para quem quer relaxar e tirar fotos inesquecíveis.
Embora a alta temporada atraia muitos turistas, na baixa temporada é possível aproveitar melhor os passeios de barco e os momentos de descanso, com preços mais em conta e menos filas nas atrações.
Viajar no Brasil durante a baixa temporada oferece vantagens que vão além dos preços mais acessíveis. É a oportunidade perfeita para vivenciar destinos paradisíacos com menos turistas, mais tranquilidade e uma experiência mais personalizada. Se você quer sair das grandes multidões e explorar o melhor do Brasil, escolha um desses destinos e aproveite a viagem sem stress!
Menor litoral do Brasil é o maior refúgio das tartarugas marinhas
Por Maíra Campos
Adaptação Ana Luiza Silva
Olitoral brasileiro abriga uma rica biodiversidade marinha, e, surpreendentemente, um dos principais destinos das tartarugas-marinhas é justamente o estado com a menor faixa litorânea do país: o Piauí.
Apesar de contar com apenas 66 km de costa, esse pequeno trecho de praia se torna, anualmente, o cenário de um espetáculo natural único, onde tartarugas-oliva e tartarugas-de-couro chegam para a desova.
A tartaruga-oliva, uma das menores espécies marinhas, mede cerca de 60 centímetros e pesa menos de 50 quilos. Seu nome é inspirado na tonalidade de sua carapaça, que lembra a cor da azeitona. Entre os meses de setembro e março, esses animais constroem seus ninhos na areia, garantindo a continuidade da espécie.
No entanto, muitos desses ninhos acabam localizados próximos a bares movimentados, o que exige medidas de isolamento para proteger os ovos até o nascimento dos filhotes.
O fenômeno da desova também atrai turistas para o Piauí, especialmente para a cidade costeira de Luís Correia, que possui cerca de 30 mil habitantes. Suas praias, como Atalaia e Coqueiro, se tornam verdadeiros berçários para as pequenas tartarugas que, ao nascer, iniciam sua jornada rumo ao mar.
Outras praias do município, como Peito de Mola, Itaqui, Carnaubinha, Maramar e Macapá, também fazem parte desse ciclo natural fascinante.
Entretanto, a presença humana traz desafios à sobrevivência desses animais. Além dos turistas que caminham e se banham na região, há quem utilize carros e motos na faixa de areia, colocando em risco a vida das tartaruguinhas.
Para mitigar esses impactos, pesquisadores do Instituto Tartaruga do Delta monitoram os ninhos e acompanham a eclosão dos ovos, buscando garantir que os filhotes alcancem o oceano em segurança.
Apesar da existência de uma portaria municipal que proíbe o tráfego de veículos nas praias, ainda há registros de desrespeito às normas nos períodos sem fiscalização ativa.
Outro visitante ilustre das praias piauienses é a tartaruga-de-couro, a maior espécie de tartaruga-marinha do mundo. Esse impressionante animal pode atingir até 2,2 metros de comprimento e pesar 700 quilos.
Sua chegada ao Piauí é notável, já que percorre um longo caminho desde águas frias, como as do Canadá, até as praias tropicais brasileiras. “Neste ano de 2024 uma tartaruga-de-couro recebeu até um chip para que estudos possam ser feitos sobre o seu percurso.”
Além de seu porte avantajado, a tartaruga-de-couro desempenha um papel ecológico fundamental. Uma curiosidade – que tem a ver com o equilíbrio das
espécies na cadeia alimentar – é que a tartaruga-de-couro é uma grande predadora de águas-vivas.
Como esses animais podem atingir velocidades de até 35 km/h no oceano, sua caça natural ajuda a controlar populações de águas-vivas, cujo aumento tem causado preocupações, especialmente em locais onde ataques a banhistas têm se tornado frequentes.
O litoral do Piauí, embora pequeno, assume uma grande responsabilidade na conservação dessas espécies marinhas.
O esforço conjunto de pesquisadores, ambientalistas e autoridades é essencial para garantir que esse refúgio continue sendo um local seguro para a reprodução das tartarugas-marinhas, proporcionando um verdadeiro espetáculo da natureza para moradores e visitantes.
Renata Dourado*
O peso do coração
Raramente me lembro dos meus sonhos. No máximo, tenho imagens fragmentadas. Sei exatamente o motivo desse esquecimento.
E como psicanalista, me apego a cada sonho lembrado, como uma arqueologista, que analisa vestígios de um material altamente relevante.
Em um desses sonhos, talvez um dos mais simbólicos e reais que já tive, eu conseguia olhar para cada pessoa e saber o “peso” do coração delas. Literalmente.
E para provar que eu estava certa, havia uma balança específica, onde o órgão podia ser pesado. Eu nunca errava.
Conseguia saber o peso do coração das pessoas, porque sentia suas almas. Conseguia perceber as dores mais escondidas, camufladas, escamoteadas.
E dentro desse universo mágico, no fim das contas, a balança era uma aliada que certificava minha verdade implacável.
Claro que, ao acordar, fui analisar a grandeza simbólica daquele material onírico.
Na época, não muito distante, eu passava por um momento delicado. Difícil, mesmo. Tive perdas importantes e significativas na minha vida.
das nossas próprias feridas, elas não vão cicatrizar enquanto não forem notadas, respeitadas, tratadas.
E uma das formas dessas dores se manifestarem são por meio dos sonhos.
Os sonhos são a verdade das profundezas da alma. Aprendi com o professor Freud.
Não podemos enganá-los nem ser enganados por eles.
Estamos cada vez mais adoecidos porque não prestamos atenção em nós mesmos.
Estamos preocupados demais com o carro, a casa, o corpo, a infidelidade do outro(a)...
E desatentos demais com o que se passa dentro de nós, que é o que realmente importa.
“O momento de barulhos externos em que vivemos, sobretudo com as redes sociais, que nos bombardeiam de recortes de várias vidas e realidades, torna-se uma barreira, para que possamos nos ouvir.”
E elas aconteceram rápidas e implacáveis. Causaram dores enormes ao meu coração. Contribuíram para que ele- o coração- se tornasse “pesado”, difícil de carregar.
O sonho era a realidade do que eu estava passando e não conseguia encontrar mecanismos para compreender, muito menos, explicar.
As dores da alma, apesar de invisíveis aos olhos materiais, gritam, porque necessitam ser ouvidas.
O momento de barulhos externos em que vivemos, sobretudo com as redes sociais, que nos bombardeiam de recortes de várias vidas e realidades, torna-se uma barreira, para que possamos nos ouvir.
E, por mais que tentemos fugir, conscientemente ou não,
Na profundidade do meu sonho, passei a tentar entender/sentir o “peso” do meu coração e daqueles que me cercam.
Não é um exercício fácil. Afinal, existem tantas distrações que atraem nossas atenções.
E longe de mim, também, ter a capacidade para aliviar o peso de outros corações.
Mas, com um pouco mais de sensibilidade e cuidado, acho que podemos distribuir mais leveza.
E você já parou para sentir qual o peso do seu coração hoje?
* Renata Dourado é psicanalista e jornalista. Trabalha na TV Bandeirantes há mais de 15 anos. Apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda a Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados.
Feliz aniversário
Desde que me entendo por gente, eu sempre odiei fazer aniversário. Assim como Natal e Ano Novo, essa data me faz sentir uma obrigatoriedade incômoda de ser feliz e amada e isso me causa ansiedade. Quantas pessoas vão me ligar este ano? Quantas vão mandar uma mensagem de mais de duas linhas? Quantas vão fazer uma postagem em minha homenagem nas redes sociais? Quantas vão esquecer? Quantas vão lembrar e vão escolher não me felicitar porque não faz questão mesmo? Alguém do passado vai reaparecer? Alguém que não falava há tempos vai aproveitar essa data para retomar o contato comigo? Quantas vão me dar um abraço apertado? Quantas pessoas vão aparecer se eu decidir fazer uma festa? O quão prestigiada e aplaudida eu serei este ano por ter aguentado mais 365 dias viva?
Muito chata essa autocobrança causada por todos os paradigmas sociais que envolvem a existência nesse mundo.
Reunir pessoas para comemorar para mim é sinônimo de estresse. Eu sou uma pessoa plural, tenho amigos em várias tribos diferentes. Pensar em uma ocasião social onde essas tribos estarão reunidas por minha causa e eu precisarei traduzir piadas internas e tentar achar denominadores comuns entre todos me faz hiperventilar só de imaginar.
Toda essa atmosfera negativa causada por uma autocobrança ilusória de felicidade e prestígio acaba encobrindo o verdadeiro significado do aniversário para mim. Eu sobrevivi aos últimos 365 dias. É impossível que esse tempo todo se passe sem que se tenha alguns motivos para chorar, sem que se quebre a cara, sem que se sinta dores físicas e emocionais, sem que se cometa erros
irremediáveis, sem que dificuldades no caminho coloquem a nossa resiliência à prova, sem que as pedras no caminho nos façam pensar em desistir. Sobreviver a tudo isso é um presente, é uma dádiva.
Por isso, estou mudando essa mentalidade aos poucos. Completar mais um ano de vida é sim motivo de celebração, independentemente de quanto amor venha de fora. Celebrar a superação de momentos difíceis já é motivo suficiente. Além disso, tem as coisas boas que ficarão, mesmo que essas coisas boas sejam apenas ter sobrevivido sem maiores cicatrizes.
Nunca mais seremos tão jovens. Somos a versão mais jovens de nós mesmos. Daqui pra frente, o tempo só vai passar.
“É impossível que esse tempo todo se passe sem que se tenha alguns motivos para chorar, sem que se quebre a cara, sem que se sinta dores físicas e emocionais, sem que se cometa erros irremediáveis, sem que dificuldades no caminho coloquem a nossa resiliência à prova, sem que as pedras no caminho nos façam pensar em desistir. Sobreviver a tudo isso é um presente, é uma dádiva. ”
Este ano, me dei conta que já tenho idade para ser avó de alguém. Me dei conta que não tenho mais disposição para curtir todos os dias de carnaval com o mesmo pique de quando eu tinha vinte e poucos anos. Me dei conta de que o mundo não é mais o mesmo e que eu não sou mais a mesma. E ainda bem, porque significa que amadureci, adquiri conhecimento, experiência, força.
Envelhecer faz parte do processo, é o que dá interessância às nossas almas. Façamos isso com dignidade. Não morrer é um ato de resistência. Envelheçamos, porque, como diz meu pai, isso é bem melhor do que a outra opção.
*Mila Ferreira, repórter do Correio Braziliense. Formada em Jornalismo pelo IESB e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUC-RS
Com 22% da matriz elétrica, energia solar é a 2ª maior fonte do país
Por PH Paiva
Fonte:
Agência Brasil
Ageração de energia solar superou a marca de 55 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil. Desse total, 1,6 GW foi adicionado ao sistema neste ano, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).apresentações nos mais diversos lugares do Brasil e fora do país, disse o maestro.
Segundo a Absolar, a fonte solar evitou a emissão de cerca de 66,6 milhões de toneladas de gás carbônico (CO�) na geração de eletricidade. A tecnologia representa atualmente a segunda maior fonte de energia do país, correspondendo a 22,2% de toda a capacidade instalada da matriz elétrica.
Apenas de janeiro a março, os consumidores instalaram mais de 147 mil sistemas solares, que passaram a abastecer cerca de 228,7 mil imóveis. Desde 2012, ressalta a Absolar, o setor fotovoltaico trouxe ao Brasil mais de R$ 251,1 bilhões em novos investimentos, criou mais de 1,6 milhão de empregos verdes e contribuiu com mais de R$ 78 bilhões em arrecadação aos cofres públicos.
De acordo com a Absolar, a geração própria solar está presente em mais 5,5 mil municípios e em todos os estados brasi-
leiros. As grandes usinas fotovoltaicas centralizadas também operam em todos os estados do país. Entre as unidades consumidoras abastecidas pela geração de energia solar própria, as residências lideram, com 69,2% do total de imóveis, seguidas pelos comércios (18,4%) e pelas propriedades rurais (9,9%).
Nos estados, Minas Gerais aparece em primeiro, com mais de 900 mil imóveis com geração solar própria. Em seguida, vêm São Paulo, com 756 mil, e Rio Grande do Sul, com 468 mil.
Apesar da expansão da energia solar no país, a Absolar manifesta preocupações. Conforme a entidade, o crescimento poderia ser ainda maior, não fossem os cancelamentos de projetos pelas distribuidoras e a falta de ressarcimento aos empreendedores pelos cortes de geração renovável.
Outro problema são os entraves à conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, sob a alegação de inversão de fluxo de potência, sem os devidos estudos técnicos que comprovem eventuais sobrecargas na rede. A Absolar pede a aprovação do projeto de lei que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe) e atualiza a Lei 14.300/2022, que Instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída. No caso das grandes usinas solares, a ausência de ressarcimento pelas regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para os cortes de geração traz insegurança jurídica e maior percepção de risco.
Marginais
Em minha colaboração para a edição no 9 desta revista (publicada em outubro de 2023) recorri ao mestre Houaiss para falar de pedestres, ressalvando que sua obra não traz o verbete “desmarginalizar”. Retomando o tema, em certa medida, volto a meu dicionário predileto para começar este texto com três das acepções que ele registra para “marginal”: 1. relativo a margem; 5. situado no extremo, no limite, na periferia; 9. p.ext. que vive à margem do meio social em que deveria estar integrado, desconsiderando os costumes, valores, leis e normas predominantes nesse meio; delinquente, vagabundo.
No texto de quase um ano e meio atrás – que se chamou “Desmarginalizar a Humanidade” – eu argumentava que as pessoas são marginalizadas (no sentido da acepção 9 acima) quando se deslocam na condição mais natural da humanidade, ou seja, desprovidas de um motor e de alguma carcaça metálica. Houaiss me ajudou a mostrar como o sistema que produz os espaços de circulação fazem isso já de saída, ao rebaixar os seres humanos à categoria de meros pedestres. Ocorrências (não só) recentes no Distrito Federal mostram de forma eloquente e trágica como a marginalização a que são condenadas as pessoas sem motor não é força de expressão.
as pessoas para as margens das vias veiculares. Isso quando a marginalização não se configura como a completa exclusão das pessoas daqueles espaços.
“Os caminhos que as pessoas fazem naturalmente seriam
preservados e as pistas destinadas aos veículos
motorizados seriam desenhadas de modo a preservar a segurança, a conveniência e o conforto de quem pratica, por opção ou por falta dela, a mobilidade ativa.”
É comum ouvirmos que Brasília foi mesmo concebida para carros, o que é uma grande falácia. Se é verdade que Brasília foi desenhada nos marcos do partido rodoviarista dos anos 1950, também o é que o carro era visto como necessidade para os deslocamentos diários dos provedores de cada família. No seu dia a dia, a vivência das famílias dar-se-ia no espaço autossuficiente da Unidade de Vizinhança, capaz de servi-las com comércio, clube, igreja, escola (até o Ensino Médio), posto de saúde etc. Um espaço a ser percorrido a pé, em caminhos que atravessariam jardins e espaços vazios entre os pilotis dos blocos, sem qualquer subordinação ao desenho viário alocado aos carros. Se alguém tem dúvida, sugiro um passeio na Unidade de Vizinhança mais completa do Plano Piloto, formada pelas quadras 107, 108, 307 e 308 da Asa Sul, que ainda tem de um lado o Clube de Vizinhança n� 1 e de outro o Cine Brasília.
Se fossem respeitados os fundamentos da Mobilidade Urbana Sustentável, aqueles que priorizam as pessoas e não os veículos motorizados, os espaços de circulação teriam uma cara muito diferente da que têm hoje. Os caminhos que as pessoas fazem naturalmente seriam preservados e as pistas destinadas aos veículos motorizados seriam desenhadas de modo a preservar a segurança, a conveniência e o conforto de quem pratica, por opção ou por falta dela, a mobilidade ativa. Em vez disso, no entanto, o que vemos é a construção em ritmo frenético de infraestrutura rodoviária em desacordo com a natureza de ocupações consolidadas, expulsando
Esse conceito foi logo abandonado e o que se viu proliferar é um modelo excludente, elitista, que marginaliza as pessoas naqueles três sentidos do Houaiss reproduzidos acima e que, pior do que tudo, custa vidas, como o noticiário nos mostra toda semana.
* Paulo César Marques da Silva é professor da área de Transportes da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia (1983), mestrado em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Transport Studies pela University of London (University College London) (2001).
Golpe de Estado: STF diz que neto de Figueiredo não apresentou defesa
Por Rócio Barreto
Fonte: Agência Brasil
OSupremo Tribunal Federal (STF) certificou nesta sexta-feira (21) que o empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho não apresentou defesa sobre a denúncia da trama golpista que pretendia impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva para o terceiro mandato no Palácio do Planalto.
Neto do general João Batista Figueiredo, último presidente do Brasil no período da ditadura militar, Paulo Renato é um dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e não ofereceu resposta à acusação. O prazo de 15 dias terminou nesta quinta-feira (20).
Ele mora nos Estados Unidos e foi notificado da denúncia por edital. A medida ocorre quando a Justiça não consegue entrar em contato com a parte de um processo.
“Certifico que, até o dia 20/03/2025, não houve qualquer manifestação do requerido Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, em relação ao despacho de 26/02/2025 [edital]”, diz a certidão emitida pelo Supremo.
A falta de manifestação da defesa não trará prejuízos processuais para Paulo Figueiredo.
O empresário era integrante de programas de rádio e TV exibidos pela emissora Jovem Pan e influenciador com grande capacidade de penetração no meio militar, pelo fato de ser neto do ex-presidente da República. Usou transmissões na internet para expor militares que não se alinharam aos golpistas
O julgamento da denúncia contra o neto de João Figueiredo ainda não foi marcado pelo Supremo.
Unicef: 2,8 milhões de crianças não têm acesso adequado à água no país
Por Ana Luiza Silva Fonte: Agência Brasil
No Dia Mundial da Água, comemorado hoje (22), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta que 2,8 milhões de crianças vivem sem acesso adequado à água no Brasil, em especial nas áreas rurais. Os dados são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil, publicado em janeiro e dizem respeito ao período de 2019 a 2023.
O levantamento foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual. Apesar
de o número de crianças e adolescentes sem acesso à água ter diminuído 31,5% no período, cerca de 1,5 milhão no país ainda vivem em situação mais extrema, morando em residências sem água canalizada.
De acordo com o Unicef, 1,2 milhão conseguem acessar água canalizada apenas no terreno ou na área externa da residência.
Nas áreas urbanas, cerca de 2,4% das crianças e adolescente brasileiros sofrem sem acesso adequado à água. Já nas áreas rurais esse número cresce para 21,2%.
De acordo com o estudo, o Acre é o estado em situação extrema, onde 12,7% das crianças e adolescentes vivem em
locais sem acesso à água canalizada. Em seguida, vem a Paraíba, onde 12,2% vivem na mesma situação; o Amazonas, que possui 11,3% das crianças e adolescentes sem acesso à água canalizada. O Pará, com 9,8% e Alagoas com 9,1% completa a lista dos cinco estados em situação mais crítica.
O Unicef aponta ainda que 19,6 milhões de crianças e adolescentes brasileiros vivem privadas de níveis adequado de acesso ao saneamento básico, o que representa 38% do total desse público no país.
Nas áreas urbanas o percentual de crianças e adolescentes sem acesso ao saneamento básico ficou em 28%, enquanto que nas áreas rurais subiu para 92%.
O Acre novamente foi apontado como o estado com situação mais preocupante. Lá 31,5 % vivem em moradias sem acesso ao saneamento básico. Depois vem o Amazonas, onde 23,5% das crianças e adolescentes estão na mesma situação. O Maranhão aparece na terceira posição, com 19,8%; o Para, com 16,9% vem em quarto e o Piauí, com 13,7 % completa o quinto lugar dos estados com situação extrema de falta de acesso ao saneamento básico.
“As análises regionais revelam desigualdades persistentes, com estados das regiões Norte e Nordeste apresentando as maiores taxas de privação. Em alguns desses estados, mais de 80% das crianças ainda vivem em condições de privação de direitos básicos, o que destaca a necessidade de políticas específicas que abordem as peculiaridades e os desafios dessas áreas”, diz o estudo.
O Unicef disse ainda que, diante desse cenário, realizou ações que beneficiaram, em 2024, mais de 250 mil pessoas em oito estados brasileiros, incluindo cerca de 75 mil crianças e adolescentes.
As iniciativas foram voltadas para escolas, unidades de saúde, comunida-
des indígenas, quilombolas e ribeirinhas nos estados do Pará, Amazonas, Amapá, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Roraima e Rio Grande do Sul.
“Nosso trabalho é voltado para fortalecer as políticas públicas de acesso a água e ao saneamento, para que cada criança e adolescente no Brasil tenha esse direito garantido”, disse Rodrigo Resende, Oficial de Água, Saneamento e Higiene do Unicef no Brasil.
Segundo Resende, sem água potável e saneamento seguro, a saúde, a alimentação, a educação e outros direitos das crianças ficam comprometidos.
“Por isso, o Unicef atua com foco nas comunidades mais vulnerabilidades e pôde alcançar tantas pessoas em 2024, em diferentes partes do país, com nossas estratégias..
Entregamos nossos filhos à internet?
Perdoem, mas não há como fugir do assunto do momento. Assunto esse que escancara aos quatro ventos, tudo aquilo que temos dito sobre o descuido de vários pais na educação de seus filhos, relegando-a às redes sociais.
Para piorar a situação, o avanço rápido do radicalismo, da intolerância e da propagação das fake news, agora apoiada escancaradamente pelas big techs, travestindo-as de liberdade de expressão, jogam gasolina em volta dessa bomba relógio armada que pode se tornar a derrocada da democracia, da civilidade e, quiçá, do homo sapiens.
Fomos literalmente atropelados pela minissérie britânica Adolescência, da Netflix, que traz à luz o quão nefasta pode ser (na verdade já é há muito tempo) a não regulação das redes sociais, com seus discursos de ódio, violência, xenofobia, racismo e misoginia, proferidos pelos gurus da era digital. Especialmente àqueles que buscam legitimidade para suas crenças e vontades mais escabrosas.
Nela, um menino tem sua visão de mundo moldada por horas a fio de navegação pela internet, consumindo conteúdos – que ninguém está preparado para combater apenas com conversas – que se encaixam como uma luva numa realidade criada em sua mente, pelo afastamento do mundo físico, pelos crescentes problemas de comunicação entre pais e filhos, pela nova dinâmica imposta às famílias (pelo insano dever de produzir, produzir e produzir), agravado pela incapacidade dos pais em entender o que sentem e vivenciam.
rie, a trama nos alerta em alto e bom som que estamos enfrentando uma guerra para a qual não estamos e não fomos preparados. As redes sociais estão tomando o nosso lugar, o lugar da escola e da família, na educação e na criação de valores de nossas crianças.
É assustador perceber o quanto é real essa história. Não há como classificar de ficção, pois temos vistos mais e mais situações semelhantes, acontecendo em todos os cantos do mundo.
A internet democratizou a disseminação de informações. Mas, em contrapartida, deu voz a todo tipo de discurso destruidor, desconstrutor de valores e criador das ditas “sociedades livres” que nada mais são do que subterfúgios para se sentirem ouvidos e aceitos.
“Ao olharmos para Jamie, apenas vemos mais um menino, com problemas como todos os outros. No entanto, a destruição é silenciosa e arrebatadora.”
Não estou culpando os pais. Mas precisamos nos conscientizar que essa meninada não tem maturidade para ter rede social. Como está hoje, e com péssimas perspectivas por tudo que temos visto desde 20 de janeiro de 2025, essa nova era digital sem controle é um perigo real e assustador.
Jamie, o personagem central dessa trama um menino de 13 anos, é acusado de matar uma colega, possivelmente corroído pelas ideias perpetradas por um influenciador declaradamente misógino, fazendo explodir o sentimento de exclusão, de insegurança, de isolamento, levando à extinção de sua autoestima. Ao olharmos para Jamie, apenas vemos mais um menino, com problemas como todos os outros. No entanto, a destruição é silenciosa e arrebatadora.
Mas, mais do que essa situação descortinada na minissé-
Precisamos parar de fingir e reconhecer essa tragédia, que já bateu à porta de milhares de famílias, destroçadas por filhos manipulados por algoritmos que valorizam mais e mais, visões extremistas em troca da monetização dos likes e cliques, tornando esse mundo digital uma arena sem nenhuma responsabilidade, já que a presença física não é mais necessária para influenciar comportamentos.
Aceitem, nossas crianças, antes protegidas pelo aconchego do lar, estão à mercê dos nefastos algoritmos enriquecedores, misóginos, radicais e extremistas. Pais, ajam sem esperar que a tragédia aconteça, ou o estrago será irreversível.
* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL.
Por unanimidade, Supremo confirma fim da boa-fé no comércio de ouro
Por Rócio Barreto
Fonte:
Agência Brasil
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou nesta sexta-feira (21) a inconstitucionalidade da lei que autorizou que a procedência do ouro comercializado no país seja atestada pelo vendedor do metal. O mecanismo é chamado de boa-fé do vendedor de ouro.
Em abril de 2023, o ministro Gilmar Mendes atendeu ao pedido liminar feito pelo PSB e suspendeu um trecho da Lei 12.844/2013, norma que trata da questão.
Na semana passada, a Corte passou a analisar o caso definitivamente em sessão virtual do plenário.
Por 11 votos a 0, o plenário finalizou hoje o julgamento e seguiu voto do relator contra o atestado de boa-fé da procedência do ouro.
Votaram nesse sentido os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, André Mendonça, Edson Fachin, Nunes Marques, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso.
Entenda
O PSB questionou a legalidade do Artigo 39 da Lei 12.844 de 2013, norma que definiu a prova de regularidade na compra e venda de ouro.
O dispositivo estabeleceu a presunção de legalidade de origem para quem vende e a boa-fé para quem compra o metal. Dessa forma, a legalidade da origem do ouro é atestada com base nas informações prestadas pelo vendedor.
Com a decisão do STF, a legalidade do comércio deve ser acompanhada pelas distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs), corretoras de ativos autorizadas pelo Banco Central a realizar o comércio de ouro.
Rastreamento
Na avaliação do advogado Rafael Carneiro, sócio do escritório Carneiros Advogados, que atuou pelo PSB, a decisão do STF vai permitir o rastreamento da origem do ouro comercializado no país.
Tocantins é o estado com melhor índice de sustentabilidade social da Região Norte
Por Débora Gomes/Governo do Tocantins
Adaptação PH Paiva
OTocantins é o estado com melhor desempenho em sustentabilidade social da Região Norte do país, conforme o Ranking de Competitividade dos Estados, divulgado nesta quinta-feira, 20, pelo Centro de Liderança Pública (CLP Brasil). O estado ocupa a 13� posição nacional, destacando-se à frente de todos os demais da Região Norte, ao apresentar avanços significativos em indicadores como redução da pobreza, moradia digna, saneamento básico e promoção do trabalho.
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, destaca que os dados refletem os investimentos e a ampliação de ações e serviços realizados pelo Estado. “Esse resultado, assim como os outros avanços conquistados nesses últimos anos, são frutos dos esforços que empenhamos para que o Tocantins se desenvolva cada vez mais. Além disso, essas informações são essenciais para a formulação de políticas públicas que promovam o bem-estar social aos tocantinenses”, salienta o chefe do Executivo estadual.
O secretário de Estado do Planejamento e Orçamento, Sergislei de Moura, ressalta os avanços conquistados pelo estado nos últimos anos. “O Tocantins avançou significativamente nos indicadores de sustentabilidade social, refletindo o compromisso da gestão Wanderlei Barbosa com a melhoria da
qualidade de vida da população”, pontua. Conforme o CLP Brasil, o pilar da sustentabilidade social foi construído a partir de uma visão multidimensional para o tema da vulnerabilidade. É o terceiro com maior peso no cômputo geral do Ranking de Competitividade dos Estados (11,5%), superado apenas por Segurança Pública e Infraestrutura. Na Região Norte, os estados ficaram posicionados da seguinte forma no ranking de sustentabilidade social: Tocantins (13°), Rondônia (19°), Amazonas (21°), Acre (23°), Pará (24°), Roraima (26°) e Amapá (27 °). Já com relação aos estados da Região Nordeste, o Tocantins ficou atrás apenas do Rio Grande do Norte (12°), em seguida vindo os estados do Ceará (14°) e da Paraíba (15°).
No cenário nacional, foram destaques com o melhor desempenho em sustentabilidade social Santa Catarina (1°), Distrito Federal (2°) e São Paulo (3°). O estudo completo pode ser acessado no link.
Sustentabilidade social
O estudo aponta que o pilar sustentabilidade social é composto por 16 indicadores, com foco em aspectos essenciais para a qualidade de vida da população. Entre os indicadores, destacam-se o Acesso ao Saneamento Básico – Água, que mede o número de domicílios com acesso à água canalizada; e o Acesso ao Saneamento Básico – Esgoto, que avalia os domicílios conectados à rede de esgoto.
Árvore indiana que causa problemas ambientais pode ser substituída por espécies nativas
do
Cerrado em escolas de Palmas
Patricia Lauris, Jackeline Teixeira, g1
Adaptação PH Paiva
As árvores de Nim Indiano plantadas em escolas municipais de Palmas devem ser subistitídas por espécies nativas do cerrado. A orientação de substituição foi dada por órgãos da prefeitura, já que o Nil é considerado invasorr e pode causar de desequilíbrios ambientais.
Com o nome científico Azadirachta indica A. Juss, o chamado Nim é conhecido no meio da agricultura por ser usado para produção de repelente. Se popularizou na capital pela altura e sombra, segundo o gerente de Monitoramento e Recuperação de Áreas da FMA, Raimundo Nonato Santos Filho.
“Houve uma busca por essa espécie em razão de certas características que é o crescimento rápido e muitos vieram em busca porque ela funcionaria como repelente, como inseticida, principalmente nas áreas rurais. Nas áreas urbanas veio um avanço, um uso de forma indiscriminada, e o que a gente vem observando é que essa espécie tem causado transtornos porque se trata de uma espécie de grande porte, o sistema radicular é agressivo, a parte aérea compromete os equipamentos urbanos existentes nas vias públicas e com isso inviabiliza o uso dessa espécie”, alertou o gerente.
No meio ambiente, o Nim pode atrapalhar espécies animais e vegetais da região. Um dos exemplos é que a flor da planta produz uma substância que causa a intoxicação de abelhas, segundo explicou o biólogo e coordenador do Projeto Germinar, Bonfim dos Reis Ferreira. Isso pode causar desequilíbrio na polinização das espécies, por exemplo, que é a reprodução de forma assexuada.
“Causa a morte ou até a diminuição na reprodução das abelhas. Ou seja, são plantas que para as abelhas são tóxicas. E as abelhas são as maiores polinizadoras que existem no planeta. Se não houver polinização, não haverá formação de frutos. Ou seja, é uma preocupação, embora as abelhas tenham propriedade seletiva, ela consegue não vir mais polinizar a flor do Nim”, afirmou o biólogo.
A Lei n° 4.540, de 14 de novembro de 2024, proíbe a plantação do Nim Indiano para arborização urbana e/ou reflorestamento dos Biomas locais. Para compensar a retirada da espécie, a lei incentiva que sejam plantadas espécies nativas. Nas escolas municipais que possuem exemplares da planta invasora, a Secretaria Municipal da Educação (Semed), por meio do Projeto Germinar e da Fundação do Meio Ambiente (FMA), orienta que elas sejam substituídas, por exemplo, por árvores de baru, aroeira, sucupira e ingá, entre outras espécies.
Atos no RJ e em SP protestam contra racismo e violência policial
Por Ana Luiza Silva Fonte: Agência Brasil
APequena África, na região portuária do Rio de Janeiro, foi ocupada nesta sexta-feira (21) por ativistas, intelectuais e grupos da luta antirracista. Uma visita guiada pelos principais símbolos da cultura afro-brasileira na cidade lembrou de uma luta que tem raízes no passado e ramificações no presente.
Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial é comemorado todos os anos em 21 de março, em memória ao “Massacre de Sharpeville”, na África do Sul, durante o regime do Apartheid. Em 1960, uma manifestação pacífica contra a Lei do Passe, que ditava onde pessoas negras poderiam circular, terminou com a morte de 69 pessoas e 186 feridos, vítimas da violência policial.
Em memória aos manifestantes e para reforçar a luta contra o racismo, a campanha no Brasil propõe ocupar espaços urbanos para incentivar a sociedade a refletir sobre o racismo e a lutar contra a opressão militar e social contra as periferias. Além de enaltecer e valorizar a história da cultura negra e africana no país.
No Brasil, a data marca, desde 2017, a campanha “21 Dias de Ativismo contra o Racismo”. O foco é criar e fortalecer ações enérgicas de combate ao racismo e todas as formas de opressão.
No primeiro ano, foram contabilizadas 103 atividades no Rio de Janeiro e em São Paulo. Este ano, são mais de 400 atividades em diferentes estados, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul,
Bahia e em outros países (Reino Unido, Gana, África do Sul e Zâmbia). O evento na Pequena África começou no sítio arqueológico do Cais do Valongo, que se tornou o principal porto de chegada dos escravizados às Américas entre 1811 e 1831. Estima-se que um milhão de pessoas tenham sido trazidas à força da África para o local. O fim do passeio guiado aconteceu no Largo de São Francisco da Prainha, que abrigou um mercado de escravizados no século 19.
“Revisitar esses locais é pensar os lugares de memória e evidenciar que há um esforço de anulação do protagonismo de outros que não sejam brancos. É recontar a história narrada oficial pelo Estado brasileiro a partir de outras perspectivas”, analisa a historiadora Raquel Mattoso, que faz parte da coordenação da campanha. “Esse recurso que a gente tem aqui, do passeio guiado, ajuda no resgate e na construção da nossa memória”.
A gaúcha Emily Dornelles Ribeiro pesquisa quais políticas públicas foram aplicadas no Cais do Valongo depois do reconhecimento como patrimônio mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2017. Ela participou do passeio na Pequena África e reforçou que é preciso ampliar o conhecimento sobre o legado afro-brasileiro se quisermos avançar na direção de uma sociedade menos desigual.
Na capital paulista, o ato (foto) reuniu cerca de 200 pessoas que protestaram contra a violência policial. Organizada pela Frente Povo Negro Vivo, que representa mais de 100 entidades, a manifestação passou pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e encerrou em frente à Secretaria Estadual de Segurança Pública. Os manifestantes protestaram contra o governador Tarcísio de Freitas e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, com protocolo de pedidos de impeachment na assembleia.
Para o professor da Universidade Federal do ABC, Ramatis Jacino, o ato mostra a união dos grupos e levanta a necessidade de se discutir a violência contra a população negra, especialmente as ações da polícia que “agridem e matam os moradores das periferias”.
Veja quem precisa declarar o imposto de renda em 2025
Por Ana Luiza Silva Fonte: Agência Brasil
Em 2025, a Receita Federal espera receber 46,2 milhões de declara ções do Imposto de Renda, ou seja, cerca de um quinto da população terá que prestar contas ao Fisco neste ano. Afinal, quem precisa declarar o Imposto de Renda?
A obrigatoriedade está relacionada aos ganhos recebidos e o patrimônio do contribuinte em 2024, conforme a normativa 2255, divulgada pela Receita Federal em março deste ano. Rendimentos acima de R$ 33.888: quem recebeu rendimentos tributáveis, como salário, férias, aposentadoria ou pensão por morte, acima de R$ 33.888 é obrigado a fazer a declaração do Imposto de Renda.”Se, em 2024, a pessoa recebeu mais de R$ 33.888, ela tem que declarar este ano. Se ela recebeu outros tipos de rendimentos que não são os tributáveis, mas são rendimentos isentos ou com tributação exclusiva na fonte de valor superior a R$ 200 mil, também está obrigada. Quem possuía, em 31 de dezembro de 2024, somatório de bens acima de R$ 800 mil também está obrigado a declarar”, explica o auditor-fiscal da Receita Federal, José Carlos Fonseca.
Atividade rural: é obrigatória a declaração para quem teve receita bruta acima de R$ 169.440 ou pretende compensar prejuízos de 2024 ou anos anteriores.
Investimentos fora do país: “A Lei no 14754 determinou que o imposto que se paga desses rendimentos de aplicações no exterior deixou de ser mensal e passou a ser anual. Então,
ano passado, em 2024, não houve cobrança de imposto sobre os rendimentos recebidos em 2024, porque agora, eles deverão ser colocados na declaração deste ano, de 2025, e vão ser tributados nesta declaração”, diz o auditor-fiscal.
Valores de imóveis: quem tem imóveis e os valores foram atualizados no final de 2024, com o pagamento de um imposto sobre ganho de capital diferenciado de 4%, também está obrigado a declarar, segundo o auditor-fiscal.
Residente no Brasil: quem passou à condição de residente no Brasil em 2024 também deve apresentar a declaração do Imposto de Renda.
Não sou obrigado a declarar o IR, mas posso fazer?
Agora, surge outra questão: e se a pessoa não for obrigada a declarar, ela pode fazer isso voluntariamente?
O professor Deypson Carvalho, coordenador adjunto do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), esclarece:
A professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, Valéria Vanessa Eduardo, destaca uma mudança na ordem de restituição do Imposto de Renda. Há mudanças, ainda, em campos da declaração como, por exemplo, no fim da exigência do preenchimento de título de eleitor, códigos de consulado e embaixada para residentes no exterior e número da última declaração.
Além disso, o aplicativo Meu Imposto de Renda foi extinto. A declaração deve ser feita pelo aplicativo da Receita Federal ou pela plataforma Gov.br.
O prazo para declaração do Imposto de Renda 2025 começou no dia 17 de março e vai até o dia 30 de maio. Para quem deseja fazer a declaração pré-preenchida, os dados completos serão disponibilizados a partir de 1o de abril.
As sanções para quem não entrega a declaração vão desde multa mínima de R$ 165,74 a 20% do imposto devido até a alteração do CPF para “pendente de regularização” pela Receita Federal, o que impede o contribuinte de realizar transações bancárias.
O prazo para declarar o Imposto de Renda 2025 vai até o dia 30 de maio.
Rede de cursinhos populares dá bolsa de R$ 200 a estudantes
Por Rócio Barreto
Fonte: Agência Brasil
OMinistério da Educação (MEC) apoiará 108 cursinhos pré-vestibulares populares e comunitários sem fins lucrativos em 2025. A iniciativa faz Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), regulamentada pelo governo federal e que terá investimento inicial de R$ 24,8 milhões para o ciclo 2025-2026. Os cursinhos serão selecionados por edital a ser publicado..
Neste programa, serão concedidas bolsas de R$ 200 por mês a estudantes da rede pública para ajudar a permanecer nos estudos. Os recursos serão transferidos diretamente pelas instituições de ensino. O limite de tempo que o beneficiário poderá receber a bolsa é de nove meses.
Para os cursinhos populares, a rede fornecerá apoio financeiro de até R$ 230 mil por turma (inclui o auxílio de R$ 200 mensais para os estudantes), materiais didáticos gratuitos para a preparação dos alunos, formação e capacitação de professores e gestores.
Lançada em 10 de março, junto com o programa Partiu IF, a nova rede faz parte do Programa Diversidade na Universidade, com o objetivo de aumentar o ingresso de grupos de estudantes do ensino médio historicamente excluídos da educação profissional e do ensino superior, especialmente por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A estimativa do MEC é que sejam beneficiados 4.320 estudantes do Brasil até 2026. A seleção dos participantes será feita pelos cursinhos populares
contemplados no programa, com base nos critérios estabelecidos em futuro edital. De acordo com o MEC, a iniciativa tem como público alvo os jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. As vagas são destinadas a estudantes de escolas públicas, com renda familiar per capita de até um salário mínimo (R$ 1.518, em 2025) e, também, indígenas, pessoas com deficiência (PCD), negros ou quilombolas.
Além do auxílio financeiro de R$ 200 por mês, os participantes terão acesso a material didático gratuito de preparação para o Enem e outros vestibulares que selecionam candidatos ao ensino superior.
As bolsas serão pagas logo que os cursinhos populares forem contemplados no edital e os cursos começarem.
CPOP
A Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) apoiará, até 2027, 324 cursinhos populares no Brasil. Neste período, o investimento global na rede CPOP está estimado em R$ 74,5 milhões para garantir suporte técnico e financeiro para a preparação de estudantes da rede pública que querem entrar em uma universidade.
Além de tentar ampliar o acesso ao ensino superior, a CPOP tem os objetivos de fortalecer cursinhos pré-vestibulares populares; retomar o interesse do jovem brasileiro pelo Enem; contribuir para a ocupação de vagas em cursos de graduação de instituições federais e elaborar orientações focadas no Enem para implementar ações nos cursinhos da rede.
O MEC criou uma página na internet com mais informações sobre a Rede Nacional de Cursinhos Populares.
Por unanimidade, Supremo confirma
fim da
boa-fé no comércio de ouro
Por Rócio Barreto
Fonte:
Agência Brasil
Uma mostra de cinema em São Paulo vai apresentar ao público 28 filmes de horror que foram dirigidos por mulheres. Chamada de Mestras do Macabro: as Cineastas ao Redor do Mundo, a mostra é gratuita e ocorre no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro da capital paulista, até o dia 21 de abril.
Os filmes selecionados para a mostra foram realizados entre 1971 e 2023 e representam a produção cinematográfica de horror de diversas partes do mundo. Entre eles estão os clássicos O Cemitério Maldito, dirigido por Mary Lambert, e Psicopata Americano, de Mary Harron.
Dos 28 filmes que serão exibidos, cinco são de diretoras brasileiras, como A sombra do pai, de Gabriela Amaral Almeida; Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas; Sem seu sangue, de Alice Furtado; Medusa, de Anita Rocha da Silveira; e Terminal Praia Grande, de Mavi Simão. A curadoria é da pesquisadora e especialista Beatriz Saldanha, que reuniu obras representativas de diferentes épocas, países e contextos sociais. O objetivo é oferecer ao público um panorama histórico do gênero e repensar o papel da mulher no cinema de horror, que historicamente é dominado por homens.
A mostra também pretende reforçar a importância do cinema de horror para a reflexão de temas sociais. rastreamento da origem do ouro comercializado no país.
Além dos filmes, a mostra promoverá um curso com duração de três dias que será ministrado pela curadora. Também haverá um debate com a pesquisadora Laura Cánepa, uma sessão comentada com a cineasta Gabriela Amaral Almeida e um debate com a crítica Isabel Wittmann, contando com tradução em Libras.
Moraes nega que STF esteja condenando “velhinhas com a bíblia na mão”
Por Rócio Barreto
Fonte: Agência Brasil
Oministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira (25) que a Corte esteja condenando “velhinhas com a bíblia na mão” pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O termo é utilizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro para se referir às sentenças proferidas pela Corte.
A declaração foi feita durante o julgamento de questões preliminares suscitadas pelas defesas de oito denunciados pela trama golpista, entre eles, o ex-presidente e o general Braga Netto.
Nesta terça-feira, o Supremo decide se recebe a denúncia apresentada em fevereiro pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o denominado núcleo crucial da trama.
Durante a sessão, Moraes disse que foi criada uma “narrativa mentirosa” para afirmar que a Corte está condenando “velhinhas com a bíblia na mão, que estariam passeando em um domingo ensolarado”.
O relator do processo na Primeira Turma apresentou dados que mostram que, das 497 condenações pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, 454 são de pessoas com até 59
anos de idade. Entre 60 e 69 anos foram 36 condenações e entre 70 e 75 anos, sete condenações.
O julgamento continua para análise das questões preliminares. Em seguida, os ministros vão decidir se Bolsonaro e os demais acusados vão se tornar réus.
A denúncia julgada pela turma trata do denominado núcleo crucial, composto pelos seguintes acusados:
. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
. Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
. general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência - Abin;
. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
. Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
. Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
. Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Rayssa Leal é campeã no STU Porto
Alegre em dia vitorioso do Brasil
Por PH Paiva
Fonte:
Agência Brasil
Aprimeira etapa de 2025 do STP Pro Tour, o circuito internacional de skate, foi extremamente positiva para os skatistas da casa. Encerrada neste domingo (23), a etapa disputada em Porto Alegre teve atletas brasileiros no pódio nas quatro provas, sendo três como campeões: Rayssa Leal e Giovanni Vianna levaram a melhor no street entre mulheres e homens, respectivamente, enquanto Gui Khury venceu no skate park masculino.
Duas vezes medalhista olímpica, Rayssa Leal, grande atração do evento, não decepcionou. Depois de sofrer quedas nas classificatórias, ela mostrou seu melhor nível para se sagrar campeã no skate street com a nota 81.57. Leal teve com-
panhia brasileira no pódio, já que a gaúcha Maria Lúcia ficou em terceiro, com 51,24. Entre as duas, a espanhola Daniela Terol terminou em segundo, com 64,37.
A final do skate park feminino foi a única que não terminou com o Brasil em primeiro, mas o país esteve representado no pódio. Yndi Asp foi a segunda colocada, com 85.00, atrás de Naia Laso, da Espanha, que teve nota 90.67.
No street masculino, o Brasil fez dobradinha nos dois primeiros lugares. Giovanni Vianna foi o campeão com 88.80 e Carlos Ribeiro, o vice com 85.97.
Fechando o dia com chave de ouro para o país, Gui Khury sagrou-se campeão no skate park com uma incrível nota 91, mesmo sendo o mais novo entre todos os competidores, com 16 anos.
CBF afasta assistente de arbitragem denunciado por assédio na Série A1
Por PH Paiva
Fonte: Agência Brasil
AConfederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou neste domingo (23) que o assistente de arbitragem
Claiton Tim, da Federação Gaúcha de Futebol, está afastado das atividades até a apuração total de sua conduta na partida entre Juventude e América, pela primeira rodada do Brasileirão Feminino A1, realizada na véspera.
Assim que o jogo, que terminou empatado em 1 a 1, foi encerrado, atletas do clube mineiro procuraram as autoridades locais e registraram boletim de ocorrência denunciando assédio sexual da parte de Tim.
Segundo nota divulgada pelo América neste domingo, antes da partida, o assistente de arbitragem “proferiu palavras e piadas de cunho sexual”, referindo-se às jogadoras do clube. O América considerou o comportamento “absolutamente inaceitável”.
Ainda no comunicado, o clube diz que enviará ofício à CBF nesta segunda-feira (24) para relatar o que aconteceu antes e durante a partida.
Já a nota da confederação diz que, caso seja considerado culpado, Claiton Tim será banido da arbitragem. A CBF também afirmou que pedirá ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e às autoridades policiais uma “investigação rigorosa do caso”.
Por José Gurgel
NCumpra-se a Lei
ão tenho a miníma admiração pelo tal idiota que foi presidente, no qual coloquei o carinhoso apelido de Boçalnato, numa alusão ao que ele deve representar para as pessoas sérias e pensantes desse país.
Eu, particularmente, não nutro qualquer admiração por tal figura, pois não gosto de bandidos, principalmente pelo tal ex-deputado fracassado que é oriundo das forças armadas, onde nunca passou de um reles lambe botas, sonhando ter algum poder.
Mas armado de instinto populista, abre a boca sempre falando asneiras que o nosso povo inculto tanto gosta de ouvir. Essas pessoas parecem desconhecer o que passa no país ao apoiarem esses enganadores, verdadeiros aprendizes de feiticeiros que hoje apresentam superioridade no país de Norte a Sul, e volta e meia aparecem na mídia tentando um lugar a sombra da jaqueira onde possam mamar nas fartas tetas da viúva.
Não conheço nenhum projeto de lei apresentado por ele para melhorar a vida dos pobres cidadãos, que sofrem no dia a dia as agruras de verem esse bando de aproveitadores, que aparecem em tempos de crise fazendo a festa com a ignorância política de um povo que vive sustentado pelo tripé sem futuro: Samba, Futebol e Carnaval e adora um pão e circo.
Por favor não falem em trabalho ou educação, isso pouco (ou nada) interessa a eles, sempre querem levar vantagem em tudo.
Deslumbrado idiota foi mordido pela mosca azul da fama instantânea,
gerada por holofotes e exposição exagerada da mídia.
Fico perguntando o que será dele após a reentrada no mundo real, de onde jamais deveria ter saído, agora com um sério processo no lombo, do qual será muito difícil se livrar impunemente.
É o retrato do fracasso, como ser humano e figura política, sempre querendo demonstrar uma força que não tem
Parece-me que ainda teremos muito que aprender ou estaremos, mais uma vez, fadados a viver de esperanças que talvez nunca se concretizem.
A esse imbecil a força da lei !
Oh Glória !!!
O Caixa Preta estava meio chateado, resolveu então decretar um novo rumo pra sua vida, de agora em diante nada de novinhas, decretou que só coroas que saibam reconhecer uma parada cardíaca e algum conhecimento em primeiros socorros.
Segundo ele chegou a hora de se cuidar um pouco, tomar cuidado com as armadilhas da vida.
Mas com a aproximação do Carnaval resolveu, falar sobre o tema, coisa que ele adora falar contando casos curiosos acontecidos no nosso quadrado.
Segundo o relato do cabra, o carnaval nem bem começou e o índice nacional de divórcios subiu mais do que o esperado. Aqui pelo Guará não podia ser diferente ,cada hora temos conhecimento de um novo caso.
Quem gosta dessa zorra é o Caixa Preta que aproveita e vem logo me contar um caso novo.
Vamos lá para o Porcão para ver a turma cair nos braços de Momo, aprontando cada uma difícil de acreditar, mas no carnaval pode, ainda mais aliado às generosas
doses de cachaça misturada com cerveja e catuaba selvagem.
Sim, é aquela que você no dia seguinte pede a morte, mas ela ri e te deixa de cama vomitando mais que urubu novo.
O que acho mais interessante são os blocos de sujos, o pessoal é muito criativo, o mais comum é roubar o vestido da mãe ou da namorada e cair na farra cantando “Mamãe eu quero mamar”� fazendo aqueles trejeitos que sempre teve vontade de fazer e agora tem uma boa desculpa para “soltar a franga” sem ficar inibido.
Muitos mostram uma desinibição acima do normal, tal a desenvoltura com aquela fantasia, parece que o uso já vem de algum tempo.
Fica uma ligeira impressão que muitos pedem que o carnaval dure o resto do ano para não precisar tirar aquela fantasia que lhe cai tão bem, sem precisar ouvir palavras de recriminação, muitos sorriem em sinal de aprovação.
Algumas namoradas é que não ficam nem um pouco satisfeitas, com a pulga atrás da orelha em ver aquele garanhão amado, tão desinibido dentro daqueles trajes femininos.
Oh glória!!!!
Retrocesso
Não tem nada que desagrade mais aos moradores dessa pacata cidade do que serem feitos de idiotas. Vez ou outra são colocadas ideias de jerico, por meio dessa turma que as mostram como novidades que, por várias vezes, soam desagradáveis aos nossos ouvidos. Estou falando das ideias que só podem ter saído de uma mente doentia, sem a menor sensibilidade dos anseios da população, que parece agora querendo acordar, depois de tantos descalabros cometidos contra o Guará. Já começam a chiar, e com razão.
Trata-se da ideia idiota de querer,
TIJOLADAS DO CAIXA
através de benesses aos chegados, implantar comércios em todas as casas da orla do Guará II, simplesmente sem dar uma explicação lógica, a não ser atazanar mais uma vez a vida da já sofrida população, passando por cima da vontade de uma grande maioria, apenas para atender a alguns chegados, sob a alegação de que criaria desenvolvimento para nossa cidade!
Desde quando abarrotar a orla de botecos, lojas e outras geringonças mais, traria desenvolvimento? Acabaria de vez com o calçadão, o verde e a ciclovia, provavelmente para dar lugar a estacionamentos que nada acrescentam, a não ser o crescimento do caos urbano que desfiguram a nossa cidade.
Claro que a população já está de orelhas em pé, só de pensar na consumação dessa sandice por pseudos urbanistas, que devem ter adquirido os diplomas na Feira do Rolo, pois falta-lhes sensibilidade para sentir o que é o Guará e suas particularidades que só nós os moradores temos. Não se consegue vislumbrar o que virá embutido nesse mirabolante plano, esperamos que não seja consumado contra a nossa cidade.
Chega de invenções idiotas, chega de projetos caça niqueis que esses aprendizes de feiticeiros querem impor à nossa cidade, que já se posiciona contra a mais esse achaque, que ameça a nossa tranquilidade apenas por capricho ou ganância de alguns.
O Guará quer mudanças sim, mas nada que represente tamanho retrocesso.
Por que Dubai?
O pessoal as vezes me pergunta porque apelidei o Guará de Dubai, vou tentar explicar, se você prestar atenção direitinho, o pessoal daqui anda com o nariz empinado, todos se sentindo donos do pedaço.
As vezes penso que deve ser o meu senso crítico ou ilusão minha,mas gosto de tirar um sarro com a galera que mora por aqui,parece até que não fazemos parte da República de Bananas.
Mas para tirar a dúvida, estava sem fazer nada por aqui, aproveitei o recesso e resolvi passar o final do ano em Dubai, sim Dubai.
Lá mesmo onde Judas perdeu as botas, lugarzinho até bom, mas me deu uma saudade danada daqui.
As paisagens maravilhosas, parecia que tinha entrado em algum filme de fantasia onde tudo funciona perfeitamente, me senti um califa daqueles de lá, só faltava vestir aquelas saias e colocar uma toalha na cabeça.
Final de ano parecia um conto de fadas, muita comida, muita mesmo, nem sabia o nome, nem com um tradutor eu conseguiria falar, quanto mais escrever, muitas bebidas finas. Deu uma saudade danada do Porcão no Guará, onde os coices do Galak pareciam que mãos de fadas nos tocavam confesso que aquela limpeza estava me dando enjoo.
Acho que era falta de costume. Dei uma volta pela cidade, não consegui ver nenhum carro modelo 2019, quem dirá carro popular.
Perguntei ao guia onde tinha um quiosque pra tomar água de coco, um pingado, ele me deu uma olhada de desprezo, tentei não ficar irritado com aquele cabra de saia, mandei ele a merda em português perfeito, ele sorriu e agradeceu, penso eu.
Pra mim bastou! Chega desse lugar lazarento, voltei.
Agora, já de volta, sinto que não existe nada melhor do que o feijão nosso de cada dia com aquela cerveja bem gelada, pelo menos eu sei o nome decorado: Spaten feita por aqui mesmo.
Encontrei o meu amigo Caixa Preta, senti então que tinha chegado no Paraíso,finalmente poderia desfrutar de alguma iguaria lá na Feira do Guará.
Dubai só por fotografia de agora em diante. Meu negócio agora é o Guará, pelo menos aqui não sou atacado por essa perfeição cinematográfica, aqui é real e a realidade em toda a sua crueza salta aos nossos olhos, melhor do que uma bela paisagem que parece de plástico, prefiro ser maltratado com as lambanças daqui e olha que não são poucas.
Pelo menos, são verdadeiras.
Técnica Aquarela sobre papel 100% algodão. Flávia Mota Herenio @motaflaviafm